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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Obrigado, Bolsonaro!

Sei que muitos não concordarão com o que aqui afirmo, mas faço questão de agradecer ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, no seu último dia de governo. Não é fácil fazer o que ele fez. Foi uma obra hercúlea, digna daqueles que nunca desistem, mesmo que tenham um mar de desertos para atravessar. Lutou com todas as suas ferramentas, contra quase todos, deixando um legado que será reverberado aos quatro cantos do mundo em muitos anos. Foi um feito para poucos!

Primeiro, não é fácil passar vinte e oito anos no Congresso Nacional defendendo todo tipos os tipos de malfeitores da Ditadura Militar implantada em 1964. Fez com maestria. Foi a voz dos opressores que usurparam o poder do povo, mesmo frequentando o baixo clero da Câmara dos Deputados em Brasília. Isso tudo sem apresentar projeto de importância e, em muitos casos, votar contra as proposituras que trouxessem algum alívio para o povo.

Quando seu nome foi ventilado para a candidatura ao maior cargo público do país, toda uma estrutura foi feita para espalhar mentiras e dignificar sua honra. O homem que jamais aceitaria um filho homossexual, já no seu terceiro casamento, envolvido em transações que exigiam sempre dinheiro vivo, denominando os filhos numa sequência numérica, arrotando desprezo total ao sexo feminino – chegando ao ponto de dizer que sua filha foi uma fraquejada, sonegador confesso de impostos, violento – afirmou um dia que teríamos que matar uns 30 mil para limpar a vagabundagem no País... É muita coisa!

Pois é este homem quem prometeu acabar com a corrupção, foi batizado no cristianismo protestante e virou um exemplo para os pastores das principais igrejas evangélicas deste país. Pronto! O Brasil da descaração e da safadeza estava com os dias contados. Para isso, foi só escolher o inimigo do Brasil: o comunismo! Seguiu a receita do nós contra eles, alardeado por Lula desde tempos. O comunismo nos levaria a ser uma Venezuela e acabaria com a nossa liberdade. Para que a mensagem virasse um símbolo do nacionalismo era só erguer a bandeira verde e amarela. Nossa bandeira jamais será vermelha!

Para quem achava que Bolsonaro teria apenas 10% dos votos, bateu os 57 milhões no segundo turno e venceu Haddad, o PT e toda a esquerda. Agora, quem devesse que se preparasse. Era hora da limpeza. Mas Bolsonaro nunca foi de desafios pequenos. Era preciso ir sempre aonde era impossível ir. Seu governo virou marca de remédio ineficaz contra a Covid-19 e, apesar dos apelos do seu ministro da saúde, desdenhou o perigo da doença. Pessoas morriam em Manaus por falta de oxigênio e os caixões faziam fila nos cemitérios ou os corpos eram refrigerados em caminhões, próximo a hospitais.

É impossível dizer quantos foram mortos graças à sua persistência na busca da perfeição do ato de ser único, incomparável na história dos homens públicos. Para que tudo caminhasse como sempre idealizou, Bolsonaro culpa governadores, prefeitos e o STF. Perfeito! Enquanto isso sua máquina de mentiras atormentava os internautas com os reforços dos Adrilles, Fiúzas, Garcias, Copollas, Generosos e canais do YouTube, Telegram, Twiter, Instagram e Facebook. Bastava repetir uma mentira mil vezes e a verdade se fazia. 

Mas a luta precisava de mais combates. Além dos mortos na pandemia, era preciso apoio no Congresso. Aí chegou o Centrão, o Orçamento Secreto. Aconselhado, aumentou o auxílio do Bolsa Família. Afinal, tínhamos quase 30 milhões na linha da fome. Também não queria essa coisa de ficar em casa. Tínhamos que enfrentar a doença como homem. E foi para o meio da galera pregar contra a ciência. A melhor vacina era pegar a doença, afinal, só os velhos estavam morrendo.

De tanto insistir, acabou criando vários grupos de defensores. Era a arma contra o comunismo. No outro lado, com as bênçãos do STF, Lula ganhava corpo e seria o seu adversário. Apesar de ser contra a reeleição, tinha que disputar para livrar o país do comunismo. A luta agora era contra as urnas eletrônicas de votação. Eram fraudulentas! Na eleição passada ele havia ganho no 1º turno! Estava na hora de voltar ao voto em papel. Além disso, seguidores queriam intervenção militar com Bolsonaro como presidente. As Forças Armadas eram a salvação para o país! Não é mais necessário relatar outros fatos. Já é possível perceber o quão genial foi este homem.

Para vencer a eleição, usou de todas as armas legais e ilegais. Nunca nenhum presidente usou de forma escancarada a máquina pública a favor de uma candidatura. Então ele conseguiu fazer com que o Brasil caísse novamente nas mãos de Luís Inácio Lula da Silva, o homem que fará do país uma Venezuela. Hoje, no último dia do seu governo, para encerrar a sua genialidade, está nos Estados Unidos com a família, depois de silenciar após o resultado negativo das urnas eletrônicas. Não passará a faixa presidencial ao seu adversário.

Como é homem de família, ama o país e segue os ensinamentos de Jesus Cristo, quando ao Brasil retornar, terá uma mansão alugada em seu nome, uma remuneração beirando os 100 mil reais e advogados de alta patente para defendê-lo de alguma vingança dos comunistas. 

