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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Poucas & Boas 102: As obras que se arrastam, a velha política de sempre e o nascimento da 3ª via

BA 393: Prazo da obra acabou!

A revitalização da BA 393 tinha data marcada: 28 de fevereiro. Oito meses depois de iniciada, a obra se arrasta a passos calmos de uma tartaruga. O dinheiro, claro, chega devagar, devagar, devagarinho. Mas se engana que isso está acontecendo apenas em Heliópolis. O ex-governador Rui Costa autorizou obras em toda a Bahia. Se perdesse, deixaria o adversário com problemas. Como ganhou, o peso cai nas costas de Jerônimo Rodrigues. Vozes vindas do interior das hostes poderosas indicam que o novo prazo pode ser julho, quando o São Pedro de Heliópolis vier fazer a festa. E o governador deve chegar por aqui e inaugurar a estrada renovada e a ampliação do Colégio Estadual José Dantas de Souza.

BA 084: Asfaltamento até a Ribeira?

Moradores de Heliópolis flagraram técnicos medindo a estrada que vai de Heliópolis ao povoado Raspador. Logo um boato se espalhou falando do asfaltamento da via. Já há uma obra sendo realizada entre Ribeira do Amparo e o povoado Raspador, anunciada o ano passado pelo Governador Rui Costa. Na verdade, houve apenas o início da terraplanagem e a lentidão tomou conta. O trecho de Raspador a Heliópolis nem mesmo estadualizado está, mas há de fato um estudo para seu asfaltamento. Se for no ritmo de execução das obras atuais, aí vai ser tempo para alegrar uns dois ou três Cronos. Já o trecho de Heliópolis a Fátima, de apenas 13 kms, não se ouve falar.

Todos só pensam em obras!

Perceberam que os políticos, dentro e fora do poder, só pensam em obras? Por que será? Fora disso, pensam em assistência social. Se uma funciona para os olhos, a outra sacia a sede e a fome. Obras dão nome, garantem o voto e, quando a finalidade for essa, o dinheiro para financiar campanhas. Os projetos sociais são sempre para amenizar e nunca para corrigir o problema da desigualdade no Brasil. Percebe-se que não há planejamento para a construção de uma sociedade melhor. O objetivo é transformar o jogo político numa via de mão dupla. Até mesmo na educação é assim. Constroem escolas, ampliam suas capacidades, mas não contratam servidores para ajudar na administração. Caso típico é do Colégio Estadual José Dantas de Souza. A SEC ainda não liberou contratação, nem mesmo a pedido dos políticos aliados. 

É só uma análise!

Um opositor do prefeito de Heliópolis disse que Mendonça nunca esteve tão próximo da reeleição como agora. Vai ter a BA 393 recuperada, pode ter a BA 084 asfaltada até a Ribeira, tem várias ruas para fazer calçamento, tem deputada estadual, deputado federal, governador, senador, presidente. As condições da reeleição estão todas postas. Entretanto, pode perder a eleição para ele mesmo porque não consegue se desvencilhar do velho modo de falar política. Só para se ter uma ideia, há inúmeros aliados seus calados, quietos. Esperam apenas a hoje de receber a fatura ou usar o velho voto de vingança. Pior, ninguém faz o menor esforço para acabar com este tipo de fazer política neste sertão abençoado.

Nem mesmo a oposição!

E não fiquem pensando que o carma da velha política dos coronéis abarca apenas os que estão no poder. A oposição, e não são todos os seus membros, que deveria apresentar algo novo, projetos eficientes para melhorar a vida da sociedade, repete a velha prática e trabalha no erro conservador do adversário. Escolhe-se um nome para deputado, apresenta aos seus seguidores e fica tentando cobrir as deficiências ou criticar os erros dos opositores. Tratores para associações e distribuição de caixas de água podem solucionar muitos problemas das comunidades, mas não atende a todos e funcionam como paliativos. Discutir seriamente questões crônicas, para uma vez no poder solucionar definitivamente alguns problemas, é sonho que parece distante. 

