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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Por que o bolsopetismo odeia Sérgio Moro?

Nunca antes no Brasil, uma candidatura despertou tanto ódio na classe política, tanto na direita como na da esquerda. (Foto: Correio Braziliense)

Se alguém tinha alguma dúvida, espero que hoje todas as nuvens que impediam uma visão mais ampla tenham sido dissipadas. O episódio da rachadinha no gabinete de Davi Alcolumbre está estampado na capa da Veja. A revista mostrou, com exatidão inquestionável, que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado embolsou dois milhões de reais por meio de um esquema de rachadinha. O imbróglio funcionava no seu gabinete desde 2016. Apesar de o senador ter divulgado uma nota afirmando que “é vítima de uma campanha difamatória“, ficou claro porque governo e oposição querem ver o diabo, mas se recusam a aceitar o trabalho realizado por Sérgio Moro e a equipe que dirigiu a Operação Lava Jato.  

Eles são capazes de inventar qualquer coisa para continuarem fazendo falcatruas. Tentam convencer pessoas, inclusive gente com diploma e fama de honesto, de que o ex-juiz já deveria estar preso porque comandou uma quadrilha. Qualquer pessoa de bom senso sabe que Moro não está preso porque não há nada que ele tenha feito fora da lei. Ocorre que os ladrões são muitos. Estão espalhados nos três poderes. Todos eles estão unidos numa só bandeira: ou o juiz cai ou todos nós vamos para a cadeia. Eles são maioria folgada e vão fazer o possível e o impossível para que Sérgio Moro não chegue à Presidência da República. Se ele chegar, outra batalha será o governabilidade. Se hoje o bolsopetismo é carta de baralho, amanhã ficará clara a adesão de outras tendências que hoje se encontram em cima do muro. Metade dos membros do partido em que ele vai se filiar, por exemplo, torcem o nariz para o ex-ministro. 

Que a batalha de Moro é necessária e fundamental para o país, não há dúvida. Entretanto, ela é hercúlea. Marina Silva enfrentou algo parecido sem perder sua dignidade. Moro parece seguir o objetivo, despertando nos inimigos o furor na hora precisa. Agora tudo começa e promete mudar radicalmente os prognósticos. Quem esperava caminho fácil, este só existe para aqueles que manipulam o jogo do toma lá da cá desta política nacional impiedosa. Moro terá uma batalha árdua, mas vai obrigar que o bolsopetismo mude o discurso. Não estranhem um segundo turno com o bolsonarismo e lulopetismo abraçados para se livrarem das condenações. 

Não duvidem disso. Basta ler o que está escrito em Veja para que cheguemos à conclusão da falta de escrúpulos dos nossos políticos. O senador Davi Alcolumbre pedia aos seus assessores para angariar mulheres na periferia de Brasília, principalmente aquelas com muitos filhos, para que as remunerações fossem turbinadas com o salário família. Mas ele só entregaria o valor de um salário mínimo, mesmo que a nomeação gerasse remuneração de 14 ou 15 mil. Isso é de uma desumanidade, de uma canalhice e de uma crueldade infinitas. Exploração da miséria de forma revoltante, como faziam ou fazem os Bolsonaros. Não há outra definição que não roubo. São ladrões do dinheiro público e não querem largar a mamata. Virou círculo vicioso porque o enriquecimento é fácil e rápido. Basta que, para isso, continuem existindo desempregados e famintos.

Estes carrapatos da República estão deixando o nosso país anêmico e vão combater todo aquele que atravessar os seus caminhos. Burlarão leis, corromperão pessoas, gritarão aos quatro cantos por justiça e liberdade e apontarão o dedo para outro com a acusação de estar explorando a fome e a miséria. Dirão que são patriotas e que morrerão por esta nação, mas no fundo estão se agarrando um na boia do outro para não desaparecerem no mar da corrupção. Urge, pois, afundar o quanto antes, o barco onde navega Sérgio Moro, que traz consigo todas as informações da Operação Lava Jato. 

Comando Vermelho exige preço baixo da gasolina!

Comando Vermelho quer preço baixo da gasolina em uma semana, em Manaus-AM. (Foto: CNNBrasil)

Como estamos num país que parece estar completamente sem governo, um grupo organizado resolveu tomar as rédeas do governo. Hoje, o portal Metrópoles informou que o Comando Vermelho mandou donos de postos de gasolina de Manaus reduzirem os preços dos combustíveis. A facção ameaçou atear fogo em estabelecimentos e caminhões de combustível e deu prazo de uma semana para que empresários tomem providências.

Depois desse aviso, resta saber como vai reagir o mercado e os donos de postos. Se obedecerem ao comando, será a prova inconteste da falta de governo. A mensagem ameaçadora foi divulgada nas redes sociais na noite de ontem. Nela o Comando Vermelho diz que está do lado dos “irmãos que estão sendo prejudicados”. E diz ainda claramente que “o Comando pede para os safados dos cartéis de postos baixarem o preço da gasolina. Estamos dando o prazo de uma semana, estamos do lado dos nossos irmãos que estão sendo prejudicados. Se não, vamos botar o trem na rua e colocar fogo em postos de gasolina e caminhões.

