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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Ministro do STF acusado de vender sentença

Ministro Dias Toffoli teria recebido 4 milhões para mudar sentença. (Foto: R7)

É claro que não causará mais indignação nos brasileiros. Ficará como algo normal, corriqueiro, como marca de um país como o nosso, mas não deveria ser assim. Teria que causar asco, nojo, revolta o que Sérgio Cabral disse em sua delação premiada. Segundo ele, Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal - STF, recebeu R$ 3 milhões para alterar seu próprio voto e mais R$ 1 milhão para conceder uma liminar em benefício de dois prefeitos fluminenses que apresentaram recursos ao Tribunal Superior Eleitoral. A revelação é da revista Crusoé, a mesma que foi censurada pelo próprio ministro.

Apesar de saber que Sérgio Cabral é um corrupto já condenado a mais de 100 anos de cadeia, trata-se de uma acusação a uma ministro da suprema corte de um país e não deve ser desprezada. O relato está num dos anexos da delação que embasou o pedido da Polícia Federal para investigar o ministro por suposta venda de decisões judiciais. Segundo Cabral, em texto de O Antagonista, os 3 milhões de reais foram pagos para Toffoli alterar seu próprio voto e reverter a cassação de mandato do prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto. O pagamento, segundo Cabral, foi operacionalizado pela estrutura de recursos ilícitos de Luiz Fernando Pezão.

O portal segue informando que, num primeiro julgamento do caso, em abril de 2015, Toffoli havia votado contra Francisco Neto, mas no julgamento do recurso, em junho, escreveu que era o caso de “reenquadramento” e “revaloração” das provas. O placar virou, e o prefeito de Volta Redonda reverteu a cassação. No outro caso de suposta venda de decisão judicial de Toffoli, Cabral afirma que o ministro teria recebido R$ 1 milhão para conceder uma liminar para a ex-prefeita de Bom Jesus de Itabapoana, Branca Motta, em 2014.

Caso seja verdade, haverá uma explicação lógica para tantas surpresas jurídicas existentes no mundo político. Talvez aí estejam as revelações de o porquê de bandidos virarem mocinhos. Nossa vocação para louvar bandidos e corruptos não podia ter incentivo maior que a constatação factual de que o sustentáculo principal da corrupção em nosso país pode ter o patrocínio, o alicerce, o apoio das decisões do poder judiciário. Quando o poder do juízo se corrompe, o que restará?  

Presidente da Anvisa deixa Bolsonaro irritado com depoimento preciso

Contra-almirante Barra Torres, presidente da Anvisa. (Foto: Gov.Br)

O depoimento do contra-almirante Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa, na CPI da Covid-19 mostrou que ainda é possível acreditar neste país e que estamos passando apenas uma fase ruim. Ainda há servidores, militares, políticos e outros agentes públicos que encarnam o espírito republicano e que têm como norte um Brasil cada vez melhor. Embora num cargo de um governo negacionista, revelou sensatez ao se distanciar totalmente das ideias do capitão na presidência.   

Não há dúvidas da veracidade das informações dados aos senadores e trouxe informações que explicam o contágio em profissionais nas UTIs, mesmo usando equipamentos. Ele afirmou que o órgão alertou o Ministério da Saúde sobre a importação de máscaras impróprias para uso dos profissionais de saúde. Também confirmou a existência de um comando paralelo com a finalidade de sabotar as ações de enfrentamento da pandemia encabeçadas pela pasta da saúde.

O contra-almirante não fez meias palavras ao confirmar que a médica Nise Yamaguchi defendeu, em reunião no Palácio do Planalto, mudanças na bula da cloroquina para que o medicamento fosse usado para tratar Covid. Deixou claríssimo que sua conduta é diferente da de Bolsonaro. É taxativamente contra qualquer tipo de aglomeração na pandemia e acrescentou discordar de alguém contrário às vacinas.

Barra Torres nos ensinou que não é porque está num governo que se deve cegamente aceitar suas ações. Foi uma surra no negacionismo de Jair Bolsonaro e seus seguidores. E como bem comentou o pessoal do portal O Antagonista, o fato do contra-almirante ter mandato de cinco anos não pesou tanto na decisão de falar a verdade. O que dizer então de ministros do STF, com mandatos vitalícios até os 75 anos, que são capazes de denegrirem toda sua biografia para adaptar a Lei à vontade de quem governa? E o que dizer de senadores, com 8 anos de mandato?

