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Lena morreu!

Bita afirma que polícia de Sergipe não recuperou SW-4

PM de Sergipe não recuperou SW-4 roubada. Veículo foi encontrado em Simão Dias. (Foto: Divulgação)

O proprietário da Toyota SW-4, que foi tomada de assalto em Poço Verde, o popular Bita, desmentiu notícia postada aqui no portal Contraprosa sobre a Polícia Militar de Sergipe ter recuperado o veículo em Aracaju. Segundo ele, o carro passou mais de duas horas em Poço Verde depois de roubado e foi visto em alta velocidade no povoado São José. O carro foi abandonado em Simão Dias porque apresentou problemas. O assaltante colocou combustível errado e teve que abandonar o veículo. Bita também informou que não tem condições de dizer que o assaltante era o da foto da reportagem anterior porque quem roubou seu carro estava mascarado. Sobre a atuação da polícia, ele disse que nenhum policial foi à procura do veículo e que o carro foi encontrado por populares e amigos. 

Nitidamente preocupado com a exposição do fato, Bita pediu para tirar sua foto da reportagem anterior e disse que não autorizou a publicação. O Contraprosa explica que vai atender a solicitação, mas que a publicação de fotos postadas nas redes sociais é pública. Por outro lado, trata-se de um roubo e isso é de interesse direto da sociedade, já que são os órgãos públicos responsáveis pela solução do problema, mesmo que a Polícia Militar não tenha abraçado a causa. Nenhum jornal precisa de autorização para a publicação ou divulgação de fatos que ameacem a paz pública. Quanto ao meliante da reportagem, vamos aguardar as investigações das autoridades.

Sátiro Dias e Antônio Torres: vencendo a tirania do óbvio!

Nesta reportagem, o Contraprosa foi a Sátiro Dias para descobrir a relação entre a cidade e a obra de Antônio Torres. (Imagem: Contraprosa)

Quando vim ao mundo, o escritor Antônio Torres já caminhava pelas ruas barulhentas de São Paulo. Demorou uma eternidade para que eu tivesse contato com sua obra. Curioso é que minha infância toda foi marcada por palavras como Junco, Sátiro Dias, Payayá, Inhambupe, Pataíba, Água Fria, Nova Soure e tantas outras que sempre me lembravam lugares distantes, quase inacessíveis. Em Serrinha, quando meu pai não estava em São Paulo, sempre se referia a estas localidades para contar um fato ou revelar um perrengue com o caminhão que dirigia. Minha vida de professor, radialista e jornalista me levou a vários destes lugares, menos ao Junco.

Na última vez que passei em Água Fria, Pataíba e Biritinga, fazendo uma série de reportagens sobre a BA 084, já com as cinco primeiras edições feitas no meu canal do You Tube, não pude visitar Sátiro Dias por já ser tarde. No último dia 13 de janeiro, retornei a Pataíba e Biritinga para fazer as imagens pelo dia e, finalmente, pude trilhar, pela primeira vez, sessenta anos após nascido, a estrada de barro batido, saindo da BA 084, entre Biritinga e Nova Soure, seguindo para a querida cidade de Antônio Torres. O que faria eu em Sátiro Dias? Minha maior curiosidade era saber como a cidade se relaciona com o fato de ter um escritor membro da Academia Brasileira de Letras.