Como neste país só há governo para aliados, vamos ver se o Comando comanda alguma coisa. O último reajuste nos preços foi anunciado pela Petrobras na segunda (25) e entrou em vigor no dia seguinte. O valor cobrado dos distribuidores pela gasolina passou de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, uma alta de R$ 0,21. Na nossa região, o preço da gasolina deve ultrapassar os 7 reais. É o preço que pagamos pela covardia de uma classe política de exploradores: na oposição, por fingir querer o impeachment; no governo, por usar a fragilidade do presidente para sugar mais ainda nossas cambaleantes verbas públicas. 

A CPI denuncia mais de 80 pessoas, enquanto Bolsonaro sanciona Lei que beneficia corruptos!

Enquanto a CPI fazia seu papel, Centrão, Bolsonaro e PT se unem para livrar a cara dos corruptos. (Foto: Senado Federal)

A Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI - hoje finaliza seus trabalhos dando ao país um documento vigoroso. Serão mais de 80 denunciados e várias sugestões de alterações em leis e criação de outras que permitirão nunca mais repetirmos os erros que cometemos nesta pandemia. Foi um  trabalho de honrar qualquer parlamento, apesar de o relator ser um velho conhecido da República das Alagoas. Mas ficou provado que se Renan Calheiros quisesse teria sido um grande parlamentar. O fato de ele ser o que é não desmerece a CPI e coloca em sua biografia algo de que poderá se orgulhar no futuro. Dos Bolsonaristas, nenhum se salva. Fizeram o papel do Centrão e continuarão usando o estado para permanecer sugando o próprio estado. Enquanto isso, para não dizer que vamos ter esperança por um dia, Arthur Lira, também da República das Alagoas, pode comemorar a sanção presidencial da nova Lei de Improbidade Administrativa, que afrouxa a punição dos crimes contra a administração pública. O Centrão, Lula, Bolsonaro e várias empresas corruptas ficarão livres de vários processos.

A nova lei sancionada hoje por Bolsonaro acarretará na prescrição automática de três ações de improbidade contra o presidente da Câmara, uma das quais com condenação em segundo grau, que foi a rachadinha da Assembleia Legislativa de Alagoas. Sim, a prática dos filhos de Bolsonaro também existiu na terra de Graciliano Ramos. A nova lei salvou a candidatura de Lira, que ficaria inelegível agora em 2022. Também pode permitir que prefeitos como Ricardo Maia, de Ribeira do Pombal, consiga legenda para concorrer ano que vem. Por isso que a medida teve apoio de todos os partidos e foi votada rapidamente. A anulação das ações se dá pela chamada "prescrição intercorrente", de quatro anos no curso do processo, entre a inicial e a sentença; e de quatro anos entre a sentença e o acórdão do tribunal local; e ainda de quatro anos entre a sentença de tribunal local e de tribunal Superior. 

Foi uma lei feita de encomenda para salvar muita gente. A prescrição intercorrente também beneficiará Ricardo Barros (PP), um dos denunciados da CPI e líder do governo na Câmara, e Weverton Rocha (PDT), que foi o relator da matéria original, da lavra de Carlos Zaratini (PT). Enquanto, pois, a CPI luta para desbaratar ações desumanas praticadas pelo governo Bolsonaro, todos os políticos do Congresso Nacional se abraçam num mar de corrupção para não morrerem afogados. Agora todos estão numa ilha tranquilos e dois deles, pelo menos, o povo ainda acha que salvará o país: Lula e Bolsonaro. Só o povo é capaz de purificar almas tão putrefatas, enquanto é o próprio povo que paga com seu corpo, suor e lágrimas a conta desta insanidade toda. 

Sérgio Moro filiado ao PT?

O improvável acontece sempre no Brasil, mesmo que por fraude ou acidente. (Montagem: Contraprosa)
Este país demorará a ser uma nação séria com o sistema político que temos. Acreditem, o ex-juiz Sérgio Moro está filiado ao PT do Paraná desde 12 de abril deste ano. A revelação foi feita no blog do Ancelmo Gois, de  O Globo. Em nota, o partido acredita se tratar de uma "brincadeira" feita por hackers e informou que o diretório já foi avisado para tirar o nome do ex-juiz.

Prestes a se filiar ao Podemos, Sérgio Moro consta como filiado “regular” no PT e poderia se candidatar a quaisquer cargos. Ironia é que o ex-juiz nunca se filiou ao partido e nem sabia disso. Pior é que o Partido dos Trabalhadores vive a gritar aos quatro cantos que Moro foi o grande líder de uma organização criminosa para tirar Lula das eleições passadas. Inclusive diz abertamente que o ex-juiz deveria estar preso e que Lula é a alma mais inocente deste país.  

