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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Cidades do Velho Chico - Abaré e Barra do Tarrachil - Episódio 4

Barra do Tarrachil

Ainda tendo como caminho a BA 210, seguimos para Barra do Tarrachil, distrito do município de Chorrochó, 28 kms distante de Rodelas. Esta foi a terceira e última localidade da Bahia inundada pelas águas da barragem de Itaparica. A Barra de Tarrachil atual está localizada a três kms distante da anterior, hoje submersa nas águas do Velho Chico. O novo povoado nasceu em 1988 e tem hoje cerca de 7 mil moradores. Localizada entre o rio Macururé e o riacho do Saité, a origem do nome Barra do Tarrachil é atribuída a uma homenagem ao riacho Tarraxil ali existente, que deságua no São Francisco. A região se desenvolveu a partir da agricultura familiar e criação de gado. Era passagem para o transporte de veículos e boiadas para o estado de Pernambuco, já que ali tinha um porto de balsas.

A história da localidade começa em 1779, onde moravam Manoel Moreira da Silva, seu filho Liborino, os escravos José, Maria, Lautério, Quitéria, Manoel e as agregadas Maria e Quitéria, num total de 9 pessoas. Em 1857, aparece uma relação com o nome dos terrenos e o nome das pessoas que compraram terras à margem do Tarrachil. Já existia a Fazenda Barra do Tarrachil. Em 1932 havia apenas duas casas de taipa pertencentes às famílias de Francisco Nery de Santana e André do Nascimento. Mais tarde chegaram Severo Francisco da Silva, Teco Ferreira da Silva e André Francisco da Silva. Próximo dali existia a fazenda Mulato, de Policarpo Rodrigues Lima, natural de Rodelas - BA, grande criador de gado. Em 1942 chegou o coletor Moisés da Rocha França, vindo de Salvador para cobrar impostos para o Estado. Este fez um porto e construiu uma casa de tijolos para ele morar com a família e começou a organizar o povoado. No ano de 1945 foi introduzida a primeira balsa a motor, exatamente de Policarpo Rodrigues de Lima.

A primeira venda foi de Pedro Pereira, a primeira farmácia foi de Pascoal Almeida, a primeira loja de tecidos de Lucas Alventino, a feira livre era embaixo de uma árvore. O Mercado foi construído em 1960 e o primeiro professor foi Osvaldo Soares dos Santos e a primeira professora foi a irmã dele, Dulce Soares de Moura. Em 1964, o povoado passa a contar com um grupo escolar e nesse mesmo ano chega a primeira professora formada e natural do lugar: Ivanilde Gomes de Souza Ramos. Esta integra o grupo escolar com Neci Fonseca e Maria Laia Fonseca. Depois de devidamente registrada, a escola passou a se chamar Escola Estadual de Barra do Tarrachil. A igreja foi construída por Saturnino Almeida, Coletor Estadual, e o Senhor Pedro Pereira. O padroeiro, claro, São Francisco.  

A nova Barra do Tarrachil foi construída pela Chesf em 1988 e, de lá para cá tem se mostrado viável para o turismo, embora seu povo ainda viva do gado, do comércio e da agricultura de subsistência. É o segundo distrito do município de Chorrochó.

Abaré

Exatos 22 kms depois de Barra do Tarrachil, chegamos a Abaré, município formado por dois distritos que pertenciam a Chorrochó, Abaré e Ibó. Abaré é um termo da língua tupi antiga que significa homem de batina ou padre. Este nome foi designação da povoação desde 1891. E tudo começou na primeira metade do século XIX. Nicolau Tolentino, vindo de Salvador, chegou para administrar terras recebidas de seu pai por doação. Organizou a fazenda Abaré, local onde posteriormente edificou a capela de Santo Antônio. Em torno da construção religiosa, foram erguidas outras moradias, formando-se um povoado com a mesma denominação da fazenda.

