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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Cidades do Velho Chico: Juazeiro - episódio 11

Não é preciso andar muito para chegar a Juazeiro, na Bahia, claro, quando se está em Petrolina. Basta cruzar a ponte sobre o São Francisco, limite entre os dois municípios e cordão umbilical que une os dois corpos. O município de Juazeiro nasceu na margem direita do Velho Chico. Além do caminho das águas do rio, situa-se no ponto exato da passagem para se chegar a vários caminhos no interior do Brasil. O rio integra Juazeiro e Petrolina ao sul e ao norte e os caminhos terrestres, abertos inicialmente pelo bandeirante Domingos do Sertão, unem a região aos demais pontos.

Passamos por Juazeiro duas vezes nesta jornada; quando seguimos para as cidades no entorno do lago de Sobradinho, e no retorno quando passamos por Petrolina. A primeira curiosidade vem logo sobre o nome da localidade. Se na vizinha do lado pernambucano o nome nasceu para homenagear uma pessoa, do lado baiano a questão envolve o tributo à sombra protetora da árvore, considerada mãe do sertão, o juazeiro. De fato, havia uma delas que fornecia sombra generosa aos passantes.   

Mas a história de Juazeiro começa no ano de 1596. Por aqui perambulou o bandeirante Belchior Dias Moréa. Certamente desfrutou as sombras do juazeiro e se encontrou com mascates e tropeiros na passagem do rio. Deve ter ouvido as histórias dos índios Tamoqueus, Guaisquais, Galaches e outras tribos da nação Cariri, primeiros habitantes dessas paragens. Nasce o nome então Passagem do Juazeiro. Surgem algumas casas de taipa e taperas, tendo suas terras incluídas nos domínios da casa da torre dos Garcias D’Ávilas, propiciando as condições de nascimento do primeiro povoado que deu origem à cidade.

Em 1706, chegava à região uma missão franciscana para catequizar os índios. Ergueram um convento e capela com uma imagem da Virgem que, de acordo com a lenda local, fora encontrada em grutas das imediações, por um indígena. Deu-se ao local o nome de Nossa Senhora das Grotas do Juazeiro, que deu origem à atual sede do município. Em 1710 foi erguida uma igreja, local da atual catedral de Nossa Senhora das Grotas, padroeira de Juazeiro. Em 1766, a missão de Juazeiro foi elevada à categoria de julgado, sob a jurisdição da Comarca de Jacobina, quando já contava com 156 casas. Em 09 de maio de 1833, o povoado passou a vila, desmembrando-se do município de Sento-Sé. A primeira Câmara Municipal foi instalada a 11 de junho de 1834, sendo o seu primeiro presidente Francisco de Paula Pita.

Daí em diante, Juazeiro viveu sua existência de vila com escola primária, agências de correios, coletoria, assistiu à descida do Vapor Saldanha Marinho, no ano de 1871, pelas águas do São Francisco e vibrou com a promulgação da Lei que autorizava a construção da estrada de ferro do São Francisco. Em 15 de julho de 1878, a vila de Juazeiro foi elevada à categoria de cidade por força de Lei n.º 1.814 e o presidente da Câmara, Francisco Martins Duarte, assumiu função executiva como o primeiro prefeito de Juazeiro da Bahia.

São várias as alcunhas cravadas para indicar a grandeza histórica, geográfica e econômica de Juazeiro, mostrando seu potencial e perspectiva de desenvolvimento: Oásis do Sertão, Califórnia Brasileira, Eldorado da Fruticultura Irrigada ou Capital da Irrigação. Juazeiro e Petrolina, considerando apenas as duas cidades, abrigam mais de 620 mil habitantes, fora os números habitacionais dos seus vizinhos Campo Formoso, Jaguarari, Curaçá e Sobradinho, em território baiano, e Lagoa Grande, em território pernambucano. É a região chamada de Metropolitana do Polo Petrolina/Juazeiro, distante 502 kms de Salvador e 700 do Recife, com uma concentração em torno dos 800 mil habitantes.

Sozinha, Juazeiro é formada por 6.721,237 km², com uma área urbana de quase 40 kms. Sua população chegou aos 235.816 habitantes, no censo de 2022, ficando na 5ª colocação entre os mais populosos da Bahia. Sua densidade demográfica é de pouco mais de 35 pessoas por km2.

Três grandes rodovias alimentam Juazeiro: as BRs 235 e 407, e a BA 210. Além disso, há uma estrada de ferro que liga o município a Salvador. O aeroporto usado é o de Petrolina-PE, que está a 15 km da sede. Por via fluvial é possível navegar pelo rio São Francisco até Pirapora, Minas Gerais. Chegando a Juazeiro, o turista tem a seu dispor uma fortuna de atrações para visitar. Museus, ilhas, grutas e ainda pode provar dos vinhos do vale do Salitre. Destacamos o navio Vaporzinho, primeiro navio a vapor que navegou no Velho Chico, o Museu do São Francisco, a Ponte Presidente Dutra, o Parque da Lagoa do Calu, a Estátua Nego D'água e as vinícolas da região. A orla fluvial é muito movimentada, com variedade de bares e restaurantes onde é possível desfrutar do rio São Francisco.