Espaço para 3ª via

Em Heliópolis, Poço Verde (SE), Cícero Dantas e Ribeira do Amparo há espaço para vingar uma terceira via. Os grupos tradicionais fracassaram. Chegam ao poder, mas não conseguem resolver os problemas porque seus líderes são centralizadores, populistas e carreiristas. Veem política como uma profissão. Se em cada uma destas cidades surgirem pessoas dissociadas destes grupos tradicionais, fazendo de fato política no sentido mais perene da palavra, haverá espaço para sonharmos novamente com a República, com a Democracia. Isto sem compra de votos, sem promessas mirabolantes, com os pés no chão e com um planejamento para em dez ou doze anos apresentar de fato resultados concretos de desenvolvimento social e econômico. Alguém se habilita? 

Governo de Sergipe e IFS promovem ciclo de palestras em escolas estaduais para incentivar mais mulheres na ciência

A iniciativa faz parte das ações que serão desenvolvidas pela SPM durante o mês de março, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher

Professora Héstia Raíssa destaca a importância da participação da mulher na ciência. (Foto: Ascom/SPM-SE)

Em parceria com o Instituto Federal de Sergipe (IFS), a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) promoveu, nesta quinta-feira, 2, a palestra “Mulheres na Ciência”, para os alunos e professores do Centro de Excelência Atheneu Sergipense, em Aracaju. A palestra também já havia ocorrido na quarta-feira, 1º, na Escola Estadual General Calazans, em Nossa Senhora das Dores.

A iniciativa faz parte das ações que serão desenvolvidas pela SPM durante o mês de março, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher. A palestra debateu a atuação das mulheres no meio científico, destacando as possibilidades de ampliação da presença delas em carreiras científicas.

“A intenção é  mostrar que o lugar das mulheres é onde elas quiserem, inclusive na ciência. Além das palestras, que serão levadas para outros municípios, a parceria do IFS com a SPM também tem outro projeto relacionado às meninas e mulheres na ciência, com o intuito de realizar formação e capacitação dos professores para que eles levem a temática às salas de aula”, afirmou a gerente da Diretoria de Inclusão Produtiva e Empreendedorismo Feminino da SPM, Jamile Conceição.

As palestras são ministradas pela professora de física do IFS, Drª Héstia Lima, que abordou o tema “Lugar de Menina e Mulher é na Ciência e onde ela quiser”. Héstia é natural de Heliópolis (BA), foi aluna do Colégio Brasília e fez licenciatura, mestrado e doutorado em Física pela UFS. “A ideia é a gente fazer com que elas entendam que elas podem seguir a carreira na área da ciência, como física, química e engenharia. A gente fala sobre mulheres que já trabalharam e trabalham nessas áreas, trazendo a representatividade para que elas consigam se ver na ciência. E a parceria com a SPM é fundamental para a logística que consiga abranger mais escolas”, explicou a professora.

Para a estudante do Atheneu Sergipense, Maria Clara, 15 anos, é muito importante palestras como essa para incentivar mais mulheres na ciência. “A maioria das pessoas quando ouvem falar de ciência, cientista, sempre remetem ao homem e não a uma mulher, só se lembram de cientistas famosos homens e a participação da mulher é ignorada. Mas a maior parte das ideias vieram de uma mulher ou da colaboração de uma mulher. A palestra serviu muito para fazermos essa reflexão, que as mulheres podem ocupar os lugares que elas quiserem”, destacou.

Já a estudante Lavínia Santana, 16 anos, reforçou que também foi essencial a participação dos homens na palestra. “Para que não tenham uma visão ultrapassada sobre os espaços que as mulheres podem ocupar. Lugar de mulher não é só na cozinha, em casa cuidando dos filhos. Uma mulher pode ser uma cientista, pode ser tudo. E essa ideia precisa ser discutida, principalmente nas escolas, porque vai abrindo a mente de muitos jovens de que as mulheres precisam ser representadas e valorizadas também na ciência”, salientou.

