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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Cidades do Velho Chico: Petrolina - Episódio 10

Logo que saímos de Santana do Sobrado, distrito de Casa Nova, na Bahia, seguimos pela BR 235 com destino a Petrolina. Seriam mais 40 kms de percurso. Para nossa surpresa, as condições da estrada não eram das melhores. Há trechos sem sinalização, muitos remendos e até alguns buracos, além de um intenso tráfego de veículos. Não demorou muito para avistarmos a cidade nacionalmente conhecida na letra da composição de Jorge de Altino, reverberada nas vozes dos maiores astros da MPB deste país, Petrolina. E é exclusivamente sobre ela este episódio de Caminhos do Brasil – Cidades do Velho Chico.

Mas antes de mais nada, vamos contar como surgiu a cidade. Sabe-se que o território onde se encontra o município de Petrolina teria sido desbravado primeiramente por frades franciscanos, no trabalho da catequese dos índios no lado pernambucano desta região do Velho Chico. Os frades capuchinhos franceses contaram com o consenso do chefe índio Rodela, que deixou seu nome ligado a todo o médio São Francisco, conhecido como o Sertão dos Rodelas. Em 1674, Francisco Rodela recebia patente de capitão-de-aldeia e foi o grande auxiliar das missões dos frades capuchinhos, que contribuíram para a ocupação do médio São Francisco, especialmente das ilhas fluviais. Essas missões só foram interrompidas em 1698, quando do rompimento das relações diplomáticas entre Portugal e a França. 

Também contribuiu para consolidar a ocupação do território a implantação de currais. Petrolina se situa onde antes havia a sede de uma fazenda de gado. Ainda no século XVIII instalou-se o primeiro morador no local denominado Passagem, à margem esquerda do rio São Francisco, defronte de Juazeiro, na província da Bahia. Ele tinha o nome de Pedro e, além de se dedicar à agricultura, à pesca e ao criatório de caprinos, fazia de canoa o transporte de pessoas e cargas entre as margens opostas. Ao lado desse primeiro habitante, outros fixaram residências, aproveitando-se da ocupação iniciada por Pedro. Mesmo assim, não há vestígios de povoamento oficialmente registrado durante o século XVIII. Os indícios de povoamento datam de 1817. Em Cachoeira do Roberto o capuchinho frei Ângelo fez edificar uma capela dedicada à Nossa Senhora das Dores, com a ajuda de Inácio Rodrigues de Santana, um morador local; e em Caboclo, Roberto Ramos da Silva levantou uma igreja em honra do Senhor Bom Jesus do Bom Fim. 

Em 1841, Passagem já era chamada de Passagem do Juazeiro, mas ainda não era um povoado. embora com algumas casas esparsas e diversos habitantes. Por sua localização no extremo sudoeste do estado de Pernambuco, às margens do rio São Francisco, era ponto de convergência e passagem obrigatória de boiadeiros e negociantes que cruzavam esse rio em direção ao estado da Bahia e vice-versa. Dessa intensa movimentação resultou a formação das duas cidades: Petrolina, de um lado do rio, onde já existiam fazendas de criação de gado, e Juazeiro na margem oposta. Foi o capuchinho italiano frei Henrique quem deu início às pregações missionárias e teve a ideia de construir, nesse local, uma capela sob a invocação de Santa Maria Rainha dos Anjos. Em 1858, após a bênção do sítio, frei Henrique assentou a primeira pedra para a construção da igreja, concluída dois anos depois, quando recebeu a imagem da sua padroeira.  A partir daí ganha corpo o povoamento da região, com ativação do comércio entre as duas margens. A vila recebeu a denominação de Petrolina, em homenagem ao imperador D. Pedro II, mas bem que poderia ser uma homenagem ao seu primeiro habitante.  

Várias leis provinciais, entretanto, mudaram as denominações do lugar e alternando a condição de vila ou de distrito. Somente na Lei Provincial nº 1.444, de 05 de junho de 1879, Petrolina passa à categoria de comarca, instalada em 1º de outubro de 1881 pelo seu primeiro juiz, Dr. Manoel Barreto Dantas. A Lei Municipal nº 2, de 20 de abril de 1893, criou os seguintes distritos: Petrolina (sede), Caeira (depois chamado Santa Fé) e Cachoeira do Roberto. Na era republicana o município de Petrolina foi constituído no dia 26 de abril de 1893, adquirindo autonomia legislativa. Seu primeiro prefeito eleito foi o tenente-coronel Manoel Francisco de Souza Júnior. A Lei Estadual nº 130, de 03 de julho de 1895, elevou a vila de Petrolina à categoria de cidade, a qual foi solenemente instalada em 21 de setembro de 1895.   

Em 1919 foram iniciados os trabalhos de construção da Estrada de Ferro Petrolina/Teresina, no dia 30 de novembro de 1923 foi criada a diocese de Petrolina, sendo seu bispado instalado solenemente no dia 15 de agosto de 1924, com a posse de D. Antônio Maria Malan, primeiro bispo diocesano. Em 02 de fevereiro de 1925 houve o lançamento da pedra fundamental da catedral de Petrolina, a qual foi inaugurada no dia 15 de agosto de 1929 em ato oficiado por D. Miguel de Lima Valverde, arcebispo de Olinda e Recife, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus e construída com pedras retiradas da própria região. No dia 18 de fevereiro de 1941, a Estrada de Ferro Petrolina-Teresina foi incorporada à Viação Férrea Federal Leste Brasileiro, por força do Decreto-lei Federal nº 2.964, de 20 de janeiro daquele ano. E em 28 de fevereiro do mesmo ano foi instalada uma agência da Navegação Aérea Brasileira S.A., companhia nacional de transportes aéreos de passageiros, correspondências e encomendas, na rota Rio de Janeiro-Fortaleza, sendo Petrolina ponto de escala dos aviões. 

A principal ligação entre Petrolina e Juazeiro  teve início no dia 25 de novembro de 1948, quando o general Eurico Gaspar Dutra, presidente da República, preside o lançamento da primeira estaca da ponte rodoferroviária, mas somente aberta ao tráfego em 16 de junho de 1954. Em 1979, o município de Petrolina é constituído de quatro distritos: Petrolina, Cristália, Curral Queimado e Rajada. Seu distrito-sede é subdividido em regiões administrativas: RA Norte, RA Leste, RA Oeste e RA Centro.  O Município de Petrolina localiza-se na mesorregião do São Francisco Pernambucano, distante 700 km de Recife e 500 km de Salvador.  O município limita-se com os municípios Afrânio, Dormentes e Lagoa Grande – todos em Pernambuco; Casa Nova e Juazeiro – na Bahia. O clima é semiárido quente. Além dos distritos, há povoados importantes como Nova Descoberta, Tapera, Izacolândia, Pedrinhas, Uruás, Lagoa dos Carneiros e Caatinguinha.

Por sua importância, Petrolina é servida por várias rodovias federais: BR-232, BR-110, BR235, BR-316, BR-428 e BR-122, além da estadual PE-360. A área total do município é de 4.561,87 km² e sua população chegou aos 386.786 habitantes, Censo de 2022 do IBGE, o que o coloca em 3º lugar entre os municípios mais populosos de Pernambuco, com uma densidade populacional de 84,8 habitantes por km2. A proximidade com Juazeiro e outros municípios de relevância na região coloca Petrolina como cidade de fundamental importância para o desenvolvimento de Pernambuco, atraindo negócios, turistas e pessoas desejosas de um lugar tranquilo, encantador e onde é permitido ter acesso a tudo o que é possível encontrar numa grande metrópole.