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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Simão Dias - Um Lugar no Sertão 12

Como muitas cidades deste país, os primeiros habitantes de Simão Dias foram os índios. Por estas bandas viviam os Tapuias, grande nação indígena, quase que totalmente dizimada no litoral por ordens do governador geral na Bahia, o Luiz Brito, na época da conquista de Sergipe. Os poucos sobreviventes vieram para estas terras e se embrenharam nas matas e criaram uma fortaleza com cerca de pau-a-pique. Deram o nome de Caiçara. No início do século XVII, forma-se uma aldeia e passa a região a se desenvolver, quando então ocorre a invasão holandesa. Em Itabaiana, o fazendeiro Braz Rabelo manda seu vaqueiro Simão Dias fugir com o gado para as margens do rio Caiçá. Lá fixou morada e abriu uma venda. O local passou a ser ponto de parada obrigatória de todos que se aventuravam nos sertões da Bahia e Sergipe.

O local era território do município de Lagarto e divisa entre os dois estados. Em data incerta, o usineiro lagartense Manoel de Carvalho Carregosa comprou terras nas proximidades do rio Caiçá, montou um engenho e passou a criar gado. No livro Simão Dias Tempos e Narrativas, de Jorge Luiz Souza Bastos, há indicativo de que as terras eram as mesmas de Simão Dias Francês. Inclusive, neste mesmo livro, é possível encontrar uma narrativa de como Simão Dias se livrou de uma acusação feita pelo ex-patrão, Braz Rabelo, de ter seu vaqueiro desviado gado e enriquecer. Consta que Simão Dias fez sua própria defesa e inclusive apresentou todos os recibos e anotações das transações feitas com o gado, e até os documentos da parte que tinha direito. Além de ser inocentando, ainda pagou o processo e não guardou rancor do antigo patrão. Viveu até a morte em data incerta e não deixou descendentes. Manoel Carregosa comprou as terras nos fins do século XVIII, mais de cem anos após a morte de Simão Dias.

O sucesso do engenho de Manuel Carregosa fez nascer uma feira semanal que atraía muita gente. Ana Francisca de Menezes, esposa de Carregosa, devota de Nossa Senhora Santana, decide com o marido construir uma capela em homenagem a santa, doando um pedaço de terra e financiando todo o processo até a conclusão. Em 1826, a localidade era tida como uma filial da matriz de Nossa Senhora da Piedade do Lagarto, mas seu desenvolvimento já merecia ser uma freguesia. Foi aí que apareceu a figura de Domingos José de Carvalho, neto de Ana e Manoel, que começou a luta para tornar o local uma freguesia. Oito anos depois, em 1834, oficializa-se a Freguesia de Nossa Senhora Santana, com seu primeiro vigário, o padre José Francisco de Menezes.

Uma lei provincial de 6 de fevereiro de 1835 cria o Distrito de Nossa Senhora Santana de Simão Dias. Daí em diante o crescimento foi inevitável. Outra lei provincial nº 264, de 15 de março de 1850, eleva a localidade à categoria de vila com a denominação de Santana de Simão Dias, desmembrando a região do município de Lagarto. Quarenta anos depois, o decreto nº 51, de 12 de junho de 1890, o local passa a ser cidade, com o nome reduzido para Simão Dias, constituindo-se o município de um único distrito. Curioso foi o que aconteceu 22 anos depois. Uma Lei Estadual nº 621, de 25 de outubro de 1912, passa a denominar o município como Anápolis, numa clara homenagem a dona Ana Francisca de Menezes. O nome Simão Dias só voltou a ser oficializado, embora o povo nunca deixou de chamá-lo assim, pelo decreto estadual nº 377, de 31 de dezembro de 1943, reforçado por outro decreto de nº 533, de 7 de dezembro de 1944.

Simão Dias está localizado na região centro-sul, extremo oeste do Estado de Sergipe, distante 104 km de Aracaju, capital do Estado. Limita-se ao Norte com os municípios de Pinhão e Pedra Mole; ao Sul com os municípios de Riachão do Dantas e Tobias Barreto; a Leste com o município de Lagarto, e a Oeste com Paripiranga, no Estado da Bahia. Sua área é de 564,360 km², abrigando uma população de 42 578 habitantes, censo de 2022, numa densidade demográfica de pouco mais de 75 habitantes por km². Seu clima e o tropical seco e subúmido e sua altitude é de 250 metros.