Abaré virou distrito pela lei estadual nº 628, de 30 de dezembro de 1953, subordinado ao município de Chorrochó. A emancipação só chegou pela lei estadual nº 1730, de 19 de julho de 1962, desmembrado de Chorrochó, e fará agora 61 anos. O município foi instalado em 07 de abril de 1963, constituído de 2 distritos: Abaré e Ibó. A economia de Abaré é muito diversificada, mas o município se destaca pela produção de cebola e tomate. Também o rebanho de ovinos é significativo. Abaré faz limites com os municípios de Chorrochó e Curaçá, na Bahia, e Belém do São Francisco, em Pernambuco. Fica distante de Salvador cerca de 550 kms, com uma área total de 1.693,690 km² e uma população de 18.766 habitantes, ou 11,1 residente por km².

 Mas há muito o que fazer ao visitar Abaré. Há a Praia do Porto - Praia fluvial urbana no São Francisco, com cerca de 400 metros de extensão e vegetação de caatinga. Na margem do rio funciona um ponto de ancoragem natural para pequenos barcos e canoas. Um grande cruzeiro com base de alvenaria e cruz de madeira, medindo cerca de 3 metros de altura, encontra-se localizado na praia. O melhor é fazer passeios de Barco saindo da Praia do Porto para desbravar o rio São Francisco. As melhores festas são a Festa do Agricultor, Festa do padroeiro Santo Antônio, Festas de São João e São Pedro, carnaval e aniversário da cidade. Seguindo a BA 210, 17 kms depois chegamos à BR 116.  

Nattan arrasta multidão na abertura do São Pedro do Povo em Poço Verde

Nattan arrastou uma multidão nesta quarta-feira (12) no São Pedro do Povo em Poço Verde - SE. (Foto: Divulgação)

Começou nesta quarta-feira (12) o São João do Povo da cidade de Poço Verde, evento organizado pela Prefeitura Municipal de Poço Verde. Este ano, a festa vai até o domingo (16). Ontem mesmo o município divulgou ponto facultativo nas repartições públicas para esta quinta (13), sexta (14) e para a segunda (17). A abertura ontem ficou a cargo do forrozeiro Nattan. Ele comandou um arrastão iniciado por volta da meia noite, saindo da rodovia SE 361 (saída para Aracaju) até o centro da cidade. Assim como o São Pedro de Heliópolis, esta festa em Poço Verde é uma das mais concorridas da região, prova disso foi a participaçãode milhares de pessoas nesta quarta-feira.

O cantor Nattan é natural de Sobral – CE e foi criado em Tianguá. Desde os quinze anos vive do forró, mas só ficou famoso com a música Tem Cabaré Essa Noite, do compositor baiano Flávio Silva Souza. O sucesso levou Nattan a hoje ser reconhecido e ter uma agenda lotada de shows. O arrastão teve a participação de uma enormidade de pessoas. Para o sábado (15), a festa continuará com as apresentações de grandes nomes da música, como Tayrone, Adelmário Coelho, Ninéia Oliveira e Weliton Gordinho. No domingo (16) para encerrar as festividades, haverá shows da banda Calcinha Preta, além dos cantores Taty Girl e Kevin Jhony.

Jeanny Lins, Dedé Brasil e Fulô de Mandacaru são destaques no domingo do São Pedro de Heliópolis 2023

O São Pedro de Heliópolis 2023 pode se orgulhar de ter um dos domingos mais movimentados da história da realização do evento, apesar dos atrasos. Já era quase noite quando o trio atravessou a Helvécio Pereira de Santana com O Kanalha arrastando uma multidão. Em certa altura, o artista resolveu descer do trio Ideal e, ao lado do prefeito, resolveu abrir corredor no meio da multidão, para delírio dos fâs. O lado bom é que, acreditem, O Kanalha não colocou o seu sistema de letras sacanas no modo máximo. Maneirou deveras. Completou seu show até cantando algumas músicas legais, sem desmerecer sua fama.

A análise mais racional era imaginar que o arrastão roubaria o público do palco principal da festa. Só que o atraso inicial de cerca de 3 horas acabou contribuindo para o aumento do público na Praça de Eventos do São Pedro de Heliópolis. Em alguns momentos o público foi equiparado ao dia anterior. Nem mesmo os vários momentos de chuva impediram que o domingo brilhasse.

