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Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Os erros do prefeito e o nosso futuro político

O leitor aqui do Contraprosa já sabe minha opinião sobre os políticos brasileiros hoje, com sua esmagadora maioria dançando conforme a música, num sistema completamente falido, prestes a enterrar o Brasil no lamaçal da incompetência e da ignorância. Mas no meio dessa sujeira toda, há alguns com oportunidades de escrever o nome por décadas nos anais da administração pública e, mesmo diante de tanta desgraça, ser considerado um estadista ou grande gestor. Quando não se sabe contornar o sistema para gerar os frutos comuns e corriqueiros, é preciso usar a inteligência para não ser engolido pelo reverso do que ele pode produzir. O sistema é planejado para produzir corrupção, mas é preciso contorná-lo para gerar também votos e prestígio, mesmo que isso seja apenas ilusão. Cabe então uma pergunta: o que faz o prefeito José Mendonça com uma administração tão pífia?

É costume dos políticos, por força da reeleição, praticar no primeiro mandato o que nós chamamos de maquiagem na administração pública, iludindo o eleitor. Ricardo Maia fez isso com sucesso em Ribeira do Pombal e está colhendo os frutos agora. Outros prefeitos, embora não tenham praticado tal performance de forma tão explícita, fizeram outros eventos, a partir de circunstâncias locais. Dr. Ricardo em Cícero Dantas, Germano na Ribeira, Paulo Sérgio em Adustina, Iggor Oliveira em Poço Verde, só para citar alguns. Nenhum deles trouxe nada de novo, fez transformação alguma. Apenas moveram as peças do xadrez embelezando a paisagem ou se locupletando do sistema. E Mendonça, o que está fazendo?

Afora a maquiagem feita no sistema de saúde, que deu alívio temporário ao povo, é incrível como o prefeito não está conseguindo realizar tarefas fáceis, comuns do dia a dia de uma administração. Uma simples correção no calçamento de uma rua pode levar meses. Algumas ainda não foram corrigidas ao longo de todo seu mandato. É incrível atestar que o ano letivo começou sem haver transporte escolar em algumas localidades. No povoado Arrozal, por exemplo, apesar de ter levado calçamento público, não consegue atender a simples tarefa de colocar um ônibus escolar para servir aos estudantes de forma efetiva. Na última semana, alunos ficaram sem fazer prova na segunda-feira (15.05) porque o veículo quebrou mais uma vez. Pais e mães tiveram que se juntar para alugar um carro, de forma emergencial, para que seus filhos não perdessem as outras avaliações do restante da semana.

Há certas coisas na vida, e também na política, que marcarão as pessoas para o resto da existência. Lula pode gritar o quanto quiser, mas não apagará a corrupção do Mensalão e Petrolão da história. Basta saber que já há maioria para condenar Fernando Collor de Melo a 33 anos de prisão pelos malfeitos na BR Distribuidora, no segundo mandato do governo Lula. Sim, isso mesmo! O homem que o petista já chamava de ladrão nos anos 90 virou aliado de governos do PT. Agora a conta chegou. Lula tinha razão nisso aí! Duvidamos que aconteça, mas Bolsonaro se arrependerá amargamente, mesmo que intimamente, de não ter se vacinado e incentivado vários dos seus seguidores a não o fazer. Era só uma picadinha, uma foto no jornal e milhares de pessoas salvas, diminuindo a conta dos setecentos mil mortos. Está pagando caro e vai continuar sangrando até desaparecer da memória do povo.

O povo do Arrozal vai esquecer um dia o benefício do calçamento, mas guardará na memória afetiva as quebras dos ônibus escolares e as aulas perdidas. Os doentes ficarão sãos e podem não mais se lembrar do médico que os atendeu no posto médico, da enfermeira que aplicou a injeção ou da atendente que lhe forneceu o remédio na farmácia do município, mas guardará com suplício o buraco na rua que não foi tapado ou o esgoto que escorre a céu aberto e exala seu odor insuportável. De tanto ver desmandos nas administrações públicas, o cliente desta república até aceita, infelizmente, a corrupção como algo inerente à política. Entretanto, deixar de atender o básico, aquilo que é fundamental para continuarmos seguindo, mesmo cambaleando, os ditames do processo social, é um perigoso teste da paciência do povo.

O atual prefeito de Heliópolis já jogou fora uma farmácia e uma lotérica. Parece que seu último ato é atirar pela janela a oportunidade de ser reconhecido como, pelo menos, um prefeito razoável, o que já seria suficiente para reelegê-lo. É bom lembrar que Walter Rosário só não se reelegeu porque desprezou estes pequenos detalhes e até hoje paga caro pelo seu desastre administrativo. Não somos donos de nenhuma verdade, mas é certo dizer que ou Mendonça está centralizando tudo e não deixando sua equipe trabalhar, ou os seus auxiliares são incompetentes. Mas há ainda uma terceira hipótese: ele é centralizador e os seus auxiliares incompetentes. Neste último caso, não há saída e a derrota em 2024 serão favas contadas. Só restará então saber se ele perderá para o novo ou para o de sempre.

Pescoço de galinha a 260 reais o quilo para alimentar indígenas!!!

Enquanto índios passavam fome, governo de Jair Bolsonaro superfaturava carne de pescoço de galinha. (Foto: Último Segundo)

Há certos absurdos que parecem ser notícia falsa e, de tanta carga de coisas inacraditáveis, não conseguem virar destaque nos veículos de comunicação. É o caso desta notícia do jornalista Daniel Waterman, publicada originalmente em O Estado de São Paulo. Acreditem, o governo de Jair Bolsonaro comprou no ano passado pescoço de galinha superfaturado para indígenas na Amazônia. Sem licitação, o produto custou R$ 260 o quilo. O valor é 24 vezes maior do que o preço médio de R$ 10,7 do mesmo item adquirido em outros contratos fechados no mesmo período pelo governo, também superfaturado, já que, nas prateleiras de grandes redes de supermercados, a carne de pescoço pode ser encontrada por até R$ 5 o quilo.

