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Petrolândia - Cidades do Velho Chico 34

Petrolândia - Cidades do Velho Chico 34


   A série Cidades do Velho Chico neste episódio vai retratar Petrolândia, no estado de Pernambuco, conhecida como a Atlântida Brasileira. Como Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e outros núcleos urbanos, a cidade velha hoje está sob a águas do Velho Chico. Uma nova Petrolândia brotou ao lado da barragem de Itaparica e segue sua trajetória de vocação para o crescimento. Hoje, trata-se de um município com uma área total de 1.056,589 km², abrigando uma população de 34.161, Censo IBGE de 2022, com uma densidade demográfica de 31 hab./km². A estimativa de população para este ano de 2024 é de aproximadamente 36 mil pessoas. Petrolândia faz limites com Floresta, Jatobá, Tacaratu, em Pernambuco, e Glória, no estado da Bahia. Sua distância para Recife, capital pernambucana, é de 412 km.

   São duas histórias para se contar, irmanadas num só povo. A Petrolândia Velha, desde 1º de julho de 1909, já como cidade, e a Nova Petrolândia, a partir de 6 de março de 1988. Antes das duas existirem, teve a colonização da região no século XVIII, quando foram fundadas as fazendas Brejinho da Serra e Brejinho de Fora. Os primeiros núcleos de povoamento surgiram onde havia uma frondosa árvore de jatobá e um bebedouro para o gado. Por causa disso, o povoado inicial ficou conhecido como Bebedouro de Jatobá. Em 1877, a região recebeu a visita do Imperador D. Pedro II, que ordenou a construção de um cais e de uma ferrovia que ligava economicamente o alto e o baixo São Francisco.

   Em 1887, a sede do município de Tacaratu é transferida para o já desenvolvido e próspero povoado de Jatobá que, mais tarde, seria elevado à categoria de cidade, com a denominação de Tacaratu, pela Lei Estadual n.º 991, em 1º de julho de 1909. Em 1943, o município recebeu a atual denominação em homenagem ao imperador D. Pedro II. Petrolândia significa “terra” ou “lugar de” “Pedro”. A cidade segue sua vida como toda comunidade ribeirinha do Velho Chico, vivendo da agricultura e da pesca. A cidade velha tinha um bom núcleo urbano como é possível ver nas fotos. Em 1980, Petrolândia Velha tinha cerca de 8 mil habitantes. Tudo se transforma quando resolvem criar o lago de Itaparica nos anos 80. A construção da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga inundaria completamente Petrolândia e outras pequenas povoações ao longo de uma área considerável. Todos os moradores seriam transferidos para um outro local, o que aconteceu definitivamente em 6 de março de 1988. Vale ainda ressaltar que pela Lei Estadual n.º 11.256, de 28 de setembro de 1995, são desmembrados de Petrolândia os distritos de Jatobá e Volta do Moxotó, para constituir o novo município de Jatobá. Hoje, Petrolândia é composto apenas do distrito sede.

   Após 36 anos de transferência, a Nova Petrolândia se destaca na Região Geográfica Intermediária e Imediata de Serra Talhada e da microrregião de Itaparica, no sertão são franciscano de Pernambuco. É conhecida pelos atrativos turísticos e ficou popularmente chamada de "Atlântida Brasileira", referência à lenda da ilha submersa da mitologia ocidental. Toda cidade velha está submersa, embora, de tempos em tempos, a velha Igreja do Sagrado Coração de Jesus desponte majestosa, no exato local ficava o povoado de Barreiras, que pertencia à antiga cidade de Petrolândia, despertando olhares de turistas curiosos ou saudosos. Além da velha cidade, a Ilha de Rarrá e a praia do Sobrado tem grande fluxo de visitantes.

   Petrolândia é uma cidade rica. Aparece como o 6º PIB de Pernambuco, tudo ligado à produção de energia elétrica. A cidade tem ruas e avenidas largas, estrutura urbana bem elaborada e áreas de lazer bem concorridas, como a orla da cidade. Três rodovias passam pelo município: BR 110, BR 316 e a PE 375, todas em ótimas condições de trafegabilidade. E já trafegando pelas rodovias é possível desfrutar paisagens que arrancam suspiros. Uma vez na cidade, é possível visitar sítios arqueológicos, passeios de catamarã e desfrutar de hospedagens para todos os bolsos. O único perigo que se corre em Petrolândia é se apaixonar pelo local e não querer mais arredar o pé. Para combater isso não há remédios.

