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Itiúba - Um Lugar no Sertão - 8º episódio

Neste episódio de Um Lugar no Sertão chegou a vez do município de Itiúba. Saímos de Filadelfia logo cedo e pegamos a BA 381. Passamos por duas localidades ainda em território de Filadélfia: Cabeça da Vaca e Morrinhos. Logo depois do limite entre os municípios, chega-se ao povoado Carrapato, que é o lugar mais estruturado entre as duas cidades. Depois de percorrer cerca de 35 kms, numa rodovia de boa estrutura, chega-se a Itiúba. De onde quer que se olhe, é a serra que desponta soberana, provocando suspiros nos visitantes. Certamente não foi sua beleza pura e simples que despertou interesse para que colonizassem esta região. Então vamos saber a história desde o começo.

O território do atual município de Itiúba era habitado pela tribo indígena dos Caricás, além de outras diversas etnias indígenas, com destaque para os povos genericamente denominados de tapuias e cariris, quando os primeiros colonizadores ali chegaram. Os primitivos habitantes, certamente os Caricás, deram ao local a denominação de Itiúba, nome da serra que abraça a cidade. O início da colonização se deu com a chegada dos portugueses da Casa da Torre, com a expansão dos domínios das sesmarias dos proprietários curraleiros, com destaque para a família Guedes de Brito. Há uma outra versão que diz sobre a chegada dos colonos provenientes de Inhambupe, Alagoinhas e Cachoeira. Não seria absurdo unir as duas teorias. 

Os povos indígenas que viviam neste território foram expulsos da terra que tradicionalmente ocupavam, deslocando-se a outras regiões para sobreviver. Assim, os indígenas remanescentes acabaram sendo aldeados entre os séculos XVII e XVIII nas Missões religiosas do Sahy (Senhor do Bonfim da Tapera), de São Francisco Xavier (atual Jacobina Velha) e de Bom Jesus da Glória de Jacobina (Santo Antônio de Jacobina). Quanto ao nome da serra, que batizou o município, há várias versões. A mais plausível é se tratar da derivação da palavra itiuba, que na língua indígena quer dizer água da pedra, em referência às nascentes de água na serra, fundamental para a sobrevivência no lugar. 

No final do século XVII, o território fazia parte da Freguesia Velha de Santo Antônio de Jacobina. Quando a localidade foi transformada em julgado, em 1697, foi incorporada ao Arraial do Senhor do Bonfim da Tapera, fato que consta na Carta Régia assinada por D. Fernando José de Portugal, em 08 de julho de 1697 e dirigida ao ouvidor de Jacobina. Há registro do crescimento da povoação nas terras da fazenda Salgada, situada no sopé da serra de Itiúba, a partir de 1860. Pela Resolução Provincial nº 1.005, de 16 de março de 1868, foi elevada à categoria de freguesia subordinada à Vila Nova da Rainha, atual município de Senhor do Bonfim. No ano de 1880, o local já é chamado como Arraial de Itiúba. Em 1884, sua subordinação foi transferida para a Vila Bela de Santo Antônio das Queimadas. 

Somente mais de 50 anos depois, pelo Decreto Estadual nº 9.322, de 18 de janeiro de 1935, foi criado o município de Itiúba, com território desmembrado de Queimadas, e o Arraial elevado à categoria de Cidade. Deve-se também registrar como fato importante a construção do Obelisco Bendegó, localizado na Estação Ferroviária do Jacurici. O monumento foi feito pela Marinha do Brasil em celebração aos feitos pela engenharia do transporte do Meteorito do Bendegó, que caiu no distrito de Bendengó, pertencente ao município de Canudos, no cruzamento da BR 235 com a BR 116. 

Itiúba tem importância histórica, mas é impossível não chegar ao local e ser abraçado pela sua serra. O visitante se sente em casa. Seu povo, como todo nordestino baiano, é acolhedor. O município é formado por uma área de 1.650,593 km², abrigando uma população de 33.872 habitantes – Censo de 2022, com densidade demográfica de 20,5 pessoas por km². Faz divisas com os município de Cansanção, Queimadas, Monte Santo, Andorinha, Senhor do Bonfim, Filadélfia e Ponto Novo. Sua altitude é de 570 metros e a capital Salvador fica a 377 kms. Seguindo pela BA 381, em direção a Cansanção, antes da linha limítrofe, chega-se ao distrito de Rômulo Campos, centro urbano mais desenvolvido depois da sede. Logo depois tem a barragem do Jacurici, açude que limita os dois municípios.