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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

A história da trágica morte do poeta Antero em Catalão - Goiás!

Depois de nos fartarmos na Carne do Sol de Caicó, adquirimos energia suficiente para continuarmos a jornada e seguimos viagem para a cidade de Catalão, nosso último objetivo em Goiás. Pegamos a BR 352/GO 020 e passamos por Bela Vista de Goiás, Pires do Rio, Ipameri, onde paramos para ver a possibilidade de conhecermos Caldas Novas. Bastava pegar a BR 490, seguir para o oeste por 60 kms. Não deu. Caldas Novas e suas águas quentes ficariam para outra oportunidade. Seguimos ainda pela BR 352 e chegamos a Catalão, 270 kms depois de Goiânia, sem maiores problemas. Como já era noite, procuramos um hotel ou pousada. Ficamos no Hotel Minas Goiás. No dia seguinte, fomos ao nosso objetivo: visitar o cemitério da cidade de Catalão.

Mas que loucura é essa de viajar tanto só para visitar um cemitério? Logo mais os prosadores e prosadoras ficarão sabendo tudo. Antes, é preciso contar a história de Catalão. A origem da cidade vem pelas penetrações nos sertões do Oeste nas primeiras décadas do século 18. Falavam da existência dos índios GUAYAZ e de terras ricas em minérios, principalmente o ouro. E é assim que se inicia, em território Goiano, o extermínio físico e cultural do povo indígena. Bartolomeu Bueno da Silva, filho do bandeirante Anhanguera, atravessou o Rio Paranaíba, onde abriu o Porto Velho, atual Porto do Lalau, deixando um barco na margem direita do Ribeirão Ouvidor, assinalando sua passagem e continuando sua viagem pelos sertões goianos. Nas imediações de Catalão, permaneceu um dos capelões da comitiva, Frei Antônio, espanhol natural da Catalunha apelidado de O Catalão que, ao lado de três companheiros, resolveu criar um ponto de pouso nas proximidades do Córrego do Almoço, pela qualidade do solo e amenidade do clima, até porque havia necessidade de reabastecer a bandeira quando do retorno. Há indícios que demonstram a probabilidade da existência do povoado Catalão a partir de 1728, figurado como ponto de passagem de todas as bandeiras que penetravam pelo sertão Goiano. Em 1824, o arraial de Catalão tinha dezoito casas e uma igreja, segundo estatística feita neste ano pelo brigadeiro Cunha Matos.  Em 1833, Catalão foi elevado à condição de município, desmembrado da vila de Santa Cruz. Como cidade próspera e violenta, no ano de 1850, Catalão tornou-se sede da Comarca do Rio Paranaíba. De 1854 a 1859, era juiz municipal e de órfãos o escritor mineiro Bernardo Guimarães, autor de A Escrava Isaura. Em 1861, reassumiu seu cargo de juiz em Catalão, até 1864, quando voltou a viver novamente na cidade do Rio de Janeiro. O cenário da região serviu de inspiração para a escrita do seu livro O Índio Afonso. Ao final do século 19, Catalão possuía cerca de 190 a 200 casas e pouco mais de mil habitantes e já dominada por coronéis. As figuras de Roque Alves Azevedo e Antônio Paranhos são sempre citadas em estudos. 

Como eram poucos os municípios de Goiás, inclusive com imensidões de terras, no início do século 20, Catalão figura como o mais populoso do estado. Com a chegada da ferrovia, em 1910, fornecia gado e charque para as regiões produtoras de café. Nesta época, sua população batia próximo dos 35 mil, a maior do Centro-Oeste. A decadência veio com a transferência da capital para Goiânia e com a construção de Brasília. Somente a descoberta e posterior exploração de minérios no Domo Ultramáfico Alcalino de Catalão I e II, em especial com a exploração do nióbio e fosfato, Catalão volta a se desenvolver. A forte industrialização do município faz Catalão enfrentar nova crise com a privatização da Goiásfértil no começo da década de 1990. Com a presença de universidades, comércio pujante e a da montadora da Mitsubishi no município, dentre tantos outros empreendimentos, Catalão já figura como a terceira mais importante força econômica de Goiás, e sua população deve chegar agora em 2023 a próximo dos 120 mil habitantes.   

