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Quijingue - Um Lugar no Sertão 10

Deixamos o acolhedor povoado de Deixaí e seguimos pela estrada de barra batido BA 381. De Cansanção a Quijingue são 42 km de poeira. Ao longo do percurso, depois do Deixaí, há dois locais que merecem uma parada: a barragem do rio Cariacá, limite entre os dois municípios, e o simpático povoado de Boa Vista de São José. Há várias outras povoações ao longo da estrada e isto é um indicativo de que o tempo do asfalto ficou bem lá no passado. Chegando em Quijingue, o visitante fica surpreso com sua organização e cuidado. E neste episódio de Um Lugar no Sertão, vamos detalhar como o município chegou até aqui pela dedicação ao trabalho do seu povo.

A história do surgimento do município de Quijingue começa com o fazendeiro Gregório José de Almeida. Ele tinha uma fazenda chamada Onça e nela eram comemorado todos os anos os festejos juninos. O São João da fazenda Onça virou São João da Onça por ter obtido grande sucesso. Tempos depois, o São João da Onça passou a ser realizado na Fazenda Lagoa Grande. O número de participantes aumentou de forma considerável, a ponto de começar a construção de casas para abrigar famílias de forma definitiva. Com auxílio do conselheiro Francisco e de Gregório de Almeida nasce uma capela e a povoação toma corpo. Em 1893 passa pelo local, vindo de Cícero Dantas, o beato Antônio Conselheiro. Com ele vieram várias pessoas. A partir daí, Lagoa Grande passou a contar com um fluxo maior de pessoas e vários casebres são construídos. Foi após a passagem de Conselheiro que Sérgio Ferreira de Brito, Gregório José de Almeida, Joaquim Pereira de Oliveira, Salu José Peba e José Bezerra de Oliveira resolveram mudar o nome do arraial para Triunfo, já sendo território do município de Tucano. 

Oficialmente, o povoado de Triunfo foi elevado à categoria de distrito, subordinado ao município de Tucano, por meio da Lei municipal nº 11, de 30 de abril de 1917, aprovada pela Lei estadual nº 1199, de 03 de julho de 1917. Tempos depois, por meio do Decreto-lei estadual nº 141, de 31 de dezembro de 1943, ratificado pelo Decreto-lei estadual nº 12.978, de 1° de junho de 1944, o distrito de Triunfo teve seu nome alterado para Quijingue. Com o desejo de emancipação cada vez crescente, já que se avolumavam ruas e praças na localidade para abrigar cada vez mais população crescente, por meio da Lei estadual nº 1640, de 15 de março de 1962, o distrito de Quijingue foi elevado à categoria de município, desmembrando-se de Tucano, sendo instalado em 7 de abril de 1963. Hoje, Quijingue possui 2 distritos. Além da sede, por meio da Lei estadual nº 4040, de 14 de maio de 1982, o povoado de Algodões, pertencente a Quijingue, foi elevado à categoria de distrito, dentro do mesmo município.

O município de Quijingue tem limites com Euclides de Cunha, Tucano, Cansanção, Araci, Monte Santo e Banzaê. Está distante de Salvador por 322 kms. Sua área é de 1.380,798 km², abrigando uma população total de 25.272 habitantes, no censo de 2022, com uma densidade demográfica de 18,3 pessoas por km. Está a uma altitude de 347 metros e é servida pela BA 381 e pela BR 116.

Algodões 

O distrito de Algodões fica a 21 kms depois de Quijingue, seguindo a mesma BA 381, em direção à BR 116, desta vez com asfalto em perfeitas condições. As ruas centrais do distrito foram também asfaltadas, dando um ar de cidade. Aliás, Algodões tem condições sim de virar município. A área do seu distrito tem uma população de cerca de 10 mil habitantes, maior que muitos municípios da Bahia. O distrito foi criado em pela lei estadual nº 4040, de 14 de maio de 1982, e anexado ao município de Quijingue. A oficialização e implantação ocorreram em 1988. Algodões existe desde 1802 com a chegada dos tropeiros que sempre passavam por essa região, quando um deles resolveu ficar e trazer toda sua família. O tropeiro era Sebastião José de Abreu, que trazia consigo uma imagem do santo que tinha o seu nome: São Sebastião. O nome veio de uma plantação de algodão no local. A festa do Padroeiro São Sebastião ocorre desde o dia 11 de janeiro e vai até o dia 20, quando sempre há inúmeras trações musicais de nível nacional.