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Filadélfia - Um Lugar no Sertão - episódio 7

Neste episódio 7 da série Um Lugar no Sertão, vamos registrar a simpática cidade de Filadélfia, na Bahia. Quando por lá andamos, vínhamos de Senhor do Bonfim pela BR 407, rodovia em estado mediano.  Já se fazia noite e precisávamos pernoitar. Logo na avenida principal da entrada da cidade, localizamos o hotel Portal da Cidade e repousamos. A estadia foi nota dez. Tudo organizado e limpo. A cerveja estava gelada e o café da manhã foi top de linha.

Mas o nome pomposo da cidade é um chamativo. Longe de ter o poder econômico da Filadélfia americana, a cidade é muito jovem. Tudo começa com a tribo Cariri, que pela região fez sua história, até ser expulsa de suas terras, deslocando-se para outras regiões, em nome da sobrevivência. Viveram aldeados nos séculos XVII e XVIII nas Missões religiosas do Sahy (Senhor do Bonfim da Tapera), de São Francisco Xavier (atual Jacobina Velha) e de Bom Jesus da Glória de Jacobina (Santo Antônio de Jacobina).

Com a invasão portuguesa nesta região, houve a expansão das terras dos proprietários, aumentando o poderia de famílias, com destaque para os descendentes do latifundiário Garcia d'Ávila, ou domínio da Casa da Torre. O vasto território caiu no esquecimento pelas autoridades políticas do século XIX e do século XX. A região, que era conhecida como Várzea do Curral, passou a ser caminho de cangaceiros, inclusive Lampião. Por longo período, todo o território de Filadélfia pertenceu à Campo Formoso e chegou a ser o principal produtor de feijão no Estado da Bahia.

Por aqui ainda se fala na existência do pioneiro e histórico fazendeiro Alvino Pereira Maia, homem conhecido por sua bondade e espírito de luta. Na época desse personagem, fala-se que a Várzea do Curral passou a chamar-se 'Pega Nego' devido a briga de seu Alvino com o negro morador da vizinha localidade de Lagarto. Nessa época já existia um arraial que foi crescendo aos poucos, transformando-se em povoado. Foi um tal de Eudaldo, que chegou inclusive a ser vereador, a ideia do projeto de dar nome à povoação de Filadélfia, palavra grega que significa “irmãos que se amam, que se gostam.” Em 1951, o povoado elegeu José Passos de Oliviera, o primeiro vereador da localidade, quando Filadélfia integrava o território do município de Pindobaçu, elegendo posteriormente vários outros representantes e ganhando importância política e econômica.

Filadélfia despontava com independência e criava sua própria identidade, principalmente quando se tornou polo produtor de feijão da região. Nascia então o desejo de emancipação, sob o comando de Manelinho, Cecentino  e ajuda de vários outros personagens. No dia 23 de maio de 1979 nasce o Projeto de Lei nº 4.960, na Assembleia Legislativa da Bahia, propondo a criação do município de Filadélfia. Sua emancipação só foi consolidada no dia 9 de maio 1985, sendo desmembrado do Município de Pindobaçu.  

Hoje, Filadélfia é uma cidade bonita, arborizada e cheia de vida. Está numa altitude de 424 metros. Sua população chegou aos 17.897 habitantes, povoando um território de 579,686 km², com densidade demográfica de 30,9 pessoas por km². O município tem limites com Itiúba, Ponto Novo, Pindobaçu, Senhor do Bonfim e Antônio Gonçalves. Sua distância de Salvador é de 355 kms.