O presidente da Anvisa se guiou por valores republicanos, pela crença na ciência, pelo melhor para o país, com a preservação sempre da verdade. Para que todos entendam melhor, foi guiado pelos princípios humanos comuns aos cidadãos de bem. Ou seja, Barra Torres não agiu como um mau caráter ou canalha, mesmo sabendo que, hoje em dia, não é algo comum no modo de agir de muitos encastelados nos cargos públicos deste país. Dizem que Bolsonaro ficou com uma raiva brutal dele. Seria um sonho se o presidente concordasse com o presidente da Anvisa.  

Vídeo: A saga da construção da Barragem Gasparino

 

Especial: Ineficiência, corrupção e demora na construção da Barragem Gasparino

Em 2020, a Barragem Gasparino sangrou pondo fim a uma saga de 18 anos de luta (Imagem: You Tube)

Imaginem uma barragem com 1 quilômetro quadrado de reservatório principal, mas que suas águas adentrem até 8 quilômetros pela leito do rio? Muito água não é? Imaginem ainda que esta barragem esteja localizada numa das regiões mais secas do nordeste da Bahia e com IDH dos mais baixos do país? A utilidade não se discute. Estamos falando da Barragem Gasparino, que tem por finalidade a garantia de água de boa qualidade para o abastecimento da população dos municípios de Coronel João Sá, Sítio do Quinto, Pedro Alexandre e Adustina, atendendo a uma população total de cerca de 70 mil moradores, atenuando as consequências sociais e econômicas provocadas pelas secas periódicas.

Situação da obra em 2011 (Foto: TCU)
A Barragem Gasparino está localizada às margens da BA 084, na divisa dos municípios de Sítio do Quinto e Coronel João Sá, represando hoje milhões de metros cúbicos de água generosa do rio Vaza-Barris, o mesmo que também fornece água para o açude de Cocorobó, em Canudos. O projeto da barragem considerou também a possibilidade da implantação de um plano piloto de irrigação, com uma superfície agrícola útil de 3.000 ha. Além disso, há benefícios incontáveis, desde a redução de despesas com doenças de veiculação hídrica até a aquisição de água em carros-pipa nos períodos de estiagem, além de um incremento na geração de emprego e renda relacionado ao projeto piloto de irrigação e ao turismo local.

Ex-prefeito José Romualdo (Foto: Divulgação)
A área inundada da Barragem Gasparino é de cerca 700 hectares e pode acumular cerca de 48 milhões de metros cúbicos de água. Segundo os estudos hidrológicos, a vazão regularizada do rio será de 0,96 m³/s com garantia de 97,7%. O maciço da barragem foi projetado em concreto compactado a rolo, com uma altura máxima de 30 metros e extensão de 1.073 m. O vertedouro da barragem tem extensão de 250 m, com capacidade de escoar vazão de 5.682,8 m³/s. O projeto básico da barragem foi elaborado pela empresa Acquatool Consultoria S/C Ltda., contratada pela Prefeitura de Coronel João Sá por meio de dispensa de licitação em 19/2/2002. O valor inicial da obra foi orçado pela prefeitura de Coronel João Sá, sob a administração de José Romualdo Souza Costa, em R$ 35.586.974,57, no mês de maio de 2002, com limite de até 10% acima deste valor.

Leito do Vaza-Barris antes da cheia
(Foto: TCU)
Seis empresas retiraram o edital, mas a vencedora do certame foi a Andrade Galvão Engenharia Ltda., com proposta no valor de R$ 37.318.721,32. Em 9 de setembro de 2002, o contrato de construção da Barragem Gasparino, de nº CP 001/PJ/PMCJS/2002, foi firmado. Ocorre que o município não tinha dinheiro. A obra teria que ser construída com recursos federais, que só chegaram em dezembro de 2006. A transferência de recursos do Ministério da Integração Nacional para o município de Coronel João Sá foi totalizado em R$ 130.660.580,06, iniciado quando Ciro Gomes administrava a pasta.  

Sangradouro da barragem em 2011
(Foto: TCU)
O projeto básico foi contratado pela prefeitura de Coronel João Sá/BA junto à empresa Acquatool Consultoria S/C Ltda., em 19/2/2002, cerca de seis anos antes do efetivo início dos primeiros serviços de engenharia. Sua forma de contratação surpreende, como revela o Tribunal de Contas da União – TCU, em decorrência da opção municipal pela dispensa de licitação, com base no art. 24, inciso I, da Lei 8.666/1993. O prefeito Romualdo teve a coragem de contratar o serviços a preço ajustado de R$ 14.760,00, o qual pode ser considerado irrisório frente aos valores que posteriormente viriam a ser destinados para o alcance do objeto considerado, que era construção da barragem.