Cheguei em Sátiro Dias pela porta do fundo, pelo trecho de acesso à BA 084 feito pela rodovia BA 233. Esta mesma estrada liga a cidade à BR 110, separadas por breves 40 quilômetros de asfalto, principal porta de entrada e saída para o mundo. Mas a história precisa ser contada e as origens da cidade datam de 1884, quando por lá chegou a família de João da Cruz, natural de Bom Conselho, para cuidar das terras do Conselheiro Dantas. Manoel José da Cruz, filho do João, naquele ano, subiu num morro próximo,  fincou uma cruz, invocando a guarda e a proteção divina para o seu povo. Havia apenas 3 ou 4 casas, na localidade denominada Junco de Fora. Não é por acaso que Antônio Torres tem o Cruz como sobrenome seu e de muitos dos seus personagens. Mas o nome que ficou foi Junco, até que, em 14 de agosto de 1958, o município é emancipado de Inhambupe. O nome escolhido foi do médico-cirurgião, bacharel e político Sátiro de Oliveira Dias, nascido 96 anos antes de Antônio Torres, também brotado na região. Quando o filho de João da Cruz iniciava o Junco, Sátiro Dias era governador da província do Ceará e decretava o fim da escravidão naquele estado. Foi deputado, secretário, diretor de instrução pública e tantos outros cargos, tanto na época da monarquia quanto na república. Morreu aos 69 anos, em 1913, como vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia. O nome do município não poderia ser outro.

De lá para cá, Sátiro Dias revelou muitos talentos e cérebros para o Brasil e para o mundo, mas o mais conhecido é Antônio Torres, eleito para a cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras em 7 de novembro de 2013, tomando posse no ano seguinte. Foi sua terceira tentativa e ele não pode se queixar. Foram 34 votos, de 39 possíveis, com 5 concorrentes.

Antes de conhecer o Junco, conheci parte da obra de Antônio Torres. Dos seus 12 romances, li três: Essa Terra, Meu querido canibal e Querida Cidade. Destes, só não tem relação com Sátiro Dias o que tem Cunhambebe como um dos seus personagens. Embora tenha começado pelo Canibal, Essa Terra me deixou atônito e Querida Cidade foi o sorvete do verão. Depois de ter lido o último romance de Antônio Torres, fui obrigado a reler Essa Terra. Precisava de respostas interpretativas e da consolidação da certeza de que precisarei ler o resto da obra do autor, e urgente!

Mas qual a relação que a cidade mantém com o escritor hoje? Andando pelas ruas de Sátiro Dias, a marca mais forte que a cidade mantém com o escritor é o seu nome estampado na biblioteca municipal. Para nosso desencanto, estava fechada para uma limpeza geral. Conversamos com pessoas e procuramos saber o grau de pertencimento do nome do autor com os moradores. Estava cravado que um filho daquelas bandas fazia sucesso em grande cidades do país e no estrangeiro e que era parente de fulano e sicrano. Leram algo do autor? Bom, aí eu estava querendo demais. Não é do nosso feitio a leitura de um livro. Talvez os estudantes, mas o período era de recesso escolar. 