Para vereador do R. G. do Sul, os baianos são sujos e só vivem a bater tambor na praia

Vereador Sandro Fantinel ataca a Bahia com discurso racista e mostra o nível alto de intolerância no Brasil. (Foto: Pioneiro)

Um vereador de Caxias, do partido Patriota, parece não ter entendido ainda o país onde vive e a sociadade em que atua. Em reportagem publicada no portal Política Livre, do jornalista Raul Monteiro,  duas ongs que atuam no combate ao racismo, a Educafro e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos, vão propor uma ação civil pública contra o vereador Sandro Fantinel, que ao discursar na tribuna da Câmara de Caxias do Sul (RS) afirmou que empresas e produtores rurais deveriam contratar funcionários “limpos” para a colheita da uva, como os argentinos. O parlamentar afirmou que as empresas não deveriam contratar “aquela gente lá de cima”, em referência a trabalhadores da Bahia resgatados na quarta-feira (22) em situação análoga à escravidão.

Disse ainda que os baianos têm como única cultura viver na praia, tocando tambor. “Então, deixem de lado aquele povo, que é acostumado com Carnaval e festa, para vocês não se incomodarem novamente”, discursou. A proposta de ação civil deve ser protocolada na Justiça nesta quarta-feira (1º) e vai buscar reparação de dano moral coletivo. A fala dele foi considerada racista pelas duas ongs e ofensiva contra os baianos resgatados em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves (RS). “O vereador expressou sentimentos discriminatórios tentando justificar a submissão de nordestinos negros a situações aviltantes no ambiente de trabalho, mostrando que a lógica que embasou a escravidão ainda permanece viva entre pessoas que ocupam o poder no Brasil”, disse o advogado Marlon Reis, da Educafro.

A ação civil pública pedirá a condenação do vereador a pagar indenização por danos morais, em valor ainda não definido pelas entidades. As ongs também vão pedir à Justiça que condene o parlamentar a obrigações como frequentar aulas de igualdade e combate à discriminação. Segundo o Ministério Público do Trabalho, mais de 200 homens com idades entre 18 e 57 anos foram resgatados na quarta-feira (22) após terem sido enganados pela promessa de emprego temporário, salário de R$ 4.000, alojamento e refeições pagas. Na noite de sexta-feira (24), 194 deles foram embarcados em ônibus com destino à Bahia.

Eles trabalhavam para duas empresas que eram contratadas pelas vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton, importantes produtoras da região. As três dizem que não tinham conhecimento da situação relatada pelos trabalhadores. Em entrevista à Folha, Fantinel alegou que “falou demais” e que voltará à tribuna nesta quarta-feira para pedir desculpas. “Eu toquei no nome dos baianos porque o processo que está correndo em Bento Gonçalves foi com os baianos. Porque se tivesse sido com os mineiros, eu teria falado sobre mineiros. Se tivesse sido com os cariocas, eu teria falado dos cariocas. Não tenho nada contra os baianos, pelo contrário. Estive nas praias de lá, é maravilhoso”, argumentou. O vereador disse ainda que sua intenção era alertar para possíveis fraudes, no caso de trabalhadores alegarem más condições de trabalho “apenas para receber uma indenização”. “Não é o caso de Bento Gonçalves, ali estava exagerado”.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), se manifestou sobre o episódio dizendo que o vereador gaúcho foi xenofóbico e racista com baianas e baianos. “Eu repudio veementemente a apologia à escravidão e não permitirei que tratem nenhum nordestino ou baiano com preconceito ou rancor”, escreveu em uma rede social. Ele determinou a adoção de medidas cabíveis para que o vereador seja responsabilizado.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também falou sobre o assunto nas redes sociais. “O discurso xenófobo e nojento de vereador de Caxias contra o Nordeste não representa o povo do Rio Grande do Sul. Não admitiremos esse ódio, intolerância e desrespeito na política e na sociedade”. Segundo Leite, as autoridades da Bahia serão convidadas a visitar o Rio Grande do Sul e acompanhar as medidas adotadas no estado contra o preconceito.