Cédulas valem só na favela da zona oeste
do Rio e dá desconto a quem usa
Bruno Boghossian - Foto: Ratão Diniz - de O Estado de S.Paulo
RIO - A Cidade de Deus, favela da zona
oeste do Rio, ganhou nesta quinta-feira, 15, sua moeda própria, que homenageia
em suas cédulas moradores ilustres da comunidade. Com valor equivalente ao
real, a CDD será válida apenas dentro do bairro e dará direito a descontos de
até 10% para os consumidores que a utilizarem.
O projeto foi desenvolvido pela
prefeitura do Rio e pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário do
município. O objetivo é estimular o comércio local, evitando que os moradores deixem
a comunidade para fazer compras em regiões vizinhas.
"Se não há consumo interno na
comunidade, a riqueza local escoa para outras áreas", avaliou o secretário
de Desenvolvimento Econômico Solidário, Marcelo Henrique da Costa.
Cerca de cem comerciantes já se
cadastraram para receber a CDD - entre eles um vendedor de cocada, que fez a
primeira venda com o uso da moeda. O projeto será operado pelo Banco
Comunitário Cidade de Deus, que também dará acesso a linhas de crédito em reais
para os pequenos empresários e empréstimos em CDD para os consumidores.
A nota de menos valor, de 50 centavos,
traz a imagem da Casa do Barão, imóvel erguido no período colonial naquela
região. Nas cédulas de 1, 2, 5 e 10 CDDs (veja foto), estão os rostos de moradores
ilustres.
Dona Geralda Maria de Jesus, de 82 anos,
aparece na nota de 1 CDD. Moradora da Cidade de Deus desde 1965, ela criou um
grupo que distribui leite e pão com manteiga para gestantes e crianças carentes
da comunidade.
O projeto da moeda social da comunidade
foi inspirado nos modelos do bairro Conjunto Palmeiras, em Fortaleza, onde
circula a palma, e do município fluminense de Silva Jardim, que adotou o
capivari.