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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

A violência ainda reina em Poço Verde

Balancel orava quando foi morto (foto:Rodrygo Ferraz)
 Ainda vai demorar algum tempo para que a população de Poço Verde possa respirar aliviada com a notícia da diminuição considerável do número de homicídios no município. Localizada na fronteira com a Bahia, o município sergipano faz vizinhança com Heliópolis, Fátima, Ribeira do Amparo, Adustina e Paripiranga, todos baianos. Não há praticamente fiscalização eficiente. É uma fronteira aberta onde tudo se mistura. Isso facilita o trânsito do que é bom e também do que é ruim. Desde 2012, há um aumento considerável de assassinatos nesta região e parece que a concentração do maior número deles está em Poço Verde.
Mesmo após a morte de José Augusto, várias mortes vêm ocorrendo como desdobramentos de tantos outros homicídios. Uma lista que chegou a circular, com o nome dos que seriam mortos, parece crescer, embora não exista mais. Até mesmo os que diziam lutar para sair do mundo do crime estão sendo mortos impiedosamente. Desta vez foi Daniel Monteiro de Carvalho, apelidado de Balancel. Parecia que ele tentava se recuperar de uma vida ligada ao crime. Virou evangélico, mas não adiantou. Na noite da última quarta-feira (15) foi assassinado dentro da Igreja Assembleia de Deus Madureira, localizada na avenida Capitão José Narciso, em Poço Verde.
Como sempre ocorre nestes casos, quem sabe quem atirou não vai dizer, se é que alguém chegou a ver algo, já que tudo foi repentino. Balancel foi alvejado no momento em que estava sendo realizado o culto evangélico. A violência silenciou seus supostos apelos por perdão dos seus pecados, comprovados por passagens pela polícia. Ele era acusado de ter participado de um latrocínio na cidade de Tobias Barreto.
Morre Jeane Show
Jeane Show morre em acidente
(Foto: Ozildo Alves)
Ela não vai aparecer no Jornal Nacional da Rede Globo porque não fazia o sucesso de Cristiano Araújo, mas a professora e cantora Jeane Leite morreu na noite desta quarta-feira (15) em um acidente de trânsito na rodovia estadual SE-230, na Rota do Sertão, em Poço Redondo (SE). A artista de 33 anos era conhecida como Jeane Show. A Companhia de Polícia Rodoviária (CPRv) informou que recebeu o comunicado do acidente por volta das 21h e estava sozinha em um automóvel Voyage quando colidiu de frente com um caminhão que trafegava no sentido inverso. Jeane não resistiu aos ferimentos e morreu no local, quando seguia em direção ao Povoado Sítios Novos, em Poço Redondo. Ela tinha shows marcados em Canindé do São Francisco, Poço Redondo e Monte Alegre de Sergipe neste fim de semana.
São Pedro de Heliópolis
Apesar de algumas brigas provocadas, em sua maioria, pelo excesso de álcool, normalmente já pela madrugada, os policias civis e militares de plantão durante o São Pedro de Heliópolis realizaram um trabalho de rotina. Apenas dois incidentes considerados graves. O primeiro ocorreu na sexta-feira, quando policiais militares perceberam que um homem estava armado e tomou-lhe um revólver calibre 38, conduzindo-o com o seu acompanhante à cadeia. Já no domingo, dia 12, aconteceram dois disparos de arma de fogo, por volta das dez da noite. Foi certamente uma tentativa de homicídio a poucos metros da entrada do arraial, na avenida Helvécio Santana. A vítima foi o motorista Jéferson Marques de Andrade, residente da cidade de Fátima. Um projétil atingiu o pescoço e outro se alojou nas costas. Ele foi socorrido pela unidade de Saúde de Heliópolis e levado para a emergência do HUSE em Aracaju, mas está fora de perigo. Até aqui a polícia não identificou o autor dos disparos.