Prefeito Carlinhos Sobral
(Foto: Divulgação)
Outro problema é que a Prefeitura Municipal de Coronel João Sá e a empresa Andrade Galvão Engenharia Ltda. alinharam valor total então acertado para a execução dos serviços de engenharia no rio Vaza Barris no montante de R$ 37.318.721,32. Todavia, como o empreendimento permaneceu sem inicialização nos exercícios seguintes, por ausência de recursos, houve, em 2006,  ainda com o mesmo prefeito, já que José Romualdo havia sido reeleito em 2004, uma atualização do valor original para R$ 64.437.800,90, após as partes haverem decidido pela não rescisão do contrato. O TCU condenou a ação porque teria que haver uma nova concorrência.

Ponte sobre passagem molhada na BA 084
(Foto: TCU)
Em dezembro de 2006, após aprovação do primeiro aditivo, foram realizadas licitações para a contratação das empresas responsáveis pelos estudos ambientais, gerenciamento e fiscalização, elaboração do projeto executivo, realização de estudos geotécnicos e levantamentos topográficos. A obra propriamente dita só foi iniciada em 2008. Os serviços foram iniciados e vários aditivos foram se incorporando até chegar ao número total de 9. Ao todo, o TCU registrou no seu documento fiscalizador de 2011, valores totais de R$ 118.329.785,25, com a obra chegando a 97,5% pronta. Foram estes montantes que chamaram a atenção do tribunal. Havia algo errado porque a obra ainda não estava pronta, cinco anos depois do seu início.

Oito quilômetros antes da barragem, os rios Vaza-Barris e o Riacho do meio se encontram.
(Imagem: Google Maps)

O relatório detalhado do TCU encontrou identificação de dano ao erário público, decorrente de sobre preço contratual, no valor de de R$ 34.753.031,50, o que hoje equivale a cerca de 58 milhões. Claro que há inúmeras outras irregularidades, mas os responsáveis foram elencados um a um. O primeiro da lista é o então secretário de obras do município de Coronel João Sá, José Bispo dos Santos, basicamente por ter aprovado e utilizado projeto básico deficiente para realização da obra. Também foram listados os dois prefeitos do período, José Romualdo Souza Costa e Carlos Augusto Silveira Sobral, basicamente por terem firmado termos aditivos acima dos limites da lei.

O construção da Barragem Gasparino fez parte do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, e só depois de todo processo burocrático, foi iniciada em maio de 2008, no último ano do governo de José Romualdo, na sua terceira passagem pela prefeitura. O valor dos recursos federais aplicados na obra, mediante convênios, contratos de repasse e termos de compromisso, alcançou o total de R$ 130.660.580,06, dos quais R$ 128.825.050,70 já tinham sido transferidos ao município. Como os valores do superfaturamento foram enormes, antes de tomar uma decisão final, o TCU ouviu todos os envolvidos na questão, inclusive os donos das as empresas e o município.

Em 2014 foram feitas as oitivas dos envolvidos. Ao final, as alegações de José Bispo dos Santos, secretário de obras, foram rejeitadas pelo tribunal e condenado a pagar multa. Após os exames das peças de defesa concluiu-se que as alegações também de José Romualdo, que na época era prefeito de Coronel João Sá mais uma vez,  não foram consideradas e foi aplicado multa, pois foi quem deu causa aos aditamentos contratuais que extrapolaram o limite legal, bem como por ter licitado a obra em sua gestão a partir de projeto básico deficiente.

Apesar de tudo, a Barragem Gasparino é obra fundamental para os nativos.
(Imagem: Google Maps)

Já o ex-prefeito na época, Carlos Augusto Sobral, e atual prefeito do município, ao assumir a Prefeitura de Coronel João Sá, no seu primeiro mandato, se deparou com uma obra de grande magnitude e de avançado estágio de execução. Ao assinar os aditivos firmados em sua gestão, buscou antecipar os benefícios sociais e econômicos da obra, segundo o TCU, tendo suas argumentações aceitas pelo órgão fiscalizador. Também foi realizada a oitiva da empresa Andrade Galvão Engenharia e do município de município de Coronel João Sá, para que se pronunciassem a respeito do sobre preço decorrente de preços excessivos, o que não mudou em nada a decisão final do TCU que, para garantir lisura ao que apurou, mandou fazer uma tomada de preços especial.