Daí o meu agradecimento. Obrigado, Bolsonaro! Ninguém jamais neste país conseguirá fazer o que você fez. Precisaremos de uma série de presidentes ruins para se equiparar aos seus feitos. Meu agradecimento é verdadeiro porque você conseguiu ser o ápice da maldade num cargo público. Quando lá na frente perguntarem quem foi o homem inigualável na maldade, na falta de compromisso com o próximo, no desamor ao país e aos seus, já temos uma referência: Jair Messias Bolsonaro. Obrigado por ser o maior exemplo negativo na história dos eleitos para cargos públicos no Brasil. Ninguém jamais o superará. 

Do Sertão ao Centro-Oeste: Episódio 07: Xique-Xique

Saímos de Irecê pela BA 052 e seguimos quase que totalmente em linha reta para a cidade de Xique-Xique. Esta rodovia, conhecida como Estrada do Feijão, tem 459 quilômetros de extensão. Vai do entroncamento da BR 116 (Feira de Santana) a BR 161 (Xique-Xique), e corta a Chapada Diamantina até a região do São Francisco, passando por cidades como Morro do Chapéu, Tapiramutá, Xique-Xique, Piritiba, Ipirá e Baixa Grande, além da região produtiva de Irecê. E o principal, o trajeto está em perfeitas condições até Xique-Xique.

Percorremos os 112 kms em pouco mais de 1 hora e meia. Estávamos às margens do Velho Chico, mas precisávamos antes saber como ser formou a história da localidade. Tudo começou quando o governador Tomé de Souza passou por esta região numa expedição exploradora no século XVI. Tempos depois, já no século XVII surgiu a fazenda Cabo da Ipueira de propriedade do português Theobaldo Miranda Pires de Carvalho. No final deste mesmo século surgem os primeiros garimpeiros na Serra do Assuruá, instalando-se na ilha do Miradouro, onde surge o 1º núcleo de populacional habitado por europeus.

No início do século XVIII já havia sido construído nas proximidades da Ipueira um pequeno templo dedicado ao Senhor do Bonfim, promessa feita por um tropeiro. Em 1714, Dom Sebastião Monteiro da Vide, arcebispo da Bahia, assinou um ato que elevava a capela de Xique-Xique à categoria de freguesia. Em pouco tempo a comunidade era um arraial em franco crescimento. Quando o Brasil se separou politicamente de Portugal, a área que se tornaria município de Xique-Xique contribuía com a economia do império do Brasil, principalmente com a produção de ouro e pedras preciosas dos garimpos da serra do Assuruá. O conselho provincial da Bahia achou por bem criar o município em 06 de julho de 1832, desmembrando-o de Jacobina com o nome de Senhor do Bonfim. Em 23 de outubro de 1837 passa a ser denominado de Bom Jesus de Xique-Xique.

No âmbito do poder judiciário, em 1853 foi criada a Comarca do município, que foi extinta em 1879 e só voltou a ser restaurada em 1915. O conselheiro Luís Viana foi promotor de justiça da Comarca de Xique-Xique, entre 1872 e 1878, e um dos proprietários da fazenda Carnaíba, localizada próximo da sede municipal. O primeiro intendente municipal foi o coronel Gustavo Magalhães Costa. Além deste, foram intendentes: João Martins Santiago, Ciro Medeiros Borges, José Adolfo de Campo Magalhães, Manoel Teixeira de Carvalho, dentre outros. Em 12 de junho de 1928, o município de Xique-Xique foi emancipado no conhecido Período das Regências. Xique-Xique teve um diretório municipal do partido liberal, outro do partido conservador, além de um regimento da Guarda Nacional. 

 Xique-Xique pertence às Regiões Geográficas Intermediária de Irecê e Imediata de Xique-Xique-Barra. Sua população está em torno dos 47 mil habitantes, estando seguramente entre os 50 mais populosos municípios da Bahia. Faz fronteiras com Itaguaçu da Bahia, Gentio do Ouro, Ipupiara, Morpará, Barra e Pilão Arcado, distante de Salvador a 587 km. Apesar de considerar a existência do município desde a oficialização da freguesia em 1714, completando então 308 anos, a data festiva de sua emancipação é 6 de julho, o que indica ter 180 anos de emancipação em 2022.

Xique-Xique é administrado pela quarta vez por Reinaldo Teixeira Braga Filho, do MDB. Não deve ser fácil administrar um município de 5.079,662 km², com uma densidade demográfica de 9,3 habitantes por km2. Apesar do clima semiárido, Xique-Xique foi abençoado pela presença do rio São Francisco, peça mais que importante no seu crescente desenvolvimento. É quase unanimidade quando perguntamos aos xiquexiquenses a relação com o lugar. Muitos dizem que foram para outras plagas em busca da sobrevivência. Se pudessem por aqui viver com o mínimo possível, jamais sairiam do lugar. Afinal, são poucos os lugares no Brasil com uma estrutura razoável de cidade de porte pequeno, mas com uma natureza que proporciona paz e felicidade. Boa parte desta paz é o Velho Chico que distribui entre seus moradores. Além disso, garante a sobrevivência de muitos. 

Próximo episódio: BR 330, BA 160, uma ponte e a Barra