Saúde em Poço Verde
Prefeito Thiago Dória
(foto: Infonet)
O prefeito de Poço Verde, Thiago Dória, está tomando uma atitude radical com o intuito de resolver os problemas enfrentados pelo atendimento de saúde do município. Em documento enviado ao Secretário Estadual da Saúde, José Macedo Sobral, o prefeito devolve ao Estado de Sergipe a Gestão das ações e serviços de saúde da Unidade de Urgência e Emergência 24 horas do município. Deixa claro que o município de Poço Verde não tem como bancar a manutenção do sistema da forma como a coisa está, já que das três ambulâncias do SAMU, duas estão em petição de miséria, com mais de 500 mil quilômetros rodados. E ainda pesam a falta de médicos, os cortes dos repasses e a necessidade de reformas nos postos. Dilma Rousseff e Jackson Barreto estão devolvendo com juros o voto recebido do povo de Poço Verde.

Vão esperar o Brasil afundar em agosto?

                                                         Landisvalth Lima
O nome não é verdadeiro, mas o fato é. Cristobaldo da Silva é um pequeno comerciante. Sustenta sua família com as vendas de uma bodega. De janeiro para cá passou apertado por ter dobrado o número de compradores na tradicional caderneta do fiado e também dobrado o número dos que atrasam pagamentos. A situação ficou pior quando sua mulher resolveu fazer uma festa de 15 anos para a filha mais velha. Eles haviam prometido à garota, mas não souberam dizer a verdade: as condições para realização do evento não existiam. Cristobaldo gastou o que não podia gastar e seu comércio está fechando as portas. O dinheiro que sobrou foi apenas o suficiente para uma passagem de ônibus a São Paulo. Retornará à sua condição de pedreiro numa época em que já não há mais garantia de empregos na construção civil.
A história acima pode servir de alegoria para a trajetória do Partido dos Trabalhadores no poder. Num país sério, Dilma Rousseff já teria sido mandada embora. Melhor, nem mesmo teria sido eleita. Qualquer economista honesto sabe que as medidas econômicas corretivas deveriam ter sido tomadas em 2011. O crescimento brasileiro da era Lula foi pautado no consumo e no endividamento da classe média. O consumo e a produção foram lá para as alturas e chegamos ao patamar de sétima economia do planeta. Era a hora da correção de rumos, do corte de impostos e juros, da taxação das grandes fortunas, da desoneração responsável de setores fundamentais. Deveríamos ter focado na produção industrial, mas preferimos prestigiar os bancos. O Brasil virou o paraíso dos banqueiros.
Enquanto a classe média tinha grana, a conta estava sendo paga com sobra, levando nas costas um estado extremamente caro, enorme e gastador. Nada pode ser tão estúpido quanto manter um governo com 39 ministérios. Metade destes não servem para nada que preste ao país. Além desta conta pesada, pagamos o preço da corrupção. Nunca se roubou tanto na história de um país em nenhum lugar do mundo. Os escândalos mensalão, petróleo, eletrolão e os futuros BNDES e HSBC colocam o Brasil como a 1ª economia corrupta do planeta. Para entreter o povo, havia as “bolsas”, os programas habitacionais, o financiamento educacional, o Pronatec e outros.
Dilma foi reeleita e mostrou como se dá um calote eleitoral. Sua popularidade, entretanto, está em um dígito. A boa notícia é que ainda não estamos no ápice da crise. Ela chegará ao seu ponto máximo em agosto. Enquanto os pobres estiverem pagando a conta do voto dado, o PT continuará no poder. Mês que vem, os ricos começarão a pagar e é aí que mora o perigo. Não me lembro qual foi a vez que os ricos pagaram a conta sozinhos. Também não me lembro de ter visto um grandão ir para a cadeia e sozinho pagar o pato. Se Dilma sobreviver em setembro, o país cairá de vez e será difícil uma recuperação tão cedo.