Sátiro Dias pode se orgulhar de ter um nome na ABL, mas não seria surpresa se no futuro tenha mais um. É que há muitos escritores nascidos na cidade. Além do autor de Essa Terra, temos Marcelo Torres, seu primo, que hoje reside em Brasília. Em 2020 ficou entre os cinco finalistas na disputa do Prêmio Jabuti, com o livro de crônicas O dia em que achei Drummond caído na rua.  É autor ainda de O bê-á-bá de Brasília e Os nomes da rosa. Parou por aí? Nada. Ainda temos Décio Torres Cruz, professor e pesquisador da Universidade Federal da Bahia, autor de “The Cinematic Novel and Postmodern Pop Fiction: The Case of Manuel Puig”, segundo livro publicado por Décio Torres em língua inglesa fora do Brasil. O primeiro foi “Postmodern Metanarratives: Blade Runner and Literature in the Age of Image”, publicados na Inglaterra e nos Estados Unidos. Além desses, Décio publicou outros oito livros: “Literatura (pós-colonial) caribenha de língua inglesa”, “English Online: Inglês instrumental para informática”; “O pop: literatura, mídia & outras artes”, “Idea Factory: 100 Games and Fun Activities for your English Classes”; “Inglês para Administração e Economia”; “Inglês para Turismo e Hotelaria” e “Inglês.com.textos para informática”. Da mesma família ainda temos o Ronaldo Torres, diretor do grupo teatral Mandacaru e autor do livro mais completo sobre a história da cidade: Arraial do Junco: Crônica de sua existência. Mas não vamos pensar que o talento parou apenas na família Torres Cruz. Ainda temos o Luís Eudes, escritor do romance Cangalha do vento e de livros de contos. E para não dizer que não falei das mulheres, é preciso lembrar da escritora e professora Cristiana Alves, autora de Entrelaçados, Sabor de uma lembrança, Coração a Esmo e Tatuagem. Cristiana é professora de língua e literatura brasileira, mestre em crítica cultural pela UNEB e ainda encontra tempo para ser agente cultural na região. E ficaríamos aqui ainda muito tempo relacionando pessoas que honram o nome do município na música, no direito, na política. Mas sabemos que há o outro lado, talvez representado pelo personagem Nelo, de Essa Terra. Sátiro Dias está encravada no sertão baiano, e o sofrimento por aqui é algo comum. Se Nelo pode ser a metáfora adequada para todos que fogem a busca de um lugar ao sol, mas é consumido por um conjunto de desgraças, Totonhim e o protagonista de Querida Cidade podem ser a representação daqueles que, quando tudo parece perdido, dobram a aposta. Antônio Torres foi derrotado duas vezes para depois chegar à ABL. O próprio fundador da academia não seria aceito nela se não fosse ele o idealizador. O Brasil é injusto com os seus talentos. E quanto mais distantes estiverem do eixo central da elite cultural brasileira, mais caminho terão de andar para chegar ao seu lugar justo. Quando mergulhamos na obra de Antônio Torres entendemos porque Sátiro Dias teve 4 prefeitos entre 2006 e 2008. Como em toda nossa região, a política é um negócio que envolve ódio, exploração da esperança. Não é nada parecido com a visão da construção de um futuro melhor. As desavenças da família de Totonhim são frutos da falta de perspectiva em que vivemos, e isso nunca se resolve. Uma praça é construída, uma rua é calçada, mais uma escola é inaugurada, mas e o progresso? Ele está mais associado ao esforço pessoal que coletivo. Teremos raríssimos Antônio Torres enquanto nossa região não valorizar as coisas que trazem benefícios de fato para a coletividade. É por isso que devemos louvar a existência de um escritor que, rompendo todos os prognósticos mais comuns, venceu a tirania do óbvio. Uma cidade do interior da Bahia, com pouco mais de 20 mil habitantes, com um sistema político perverso, com uma educação pobre, com falta absoluta de políticas públicas voltadas para o progresso coletivo, com o povo provido de uma alma estupidamente humilde e orgulhosa, só tem um Antônio Torres pelo exercício de uma luta pessoal hercúlea, uma verdadeira saga. É por isso que a cidade precisa aproveitar a oportunidade e celebrar o feito. Urge que Sátiro Dias pense numa fundação para abrigar a trajetória quase única deste sobrevivente dos sertões, que encontrou na educação e na literatura as sementes fecundas do viver e do progredir.

Veja o vídeo a seguir:


Minuto cruel: A era do bateu, levou!

 

Polícia de Sergipe recupera SW-4 roubada de Bita

Este foi o meliante que estava conduzindo a SW-4 de Bita quando o veículo foi encontrado. (Foto: WhstsApp)

Nesta terça-feira, exatamente na ponte do Rio Real, na BA 393, na divisa da Bahia com Sergipe, próximo ao município de Poço Verde-SE, um cidadão heliopolitano, conhecido popularmente por Bita, teve sua Toyota SW-4 roubada. Ele estava só e não ofereceu resistência ao ser abordado pelo assaltante. Bita logo providenciou dar queixa e a Polícia Militar de Sergipe passou a tentar localizar o veículo, que foi visto em alta velocidade no distrito da Colônia 13, no município de Lagarto, em Sergipe. Hoje pela manhã, a polícia conseguiu localizar o veículo nos arredores de Aracaju e prendeu o suspeito. Assim que tivermos maiores informações sobre o local exato e nome do assaltante, atualizaremos esta postagem. Veja informações complementares clicando A Q U I .