A programação da noite foi modificada e começou de forma também com atraso. A primeira banda a se apresentar foi Íkaro Mandes, por volta das 21 horas, que originariamente se apresentaria pela tarde. Seu show teve de tudo, embora tenha ligado no início o modo Sofrência. De extraordinário, distribuiu uísque aos fãs. Em seguida foi a vez da prata da casa: Forrozão Retrô. A banda tem como cronistas a dupla Fernanda Ferraz e Sebastian. A primeira é experiente, afinada e tem bom domínio de palco. Sebastian tem evoluído muito e este ano está mais solto e confiante em tons mais complexos. Fernanda é a mesma cantora de Cariri Sangrento, música pautada no livro homônimo deste redator. Forrozão Retrô está infinitamente melhor que o ano anterior e, graças ao bom som, foi possível perceber o talento de seus músicos.

Ainda não era meia noite quando Jeanny Lins e Dedé Brasil começaram a se apresentar. Os ex-integrantes da banda Forró Maior, considerada a iniciadora da revolução musical em 1993, que levou o forró a outro patamar, continuam encantando o público. Dedé e Jeanny não são apenas cronistas do chamado Forró das Antigas, mas operários da música. Apesar de a mídia transformar 30 anos em coisa velha ou antiga, a dupla está atualizadíssima. Eles não reproduzem as canções. São intérpretes delas e ainda conseguem moldá-las os seus respectivos modos peculiares de execução. Jeanny tem sua identidade na voz única, como algo preso com vontade de se libertar. Dedé, com uma voz comum, consegue elevar a tons inimagináveis, e isso como se não fizesse esforço algum. Além disso, com o atraso de Tayrone, a dupla segurou o público por mais de 3 horas sem desanimar. É o nosso primeiro destaque do dia.

Depois chegou a banda Fulô de Mandacaru, próximo das 3 horas da manhã. O show durou pouco mais de 1 hora e foi tão espetacular que pareceu durar apenas uns 5 minutos. Afinal, tudo que é bom dura pouco. A banda é formada desde 2001 e tem como trio básico Armandinho do Acordeon, Pingo Barros e Tiago Muriê. O início da fama foi em Caruaru – PE e chegou ao grande público após vencer, em 2016, o programa Superstar, da Rede Globo de Televisão. Não se enganem em pensar que é apenas um trio pé de serra. Por traz da banda há o que melhor se pode ter em tecnologia musical. Além disso, há bons músicos e, sempre que possível, as músicas passam por uma nova roupagem, sem perder a sua essência. Deu-se então a fórmula do sucesso. Aqui na nossa região já há um público cativo da banda que faz “O Melhor Forró do Mundo”. E não é exagero. A banda já fez 5 turnês internacionais, levando forró a Portugal, França, Bélgica, Alemanha, Suíça, por exemplo. Seria uma boa opção, caso o prefeito Mendonça aceitasse o conselho, incluir Fulô de Mandacaru na Alvorada do próximo ano. Não tem como não ser o nosso segundo destaque do domingo.

Depois chegou a vez de Tayrone. O cantor romântico fez o que tinha de ser feito e tocou fogo nos corações dos apaixonados, interpretando os seus conhecidos clássicos. Eram por volta das 4 horas da manhã quando a agitação deu lugar à calmaria. Depois das 5 horas foi a vez do também romântico Ronaldo Santos fechar a 34ª edição da Festa de São Pedro de Heliópolis. Em outros tempos, Gilberto Alves levava sua voz até que o último forrozeiro não mais aguentasse em pé. Esse ano também, após 32 edições (ele não participou do 1º São Pedro) não se ouviu a sanfona de Alaelson do Acordeon, nosso sanfoneiro maior. Mas não queremos aqui terminar esta análise com esquecimentos ou injustiças. Não vamos esquecer que tudo é o povo. O São Pedro de Heliópolis 2023 foi uma festa espetacular porque o povo exigiu ter o melhor, mesmo com problemas ocasionados por vícios de longas datas.

São Pedro de Heliópolis 2023: O Arrastão de O Kanalha

Geverson Oliveira, Forrozão das Antigas e Canários do Reino são destaques no 2º dia do São Pedro de Heliópolis

É apanhando que se aprende! Depois do fiasco do São Pedro do ano passado, parece que o prefeito José Mendonça resolveu mostrar que o governo municipal tem condições sim de fazer uma festa organizada. Claro, sempre há problemas, mas é forçoso admitir que o sábado deste São Pedro 2023 foi um dos melhores, embora o público tenha sido diminuto.