Ichu - Um Lugar no Sertão 25


   A cidade que vamos hoje retratar neste episódio de Um Lugar no Sertão é Ichu. Para se chegar à cidade, vindo de Serrinha ou Conceição do Coité, pega-se a BA 409. Cerca de 7 kms depois de Serrinha, entra-se na BA 233 e chega-se a Ichu 20 kms depois. Para quem vem pela BA 411, são apenas 12 kms desde Candeal. Outra opção é por Riachão do Jacuípe, distante 25 kms pela BA 233. As rodovias estão asfaltadas, mas irregulares, com alguns trechos ainda sendo pavimentados. Ichu faz limites com Conceição do Coité, Serrinha, Candeal e Riachão do Jacuípe. Sua distância para Salvador é de 178 kms. No censo de 2022, teve registrada uma população de 6.190 pessoas residentes, numa área territorial de 138,016 km², perfazendo uma densidade demográfica de 44,8 hab./km². O IBGE projetou sua população para 2024 em 6.983 habitantes.
   A história de formação do município do município de Ichu começa com a criação de uma fazenda chamada Enxu, pertencente ao fazendeiro Joaquim Lázaro Carneiro e sua esposa Umbelina Maria Carneiro. O ano era 1920 e as terras estavam dentro do distrito de Candeal, município de Riachão do Jacuípe. O nome Enxu tem o significado popular de “casa de vespas”. A grafia atual é a persistência de um erro ortográfico, que jamais será mudado. E tudo começou por uma desavença religiosa. Em 1924, surge na vila de Candeal a Igreja Batista tendo como seu pastor um senhor de nome Gasparino. A incompatibilidade religiosa que se instalou entre católicos e protestantes provocou desavenças entre os moradores de Candeal. Relatou-se que certa vez os protestantes invadiram a Igreja Católica de Candeal na hora da missa, expulsando o padre que ministrava a celebração. Houve então lutas corporais entre os religiosos, tendo os moradores da fazenda Enxú, como participantes ativos da confusão.
   Impotente diante daquela situação, o padre de Candeal resolveu não mais participar das missas e outros atos religiosos na vila de Candeal. Os católicos então pediram ao padre para escolher outro local para celebrar suas missas, e o local escolhido foi a fazenda Enxú. No ano seguinte, começaram a surgir as primeiras casas do povoado que se iniciava ao redor da fazenda. No ano de 1926, os moradores do novo povoado deram início à construção da Capela do Sagrado Coração de Jesus e romperam definitivamente com o povo de Candeal. Em 1927 foi construído o cemitério que até hoje serve aos ichuenses. A rivalidade ajudou a fazer crescer a nova localidade. Até que veio a notícia da criação do Distrito de Ichú, pelo Decreto nº 9556, de 10 de junho de 1935, subordinado ao Município de Riachão do Jacuípe. A emancipação só ocorre na década de 1960, através da Lei nº 1766, de 30 de julho de 1962, luta liderada por Luiz Júlio Carneiro, que separou Ichu de Riachão do Jacuípe. O município foi efetivamente instalado em 07 de abril de 1963.
   Hoje não há mais rivalidades. Ichu e Candeal se irmanam e lutam para angariar melhorias para a região. Quem resolver visitar a cidade, vai encontrar um povo trabalhador e receptivo. A diversão por aqui está garantida nas diversas festas ao longo do ano, incluindo o São João, o aniversário da cidade, o Dia Municipal da Cultura Evangélica, o Dia da Consciência Negra, o réveillon e cavalgadas. Claro que o São João é a mais concorrida, contando inclusive com apoio do Governo do Estado.