Mas o que nos levou a Catalão foi um livro de Ivan Santana denominado Herança de Sangue. Catalão foi palco do mais trágico e injusto assassinato do século 20 no Estado de Goiás. Tudo aconteceu em 16 de agosto de 1936 e ficou como exemplo das atuações desastrosas de agentes públicos e suas consequências na sociedade. O fel da inoperância, omissão, conveniência, truculência, incompetência, submissão e falta de compromisso com a coisa pública fomentados por um Juiz, um promotor e um delegado de polícia, foi a base da morte do jornalista, poeta e farmacêutico Antero Costa Carvalho. Nossa ida ao cemitério foi para visitar o seu túmulo, onde populares, todos os anos no aniversário da sua morte, fazem orações a quem eles chamam de Santo Antero.

Logo cedo estávamos no enorme cemitério de Catalão e, como o mundo é grande, mas dizem que parece pequeno, encontramos uma figura nascida no semiárido nordestino, e que hoje vive em Catalão e trabalha na administração do cemitério municipal. Trata-se de Valdo, natural de Antas, que conhecemos durante a visita. Além dele, também nos ajudaram na localização do túmulo os servidores Ernandes e Edmilson.

Mas voltando ao assassinato de Antero, a comoção dura mais de 86 anos porque foi algo que ultrapassou todas as linhas do bom senso. Antero foi acusado, por mera suposição, de ter sido o mandante do homicídio do fazendeiro Albino Felipe do Nascimento, de quem era amigo, compadre, sócio de negócios e confidente pessoal. Não há mais como condenar os autores das falsidades que levaram à morte de Antero. Tudo está prescrito e todos faleceram. Mesmo assim, a morte de Antero é evitada pelos mais antigos integrantes da população local. A verdade pode não ser bem recebida pelos descendentes dos culpados ainda residentes na cidade. Vários livros trataram do assunto. Além de Ivan Santana (Herança de Sangue) vários foram os escritos sobre a tragédia: Cornélio Ramos (Histórias e Confissões), Nars Fayad Chaul (História da Política de Catalão), Vivaldo Araújo (História da Terra Branca e Outras Coisas Mais) e Luiz Righeto (O Mártir de Catalão), pelo menos estes são os mais conhecidos. Em todos eles há a marca da incompetência das autoridades e a marca da inocência de Antero. A vítima era moço bom e caridoso, com apenas 34 anos, descendente da tradicional família Carvalho de Jataí-GO. Veio morar em Catalão com sua mãe e a companheira Amélia Nazar e seus dois filhos, fugindo da perseguição aos que lutaram pela criação do estado de Maracaju, hoje Mato Grosso do Sul. Era homem dedicado às letras e hoje figura como patrono de uma das cadeiras da Academia de Letras de Catalão. Antero chegou em 1933 e foi literalmente executado em 1936. 

Mas é um erro dizer que foi o único crime injusto de Catalão. Vários valentões assumiram o comando do município e faziam das suas. Quase sempre os crimes ficavam impunes. Exemplo foi Elizeu da Cunha, cúmplice do assassinato do senador Antônio Paranhos, que conseguiu absolvição no júri popular e, com apoio do governo estadual, virou prefeito. Isaac da Cunha, filho de Elizeu, para vingar a morte de uma amante, comandou o massacre de 9 ferroviários, inclusive duas crianças, no leito da implantação de trilhos. Crime que nunca foi julgado. No ano da morte de Antero, em 26 de maio de 1936, Albino Felipe do Nascimento, idoso de 78 anos, sem ter inimizade com ninguém, é assassinado. A cidade, na época, estava sem juiz e sem delegado. Suspeitaram inicialmente de ter sido o filho do fazendeiro, João Albino, preso e torturado para confessar. Foi solto o filho e depois as suspeitas caíram sobre o farmacêutico Antero Carvalho, suposições do já nomeado delegado Francelino Franklin Ferreira, que se negava a suspeitar de Antero por seu comportamento correto.

Chega então a Catalão um delegado especial, Tenente José Francisco Póvoa. Este manda prender Chico Prateado. Depois de torturado, confessou ser Antero o mandante do assassinato. Daí para a prisão de Antero foi um pulo. Queriam logo desvendar o crime, mas a apuração era frágil, sem provas concretas e sem motivos para um assassinato. Estava claro a existência de uma história criada para incriminar o poeta. Todo o inquérito era um horror de malfeitos e estava claro que o objetivo era político e Antero foi o escolhido para pagar o pato. Na cadeia ele apelou ao juiz de plantão para ver se seria ouvido, mas isso nunca aconteceu. 

