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Propriá - Cidades do Velho Chico 23

Quem passa pela BR 101 sobre a ponte do rio São Francisco, na divisa entre Sergipe e Alagoas, é impossível ignorar uma cidade próspera e encantadora. Seu nome é Propriá, que fica na margem do Velho Chico do lado de Sergipe. A cidade, além da 101, é servida pelas rodovias estaduais SE 200 e SE 204. Sua população, em 2022, chegou a 26.618 habitantes, numa área territorial 96,320 km², apresentando uma densidade demográfica bem alta de 276,35 hab/km². Faz limites com os municípios de Porto Real do Colégio, em Alagoas; Neópolis, Japoatã, Malhada dos Bois, São Francisco, Cedro de São João e Telha, todos em Sergipe. Propriá fica distante de Aracaju por 98 kms.

O surgimento do município ocorreu por volta do princípio do século XVII, quando foi instalada uma missão jesuíta para catequese dos índios. Seu nome inicial era Urubu de Baixo e a região pertencia ao conquistador de Sergipe Cristóvão de Barros, mais tarde doadas ao seu filho Antônio Cardoso de Barros, por volta de 1600. Mais de quatro décadas depois, dona Guiomar de Melo doou as terras ao genro Pedro Abreu de Lima. Por estar numa ótima localização, Urubu de Baixo passou por rápido progresso. Em 18 de outubro de 1718, a sede da Freguesia passou a se chamar de Santo Antônio de Urubu de Baixo, desmembrada da Vila Nova do São Francisco. Em 5 de setembro de 1801, foi elevada à Vila, só devidamente instalada em 7 de fevereiro de 1802. Nesse dia foi construído um pelourinho em frente à Igreja de Santo Antônio como sinal de autonomia.

No fim do ano de 1859, o imperador Dom Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina chegam a Propriá, através do Rio São Francisco. Foi ele quem idealizou a ponte, mas a queria em outra localização, passando por dentro da cidade. Segundo o próprio Imperador, Propriá era na época uma vila de 3 mil habitantes, com algumas casas boas e de sobrado, e uma fábrica de descascar arroz, com máquina de vapor e outras modernidades. Além do arroz, produzia peixe, algodão, cana-de-açúcar e tinha uma enorme feira regional. A cidade se transformou num centro econômico tão forte que virou o segundo centro comercial mais poderoso de Sergipe, perdendo apenas para Aracaju. 

Vale um registro importante na área da educação. Um padre chamado Antônio Cabral, vigário da cidade, após receber três freiras de Portugal, resolveu construir um colégio para meninas. Boa parte dos recursos para a construção da escola foi doada por João Fernandes de Britto. Nasceu, então, o Colégio Nossa Senhora das Graças, que começou a receber meninas das famílias tradicionais de Sergipe, passando a ser também centro de desenvolvimento da educação no estado. Diante disso, Resolução Provincial nº 755, de 21 de fevereiro de 1866, eleva Propriá à categoria de cidade. A partir da década de 1970, o município passa por forte decadência. Além da própria dinâmica da atividade comercial, a eleição de péssimos prefeitos, deputados e governadores, a decadência da importância comercial do São Francisco e da pouca importância dada ao turismo fizeram com que Propriá caísse 20 posições no ranking do estado.

Mas sua importância na criação de pensadores, juristas, professores e demais continua. Filhos ilustres de Propriá contribuíram para a formação do país. Alguns exemplos: José Rodrigues da Costa Dória - Doutor em Medicina, professor, deputado federal por Sergipe de 1908 a 1911, membro da Academia Nacional de Medicina, foi presidente de Sergipe. Dom Antônio dos Santos Cabral - bispo de Natal/RN e de Belo Horizonte/MG. Luiz José da Costa Filho - jurista, jornalista, poeta e foi também deputado estadual. Monsenhor Marcolino Pacheco do Amaral - jornalista, poeta e autor do ‘Compêndio de Teologia Moral’. Seixas Dória - que chegou ao Governo do Estado na década de 60, cassado pelo regime militar. Mais recentemente, Propriá foi prestigiosamente representada pelo poeta, jurista, pensador e professor Carlos Ayres de Brito, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, chegando inclusive a presidir a corte.

A importância de Propriá para Sergipe não está apenas na sua história. Quem por lá passa, não resiste. É um lugar encantador. Na orla do Velho Chico tem bares e restaurantes para todos os gostos e oferecem do espetinho de carne às comidas típicas do estado. Mas não se deve sair de lá sem antes provar seus doces. Propriá tem tradição na fabricação de doces típicos. Destaque para o doce de batata, considerado o melhor do Estado de Sergipe.