Há uma só verdade e várias faces da mentira
Nunca os órgãos de Estado foram usados com tamanha sanha patética para tentar atormentar a vida dos procuradores da Lava Jato. (Foto: Antena 10)
Mais uma aberração foi gerida pelo tribunal responsável na análise da lisura ou não do uso do dinheiro público na esfera federal. O Tribunal de Contas da União, na decisão tomada hoje, revelou ao país que os agentes públicos da nossa República podem fazer o que quiser. Eles estão protegidos pelo silêncio dos bons e pelo fato de a verdade ser uma coisa só, mas a mentira de várias versões. Foi aí que Bruno Dantas, relator do processo sobre diárias usadas pelos procuradores da Lava Jato, passagens e gratificações, afirmou que o Ministério Público errou ao usar o modelo de força-tarefa, segundo ele, “muito mais dispendioso” ao erário. Qual foi a despesa? Segundo ele, 3,4 milhões! Nem mesmo se deu à decência de revelar que a operação trouxe de volta aos cofres públicos 7 mil vezes mais.
O que o Bruno Dantas está fazendo é o jogo dos envolvidos até o pescoço na Operação Lava Jato. Agora estão por cima e formam maioria. Querem vingança! Bruno Dantas é a arma que golpeará estes procuradores que ousaram botar na cadeia tantos corruptos de colarinho branco. Deltan Dallagnol, Rodrigo Janot e João Vicente Romão foram vergonhosamente condenados a devolver R$ 3,4 milhões de uma operação que durou mais de 7 anos e envolveu vários agentes públicos. Entretanto, só estes três são os culpados! É um vexame! Perseguição explícita. Pior não foi só Bruno Dantas condená-los, mas os outros juízes assinarem a sentença. Uma aberração!
É tão óbvio o objetivo de Bruno Dantas que chega a ser patético o processo. Deltan hoje busca o cargo de deputado federal pelo Paraná, e Janot também deve ser candidato. Querem que eles não possam se eleger. Toda vingança é burra, quando ela é praticada pelos condenados. A corte do TCU nem mesmo considerou os 15 pareceres de quatro órgãos diferentes, incluindo o próprio TCU, que não viram crime algum no pagamento das diárias e passagens. Bruno Dantas procura encobrir a verdade com mais uma farsa grotesca. Segundo ele, o ofício com pedido de criação da força-tarefa fala “em caráter excepcional e não faz qualquer menção a custos que seriam incorridos durante os trabalhados, nem da necessidade de se avaliar o modelo com menor custo possível para a sociedade”. Bravo! É como acreditar que haja almoço de graça num país capitalista!
Bruno Dantas não vai impedir a candidatura de ninguém. Seu ato patético ficará na história como mais uma das aberrações produzidas neste país, eterno aprendiz da prática da Ordem e do Progresso. Tudo isso funciona como propaganda eleitoral para os acusados. É sórdida, incomoda, exala injustiça, mas todo os país ficará sabendo até que ponto os defensores da aplicação prática do "rouba mas faz" são capazes de fazer para criar todos os dias versões de mentiras para suplantar outras mentiras que já não enganam mais ninguém.