 No capítulo 20 do livro de Ivan Santana se encontra todo o relato da morte cruel de Antero, tirado de sua cela, onde estava propositadamente só. Foi espancado da cadeia até a casa do prefeito Anísio Gomide, que ficava depois do córrego Pirapitinga, teve os olhos vazados e foi ainda espancado até onde hoje está a capela feita em sua homenagem, na esquina da rua que tem o seu nome. Foi uma morte cruel que se arrastou por cerca de 1 km. Poucos ousaram tentar parar a barbárie. Muitas pessoas que se encontravam no cinema naquela sexta-feira só souberam ao final da sessão. A cidade ficou envergonhada. Todas as autoridades da época fecharam os olhos e deixaram o crime se consolidar. Inquéritos posteriores só confirmaram a inocência de Antero, mas ninguém foi punido e outros crimes aconteceram para encobrir os verdadeiros culpados, até que os processos do assassinato do fazendeiro e o do massacre de Antero sumiram dos cartórios. Mas a morte do jornalista é considerada o marco final de uma era violenta que nunca mais se repetiu, pelo menos na intensidade dos anos iniciais do século 20. Talvez tenha sido preciso uma injustiça tamanha para que um povo entenda que violência, em qualquer medida ou em qualquer época, nunca foi solução para absolutamente nada na nossa existência.

Piranhas - Alagoas: Patrimônio Cultural do Brasil

Quem quiser visitar Piranhas, no Estado de Alagoas, a partir do Estado de Sergipe, basta se dirigir ao município de Canindé do São Francisco e seguir para a beira do rio no bairro da Prainha. De lá para Piranhas é pouco mais de 7 kms. É possível até avistar o Centro Histórico de Piranhas a partir da margem direita-leste, que fica distante apenas 4 kms em linha reta. Ocorre que só há uma ponte que liga os dois estados nesta região. Depois dela, é só seguir a estrada que vai para Olho D’Água do Casado e pegar a direita 4 kms depois. Chega-se então a Piranhas, uma cidade bem estruturada, com muitas pousadas e hotéis para todos os gostos, além de um comércio bem variado. Mas a atração principal é o Centro Histórico que margeia o São Francisco, distante 2 kms do centro comercial. O visitante, ao se deparar com uma arquitetura que nos leva ao século 19, logo de cara deseja nunca mais sair dali. 

O nome Piranhas parece estranho, mas nem tanto. A história vem do século XVII, quando o local era conhecido como Tapera. A história popular diz que um homem pescou uma piranha num riacho que chamavam Riacho das Piranhas. Só que, se chegou mesmo a existir, o riacho desapareceu com a ação do tempo. Provavelmente era algum pequeno braço do Rio São Francisco. Fato é que este homem tratou seu peixe e chegando em casa, na localidade de Tapera, que ficava no alto, percebeu que havia esquecido seu cutelo, pedindo ao filho para buscar o utensílio no porto das Piranhas. Daí o nome nunca mais saiu, embora o local tenha sido mudado de nome várias vezes.

A povoação de Tapera, com o decorrer dos anos, se uniu a de Piranhas. O nome Tapera foi esquecido aos poucos, dando lugar a Piranhas. Com o advento da navegação a vapor, entre Penedo e Piranhas, o crescimento local ficou visível. Um convênio entre o Governo da Província das Alagoas e a Companhia Costeira Baiana, em 1867, foi fundamental para o desenvolvimento da região. Mais tarde chegou a estrada de ferro, dando outro impulso ao crescimento. Com a construção do Usina Hidrelétrica de Xingó, o turismo passa a fazer parte da evolução econômica de Piranhas e dos municípios próximos. 

Curioso é que Piranhas só virou distrito em 1885, e vila (município) dois anos depois, desmembrado do município de Pão de Açúcar e Água Branca, em 3 de junho de 1887. Em 1891 é ativada a linha de ferro entre Piranhas e a cidade pernambucana de Jatobá, o que fez de Piranhas um grande centro comercial e regional. Desde 1911, Piranhas tem um segundo distrito no município, que é Entremontes, localizado na divisa com Pão de Açúcar, na mesma margem do São Francisco. Mas o nome nem sempre foi esse. Tentaram mudá-lo várias vezes. Numa delas, em 1939, Piranhas passou a ser Marechal Floriano, por determinação federal. O nome não pegou. Dez anos depois, outro decreto federal voltou com o nome Piranhas. Nessa época, o município oficialmente tinha 3 distritos; Piranhas, Entremontes e Olho D’Água do Casado. Em 1962, Olho D’Água do Casado vira município e Piranhas, desde então, tem o mesmo território de hoje. A população de Piranhas está hoje em torno dos 26 mil habitantes. 