Poucas & Boas: Magistério pode ficar sem o Piso, mas há o Plantão 24 horas!

Piso do Magistério para 2022 segue sem definição. (Foto: AF Notícias)

Sem eira, nem beira e nem Piso

Se a pandemia deixou nossa educação para lá de Bagdá, independente da vontade dos profissionais da educação, agora é que a coisa vai parar no Afeganistão! É que o MEC deu uma forcinha aos prefeitos que não querem pagar o Piso do Magistério, que teria agora um aumento de 33,23%. O desministro da nossa deseducação inventou que a Lei 11.738 está revogada e o que vale é o que diz o Projeto de Lei nº 3.776/08, que sequer virou lei. Neste, o Piso Nacional seria reajustado pelo INPC. Como não seguirão lei nenhuma, o reajuste corre risco de ser 0%, até que o STF decrete mais uma derrota para Bolsonaro.

Armando com Bolsonaro e votando no Lula

É curioso como o bolsopetismo está mais que consolidado. Os prefeitos, principalmente os do Nordeste, alegam que o Piso Nacional do Magistério onera as contas públicas. Com a ajuda do Lira, conseguem dialogar com o governo Bolsonaro para não dar nenhum reajuste ao piso, mas estão nos bastidores prontos para votarem no Lula. Não dá para entender quem está enganando quem, em se tratando de Lula ou Bolsonaro. Uma coisa está certa: o enganado é o eleitor! 

Plantão 24 horas

Há pessoas que só valorizam as coisas quando são vítimas do acaso. Outras só valorizam quando veem o fato a partir de uma realização de seu grupo, partido ou pessoas de estimação. Seja qual for o motivo, o Plantão 24 horas da Unidade Mista de Saúde de Heliópolis, nos três dias do fim de semana, tem salvado vidas e dado conforto aos moradores. Uma senhora teve um princípio de enfarto e foi socorrida no Posto. No hospital, em Ribeira do Pombal, o médico disse que a pessoa sobreviveu porque teve o atendimento correto nos primeiros momentos. A senhora se recupera, mas ainda há pessoas que não valorizam este tipo de investimento. Acham que é dinheiro jogado fora. Do mesmo jeito, há pessoas que não tomam vacina alegando ser ainda algo experimental! 

Ômicron no pedaço

Em quase todos os municípios de nossa região a variante Ômicron está fazendo festa. Para isso, aproveita as tantas festas já existentes. Ribeira do Pombal tem 45 infectados, 65 aguardando resultados e 84 em monitoramento domiciliar, só para termos uma ideia. Pior de tudo é que não está sendo feita a testagem em massa e isso pode significar que os casos são bem maiores, principalmente porque a variante é muito contagiosa e menos severa com os infectados. Além dessa gracinha, o quadro de desgraça se completa com a H3N2, a ignorância e o negacionismo. Tudo isso juntos e misturados. É uma bomba biológica de alto impacto. Só a vacina nos salvará, apimentada com um pouco de fé em Deus.

Apostas na mesa

Alguns leitores deste blog estão apostando na possibilidade de golpe eleitoral do governo Bolsonaro no prefeito José Mendonça. Há quem diga que o padrinho político da liberação do Centro Educacional de Ensino Fundamental de Heliópolis vai querer o apoio do alcaide ao presidente. Dizem que a obra só começará com a efetivação do apoio. Chegam até a comparar com as obras do Colégio Estadual José Dantas de Souza, que seguem em ritmo acelerado, e devem ser concluídas antes de setembro. Uns chegam a dizer que se as obras do CEEFH não começarem logo, adeus! Já há pessoas mergulhando em Brasília para descobrir quem foi o pai da obra. A mãe, todos nós sabemos: o eleitor!

