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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Poucas & Boas nº 104: O Titanic vai afundar!!!

Jaqueline enterrada

O corpo de Jaqueline Oliveira Queirão, morta a facadas pelo marido no último domingo, dia 7 de maio, foi enterrado finalmente. Somente ontem o IML liberou para o sepultamento. No povoado Capela, ou Pindorama, o lamento da filha pequena pedindo para a mãe acordar comoveu os que lá estavam para dar o último adeus. O primeiro marido de Jaqueline esteve no local com os três filhos do casal. Informações dizem que o casamento entre ambos ainda não havia sido desfeito oficialmente. Há quem afirme que ouviu dizer que Vinícius, o assassino, deve se apresentar hoje à justiça com um advogado. Espera-se que este não seja mais um daqueles crimes que vai para uma gaveta e fica lá por anos esperando uma conclusão.

Morto, mas vivo!

Preso nesta semana por envolvimento em possível fraude no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro (PL), o advogado e major reformado Ailton Barros – preso na Operação Venire por participar do esquema de fraude de vacinas, transmitiu uma pensão militar para sua esposa mesmo depois de ser expulso do Exército. É o que mostram dados do Portal da Transparência consultados pelo UOL. A esposa, Marinalva Barros, recebe de pensão R$ 22,8 mil brutos por mês, ou R$ 14,9 mil líquidos, desde outubro de 2008. Ailton é registrado como "morto" nos sistemas de informática do governo, mas apenas por questões burocráticas. É um "morto ficto", segundo o Exército. Ou seja, foi expulso do Exército e, como castigo, recebe uma morte fictícia para que sua mulher possa receber a pensão. Enquanto isso ele vira advogado, com carteirinha da OAB e tudo mais. É preciso amar este país como se não houvesse corrupção.

Viva! Juízes condenados!

Ah! Como é bom saber que a Lei é para todos no Brasil. O Política Livre do jornalista Raul Monteiro deu uma notícia importante: por determinação da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nesta terça-feira (9), condenou cinco desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-BA) na Operação Injusta Causa, da Polícia Federal (PF), deflagrada em 2019, por venda de sentenças. A ex-presidente do TRT, Maria Adna Aguiar, Noberto Frerichs, e Washington Gutemberg receberam como pena a aposentadoria compulsória. Já os desembargadores Maria das Graças Oliva Boness e Esequias Pereira de Oliveira tiveram como condenação a censura.

Desiguais em tudo!

Quem imaginaria um soldado, depois de prender o ladrão, liberá-lo em troca de propina e depois ser aposentado compulsoriamente como condenação pelo crime cometido! Que tal um professor aprovar alunos em troca de dinheiro fácil e, uma vez descoberto, ser aposentado! Que maravilha! Este país é de quem tem nas mãos o poder, pois assim é que tudo pode. Quer ficar longe da cadeia? Vá para a magistratura, seja um juiz, desembargador ou conselheiro de tribunais. Não precisa nem mesmo ser um expert para saber que não condiz com o sagrado dizer da Constituição, quando todos deveriam ser iguais perante a Lei! E isso só continuará enquanto continuarmos a eleger os mesmos, outros com as mesmas ideias ou os filhos dos mesmos ou dos outros, que continuam por aí a consolidar as mesmas ideias. A última coisa que querem é mudar este país. E ele só muda se você mudar!

Internet regulamentada!

Sinceramente, este assunto não me tira o sono. Eu sei que a regulamentação é necessária para o funcionamento das regras contidas no Marco Civil, pois alguns artigos da Lei fazem remissão explicita ao regulamento, como as exceções à neutralidade de rede ou procedimentos de segurança que as empresas devem adotar com os dados dos usuários. Esses temas, portanto, deverão ser regulamentados. Ocorre que, como a nossa Constituição, a regulamentação pode ser dirigida apenas para os mortais comuns. Enquanto tivermos a ideia da existência de duas sociedades, uma que pode tudo e a outra que só pode obedecer, qualquer regulamentação que se faça só funcionará para os comuns. E são estes que pagarão toda a conta e os pecados. Na Internet hoje, quase tudo se pode fazer para o bem ou para o mal. Amanhã, uma vez regulamentada, será o retrato de um país injusto com os comuns e servil com os poderosos de plantão. 