O Centro Histórico de Piranhas é Patrimônio Cultural Nacional e ficou famoso nacionalmente porque as cabeças dos cangaceiros mortos na Grota do Angico foram expostas na escadaria da Prefeitura Municipal, inclusive as de Lampião e Maria Bonita. No Museu do Sertão, localizado no antigo prédio da Estação da Rede Ferroviária, há várias fotos do cangaceiro e seus comandados, inclusive a que registra o empilhamento das cabeças na escadaria da Prefeitura Municipal. Visitar Piranhas vai além de um banho no São Francisco ou de um dia de lazer. É um mergulhar na história de um povo que ainda luta para ter um lugar de harmonia e felicidade. É inegável também dizer que as paisagens do Velho Chico na região, mundialmente conhecidas pelas novelas da Globo ali filmadas, são bálsamos para a alma e vigor para a luta rotineira dos dias.  

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Goiânia, Anápolis e Abadiânia. Do Sertão ao Centro-Oeste - episódio 17

Saímos de Alexânia no domingo, 18 de setembro de 2022, e seguimos pela BR 060 com destino a Goiânia, capital do Estado de Goiás. Antes, passaríamos por dois municípios importantes, embora sem tempo para visitá-los. 28 kms depois chegamos a Abadiânia, cidade mundialmente conhecida por ser a sede da Casa de Dom Inácio de Loyola, onde João Teixeira de Faria realizava suas cirurgias sem anestesia. A fama do mesmo ganhou as páginas dos jornais do mundo inteiro quando foram descobertas as suas estripulias sexuais com devotas e pacientes. O conhecido João de Deus também praticava lavagem de dinheiro e foi parar atrás das grades. Mas não foram apenas suas vítimas que sofreram. Toda cidade de Abadiânia levou fortes golpes com as revelações. Diversos estabelecimentos comerciais da cidade faliram e os turistas, que vinham inclusive do exterior, desapareceram. Hoje, a cidade de 20 mil habitantes tenta se reerguer em bases mais sólidas e menos místicas, como o seu surgimento efetivado por homens atraídos pela fertilidade das terras para a exploração agrícola e pastoril, nas margens do Rio Capivari e Córrego Caruru. Não é a primeira vez que Abadiânia tem que se reinventar. Com a construção da BR-153, a Belém-Brasília, a sede municipal, que era onde hoje está o distrito de Posse d´Abadia, distante 17 kms, foi transferida para as margens da rodovia BR 060, ligação da BR 153 para Brasília, isso no ano de 1963. Não será difícil superar as dificuldades deixadas por João de Deus e suas aventuras sexuais inoportunas. 

Mais adiante, 30 kms depois, chegamos ao terceiro mais populoso município de Goiás: Anápolis. A povoação nasceu das idas e vindas do povo em direção ao ouro de Pirenópolis. Com o fim do sonho de riqueza, que não chegava para todos, muitos optaram por ficar cultivando as terras férteis às margens do Riacho das Antas. Nas terras de Manoel Rodrigues dos Santos, a Fazenda Antas, por volta de 1833, os fazendeiros se reuniam em novenas e orações. Em 1860 a região já contava com cerca de 15 casas. Já em 1870 vem a doação para construção da Capela de Santana, feito de Gomes de Souza Ramos anos depois. A partir daí o crescimento é mediano e constante, virando vila com a denominação de Santana das Antas, em 1887. Vinte anos depois recebia o nome de Anápolis, pela Lei Estadual n.º 320, de 31 de julho de 1907. Por estar em localização privilegiada, distante 50 kms de Goiânia e 140 de Brasília, Anápolis cresceu de forma vertiginosa a partir da efetivação de Goiânia como capital do estado e da construção de Brasília. Além disso, é um movimentado entroncamento rodoviário. Hoje, sua população chega aos 400 mil habitantes e é dona da segunda maior força econômica de Goiás, com um PIB superior a 14 bilhões de reais, dados de 2018.