Já tivemos aqui festas de São Pedro, principalmente no sábado, onde não era possível nem mesmo dançar. Não havia espaço mínimo. Vários fatores contribuíram para que este 8 de julho não fosse um dos mais concorridos. Além da desconfiança do povo com o que aconteceu o ano passado, há outra festa bem perto de nós: O Arraiá do Itamar, em Adustina. Não, a chuva não atrapalhou. Não choveu durante a noite, embora tenha acontecido durante o dia. E para dar esperança de que a festa melhorará ainda mais no futuro, este ano tivemos a apresentação de três quadrilhas juninas: Grupo Conviver e Arrocha o Nó, de Heliópolis, e a Flor do Sertão, da cidade de Poço Verde – SE. Precisamos melhorar a ideia e partir para um concurso de quadrilhas juninas.

O grande problemão do ano passado não aconteceu: o som. A qualidade este ano estava à altura da festa. As atrações, embora não tenha tido nenhuma a 700 mil reais, cumpriram o papel de divertir o povo. Além disso, este ano temos uma grata surpresa: Geverson Oliveira. O prata da casa virou ouro. Equiparou-se às grandes bandas, mesmo com poucos equipamentos: uma guitarra, um contrabaixo, uma bateria, um zabumba, um triângulo, um violão e um teclado. Para completar o bom produto, havia uma voz afinadíssima e animada, auxiliada pela segunda voz do baterista. Geverson Oliveira precisa continuar na estrada porque sua carreira artística será longa e, esperamos, próspera. Tocou forró, de Gonzaga à Vaquejada, do romântico ao Zé Ramalho. Pena que foi na abertura, quando o público era inferior a mil pessoas. Duvido que alguém presente tenha reclamado do artista ou ignorado sua apresentação porque a noite havia começado em alto estilo. 

Depois foi a vez de Felipe Cantra. Este começou com sofrência, mas emendou com os cânticos clássicos do forró tradicional e romântico e animou a galera. Em seguida veio a banda Forrozão das Antigas. Aqui a coisa tomou nova dimensão porque a estrutura era outra. Além de duas excelentes vocalista, um cantor e instrumentos a perder de vista, o conjunto musical tinha efeitos de palco e muita energia. Foi uma hora e meia de forró tradicional e romântico, sem deixar o público parado um só momento. A noite já estava salva, mas chegou Canários do Reino para colocar mais lenha na fogueira. E tome forró de alta qualidade e em doses talentosas, sem precisar inventar nada, deixando extraordinário o que já é muito bom. Depois foi a vez de Márcia, a Fenomenal, que fez um show/espetáculo. A abertura foi acompanhada por um festival de fogos. A proposta parece ter sido direcionada aos olhos e foi bem aplicada. Depois foi a vez da banda Brega e Vinho, que não decepcionou e deu seu recado.

Todas a bandas do sábado foram espetaculares. Se tivesse o prêmio/revelação este seria dado a Geverson Oliveira, a grata surpresa da noite. Mas o Contraprosa precisa escolher as duas melhores bandas da noite. Nos acréscimos do conjunto da obra merecem destaque Canários de Reino e Forrozão das Antigas, principalmente porque apostaram num formato destinado ao povo para dançar. As duas bandas tocaram a música Rancheira, de Gereba e Tuzé de Abreu, que há muito não aparecia por aqui. Canários do Reino é do Ceará e Forrozão das Antigas de Alagoas.

Fato é que nosso São Pedro está de pé. Certo que ainda há alguns erros: a revista na entrada precisa ser mais eficiente, a equipe tem que impedir o estacionamento de carros nas ruas onde as bandas acessam o local do evento. Outra questão é o tempo entre uma banda e outra. Mesmo com dois palcos, a demora continua longa. Precisa ser menor, tempo suficiente apenas para a prefeitura fazer sua propaganda. No mais, tudo bem. Ornamentação muito boa, sem firulas e usando aquilo que é essencial; segurança na dose certa, iluminação muito boa. O resto fica por conta do povo.