Como sempre o PT nunca faz nada de errado, a culpa cai sempre em terceiros. O partido acredita que hackers realizaram a filiação pela internet. Fato é que, depois de diversas especulações, o ex-ministro Sergio Moro bateu o martelo e vai se filiar ao Podemos. Segundo a coluna de Bela Megale, de O Globo, o partido marcou para o dia 10 de novembro o evento de filiação do ex-juiz, no Centro de Convenções, em Brasília, e pode anunciar sua candidatura à Presidência da República.

O fato deixou todos com certa desconfiança porque já estava claro que filiar-se a um partido no Brasil, definitivamente, não pode ser considerado uma coisa séria. Agora a coisa piorou. Nem mesmo o sistema de filiação é confiável. 

Round 6 e o estado mínimo

Os atores OhYoung-Soo e Jung-jae Lee da popular série da Netflix Round 6. (Foto: IstoÉ)

A série da Coreia do Sul Round 6 está em franco sucesso na Netflix e há muitas razões para isso. Além de questionar a nossa relação com o dinheiro, inclusive a capacidade de nos transformar em verdadeiros selvagens quando o vil metal é uma possibilidade concreta, a série tem passagens de despertar questionamentos sobre nossa forma de viver e de encarar o mundo. Numa cena entre os atores Jung-jae Lee, o 456, e Oh Young-Soo, o 001, de forma acreditamos que proposital, o roteirista coloca um questionamento sorrateiro sobre a função do estado no capitalismo moderno. 

O 001 está acamado à espera da morte e recebe a visita do 456. O protagonista pergunta ao doente o que o levou a fazer aquele jogo, ceifando a vida de várias pessoas. Visivelmente irritado, e desejando matar o velho que tanto ajudou, e o julgava até morto, foi desafiado mais uma vez para um jogo. O desafio era um homem caído numa calçada, numa noite fria em Seul. Eram exatamente 23hrs35mins. O velho moribundo disse que caso aparecesse alguém para ajudar a pessoa caída na calçada até a meia noite, o 456 venceria a aposta. Do contrário, o ancião venceria. Nos vinte e cinco minutos de diálogo entre os dois, o velho tenta buscar formas de convencer o protagonista das razões que justificam toda aquela loucura. Faltando alguns segundos para as 24 horas, uma viatura de polícia para na calçada e socorre o necessitado. O 456 vai então dizer ao 001 que ele perdeu a aposta, mas o velho havia dado o último suspiro.

A cena é reveladora de muita coisa, mas poucos param para pensar que o socorro foi dado pelo estado. No mundo dito moderno, as pessoas não têm tempo para socorrer uns aos outros. A função passa a ser do estado. É ele que contrata seres humanos para socorrer seres humanos. Como querem o chamado estado mínimo? Sabemos que em vários lugares há as chamadas Organizações Não Governamentais - Ongs, que fazem o papel do estado quando este se ausenta ou é inoperante. Médicos Sem Fronteira, Pastoral da Criança, Santa Casa de Misericórdia, Obras Sociais Irmã Dulce, Unicef, dentre tantas, procuram trabalhar para cobrir um imenso espaço de socorro ao ser humano, que deveria ser obrigação de um estado no tamanho adequado.

É claro que na Coreia do Sul a coisa está infinitamente melhor que no Brasil. Como haverá ainda pelo menos mais uma temporada, os telespectadores saberão como é possível tanta carnificina ocorrer debaixo das barbas do estado, sem a sua participação, permissão ou omissão. Enquanto o drama se enreda, já dá para percebermos, somente na cena registrada, o quanto cruel é a mentalidade dos que imaginam ou pregam o estado diminuto, à mercê do mercado. Um absurdo! Até porque ainda temos muitos pobres, mesmo na Coreia do Sul. Se queremos continuar com o capitalismo como sistema, é preciso que o estado funcione como regulador das condições mínimas de sobrevivência. Não é proibido ficar rico, mas esta riqueza tem que financiar o bem-estar daqueles que não conseguiram, por várias razões, uma posição de independência financeira.

No nosso meio, a coisa está longe dessa discussão. Aqui, o estado tem dono. Compra-se um mandato com financiamento de empresários, ciganos milionários, famílias poderosas ou conglomerados financeiros. O voto é do povo, mas tem preço. Vai de um saco de cimento a um emprego na prefeitura, no estado ou nas repartições federais. Claro que nem sempre é assim. Há uma minoria sensata, que vota pensando no progresso do país, mas o predomínio é dos grandes negociadores e exploradores da miséria. Em nome da manutenção dos poderosos no poder, médico receita remédio ineficiente para tal doença, professor aprova aluno analfabeto, cartório dá documento falso e juiz dá sentença beneficiando os apadrinhados. O estado aqui é dos poderosos, até o dia que desejarmos. Felizmente, temos uma Constituição que nos permite mudar tudo na hora do voto, mas quando?