Por enquanto, cabe uma reportagem de Elvira Lobato, de O Globo, que é mais ou menos um conjunto de histórias que está virando lugar comum. No Maranhão, Manoel Rodrigo do Nascimento, personagem real, que recebe R$ 15 por saco produzido em fábrica de farinha, desabafa: “Quem trabalha não tem valor”. Ele queixou-se da conta de luz. Disse que tem uma geladeira pequena, uma TV “que só pega na pancada” e ventilador, e que pagou R$ 88 este mês. A popularidade da presidente Dilma Rousseff despencou em povoados pobres do Maranhão, onde, há apenas oito meses, ela obteve mais de 80% dos votos válidos no segundo turno da eleição. A crise econômica, o descumprimento de promessas de campanha e a corrupção na Petrobras revelada pela Operação Lava-Jato são criticados por moradores em conversas em frente a casebres de barro e telhados de palha.
Reações de decepção e revolta foram registradas em cinco municípios: Igarapé do Meio, Pindaré-Mirim, Alto Alegre do Maranhão, Rosário e Olho D’Agua das Cunhãs. Em todos, Dilma obteve votação avassaladora no segundo turno: 89,06%, 87,22%, 85,44%, 87,58% e 88,23%, respectivamente. Outro personagem real, Jerônimo Nogueira, de 53 anos, pequeno produtor rural de Alto Alegre do Maranhão, diz-se “arrasado” com a situação do país. “A situação está muito difícil. A gente produz e não consegue vender. A presidente poderia cuidar da população, mas fica brigando por poder”, afirmou Jerônimo.
Na mesma reportagem, Raimundo Alves, de 64, tem uma casa de farinha em Igarapé do Meio mostrou seu estoque de farinha sem comprador e disse que começou a vender fiado. Em relação à presidente avalia que ela “se perdeu” e que a corrupção é a principal causa dos problemas. O vaqueiro Raimundo Nonato Rodrigues, de 42 anos, acompanha as notícias pela TV. Ele disse que não entende por que tudo desandou de repente: “Eu me sinto traído. Dilma apontou um rumo durante a campanha e mudou tudo depois que ganhou a eleição. (...) Se a presidente se candidatar outra vez vai sofrer uma derrota muito grande no Maranhão.” E mais: O roubo na Petrobras foi uma falta de vergonha dos políticos. Sou pai de família e meus filhos ficariam envergonhados se eu fizesse algo errado. O país está envergonhado — disse o lavrador Antônio Ferreira Cruz, de 37 anos, do povoado de Telêmaco. 
Enquanto isso, ficam os juristas discutindo se há ou não elementos suficientes nas Leis do país que justifiquem o impeachment da presidenta incompetente. É que eles ainda não foram atingidos plenamente pela crise. Talvez, quando agosto vier, saberão que, por muito menos, Getúlio Vargas cometeu suicídio e Fernando Collor de Melo foi cassado. 

Ribeira do Pombal, Cipó, Itapicuru, Uauá e Nova Soure na Operação Águia de Haia da Polícia Federal

Polícia Federal mais uma vez em nossa região
 A Polícia Federal realizou na manhã desta segunda-feira (13) uma operação para prender quatro pessoas suspeitas de forjar licitações em parceria com agentes públicos, em troca de propina. O grupo apontado pela PF desviava recursos federais voltados para a educação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Segundo o delegado federal Fernando Bernet, os prejuízos ultrapassam a casa dos R$ 57 milhões. Ainda segundo ele, a operação identificou 25 municípios na Bahia, um em São Paulo e outro em Minas Gerais. O delegado afirmou que os prefeitos destes municípios e os secretários de educação e administração tinham conhecimento das fraudes. Na nossa região figuram na lista Ribeira do Pombal, Cipó, Itapicuru, Nova Soure e Uauá.