Uma orla está sendo construída para incremento do turismo
(Foto: Landisvalth Lima)
Mesmo exalando o mau cheiro da corrupção, tão comum nas obras Brasil a fora, a Barragem Gasparino, de fato, trouxe benefícios incontáveis ao povo da região. Em 2020, pela primeira vez, uma lâmina de água de 50 centímetros desaba pelo sangradouro da obra concluída em 2012. Depois de horas de chuva no sertão, o Vaza-Barris, com a ajuda generosa das águas do Riacho do Meio, vindas da Serra Negra, enche a barragem e as comportas são totalmente abertas. As águas aumentam de volume no rio e chegam até o local onde o Riacho do Meio entra no Vaza-Barris, 8 quilômetros distante do maciço. Após tanto dinheiro desviado, pelo menos agora a obra cumpre sua missão. 

NTE-17 tem novo diretor e a politicalha denigre ex-diretora


Prof. Deusdete Almeida, novo Diretor do NTE-17
(Foto: Arquivo pessoal)
Tenho assistido às mais absurdas atitudes no comportamento de pessoas em nosso dia a dia. Não me surpreendo mais com nada. Já vi de tudo que a raça humana possa produzir de banal, selvagem, inapropriado, incomum, grotesco... Se for adjetivar, vamos longe. Só que esperava uma depreciação comportamental menor no âmbito educacional, mesmo depois das últimas envolvendo nossos últimos ministros, teleguiados por um presidente sem rumo. E, infelizmente, mais uma vez, quebro a cara. Desta vez, o exemplo negativo vem de Ribeira do Pombal, no âmbito do Núcleo Territorial de Educação, braço maior da Secretaria de Educação do Estado da Bahia.

A professora Sideilda Almeida Oliveira foi indicada pela cota da deputada Fátima Nunes para a direção do NTE-17. Estas indicações sempre acontecem nesta Bahia de meu Deus há muito tempo e foram sobrevalorizadas desde ACM até a era PT. Os indicados, em vários casos, fizeram o possível para atender as escolas e o público alvo, deixando de lado as divergências políticas comuns. A professora Sideilda Oliveira foi substituída na semana passada pelo professor Deusdete Gomes de Almeida Júnior, ligado ao grupo político do ex-prefeito de Ribeira do Pombal, Ricardo Maia.

Ocorre que vi nas redes sociais manifestações de pessoas ligadas ao ex-prefeito que denigrem a imagem da passagem de Sideilda pelo NTE-17, o que é injusto e inoportuno. Temos certeza de que o professor Deusdete jamais depreciará sua colega. Ele sabe que foi para uma cadeira diretiva dar continuidade a um trabalho iniciado bem lá no tempo de outrora e que ainda teremos uma grande estrada para percorrer. Uma sociedade nunca está construída, principalmente quando se fala em educação. As falas contra a professora Sideilda denotam o jogo baixo da política municipal, coisa que deveria não mais existir no nosso mais desenvolvido município do território.

Os funcionários ou funcionárias, lotados no NTE-17 ou em escolas do território, que registaram nas redes sociais palavras defenestrando a professora e exaltando sua demissão, precisam entender que estamos todos do mesmo lado. Sideilda fez o seu trabalho dando de si o melhor possível. Procurou a professora ser o mais útil na função que pudesse ser. Temos certeza de que o professor Deusdete vem do Barrocão cheio de vontade e vai dar também o seu melhor, não importando a origem política de sua nomeação. Sideilda e Deusdete são professores, antes de mais nada. 

Por fim, paremos com este ódio difundido pela política tupiniquim, alimentada por empregos e favores. Somos educadores e sabemos que há muitas coisas erradas por aí. Fátima Nunes e Ricardo Maia são aliados. Duvido que estejam brigando. Não é de bom tom fazer inimigos gratuitos no nosso mundo real, enquanto os líderes tiram ouro do nariz. Políticos não são deuses, mas seres humanos em cargos de liderança temporários. Políticos foram criados para servir ao povo e nós precisamos amar as pessoas como se não houvesse amanhã, como uma Legião.