Seguindo ainda pela BR 060, agora em irmandade com a BR 153, 50 kms depois estamos em Goiânia. A rodovia é bem movimentada e bem característica de uma região metropolitana, que é a 13ª maior do país. Os dois maiores municípios de Goiás vivem lado a lado: Goiânia e Aparecida de Goiás. Juntos, abrigam uma população de mais de 2,3 milhões de habitantes. Essa imensidão de pessoas encravada no Centro-Oeste brasileiro só foi possível graças à coragem e determinação de um homem chamado Pedro Ludovico Teixeira. Desde tempos imemoriais se falava na criação de uma nova capital para Goiás. A primeira capital, Goiás Velho, localizada a cerca de 145 kms, não tinha as condições para tal, apesar de ter a morada da poetisa Cora Coralina. Em 1932, o interventor federal Pedro Ludovico se entrega dia após dia na implantação de uma infraestrutura básica que possibilitasse a migração de pessoas para a nova capital. Para isso era preciso também a construção de estradas e distribuição de terras. Contou o interventor com as ajudas de membros de uma comissão encarregada de escolher o local onde seria construída a nova capital, chefiada pelo Bispo de Goiás, D. Emanuel Gomes de Oliveira. Além do bispo, contribuiu Antônio Pireneus de Souza, os engenheiros João Argenta e Jerônimo Fleury Curado e o médico Laudelino Gomes de Almeida. A comissão apontou uma fazenda localizada nas proximidades do povoado de Campinas como local ideal para a edificação da nova cidade. O relatório da comissão foi submetido ao parecer dos engenheiros Armando de Godoy, Benedito Neto de Velasco e Américo de Carvalho Ramos, foi encaminhado a Pedro Ludovico. Havia forte gritaria contrária à mudança, mas Ludovico bateu o martelo e decidiu que a capital seria construída onde hoje está. 

O decreto estadual número 3359, de 18 de maio de 1933, escolheu a região às margens do córrego Botafogo, compreendida pelas fazendas Crimeia, Vaca Brava e Botafogo, no então município de Campinas, para a edificação da nova capital de Goiás. Em 6 de julho do mesmo ano, Pedro Ludovico assinou um decreto encarregando o arquiteto urbanista Attilio Corrêa Lima da elaboração do projeto da nova capital em estilo art déco. Armando de Godoy reformularia o projeto original, inserindo o parcelamento do Oeste e fortes mudanças no arruamento do bairro Sul. Armando assinou o plano diretor de Goiânia, executado pelos engenheiros Jerônimo e Abelardo Coimbra Bueno. Quatro imensas avenidas principais confluem para a parte elevada no centro, onde foi erigido o Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual. Para garantir o povoamento, cartazes foram espalhados em vários cantos deste país convidando o povo a morar na nova capital de Goiás. Em 1933, o jornal O Social fez um concurso para a escolha do nome para a nova cidade. Apesar do nome Petrônia ter sido o mais votado, que seria uma homenagem a Pedro Ludovico, ele resolveu adotar o nome de Goiânia, sugerido pelo professor Alfredo de Faria Castro, que teve na época menos de 10% dos votos. No decreto de Pedro Ludovico, os municípios de Campinas, Hidrolândia, parte do território de Anápolis, Bela Vista e Trindade constituíram o novo município de Goiânia, a nova capital do estado de Goiás. O município foi instalado em 20 de novembro de 1935. Em 1950, a população de Goiânia já ultrapassava os 53 mil habitantes e seus prédios públicos já estavam todos constituídos no centro da cidade. Hoje, um conjunto de 22 prédios e monumentos públicos localizados no núcleo central de Goiânia e do bairro de Campinas foi incorporado oficialmente ao patrimônio histórico e artístico nacional. Na época da inauguração de Brasília, Goiânia já tinha 150 mil habitantes. No final do século XX, Goiânia recebe um grande número de famílias carentes oriundas do Nordeste e Norte do país. Com a expansão do agronegócio, o Centro-Oeste passa a ser uma nova fronteira de oportunidades. Hoje, com seus 730 km2, Goiânia se aproxima dos 1 milhão e 600 mil habitantes, núcleo central de uma região metropolitana de 2,7 milhões de viventes. 

Trafegando pelas ruas e avenidas de Goiânia, são raros os locais onde não se vê uma quantidade enorme de árvores. O verde está espalhado por toda a capital. Não é à toa que Goiânia é tida como a Capital Verde do Brasil. Há praças e parques espalhados por todos os lados. No centrão está a Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, onde ergueram uma estátua em sua homenagem, em frente ao Palácio das Esmeraldas. O local está repleto de árvores. Além de amenizar o calor generoso da região, transmite paz e tranquilidade. 

Daria para ficar em Goiânia muitos dias, desfrutando dos seus parques e conhecendo seus prédios históricos, mas nossa missão ainda não estava completa. Seguiríamos, pois. Antes, a fome imperava e fomos ao elogiadíssimo restaurante Carne do Sol Caicó. Isso mesmo, nordestinos da cidade de Caicó, no Rio Grande do Norte, vieram para Goiânia e montaram aqui seu negócio, trazendo a iguaria nordestina. O sucesso foi o resultado natural e não perderíamos esta oportunidade. Depois de abastecidos, seguimos para Catalão, na divisa com Minas Gerais, assunto do nosso próximo episódio. Se gostou deste vídeo, faça sua inscrição, espalhe este vídeo pela net e nos ajude a crescer sempre. Um abraço e até a próxima.