O município tem marcas que o colocam em destaque na história de Sergipe e do Brasil, além do seu comércio desenvolvido e de sua agricultura destacada. Na estrada que segue para Paripiranga ainda existe a Fazenda Mercador, o antigo engenho, palco de inúmeras histórias e também sede da maior fazenda de escravos desta região. Há ditos, que ainda precisam ser confirmados, indicando que vários escravos fugitivos criaram algumas comunidades na nossa região, dentre elas o povoado Tijuco, no município de Heliópolis, na Bahia. Aproveitando o gancho, O Tijuco não é o único elo de ligação com Simão Dias. Da Massaranduba saiu Abel Jacó para ser prefeito de Simão Dias e depois deputado estadual em Sergipe. Também vale lembrar que de Simão Dias saíram quatro ex-governadores de Sergipe: Sebastião Celso de Carvalho, Antônio Carlos Valadares, Marcelo Déda e Belivaldo Chagas Silva. Também nasceram em Simão Dias Rogério Santana Alves, ex-goleiro da Seleção Brasileira de Futsal, e Paulinha Abelha, cantora da banda Calcinha Preta.  

Poucas & Boas 106

Prefeito Mendonça corre. Thiago Andrade espera união. Ildinho será vice? Ana Dalva segue para a reeleição.

Negociata I

São inacreditáveis as conversas que ocorrem sobre as negociatas para as eleições 2024 em Heliópolis. A impressão é que se trata de uma cidade muito rica e populosa, mas só há 12.309 habitantes, com um orçamento que gira em torno dos 70 milhões anuais. Ainda bem que a maioria é só bravata ou fofoca de adversário. Entretanto, uma não é lorota. O Contraprosa apurou que um cabo eleitoral, procurando espaço político de destaque, bradou aos quatro cantos que tinha 3 milhões de reais para torrar na eleição. A vereadora Ana Dalva ficou indignada e parte do que disse chegou a deslizar para as redes sociais. Ela chegou a pensar que se tratava da eleição de Aracaju, mas alguém a advertiu que, caso fosse na capital sergipana, as cifras chegariam a 30 milhões.

Negociata II

Há relatos também que indicam ter um ex-prefeito recebido a proposta de 1 milhão de reais para aderir a um grupo político e ser candidato a vice-prefeito. Dizem que ele já havia recusado 700 mil antes. Desta vez seria 500 mil na hora e 500 mil depois. A condição era ir toda a família. Um dos filhos chegou até a fazer uma pergunta: Quanto vale a nossa honra, Papai? Vendo que honra não tem preço, o não foi enviado como resposta.

Thiago ou Cícero Dantas

Um parente bem próximo do prefeito Mendonça está esperando que Thiago consiga manter unido o grupo para anunciar o apoio. Caso o candidato da oposição não consiga a união, ele vai transferir o título para Cícero Dantas. O parente foi desprezado pelo prefeito. Dizem que Mendonça está apenas dando o troco, já que quase perdeu sua casa para ajudar o tal parente. Caso a adesão se concretize, vai ser dureza subir no palanque com tais adesistas. A vereadora Ana Dalva que o diga. Para amenizar a perda, já há pardais espalhando por aí que a coisa só se concretizará se o parente receber uma graninha.

Ana Dalva vice?

Já não é segredo que o prefeito Mendonça fez investidas em sequência para conquistar o apoio da vereadora Ana Dalva, convidando-a para ser sua vice. A empreitada envolveu até visita do Senhor do Sapé à casa da vereadora. Desta feita não houve proposta de grana, mas a pergunta era intrigante: o que falta para a senhora ser vice de Mendonça? A resposta de Ana Dalva foi também uma pergunta: qual a justificativa administrativa de um grande feito do governo eu poderia utilizar como argumento para mudar de lado?

Ivan de Ildinho

Se as previsões se confirmarem com a chapa Thiago/Ildinho ou Thiago/Beto de Ildinho, um dos nomes ventilados para disputar uma cadeira de vereador é do empreendedor Ivan de Ildinho. Os analistas de plantão afirmam que vai disputar voto dentro do grupo com Ana Dalva e, fora dele, com Doriedson. Outro nome já cogitado também é o de Marcelo Cigano, que já se movimenta para garantir seu espaço. Além destes, nome novo na disputa é de uma das filhas do vereador Valdelício, que deve se aposentar da carreira, mas não da política.

Novas regras

Há um dado novo para a eleição 2024 que serve como uma ducha de água fria na revelação de novos nomes na política. O número de candidatos a vereador deve cair consideravelmente. Uma chapa completa do legislativo municipal deve ter o número de cadeiras da casa + 1. Ou seja, cada coligação, partido ou federação deve lançar apenas 10 candidatos. Do lado do prefeito já são 6 candidatos. Só há espaço para mais 1, já que as outras 3 vagas são para mulheres. Pela oposição a cena está melhor. Dos três atuais, apenas Ana Dalva deve sair para a reeleição. Sobra espaço para mais duas mulheres e seis homens.