Mas não ficou apenas nisso. Responsável pela aquisição do pescoço, a coordenação regional da Funai, a atual Fundação Nacional dos Povos Indígenas, no Rio de Madeira (AM), comprou também mais de uma tonelada de charque, maminha, coxão duro, alcatra e latas de presunto que nunca foram distribuídas entre as famílias das aldeias na época da pandemia da covid-19. Na região onde a carne deveria ser distribuída, indígenas de recente contato, como os pirahãs, enfrentam fome e desnutrição. O atual comando da Funai e a gestão do órgão no governo Bolsonaro não se posicionaram sobre a compra. Em uma série de reportagens, o Estadão revelou que o governo Bolsonaro comprou 19 toneladas de bisteca para o Vale do Javari (AM) que nunca foram entregues e gastou R$ 4,4 milhões para fornecer sardinha e linguiça aos indígenas yanomamis, contrariando orientação técnica e alertas do Ministério Público de que esse tipo de alimento não é apropriado e faz mal à saúde dos povos da região.

O pescoço de frango foi comprado para indígenas da etnia Mura e funcionários da Funai numa missão em Manicoré, na floresta amazônica. O gasto total com as aquisições de carne chegou a R$ 927,5 mil, entre 2020 e 2022. Deste valor, R$ 5,2 mil foram para adquirir o lote de 20 quilos de carne de pescoço a R$ 260 o quilo. Não há registros da entrega do produto nesse período. Com R$ 5,2 mil seria possível comprar meia tonelada de pescoço de galinha se o governo tivesse seguido o mesmo preço do produto pago em outros contratos, de R$ 10. Para efeito de comparação, o quilo da picanha em um dos maiores supermercados do País custava R$ 70 nesta segunda-feira, 15.

A empresa selecionada para vender a carne de pescoço, sem nenhuma concorrência, fica em Humaitá (AM) e tem como dono Herivaneo Vieira de Oliveira Junior, de 23 anos. Ele é filho de um ex-prefeito do município, que cuida do negócio. Herivaneo Vieira de Oliveira (PL) já foi preso por ataques a órgãos ambientais. Oliveira, o pai, relatou que tudo foi entregue conforme as notas fiscais emitidas e os preços levantados pela Funai. No entanto, questionado sobre a explicação para ter vendido a carne de pescoço ao governo a R$ 260 o quilo, afirmou: “Carne de pescoço? Não existe isso aqui. Eu sei que é uma carne ruim demais”, disse. “Só pode ter sido um erro das notas de pagamento.”

Por sua vez, a empresa Loja do Crente Rei da Glória, certamente não em nome do Senhor, foi contratada para entregar as cestas básicas que deveriam ser destinadas às famílias com carnes diversas. Em 2020 e 2021, em plena pandemia, o governo comprou da mesma empresa 917 quilos de charque, 10.156 unidades de presunto enlatado, 84 quilos de coxão duro congelado e 120 quilos de maminha da alcatra. Quando os indígenas abriram a cesta básica, só encontraram arroz, feijão, macarrão, farinha de milho, leite e açúcar. “A carne não chegou. Aquilo que era adquirido não chegava ao território. Eu fico até surpreso ao saber dessas informações”, afirmou Raimundo Parintintin, atual coordenador regional da Funai no Rio de Madeira. Na época das compras, quem comandava o órgão era o capitão do Exército Claudio da Rocha, nomeado pelo governo Bolsonaro.

Horley Cabeleireiro é assassinado a tiros em Poço Verde. Ex esposa confessa ser a mandante.

Horley Cardoso tinha 48 anos e ainda não se sabe os motivos do seu assassinato. (Foto: Facebook pessoal)

Um homem de nome Horley Cardoso, mais conhecido como Horley Cabeleireiro, foi morto a tiros, por volta das 11 horas e 25 minutos desta segunda-feira, em frente a sua barbearia, na cidade de Poço Verde. A informação foi confirmada pela Polícia Militar e pelo delegado Claudio Feitosa. Segundo informações, um carro se aproximou da vítima e seus ocupantes fizeram os disparos, matando Horley no local. Ele tinha 48 anos e faria aniversário no próximo dia 19 de maio. Após os disparos, os matadores seguiram em alta velocidade em direção ao município de Simão Dias, onde foram presos como suspeitos. A 4ª CIPM e a 2ª CIA do 11º BPM conduziram os suspeitos J.R.F.S, de 33 anos, e E.S.S, de 37 anos para a delegacia de Simão Dias. Além do veículo sedam, foram apreendidos uma pistola e dois carregadores. 

Nesta terça-feira, a polícia prendeu mais uma pessoa envolvida na morte do cabeleireiro. Trata-se de uma mulher que contratou os matadores, por ordem da ex-esposa de Horley Cardoso. Foi ela quem mandou os 7 mil reais de São Paulo para pagar os matadores para ceifar a vida do ex-marido. Em depoimento à polícia, a mulher disse que ele vivia ameaçando-a. A polícia civil continua apurando os fatos para ver a veracidade do depoimento dela, embora sua titularidade como mandante do crime esteja resolvida. Horley Cardoso Silva é natural da localidade de Cubanzê, município de Heliópolis - Ba. Morava em Poço Verde há mais de 30 anos e teve uma filha com a mulher que estava em litígio e encomendou sua morte.