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Ádria, o último adeus!

Gararu - Cidades do Velho Chico 20

Dois caminhos nos levam ao município de Gararu, em Sergipe, a SE 200, vindo de Porto da Folha, e a mesma SE 200 irmanada com a SE 170, chegando de Nossa Senhora de Lourdes ou Itabi. Além de margear o rio São Francisco, a cidade está localizada num lugar mágico, nas terras que, no século XVII, pertenciam a Tomé da Rocha Malheiros, obtidas através de sesmaria de dez léguas, a partir da Serra da Tabanga em direção ao sertão. Há indícios de que, um pouco antes, os colonos portugueses se refugiaram pela Serra da Tabanga, fugidos do ataque dos holandeses, iniciando o povoamento em março de 1637.

O nome não começou como hoje se chama. A primeira denominação que se tem notícia foi Curral de Pedras, por motivos óbvios. Havia uma grande quantidade de currais construídos com paredes feitas com pedras, aproveitando o que havia em abundância no local. Os rebanhos de caprinos, ovinos e bovinos eram criados nestes cercados à beira do São Francisco. Isso facilitou o povoamento, embora tudo fosse lento. Somente na década de 40 do século XIX ocorreu a construção da Capela de Bom Jesus dos Aflitos, que chegou a ser a matriz da freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Porto da Folha, pela resolução nº 473, de 28 de março de 1857, situação que perdurou por sete anos. Tempos depois, a Resolução Nº 1.003, de 10 de abril de 1875, a povoação de Curral de Pedras passava a ser sede da freguesia de Nosso Senhor Bom Jesus dos Aflitos, virando assim distrito, desmembrado da de Nossa Senhora da Conceição da Ilha do Ouro, ampliada pela Portaria Nº. 1.038, datada de 28 de março de 1876.

O distrito de Curral de Pedras só se emancipou através da Resolução Provincial Nº. 1.047, de 15 de março de 1877, que elevou a freguesia à categoria de vila independente. Um mês depois, em 13 de abril, o dr. José Martins Fontes, 1º-Vice-Presidente da Província de Sergipe, sancionou a Resolução Nº 1.049, criando a comarca de Curral de Pedras, tendo o território da Ilha do Ouro como termo, desmembrada da comarca de Propriá. Daí em diante, tudo começa a ser organizado e o espaço entre o rio Gararu e o São Francisco passa a ser urbanizado para garantir a comercialização de produtos vindos de várias outras localidades. O nome Gararu foi instituído pela Resolução Nº 1.327, de 18 de abril de 1888.

O município de Gararu tinha apenas o seu distrito sede. Como várias povoações foram criadas no seu território, uma se destacou logo: Providência, que logo virou distrito. Providência virou Itabi e ganhou emancipação em 1953. Novamente, Gararu passa a ter apenas o distrito sede. Em 1957, dois povoados viram distritos: Lagoa Funda e São Mateus da Palestina, anexados ao município de Gararu. Sobre Lagoa Funda, sua localização é privilegiada. Além de margear o São Francisco, fica a 1 km do povoado Escurial, que pertence ao município de Nossa Senhora de Lourdes.  

A palavra Gararu é uma corruptela de “guararu”, palavra indígena que significa “rio dos pássaros vermelhos” ou “rio dos guarás”. Gararu faz limites com Porto da Folha, Nossa Senhora da Glória, Itabi, Nossa Senhora de Lourdes, Graccho Cardoso, todos de Sergipe; e Belo Monte e Traipu, em Alagoas. A cidade fica distante de Aracaju por 150 kms. Sua área total é de 644,722 km², abrigando uma população de 11.096 habitantes, censo de 2022, com uma densidade demográfica de 17,2 almas por km². Por sua localização e pelas paisagens de tirar o fôlego, Gararu está na rota do turismo daqueles que querem conhecer o Velho Chico. Além disso, é uma cidade organizada, bem cuidada e agradável, um verdadeiro convite para morar e ser feliz.

Lena morreu!

Professora Lena (1952-2024)

Depois de um final de semana festivo aqui na cidade de Heliópolis, nesta segunda-feira (15.04), pela manhã, em Salvador, faleceu a empresária do ramo educacional, professora Josefa Helenita Araújo Cardoso, muito conhecida pelo nome de Lena. Helenita era pedagoga e fundou em 2002 a Escolinha Passo a Passo, hoje referência em educação de qualidade na cidade. A professora passava por tratamento de um problema no intestino em Salvador, inclusive chegou a fazer procedimento cirúrgico. A notícia do seu falecimento foi uma surpresa e a Escola Passo a Passo teve suas aulas suspensas até novo aviso. Josefa Helenita era casada com Anailton Cardoso e deixou dois filhos. O corpo foi velado na Escola Passo a Passo e o sepultamento ocorreu às 9 horas da manhã, dia 16 de abril de 2024. 

Malhada - Cidades do Velho Chico 19

Malhada é um município do Estado da Bahia que nasceu em frente à foz do rio Carinhanha, quando este alimenta as águas do rio São Francisco. O nome teve essa origem pelo fato de que era um lugar de descanso dos rebanhos. Seu território pertencia ao município de Carinhanha e os primeiros habitantes foram os índios Caiapós. O território foi povoado por atividades em torno do Velho Chico, inclusive a criação de gado. Numa divisão administrativa feita em 1911, Malhada figurava como povoado de Carinhanha, virando distrito somente em 31 de dezembro de 1937.

Como inúmeras povoações surgiam ao longo do São Francisco, principalmente após a libertação dos escravos, além de Malhada surgem os distritos de Iuiú e Parateca. Daí, nasce a Lei Estadual nº 1563, de 29 de novembro de 1961, que desmembra de Carinhanha os três distritos para formar o município de Malhada. A instalação só ocorreu em 7 de abril de 1963. Como município de Iuiú foi criado em 1989, Malhada fica reduzido a dois distritos: a sede e Parateca. Em 22 de setembro de 1993, é criado o distrito de Canabrava e anexado ao município de Malhada. Também há povoados importantes que contribuem para o seu crescimento econômico, dentre eles a povoação de Julião, às margens da BR 030.

Dos três distritos, um está comprovado ser uma comunidade quilombola: Parateca, uma localidade que ganhou corpo nos fins do século XIX e ainda hoje é possível ver as ruínas da antiga Igreja do Arraial da Parateca, registro vivo do processo de ocupação do sertão do São Francisco. A área de Malhada é enorme e ocupa 1.979,193 km², abrigando uma população de 15.398 habitantes, com uma densidade demográfica de 7,8 pessoas por km².  Malhada faz limites com Bom Jesus da Lapa, Palmas de Monte Alto, Serra do Ramalho, Carinhanha e com o norte do Estado de Minas Gerais.

O potencial econômico de Malhada é muito grande. Sua localização geográfica à margem do Rio São Francisco e também do Rio Verde Grande, que marca a divisa entre Bahia e Minas Gerais, permite preservar os pilares da sua existência sustentados pela pesca, agricultura e pecuária. Apesar de sua localização na região semiárida do sudoeste baiano, a presença dos rios permite a formação de lagoas nas cheias, o que ameniza a convivência com o clima seco. Para se chegar à Malhada, os caminhos passam pelas BAs 160 e 161 e pela BR 030, todas em condições boas de trafegabilidade.