Por Evilásio Júnior / Bárbara
Affonso/Rodrigo Aguiar e Bárbara Souza – do Bahia Notícias.
Jacques Wagner no 2 de Julho (Foto: Bahia Notícias) |
Em entrevista coletiva antes da
caminhada em comemoração ao Dois de Julho, nesta terça-feira (2), o governador
Jaques Wagner considerou "ainda mais recheado" e
"temperado" o cortejo deste ano, com os protestos que começaram antes
da data histórica nas ruas de muitas cidades baianas. "Esta é a data maior
da Bahia, sempre teve essa característica de apropriação popular. O Dois de
julho foi feito por negros, índios, portugueses rebeldes, ou seja, desde o seu
nascedouro teve essa conotação de ser uma festa da cidadania. A rua grita e o
político tem que ouvir", ressaltou, ao afirmar que torce para que a
energia brotada pelas manifestações seja da construção da democracia e não da
destruição. "Eu creio que a rua chacoalhou a classe política. Alguém
poderia estar dormindo em berço esplêndido e esse povo caiu da rede. Espero que
o tombo não tenha sido suficiente para matar ninguém, mas acho bom que o povo
dê essa coçada", comentou o governador, ao citar que não se pode deixar de
reconhecer "tudo que foi feito ao longo desse período". "De 1985
para cá, o Brasil reconquistou a democracia, conquistou a estabilidade
macroeconômica com o controle da inflação e com uma moeda forte, fez um
processo ímpar de inclusão social e estamos em uma caminhada", enumerou.
Sobre a proposta de plebiscito
que será apresentada nesta terça pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso
Nacional, o petista considera uma "contribuição" da chefe do
Executivo federal "ao acolher a vontade de participação popular".
"Eu estranho alguns que ficam dizendo que plebiscito é golpe. No dia em
que a participação popular for golpe, está tudo de cabeça para baixo.
Plebiscito é organizar a participação popular dentro da democracia da previsão
constitucional", opinou. Para Wagner, um dos pontos urgentes da mudança é
o fim da coligação proporcional nas eleições. "Já passou do tempo de
acabar. Não acho que deva se criar obstáculo na formação de partido. Tem que
dizer quanto o partido vale na medida em que ele tiver voto. Se ele não tem
voto de rua, não tem que ter direito a tempo de TV, a dinheiro público",
argumentou. Sob muitas palmas da comitiva que o acompanha, vaias crescentes de
quem está nas ruas ao longo do trajeto e com a segurança do coronel Alfredo
Castro, o governador quebrou o protocolo, entrou na varanda de uma casa
decorada e cumprimentou uma mulher fantasiada de Maria Quitéria. "Só
espero que protestem sem agredir, porque aí resvala para outro lado e você tem
que ser obrigado a proteger quem está sendo agredido", avisou. Sem
enfrentar grandes problemas com manifestantes – uma mulher tentou atingir o
gestor com cerveja e acabou presa – Wagner abandonou o cortejo antes de chegar
ao Terreiro de Jesus. Um helicóptero e três carros ajudaram no deslocamento da
comitiva.
ACM Neto
ACM Neto cumpriu toda parte do desfile (foto: bene.blog.br) |
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), concluiu sua participação na primeira parte do desfile cívico das comemorações pelos 190 anos de Independência da Bahia, que chegou ao Terreiro de Jesus, no final da manhã desta terça-feira (2). Antes de entrar no carro oficial, o chefe do Executivo municipal entrou na igreja do Rosário dos Pretos, onde cumprimentou presentes e orou por alguns instantes. Durante todo o trajeto, desde o Largo da Lapinha, o alcaide fez muito corpo a corpo e parou diversas vezes para abraçar populares e tirar fotos. Recebeu vaias e aplausos quase na mesma proporção, mas sempre que era vaiado, uma claque agia rápido e gritava em uníssono: “Neeeeto”. O pré-candidato do PSDB ao governo da Bahia, João Gualberto – ex-prefeito de Mata de São João – caminhou ao lado do democrata praticamente durante todo o percurso, diferentemente de dois outros pré-candidatos à sucessão de Jaques Wagner, o peemedebista Geddel Vieira Lima e deputado federal Antonio Imbassahy , também tucano, que ora acompanhavam Neto, ora não.