ACM Neto e Lula

Quando Lula conversou com ACM Neto, tudo indica para colocá-lo na chapa de vice, foi porque já sabia que teremos uma eleição bem disputada este ano. Além de Lula ter mil e um motivos para saber que nada será fácil como um dia foi, a disputa é contra um presidente. Se Bolsonaro acaba ajudando aqui e ali, há uma pedra no sapato lulista chamado Sérgio Moro, sem contar que Ciro pode complicar. A disputa ACM Neto X Jaques Wagner está bem equilibrada. Wagner tem Lula para arrastá-lo e ACM Neto tem todos os outros contra o PT. Mas bem que poderia haver um terceiro nome na Bahia para embolar o meio do campo. Não tem, até aqui. 

Surpresa

Os nomes postos para disputar os diversos cargos na nossa região podem sofrer diversas alterações. Talvez, os mais cotados não sejam mais candidatos. Novos nomes devem surgir no limiar de maio. O tabuleiro da política baiana e sergipana tem mais água passando por debaixo da ponte do que imagina a nossa vã certeza. Vem surpresa por aí! 

Caminhos do Brasil: Irará e a BA 084, a rodovia da desigualdade

Saímos de Coração de Maria para percorrer os 25 quilômetros que separam a cidade mariense da cidade de Irará. Foi o pior trecho da BA 084, desde Santo Amaro, motivo de protestos de moradores nas redes sociais e em jornais da região. A rodovia chegou a ser bloqueada por moradores de Coração de Maria e de Irará no mês de julho, em protesto por melhorias na estrada. Os manifestantes usaram pneus, galhos de árvores e pedaços de madeira para interditar a BA. Estas imagens foram feitas em 23 de setembro de 2021 e a rodovia continuava do mesmo jeito. 

Depois da buraqueira infernal, chegamos ao município de Irará, nas terras antes habitadas pelos índios Paiaiás. No início do Brasil Colônia, no século XVI, os padres jesuítas vieram com o objetivo de catequizar os índios. Curioso é que chegaram a partir da localidade de Água Fria, uma aldeia tapuia, onde construíram uma igreja em louvor a São João Batista, origem da cidade vizinha, assunto do nosso próximo episódio. As terras eram das sesmarias de Garcia D'ávila. A busca de indígenas para escravos e a criação de gado também contribuíram para o seu povoamento. A partir de 1673, pela Carta Régia de 9 de julho, as terras foram incorporadas por João Peixoto Veigas. Mais tarde, a busca por pedras preciosas fez surgir algumas povoações, como a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que fez surgir o distrito de Bento Simões e também de Caroba.

Em 1717, Antônio Homem da Fonseca Correia construiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Purificação e deu de presente a seu filho. que era padre e tinha o seu mesmo nome. O templo foi erguido próximo da casa da fazenda, construída às margens da estrada real, ligação do porto de Cachoeira ao sertão baiano, que é hoje grande parte da BA 084.  Em volta da igreja, dedicada a Nossa Senhora da Purificação, nasceu o arraial que viria a se tornar a vila de Purificação dos Campos. Em 1832, quando o Brasil oficialmente já não era mais colônia portuguesa, a movimentação da estrada real possibilitou ao arraial de Purificação dos Campos ter maior desenvolvimento do que a então vila de Água Fria. Foi aí que o Imperador D. Pedro II sancionou uma resolução, em 10 de junho de 1832, transferindo a sede da vila de São João Batista de Água Fria para o arraial de Purificação dos Campos, que passou a ser vila.   

Claro que a Câmara de Vereadores de Água Fria não gostou e demorou para que se consolidasse aquela mudança. Dez anos depois, com a Lei Provincial nº 173, de maio de 1842, é criado o município e vila de Purificação dos Campos, extinguindo o município de São João Batista de Água Fria, que passou a ser distrito de Purificação dos Campos, atual Irará. A data exata é dia 27 de maio de 1842. Agora, em 2022, Irará completará 180 anos de emancipada. A denominação Irará só é oficializada pela Lei Estadual n.º 100, de 08 de agosto de 1895, quando passa a ser cidade. O significado da palavra Irará é uma corruptela da palavra “Arará”, um tipo de formiga de asas brancas que surgia ao alvorecer do dia, de origem indígena, significando “nascido da luz do dia ou nascido do sol”.  