Tanquinho - Um Lugar no Sertão 24


   Neste episódio de Um Lugar no Sertão conheceremos uma cidade localizada logo após o entroncamento rodoviário que interliga a BR 116 às rodovias BR 324 e BA 504. A intersecção fica a cerca de 20 km de Feira de Santana e, no sentido noroeste segue a BR 324 até Capim Grosso. A primeira cidade é a tranquila e aconchegante Tanquinho, distante cerca de 16 km do entroncamento. A cidade fica ao pé de um enorme morro de pedras chamado de Monte de Tanquinho, uma atração de arrancar suspiros.
   O território total do município tem 243,839 km², abrigando uma população residente de 7.717 pessoas, Censo IBGE de2022, perfazendo uma densidade demográfica de 31,65 hab/km². Tanquinho faz parte da Região Metropolitana de Feira de Santana e limita-se com os municípios de Feira de Santana, Candeal, Serrinha e Santa Bárbara. Fica distante 36 km de Feira de Santana e 150 km de Salvador. A projeção de sua população para este ano de 2024 é de 7.983 habitantes. Além da BR 324, Tanquinho se liga aos municípios de Candeal e Ichu pela BA 411, que passa por revitalização.
   Como vários municípios que surgiram neste sertão, Tanquinho deve sua formação aos tropeiros que comercializavam gêneros alimentícios entre Jacobina e Cachoeira, por volta da metade do século 19. O local era parada obrigatória porque havia uma nascente conhecida como Tanquinho do Gonzaga, distante 2 Km da atual sede do município. Após o pernoite, e com os bornais cheios, os comerciantes seguiam para Jacobina. Após uma longa estiagem, no final da década de 1870, o Tanquinho do Gonzaga secou e os tropeiros tiveram que mudar o percurso, que era feito por trás do monte, passando a ser feito pela frente do mesmo, onde hoje está localizada a cidade. Descobriram uma nova nascente que denominaram apenas de Tanquinho. Este local passou a ser o novo ponto de encontro e pousada dos tropeiros. Não demorou muito para acontecer o povoamento. No final do século já contava com cerca de 20 casas.   
   O Monte da Emancipação, conhecido como Monte de Tanquinho, uma elevação rochosa à beira da BR-324, destaca-se na paisagem do município, assim como o minadouro, manancial de água potável, responsável pelo nome do município. O crescimento de Tanquinho começou com sua passagem para distrito, criado com a denominação de Tanquinho, pela Resolução Provincial n.º 1.907, de 28 de julho de 1879, subordinado ao município de Feira de Santana. Sua emancipação só veio com a Lei Estadual n.º 506, de 28 de novembro de 1952, quando é desmembrado de Feira de Santana, passando à condição de município. Um Acórdão do Superior Tribunal Federal, de 13 de setembro de 1954, denominada representação n.º 214, o município de Tanquinho é extinto, sendo seu território anexado novamente ao município de Feira de Santana. Somente cerca de 4 anos depois ocorre nova emancipação e Tanquinho é elevado à categoria de município, pela Lei Estadual n.º 1.019, de 14 de agosto de 1958, desmembrado do município de Feira de Santana. Sede no antigo distrito de Tanquinho. A instalação ocorreu em 07 de abril de 1959.
   A cidade é limpa, organizada e calma. Seu povo vive da agricultura e da pecuária. O comércio resume-se ao essencial. Agitação por aqui só com as duas maiores festas: Festa de Santo Antônio e o São João da Gente. Este último virou folia tradicional e se prolonga por 4 dias. A cidade recebe muita gente. Sua população chega a quadruplicar. 

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Mairi - Um Lugar no Sertão 21

   

   Em mais um episódio da nossa série Um Lugar no Sertão, hoje vamos conhecer o município de Mairi. Localizado no nordeste da Bahia, a caminho da Chapada e da região central do Estado da Bahia, pode-se chegar por duas rodovias: a BR 407 e a BA 424. Sua distância de Salvador é de 226 kms, e faz limites com os municípios de Baixa Grande, Capela do Alto Alegre, Mundo Novo, Pintadas, Várzea do Poço, Várzea da Roça e Serrolândia. Sua área territorial total é de 906,680 km², abrigando uma população de 17.674 habitantes, com densidade demográfica de 19,5 hab./km².