Mãe de 4 filhos é morta pelo marido na Pindorama

Jaqueline foi morta por Vinícius. Feminicídio de 3 facadas, deixando uma morta e 4 desamparados. (Fotos: Álbum de Família)

Embora ainda não tenhamos os dados completos, precisamos divulgar esta notícia porque é mais uma consequência do processo de descivilização pelo qual passa a nossa sociedade. Quem vê as notícias pela TV e pensa que as grandes tragédias só acontecem nos grandes centros urbanos está enganado. No início da noite de hoje, no pequeno povoado Pindorama, no município de Cícero Dantas, separado de Heliópolis apenas pelas águas poluídas do açude, uma mulher, mãe de quatro crianças foi esfaqueada até a morte pelo companheiro, pai da sua criança mais nova. A mulher, Jaqueline Oliveira Queirão, ainda chegou a correr para a casa de uma vizinha depois de ter sido golpeada duas vezes na sua casa, mas foi alcançada e recebeu a facada fatal numa casa próxima. O feminicida, conhecido por Vinícius, nem mesmo se importou em invadir o lar alheio.

Até aqui se sabe que a motivação era ciúme do companheiro. Jaqueline era muito extrovertida e fazia muitas amizades. Ela trabalhava numa quitanda e atraía muitos fregueses com sua simpatia. Após matar a esposa, Vinícius desapareceu e populares socorreram Jaqueline, levada para o Posto Médico de Heliópolis. Ela ainda chegou com vida no pronto atendimento, mas minutos depois veio a falecer. Não há informações sobre maltratos anteriores ou queixas registradas da vítima contra seu agressor, nem mesmo se tem notícias de medidas protetivas. Fato é que há mais quatro crianças órfãs, vítimas de mais um feminicídio. Já não se trata mais de fatos isolados e é preciso uma tomada de posição da sociedade contra esta chaga que está virando uma epidemia. 

A notícia está incompleta. Assim que os dados forem chegando, atualizaremos.

Penúltimo episódio: Do Sertão ao Centro-Oeste. Montes Claros - MG: Nascida para o progresso!

Deixamos o poeta Antero no cemitério de Catalão e seguimos pela BR 050 na direção com a divisa de Minas Gerais. Depois continuamos viagem pela MG 223 até a BR 365, em Celso Bueno, município de Monte Carmelo. Daí em diante, percorremos a BR 365, rodovia federal que liga Uberlândia a Montes Claros. Passamos por cidades importantes, mas o tempo conspirava contra nós. A folga era curta para um país tão gigantesco. Chegamos na cidade de Patrocínio, depois seguimos viagem pela mesma rodovia e passamos em Patos de Minas. Mais adiante foi a vez de Varjão de Minas, e lamentamos não poder sequer entrar em Pirapora, às margens do rio São Francisco, que cruzamos mais uma vez. Após percorrer quase 700 kms, chegamos a Montes Claros já pela noite e fomos providenciar uma pousada para pernoitarmos. Teríamos que seguir viagem para a Bahia ainda pela madrugada. Encontramos uma pousada na rua Irmã Beata, em frente ao pronto socorro da Santa Casa de Montes Claros. O movimento a noite inteira era a garantia de que não perderíamos a hora.

Mas antes de seguirmos, é preciso contar a história e conhecer um pouco de Montes Claros. As terras onde está a cidade foi habitada até 1660 pelos índios Anais e Tapuias, mesmo depois de uma expedição composta por 12 bandeirantes, em 1554, a Expedição Espinosa-Navarro, que desbravou a região à procura de pedras preciosas, e embrenhou-se pelo sertão do Norte da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro. A fixação dos colonizadores na região só se deu em 1674, quando Fernão Dias Pais organizou uma bandeira para explorar aquela região, sempre procurando encontrar pedras preciosas. O paulista Antônio Gonçalves Figueira, que pertencia à Bandeira de Fernão Dias, acompanhou-a até às margens do Rio Paraopeba, onde, com Matias Cardoso de Almeida, abandonou o chefe, que voltou para São Paulo. Naquele lugar, Antônio e Matias construíram fazendas, cujas sedes foram crescendo e se transformando em cidades, depois de matarem índios e explorarem as riquezas da região. Em 1707, Antônio Gonçalves Figueira obteve a sesmaria de uma légua de largura por três comprimentos, que constituiu a Fazenda de Montes Claros, situada nas cabeceiras do Rio Verde Grande, que atravessa hoje toda a cidade. Estradas foram construídas para o comércio de gado, inclusive para a Bahia e para atingir o São Francisco. Gonçalves Figueira retornou para São Paulo e deixou a fazenda de Montes Claros aos cuidados de seu irmão Manuel Afonso de Siqueira, que era proprietário de fazendas vizinhas.

