A ilusão da individualidade ou a saga do ser dependente
É impossível viver isolado do outro, mesmo que venhamos a odiá-lo. (Foto: SBA) Eu pretendia escrever um artigo alegre neste Natal, destes que arrebatam emoções e fazem a gente pensar num mundo onde, de fato, existirá sempre um Papai Noel. Enfim, um texto que nos nivelássemos ao mundo da criança, lugar sempre de final feliz. Não consegui, mesmo depois de tomar uma Sol Malte , cerveja caseira ofertada pelo seu criador, o professor Gilberto Jacó. Depois de matutar muito, uma palavra me veio à cabeça: Dependência. Como posso falar disso num Natal em luto de quase 620 mil mortes? Porque é necessário, é preciso, é fundamental. Então viajei pela literatura dos livros que já li, mergulhei nas imagens dos filmes a que assisti e uma imensa janela se abriu. Logo me aparece Machado de Assis e o personagem Brás Cubas. A inutilidade social do marido de Capitu só foi possível porque ele dependia de todos ao seu derredor. Em Grande Sertão: veredas , de João Guimarães Rosa, Riobaldo precisou do Diabo p...