   Antes de sua formação, seu território foi habitado por diversas etnias indígenas, com destaque para o povo indígena Payayá, grupo pertencente aos povos genericamente denominados de tapuias. Os Payayás ocupavam tota a região conhecida como Sertão das Jacobinas. No início do século 18, os povos originários foram aldeados por missionários franciscanos em Bom Jesus da Glória de Jacobina, missão religiosa fundada em 1706. Os indígenas que se recusaram ao aldeamento forçado foram expulsos e isso contribui para o despovoamento da região, que também compreendia o atual território de Mairi, entre os séculos XVII e XIX.

   As terras então passaram a fazer parte de sesmarias, propriedades latifundiárias de grandes proporções, como ocorreu com as doadas às famílias da Casa da Torre e Guedes de Brito. Até que chegou a descoberta do ouro em Jacobina, durante os séculos XVII e XVIII, que atraíram colonos, comerciantes e garimpeiros europeus e luso-brasileiros de várias partes da Colônia, além dos escravos brasileiros e africanos, que foram parar no trabalho de mineração. Esse fluxo de pessoas passou a ocupar de alguma forma o território de Mairi. Seu primeiro nome nasce naturalmente após a formação de uma povoação nesta área: Monte Alegre da Bahia. Na década de 1830 já havia muitas famílias no lugar e o governo da Província da Bahia criou o Distrito de Monte Alegre, conforme a lei provincial nº 67, de 1º de julho de 1838. Daí para vila foi um pulo. Em 31 de dezembro de 1857, o distrito de Monte Alegre foi elevado à categoria de vila com a denominação de Monte Alegre, de acordo com a lei provincial nº 669, adquirindo a condição de município, passando a contar com uma câmara municipal.

   Desmembrado do Jacobina, Monte Alegre só foi instalado e constituído do distrito sede em 11 de janeiro de 1862. Sua condição de cidade só aconteceu pela lei estadual nº 196, de 05 de agosto de 1897. Monte Alegre cresceu em território quando, pelo decreto estadual 7.479, de 08 de julho de 1931, adquiriu o extinto município de Baixa Grande, como simples distrito. Entretanto, essa condição só acontece até 31 de maio de 1933, com a publicação do decreto nº 8.453, que recria o município de Baixa Grande. A mudança para o nome atual só aconteceu algum tempo depois. Em plena Era Vargas, por meio do decreto-lei estadual nº 141, de 31 de dezembro de 1943, retificado pelo decreto estadual nº 12.978, de 1º de junho de 1944, o município de Monte Alegre teve seu nome modificado para a denominação de Mairi. Uma lei estadual de nº 1.744, de 22 de julho 1962, chegou a recolocar o nome de Monte Alegre da Bahia, mas nunca foi à frente. Hoje, Mairi é constituído de dois distritos: a sede e o distrito de Angico, criado pela lei municipal nº 322, de 5 de abril de 1994.

   Desde os colonizadores que buscavam ouro em Jacobina até os agricultores ou escravos, a cidade lembra em cada rua, em cada esquina em cada construção as famílias que por aqui fincaram suas lutas e influenciaram seu desenvolvimento. É comum lembrar os nomes dos portugueses Antônio João Belas e sua esposa Mariana, que chegaram no final do século XVIII. Também José Carlos da Mota, irmão de Mariana. Há vários descendentes dessa família: Manuel e Joaquim Alves Belas, que governaram o município muitos anos. Vale ainda lembrar de Jerônimo Ferreira Moreira, português que se casou em Jacobina com Marcolina. Um de seus filhos, Alexandre Ferreira Moreira, foi intendente municipal. Dois filhos de Alexandre foram prefeitos em Mairi: Hermes e Abelardo Cohim Moreira. E Carlos Raimundo de Almeida Moreira, neto de Alexandre e filho de Abelardo, também foi prefeito.

   A palavra Mairi tem vários significados, mas o mais próximo para representar o lugar seria ajuntamento, agrupamento de pessoas, povoação. Isso tem relação com a história do lugar. Hoje, Mairi é uma cidade com comércio desenvolvido e pujante, agricultura e pecuária fortes e paisagens de arrebatar emoções. Seus filhos sabem de sua importância na formação do povo da Bahia. Por isso, o visitante é bem recebido e logo percebe o orgulho estampado no rosto de sua gente, revelando o prazer de ser, antes de qualquer outra coisa, um mairiense.