Além destes, na Bahia, os policiais estiveram em Salvador, São Domingos, Ruy Barbosa, Camaçari (Guarajuba)
, Água Fria, Capela do Alto Alegre, Mairi, Feira de Santana, Buerarema, Ilhéus, Itabuna, Camamu, Una, Ibirapitanga, Camacan, Mirangaba, Teixeira de Freitas, Paramirim e Livramento, Cotegipe. A Operação Águia de Haia identificou que forjavam licitações, em conluio com agentes públicos e mediante o pagamento de propina, desviavam recursos federais do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Entre os anos de 2010 a 2014, eles conseguiram desviar verbas em dezoito municípios da Bahia, um em Minas Gerais e um em São Paulo
A Operação Águia de Haia acontece simultaneamente na Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. Cerca de 450 policiais federais cumpriram hoje 96 mandados de busca e apreensão, além dos quatro mandados de prisão preventiva. O valor exato desviado até aqui pela quadrilha ainda não foi contabilizado, mas apenas na Bahia, a atuação da quadrilha nos dezoito municípios chega ao montante de R$57.173.900 milhões.
Ainda de acordo com a PF, os bandidos atuam desde 2009, mas iniciaram os crimes em São Paulo e só depois migraram para Minas Gerais. Em 2010 eles passaram a atuar na Bahia e fizeram do estado a sua base principal. Os presos ainda não tiveram seus nomes revelados e serão indiciados por crimes licitatórios, corrupção ativa e passiva, além de formação de quadrilha.
Entrevista
Agora pela manhã, os delegados Fernando Bebert e Fábio Muniz detalharam todo o processo. O esquema de corrupção praticado em ao menos 25 municípios baianos, desmontado nesta segunda-feira (13) pela Polícia Federal, usava projetos “fantasma” ou superfaturados para desviar recursos do Fundeb  – fundo de Educação do governo federal. Durante coletiva realizada na sede da Superintendência da Polícia Federal em Salvador, os delegados federais Fernando Bebert e Fábio Muniz explicaram que os intermediadores atuavam como lobistas, vendendo um “produto” que supostamente fazia a inclusão digital do município.
Segundo a PF, 10% da fatura paga iria para o prefeito e 3% para o mediador. “Com certeza os gestores sabiam que eram uma fraude. Nenhum projeto chegou a ser executado. [...] Programas de prateleira que pode ser comprado a R$ 3 mil no mercado, no esquema valiam de R$ 120 mil a R$ 400 mil”, disse Hebert. Ainda de acordo com os delegados, toda a licitação era forjada, com a montagem de editais, orçamentos, pedidos e contratos. "Todas as peças eram montadas pela organização criminosa para que as prefeituras simplesmente colocassem os logotipos", diz Muniz que confirma a participação de "prefeitos, secretários de educação e pregoeiros" no escândalo.
O delegado ainda afirmou que nenhum serviço foi prestado integralmente nas cidades listadas. "Nós temos provas contundentes que quando os projetos ocorriam, era de forma parcial", completa. Na Operação, os mandados cumpridos nesta segunda foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal (TRF). Segundo o delegado, o tribunal não expediu mandados de prisão para os prefeitos por não julgar necessário.
Deputado envolvido
Um deputado estaria envolvido, mas seu nome não foi divulgado por causa do sigilo da ação. A Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), contudo, confirmou que a PF cumpriu mandados no gabinete de Carlos Ubaldino (PSD). Quatro empresas estão entre as investigadas – duas seriam vencedoras dos processos de licitação e as outras duas “figurantes”. “A mesma pessoa de Minas Gerais veio para a Bahia. Era sempre o mesmo tipo de crime. [...] Eles vieram para a Bahia porque o serviço começou a ser muito denunciado nos outros estados”, explicou Herbert. Segundo a PF, o dinheiro não era lançado no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), mas nenhum membro do Fundeb está envolvido no esquema. 
Com informações do Bahia Notícias, Bocão News, Joilson Costa e portal da Polícia Federal.