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Banzaê e São João da Fortaleza estarão na rota turística com asfaltamento da BA 220

Asfaltamento do trecho Cícero Dantas a São João da Fortaleza deve ser concluído em outubro e incrementará o turismo na região.

O atual governador da Bahia, Rui Costa, poderá deixar seu governo com a certeza de ter sido o administrador que permitirá o início do desenvolvimento de uma das regiões mais esquecidas da Bahia. Bem pouco tempo atrás, quem olhasse nos aplicativos de viagem a situação das rodovias estaduais em nossa região ficaria estimulado a não visitar nossas cidades e comunidades espalhadas por este sertão de meu Deus. O portal Contraprosa resolveu dar uma olhada em duas rodovias: a BA 388, que liga a BR 110 até São João da Fortaleza, passando pelo município de Banzaê, e a BA 220, no trecho entre São João da Fortaleza e Cícero Dantas. O objetivo foi ver como estava a rodovia que liga Banzaê ao mundo, notadamente o seu estado de conservação. Também, queríamos ver como estão sendo aplicados os 20 milhões regados na BA 220, obra que foi iniciada em janeiro deste ano.

Começamos nossa viagem pelo povoado Nova Esperança, que ainda não perdeu seu carinhoso apelido de Barata. A localidade pertence ao município de Ribeira do Pombal e tem o cordão umbilical ligado à BR 110, cerca de 10 quilômetro despois da sede do município, sentido Cícero Dantas. Nova Esperança vem crescendo muito e tem uma estrutura considerável, de escolas a posto de saúde. No povoado começa uma região das mais povoadas. Seis quilômetros depois, seguindo na direção de Banzaê, desponta o povoado Barrocão, que tem nome oficial de Vila Rodrigues. A povoação se consolidou por volta de 1940 e nunca mais parou de crescer. Além da agropecuária, o comércio é o destaque. Sua população beira os 3 mil habitantes e possui um eleitorado de quase 2 mil votantes. No povoado há escola de ensino fundamental, posto médico do PSF e também uma creche. Além disso, há no seu interior pontos turísticos que não foram ainda devidamente explorados. Todos falam do morro da Pedra Branca, da passeata de Jegue e da Festa do Padroeiro São João Batista. E o povo do Barrocão quer mais, sempre mais.

Seguido pela BA 388, que por sinal está em bom estado, vemos que falta na rodovia placas indicativas dos lugares. As comunidades menores não são agraciadas por quem passa pela rodovia. Não é o caso de Curral Falso, localidade distante cerca de 5 quilômetros de Barrocão. O povoado é perfeitamente identificado e logo se percebe sua extensão. Por haver um açude no local, tropeiros paravam por ali e prendiam seus animais. Só que os bichos fugiam. Daí, o nome dado por alguém pegou. Na localidade antes só habitavam indígenas. Aos poucos os fazendeiros foram chegando e os índios indo para outras bandas, inclusive Mirandela, distante apenas cerca de 6 quilômetros. Aliás, o marco divisório entre Ribeira do Pombal e Banzaê fica logo depois do cemitério do povoado, a 300 metros. Dali a cerca de 2 quilômetros, a estrada vira à direita no sentido Banzaê. Seguindo em linha reta, pouco mais de 4 quilômetros depois se chega à Vila de Mirandela, centro da reserva indígena Kiriri. 

O único trecho despovoado vai da divisa entre os dois municípios, onde começa a reserva indígena, até a comunidade de Araçás, também de predominância indígena. Daí em diante, a BA 388 volta a ter fisionomia de uma avenida. 3,5 quilômetros depois chegamos ao povoado Marcação, que também está dentro da reserva indígena. Do centro de Marcação para a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição da cidade de Banzaê são apenas 3,5 quilômetros de distância. Muitos pensam que Marcação é um bairro de Banzaê porque a região é muito povoada e tudo parece próximo.

Chegando em Banzaê, há muito o que fazer, mas é imperativo visitar a Matriz de Nossa Senhora da Conceição e a tricentenária Igreja do Senhor da Ascensão da Aldeia Mirandela. O templo central do território indígena foi construído pelos Kiriris no ano de 1701. Por falar nisso, 85% do território de Banzaê pertence à reserva indígena. Mirandela, antiga Saco dos Morcegos, chegou a ser distrito de Ribeira do Pombal. A povoação de Banzaê nasce por volta de 1910, quando viajantes de Sergipe criam um ponto de feira livre. Entre 1918 e 1920 é erguida uma capela em louvor a Nossa Senhora da Conceição. O crescimento foi aos poucos até que em 24 de fevereiro de 1989, o então governador da Bahia, Waldir Pires, assinou a Lei Estadual nº 4.485, que extinguia o distrito de Mirandela e, em seu lugar, é criado o município de Banzaê, cujo território foi desmembrado de Ribeira do Pombal.