Até 1890, o município tinha uma câmara de vereadores e era administrado pelo seu presidente. A partir daquela data, Irará passou a ser administrado por intendentes, sendo o primeiro Pedro Nogueira Portela. De 1930 a 1947 foi administrada por interventores, sendo Elpídio Nogueira o primeiro deles. A partir de 1948, Irará passou a ser governado por prefeitos.   Elísio dos Reis Santana foi o primeiro eleito para assumir o cargo. Nas eleições de 2020, foi eleito para ocupar o cargo de prefeito Derivaldo Pinto, do Partido dos Trabalhadores, que derrotou Juscelino, do DEM, que tentava a reeleição. A diferença de votos foi estapafúrdia, 10.460 do petista contra 6.764 do então prefeito. Ainda concorreram Carlinhos, do Republicanos, com 455 votos, Baly, do PSD, com 428 votos e Eletroguisso, do PSC, com apenas 67 votos.  Para o legislativo municipal, os onze vereadores eleitos em 2020 foram: Cesinha – PP – com 635 votos; Rozendo de Júlia – DEM, com 594 votos; Djalma da Saúde, PROS, com 551 votos; Belar do Cajueiro, PROS, com 537 votos; Joelson Dantas, PSB, com 499 votos; Jarro de Zezito, DEM, com 494 votos; Beto Cicatriz, MDB, com 446 votos; Leila de Rosalino, PT, com 444 votos; Fernandinho Nailton, PP, com 436 votos; Gené, PT, com 429 votos; e João da Cruz, PSD, com 402 votos.  

O município é banhado pelos rios Seco e Parnamirim e é limitado ao norte com Água Fria; ao sul, Coração de Maria; ao leste, Ouriçangas, ao oeste Santanópolis e ao sudeste com Pedrão. Sua principal via é a BA 084 e é também servido pela BA-504. Provavelmente, é possível que alguém já tenha ouvido falar em Aristeu Nogueira, criador do CDC – Centro de Diversões e Cultura de Irará, ou ainda Diógenes de Almeida Campos, diretor do Museu de Ciências da Terra no Rio de Janeiro. Talvez tenha já conhecido o jornalista e publicitário Edson Barbosa, o escritor Emídio Brasileiro, o soldado pracinha da 2ª Guerra Mundial Fernando Nogueira Dantas, ou ainda o baixista de Ivete Sangalo, o Gigi. É provável que já tenha lido algum livro de Vera Felicidade, uma psicoterapeuta. O que eles têm em comum? São todos nascidos em Irará. Provavelmente, muitos já ouviram falar de Fernando Santana – deputado federal constituinte pela Bahia. Certamente já se ouviu falar no goleiro Dida, defensor da Seleção Brasileira e do Esporte Clube Vitória, dentre tantos outros times mundo afora. Por fim, um outro filho ilustre é Tom Zé, músico do movimento tropicalista e o mais irreverente de todos.

Irará viu seus domínios diminuírem com as emancipações de Água Fria, Pedrão, Ouriçangas, Santanópolis, Coração de Maria. Restou apenas o distrito de Bento Simões. Mesmo assim, sua população de 30 mil habitantes não para de produzir riquezas. Seu comércio é pujante e a capacidade do seu povo de produzir cultura ultrapassa as fronteiras do estado e do país. Quem é de Irará renasce todos os dias sob a luz do sol, no cotidiânico trabalho da construção da busca de uma vida sempre melhor, regada ao suor da persistência e da fé na vida. 

No próximo episódio desta série, falaremos de Água Fria e do distrito de Pataíba.