Mendonça correria

Em meio a tanta notícia negativa, o prefeito José Mendonça tenta injetar otimismo para pavimentar sua reeleição. Vendo que seu governo tem apenas o argumento do Plantão Médico 24 horas, está correndo contra o tempo para implantar o ensino fundamental integral na nova escola do povoado Cajazeiras. A ideia é transformar o local em polo para 6º ao 9º ano, com aulas das 8 às 16 horas. O problema maior é concluir a obra e acelerar as medidas burocráticas. Acontece que o mês de janeiro está terminando e as aulas serão iniciadas em 19 de fevereiro. Corre, prefeito!

Um Lugar no Sertão: Aribicé, Carnaíba, Pedra Furada, Junco, Lagoa dos Guedes, Serra Vermelha do Junco

Ao sairmos do distrito de Algodões, município de Quijingue, seguimos a BA 381 até a BR 116 por 12 kms. Daí seguimos no sentido norte para Euclides da Cunha. Três kms após chegamos ao povoado de Pinhões. A comunidade vive da agricultura familiar e depende muito da BR 116. Tem escolas, posto médico e um comércio estruturado. O povoado fica distante cerca de 14 kms de Euclides da Cunha.

Como a sede já foi aqui retratada em Um Lugar no Sertão, seguimos por uma estrada vicinal para o distrito de Carnaíba, afastado apenas 9 kms da BR 116. Carnaíba cresceu numa região servida pelo rio Vermelho e seus riachos afluentes. A terra fértil atraiu moradores e a agricultura familiar é a base de tudo, mesclada com o criatório de gado. É comum, inclusive o isolamento de parte da comunidade quando as chuvas são abundantes. O poder público tem feito intervenções para evitar maiores danos. A localidade tem estrutura razoável, mas a história do seu surgimento não foi ainda registrada.

De Carnaíba seguimos por estrada vicinal para chegarmos à BA 220, mas não a que passe em Caimbé e Massacará. É uma outra BA 220 que liga Euclides da Cunha a Aribicé e que um dia chegou a ter asfalto. Passaríamos no povoado Lagoa dos Guedes, comunidade com boa estrutura, e seguiríamos para as Sete Curvas, subida íngreme e tortuosa, onde no final tem um mirante. De lá é possível ver a Lagoa dos Guedes e várias outras localidades, numa paisagem de tirar o fôlego.

Seguindo ainda a BA 220, alternando entre asfalto e estrada piçarrada, nosso destino agora seria o distrito de Aribicé. Vale lembrar que Euclides da Cunha tem sete distritos: o da sede, Aribicé, Caimbé, Ruilândia, Carnaíba, Muriti e Massacará. Ainda não temos um livro específico sobre a História do Aribicé, mas neste mês de janeiro foi lançado um que detalha a história de Dona Jovina, mãe de 12 filhos no povoado. Uma filha dela, Iris Miranda, doutora em Letras e morando hoje em Boston – EUA, lançou Ser-Tão Jovina – Histórias de Amor e Fé no Aribicé. Certamente há o registro de muitos fatos acontecidos no distrito e merecerá uma postagem quando tivermos um exemplar. Aribicé tem tudo que uma povoação precisa, além da promessa do asfaltamento da via que liga o distrito a Euclides da Cunha.

De Aribicé, seguimos por uma estrada vicinal, de barro batido, que um dia poderá ser a BA 220. Sete kms depois chegamos ao povoado Junco, com algumas ruas calçadas, uma igreja bem zelada e um povo acolhedor. Ainda estávamos no município de Euclides da Cunha e continuamos seguindo o que seria a BA 220. Por três kms passamos por uma região bem habitada até chegarmos no povoado Serra Vermelha do Junco, que fica a menos de 500 metros do limite entre Euclides da Cunha e Banzaê.

No município de Banzaê, a estrada parece receber melhores cuidados, mas a poeira era inevitável. Nosso destino final era chegar à Pedra Furada, localizada dali a mais 10 kms. A região é de uma beleza incomensurável e precisa ser explorada turisticamente, já que não há um direcionamento para esse fim. Depois de desfrutarmos da Pedra Furada, seguimos para Banzaê, que fica a aproximadamente 3 kms. E assim, encerramos essa sequência na série Um Lugar no Sertão, que vai continuar. Claro que, depois de tanto esforço, bem que cabe uma inscrição sua neste canal. Já está inscrito? Então não esquece aquele like bem sertanejo, dado com gosto, e que nos incentiva a seguir em frente. Um abraço e até uma outra oportunidade.