Em 15 de janeiro de 1990, o então presidente Fernando Collor de Melo assina o decreto n° 98.828, criando nos territórios de Banzaê e Ribeira do Pombal, terras indígenas para os Kiriris. Além destes povos espalhados em várias comunidades em Banzaê, ainda há registro da presença da tribo Tuxá, localizada entre os povoados de Salgado e Fazenda Sítio, situados ao norte do município. Não se sabe se são da mesma etnia dos tuxás de Rodelas, nas margens do São Francisco.

Depois de 33 anos de emancipada, Banzaê, que significa “terra de valentes”, talvez uma menção aos povos indígenas do local, sobreviventes do processo cruel de colonização do Brasil, tem significativo potencial turístico. Além das aldeias e da farta cultura indígena, a região é cenário de perfeição esculpido pela deusa Natureza. O ponto mais visitado é a Pedra Furada. A cidade tem uma boa estrutura e seu povo é extremamente hospitaleiro. O acesso asfáltico pela BA 388 deixará de ser único em breve. Também será possível chegar ao município em via asfaltada pela BA 220, a partir da cidade de Cícero Dantas. O asfalto da BA 388 segue até o distrito de São João da Fortaleza, antiga Buracos, encravada na divisa entre os dois municípios. Aliás, de Banzaê até o povoado de Campo do Brito são apenas 3 quilômetros. A região é toda urbanizada e segue assim por mais 3,5 kms, do centro de Campo do Brito até a região central do distrito de São João da Fortaleza. Á partir daí, começa a obra de asfaltamento da BA 220 até Cícero Dantas, por 29 quilômetros.

O asfaltamento deste trecho da 220 começou em janeiro e tem previsão para conclusão agora em outubro. A terraplanagem e obras d’artes estão em fase conclusiva e já há vários quilômetros com pavimentação asfáltica. Os 9,5 kms de São João da Fortaleza até o povoado Bethânia ainda há muito o que fazer. Já de Bethânia até Cícero Dantas é possível rodar na maioria da rodovia já com pavimentação.

A conclusão desta obra deve beneficiar Banzaê, mas principalmente São João da Fortaleza. O distrito, densamente povoado, vivia a reclamar, e com razão, do abandono promovido por vários prefeitos que passaram por Cícero Dantas. Ainda hoje há um forte movimento que deseja sua emancipação política. Agora, com a chegada do asfalto, é esperado um tratamento melhor por parte das autoridades, já que a região é o ponto alto das mais belas paisagens montanhosas do município e com forte apelo para o turismo. A localidade está cercada pelas mais variadas elevações serranas, permitindo à maioria dos seus moradores poder abrir a janela pela manhã e desfrutar de cenas incomuns em nossa região.

Veja o vídeo: 

R. do Pombal sediará Campeonato de Judô

Ribeira do Pombal sediará etapa do Campeonato Baiano de Judô (Foto: K Esportes)

Uma boa notícia para o amantes do esporte, notadamente aos praticantes do Judô. A Federação Baiana de Judô (Febaju) promoverá mais uma edição do Campeonato Baiano de Judô, com início previsto para os dias 9 e 10. Nossa região foi a escolhida para esta etapa do evento, que acontecerá no município de Ribeira do Pombal. Para isso, foi preciso uma parceria com a gestão municipal do prefeito Eriksson, e o apoio do governo estadual, através da Superintendência dos Desportos da Bahia (Sudesb). Os combates da competição acontecerão no dia 10 de setembro (sábado). Nos tatames estarão atletas das classes iniciantes, Dan-gai e faixas pretas.

As competições em Ribeira do Pombal compõem o calendário de etapas do campeonato estadual que estão sendo realizadas em diversas cidades da Bahia, com o objetivo de fomentar a prática da modalidade e fortalecer a região. Cabe informar que haverá rigorosidade com a questão da saúde dos atletas. Caso surjam sintomas gripais, que indiquem situação como febre, indisposição, dor no corpo, tosse, dor de garganta ou de cabeça, falta de ar, perda do paladar, não poderá participar da competição. Maiores informações com a Febaju.

A BA 084 e Adustina

Depois de fazermos um tour pela cidade de Fátima, foi a vez de seguirmos nossa viagem pela BA 084. Na verdade, a rodovia desaparece do mapa por cerca de treze quilômetros, dando espaço para a BA 220, que nasce em Paripiranga, na divisa com Sergipe, e vai até a localidade de Delfino, no município de Umburanas, cortando a Bahia de leste a oeste, passando por Cícero Dantas, Euclides da Cunha, Monte Santo, Senhor do Bomfim e Campo Formoso. Indo na direção leste, oito quilômetros após o povoado de Belém de Fátima, a BA 084 é reiniciada na margem esquerda. Seguindo em direção ao norte, quinze quilômetros depois chega-se a Adustina. A rodovia está em estado muito bom, com acessos ao campo de pouso, ao Açude de Adustina e passagem pelo povoado Bom Jesus.   

