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Candeal - Um Lugar no Sertão 17

Riachão do Jacuípe - Um Lugar no Sertão 16

  Três grandes rodovias formam os tapetes para que você possa chegar a Riachão do Jacuípe: BR 324 e as BA’s 120 e 233. E, claro, seu nome vem do rio que nasce no município de Morro do Chapéu, na Cachoeira do Ferro Doido, numa altitude de 1 011 metros. É o Rio Jacuípe que desce sertão abaixo pelo semiárido ao norte do Piemonte da Chapada Diamantina, formando a bacia do Jacuípe, banhando vários municípios da vasta região do semiárido baiano. No município de Antônio Cardoso, desemboca no rio Paraguaçu, compondo o lago da barragem da Pedra do Cavalo. Depois segue por Conceição da Feira, Governador Mangabeira, Cachoeira, São Félix e Maragogipe, chegando à Baía de Todos os Santos, na região metropolitana de Salvador. O significado é riacho dos Jacus e, assim, Riachão do Jacuípe fica sendo o riacho grande dos jacus. 
   Quem trafega pela BR 324, para Feira de Santana, Salvador, Jacobina, Juazeiro, certamente já se deparou em algum momento com Riachão do Jacuípe. Os amantes do futebol baiano sabem que há uma agremiação chamada Jacuipense, inclusive disputando o campeonato baiano da 1ª divisão e a série D do campeonato brasileiro, fruto do trabalho dos futebolistas da cidade. Seu estádio tem capacidade para 5 mil pagantes.
   Mas a história do município não fica só por aí. Riachão do Jacuípe nasceu umbilicalmente associado à subdivisão das capitanias hereditárias, segundo o historiador Luís Dias Tavares. As sesmarias de terras concedidas a poderosos senhores ajudaram a povoar a região. Foi o caso do 2º maior latifundiário do Nordeste brasileiro, Antônio Guedes de Brito, da Casa da Ponte, Mestre-de-Campo e Regente do São Francisco. Suas terras margeavam o Velho Chico, o Jacuípe e o Itapicuru, chegando a quase mil quilômetros. Perdia somente para Garcia d’Ávila, da Casa da Torre, com terras da Praia do Forte até o Piauí.
    Mas as terras eram habitadas pelos índios Tocós e os posseiros pediram aos jesuítas que assistissem e doutrinassem os índios existentes nos territórios. Os padres aceitaram e conseguiram torná-los cristãos. Nas escavações para as construções das primeiras casas, no local onde veio a ser a praça da matriz, foram encontrados muitos fósseis e utensílios domésticos dos primitivos habitantes. Com o fim das sesmarias em 1822,  esses latifúndios foram-se reduzindo, e os currais e plantações existentes ao longo dos sertões deram origem a muitos municípios, inclusive, Riachão do Jacuípe, produto da fazenda Riachão, de propriedade do senhor João do Santos Cruz, que veio a criar a povoação. Vale dizer que os bandeirantes não tinham noção de se tratar do rio Jacuípe. O nome inicial era Riacho dos Tocós. Como havia bastante água para um riacho, veio daí o nome Riachão. Mas além dos índios, bandeirantes e padres, os fazendeiros trouxeram escravos africanos.
   No ano de 1800, o padre Diogo, responsável pela freguesia de Itapororocas, solicitou o desmembramento da Capella de Riachão e pediu para erguer a freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Riachão, alegando que aquela Capella ficava muito distante da freguesia de Itapororocas e das matrizes de Água Fria e Jacobina. A carta informou também que a região já estava bem habitada e que os rios Jacuípe, Peixe e Tocós ficavam muito cheios, negando passagem, principalmente em épocas de trovoadas.  É provável que já existisse nessa época a Capela do Cemitério. Em 1838, através de lei, foi criada a freguesia com o nome de Nossa Senhora da Conceição do Riachão.
   A construção da igreja matriz ocorreu durante o século XIX, formada por uma capela de um único vão, adobo cru e cobertura de palha. As reformas ocorreram em três etapas, com recursos provenientes de doações, tendo como responsável o senhor Manoel Gonçalves Mascarenhas e o vigário João Pedreira Lapa, conforme recibos do ano de 1863.    
   A iluminação pública da povoação foi feita inicialmente através de lampiões com querosene, pendurados nos postes de madeira, em frente às casas. As primeiras famílias que habitaram foram os Mascarenhas, Gonçalves e Carneiro. A primeira escola aberta surgiu em 1851, só para meninos, tendo como primeiro professor público o tabelião Ângelo Ambrósio de Figueiredo, pago pela Tesouraria Provincial. A dita escola funcionou em uma casa residencial.
   Finalmente, em 1º de agosto de 1878, conforme lei assinada pelo Barão Homem de Mello, Riachão do Jacuípe foi elevado à categoria de Vila, e pela mesma lei foi criado o município, com o nome de Villa de Nossa Senhora da Conceição do Riachão do Jacuípe, desmembrado de Jacobina, sendo-lhe anexadas as freguesias de Nossa Senhora da Conceição do Coité e Nossa Senhora da Conceição do Gavião. Em 25 de outubro do mesmo ano, ocorreu a instalação da referida Vila e a posse dos Vereadores, cuja eleição tinha sido realizada em 15 de setembro. Foram eleitos, por maioria dos votos, sete cidadãos. O Tenente Coronel Marcolino Gonçalves Mascarenhas assumiu a presidência da Câmara Municipal, por ter sido o vereador mais votado. A sessão foi dirigida pelo Presidente da Câmara Municipal de Feira de Santana, então comarca de Riachão do Jacuípe, conforme consta em ata.
   Até o final do século XVIII, no Governo Imperial, o título de Cidade era direcionado às sedes de províncias e àquelas povoações que despertassem interesses maiores para o governo. A divisão administrativa limitava-se às Províncias, compostas por municípios, cuja sede era chamada cidade, e os municípios com sedes denominadas como Vilas. Só bem mais tarde, o município, o distrito e a cidade ficaram com a nomenclatura reduzida para Riachão do Jacuípe e a paróquia permaneceu como Nossa Senhora da Conceição do Riachão do Jacuípe. O município teve momentos de importância econômica, a ponto de ser um centro regional. Inclusive, o município de Conceição do Coité perdeu sua autonomia e voltou a ser distrito pertencente ao município de Riachão do Jacuípe. Essa situação não perdurou muito tempo. Ao longo da história, vários municípios surgiram dentro do território de Riachão, a exemplo do próprio Conceição do Coité, Gavião, Candeal, Ichu, Pé de Serra, Nova Fátima e Capela do Alto Alegre. Hoje, Riachão do Jacuípe tem apenas um único distrito, que é a sede.
   O município está localizado na área de expansão da Região metropolitana de Feira de Santana, fazendo limites com Pé de Serra, Retirolândia, Serra Preta, Nova Fátima, São Domingos, Conceição do Coité, Ichu, Candeal e Feira de Santana. Sua distância para Salvador é de 186 kms. Sua população em 2022 foi de 33.386 habitantes, numa área de 1.190,196 km², com uma densidade demográfica de 28,1 habitante por km². A zona urbana de Riachão do Jacuípe é considerável e passa a ideia de estar sendo bem cuidada. Sua área mais central é bem ampla e tem praças organizadas para o deleite das famílias e visitantes. Seu povo é acolhedor e tranquilo. Ainda é possível ver em Riachão do Jacuípe pessoas sentadas em cadeiras nas calçadas de suas casas, olhando a paisagem e sentido a pulsação da cidade no vai e vem de sua era.