A fazendo passou para outras mãos e chegou ao Alferes José Lopes de Carvalho, que havia se casado com a neta de Manuel Afonso de Siqueira. Foi ele quem adquiriu parte da fazenda Montes Claros e lá ergueu a capela, onde atualmente é a Igreja Matriz de Montes Claros. Em volta da capela foi se formando o Arraial das Formigas, o segundo povoado da Fazenda Montes Claros. A região foi se povoando e a Fazenda de Montes Claros transformou-se no maior centro comercial de gado, no Norte de Minas Gerais. A prosperidade começou com Arraial de Formigas, depois Arraial de Nossa Senhora da Conceição e São José de Formigas. Pela Lei de 13 de outubro de 1831, desmembrando-se de Serro-Frio, o Arraial foi elevado a vila recebendo o nome de Vila de Montes Claros de Formigas. Em 1857, com o constante desenvolvimento, a vila chegava aos pouco a mais de 2.000 habitantes e, pela Lei 802 de 03 julho daquele mesmo ano, a Vila passou a cidade com o nome definitivo de Montes Claros.

Começa então um ciclo de desenvolvimento invejável. Em 1871 é criado o Hospital de Caridade, depois chamado Santa Casa de Caridade. Em 1879 nasce a Escola Normal, instalada no ano seguinte. Em 1884 nasce o semanário Correio do Norte, primeiro jornal de Montes Claros. Dois anos depois é inaugurada a Capela do Morrinho. O telégrafo chegou em 1892, Já o Mercado Municipal é inaugurado em 1899. Em 1907, as irmãs Berlear fundam o Colégio Imaculada Conceição. Três anos depois, São Pio X criou o Bispado de Montes Claros, tendo a primeira missa pontifical, no dia 08 de outubro de 1911. O serviço de telefonia urbana chegou no ano seguinte. Em 1914 chegou o cinema, em 1917 a iluminação pública. Em 1926 houve a inauguração da estação ferroviária, em 1938 chegou o serviço de água potável, a primeira emissora de rádio em 1945, o serviço de telefone interurbano foi a partir de 1956. 

Daí em diante, tudo chegou a Montes Claros, que se transformou no mais desenvolvido município da Bacia o Alto Médio São Francisco ao Norte do Estado de Minas Gerais. Não se surpreenda se no censo de 2023 sua população chegar aos 420 mil habitantes, espalhados pelos seus 3.470 km2. Sua localização é privilegiada, cortado pelas rodovias BRs 135, 251, 122 e 365, além das estaduais. Fica distante 1100 kms de Salvador, 700 de Brasília, 630 de Uberlândia, 850 de Vitória, 1000 kms de São Paulo, 860 de Goiânia e 430 kms de Belo Horizonte. É um centro de médio porte regional e o sexto maior município do Estado de Minas Gerais em população residente, com um Produto Interno Bruto estimado pelo IBGE de R$ 20.199,41, per capita, dados ainda de 2015. Dados do CAGED/MTE ainda mostram que Montes Claros possuía em Janeiro/2018, em torno de 17 mil empreendimentos formais. O SEBRAE revela que em 2017 o município tinha 101.744 pessoas com emprego formal, além de um imenso contingente de pequenos empreendedores e trabalhadores informais em pequenos negócios, cuja mão-de-obra, familiar ou contratada, se faz presente no dia a dia.

Depois de algumas poucas horas de sono, seguimos pela BR 122 com destino à Bahia. Seriam mais de mil kms de estrada a percorre naquele dia, mas isso é assunto para o nosso último episódio da série Caminhos do Brasil – Do Sertão ao Centro-Oeste. Dê um like neste vídeo, faça sua inscrição no canal e até lá.