A história do município tem ligação direta com a alta produtividade do feijão. No ano de 1857, um grupo de fazendeiros e agricultores começam a plantar milho e feijão, aproveitando o solo fértil dos seus baixios. Tempos depois, já em 1905, Justino Correia de Andrade construiu uma capela e um cemitério. As obras geraram desentendimentos entre Justino e o Padre João de Matos Carvalho. Em 1909, Padre João reúne a comunidade e motiva a construção de uma outra capela, que foi, então, erguida e doada por José de Souza e Antônio de Barros, em 1910. A 1ª missa foi celebrada a no dia 4 de setembro daquele ano. Quatro anos depois, Adustina vira notícia estadual com a suspeita de ameaça de invasão e destruição da localidade, o que não aconteceu por intervenção do Padre João de Matos.

No ano de 1915, Adustina já era uma povoação com cerca de 200 casas, mas só em 1938 foi elevada à categoria de Distrito com o nome de Bonfim de Coité. Com um número cada vez crescente de pessoas, o governo resolve construir um açude na década de 1960, obra executada pelo DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra a Seca. A partir da década de 1980, com a mecanização do campo, recordes de safras são batidos todos os anos, mas a fama ficava com Paripiranga, a quem pertencia. A emancipação só chegou pela Lei Estadual nº 4851, de 5 de abril de 1989, com o nome oficial de Adustina, palavra derivada de “adusto” ou “adusta”, que significa “abrasado/a”, “torrado/a”, “ardente”, “queimado/a”. Seja como for, Adustina é quente e fértil.  

Reconhecida nacionalmente como a terra do feijão, registrou sua maior safra em 2019, quando produziu algo em torno de 6 mil toneladas do grão. Adustina hoje tem cerca de 18 mil habitantes e está localizada no nordeste do estado da Bahia, distante 368 quilômetros de Salvador. Sua área é de 629,099 quilômetros quadrados, fazendo divisa com os municípios de Coronel João Sá, Paripiranga, Fátima, Antas, Sítio do Quinto e Poço Verde, no Estado de Sergipe. O município está a 300 metros de altitude, com temperatura média de 22 graus e chove em média 880 milímetros por ano. O rio mais importante é o Vaza-Barris, que separa Adustina de Coronel João Sá e Paripiranga.

O primeiro prefeito de Adustina foi Manoel Vieira de Santana, o Bebé, natural do lugar. Administrou de 1990 a 1992. Depois governou Antônio Gomes de Santana, Tonho de Salu, de 1993 a 1996. Na sequência retorna Bebé para dois mandatos consecutivos, de 1997 a 2004. Seu vice, José Aldo Rabelo de Jesus, vira o terceiro administrador, de 2005 a 2008. Novamente, Manoel Vieira, o Bebé, retorna para administrar de 2009 a 2012. José Aldo também é eleito novamente para um mandato de 2013 a 2016. O atual prefeito é Paulo Sérgio Oliveira dos Santos, natural de Poço Verde-Se, que venceu o pleito de 2016, tendo como vice Vanicleide de Jesus Andrade, a Loirinha dos Sem Terra. Em 2020, Paulo e a Loirinha – PSD/PT- foram para a reeleição e a chapa foi reeleita com 70,81% dos votos, ou 6.558 sufrágios, vencendo Carlinhos de Marta (PDT), que obteve 27,91%, ou 2.585 votos. Concorreu ainda Zélia de Zé Aldo (PSDB), que teve apenas 119 votos. Os vereadores eleitos em 2020 foram: 1 - Juninho Professor (PSD), com 690 votos; 2 - Gilberto Soldado (PSD), com 595 votos; 3 - Cidão (PSD), com 593 votos; 4 – Alex Silvio (PT), com 526 votos; 5 – Tonho Vieira (PSD), com 468 votos; 6 – Orlando de Diomédio (PSD), com 449 votos; 7 – Selma Enfermeira (PDT), com 438 votos; 8 – Valquírio (PSD), com 378 votos; 9 – Dr. Cacá (PSD), com 376 votos; 10 – Cristovão de Netinho (PDT), com 348 votos e 11 – Naildo Silva (PT), com 343 votos.

É quase impossível dissociar a evolução do município ao estado de suas rodovias. Apesar dos 15 quilômetros de asfalto da BA 084, facilitando o acesso às principais rodovias estaduais e federais, Adustina possui duas pendências. Da cidade, além da BA 084, que segue para Sítio do Quinto, tem a BA 392, ligando ao município de Antas. Esta estrada passa por localidades importantes como o povoado Caruaru e o distrito de Caxias. O atual prefeito, Paulo Sérgio, arrancou um compromisso do seu candidato a governador de asfaltar a BA 084 até Sítio do Quinto. Caso venha a dar certo, a próxima luta será com a BA 192.

E de luta em luta, plantando e colhendo grãos, Adustina vai se formando e se firmando. Os objetivos são os mais comuns: buscar sempre o melhor lugar ao sol e, se possível, com a melhor qualidade de vida. Não faz sentido tanto trabalho e tanto esforço para continuar numa vida distante de tudo que a civilização construiu para o bem bom e o melhor de se viver. 

Obs: Texto publicado atendendo a pedidos.