Landisvalth Lima
Com uma participação de público
menor a cada ano, teve início nesta sexta-feira (5) mais uma Festa de São Pedro
em Heliópolis. Considerado o maior São Pedro do Nordeste baiano, o evento está
muito aquém das suas primeiras edições. O executor da primeira edição, em 1987,
o ex-prefeito Zé do Sertão, queria criar uma Micareta para atrair turistas ao
município que nascia dos ventres de Ribeira do Amparo. Argumentei dizendo que o
melhor seria uma festa junina. Ele disse que não faria um São João porque
poderia atrapalhar a festa de Poço Verde. Então lhe disse que fizesse A Festa
de São Pedro de Heliópolis. Naquela época, só dois municípios festejavam com
eventos o santo das viúvas: Jeremoabo e Retirolândia. Ele gostou da ideia e fez
da festa algo grande, hoje marca da nossa municipalidade. Fui o apresentador do
São Pedro por cinco anos. Anunciei nomes como Luiz Gonzaga, Genival Lacerda,
Trio Nordestino, Osvaldinho do Acordeon, Dominguinhos, Marinês e sua gente,
Joquinha Gonzaga, Trio Lembrança, Negrão dos Oito Baixos e tantos outros nomes
da música nordestina que encantou o país e o mundo, via Luiz Gonzaga e
Dominguinhos.
Mas os tempos mudam. Chegaram as
bandas com a músicas internacionais dos anos 70 e 80, apimentadas de romantismo
para conquistar os corações dos jovens. Não importa se não tenham poesia ou
arranjos revolucionários. Importa é que o público consome vorazmente. Como as
festas públicas viraram meio de vida político e econômico, pouco se importam
com a preservação da cultura, da identidade. Vale o pragmatismo. Não há espaço
para ideologias. Com a massificação da TV, do rádio e com o auxílio ilegal e
oportuno da pirataria, o povão pede e os políticos dão. É o circo. O pão é o
Bolsa-família. Oxalá eles tivessem a competência para fazer com a educação a
mesma eficiência que tem para fazer uma festa, sem, é claro, os
superfaturamentos de praxe. Mas a festa acabará na segunda-feira e os problemas
voltarão a ser lembrados. O filho estará na escola no 9º ano ainda sem estar
corretamente alfabetizado e uma senhora parirá seu filho em Pombal, Antas,
Cícero Dantas, Poço Verde ou Aracaju, porque ainda não temos uma maternidade em
nosso município. Quando a festa acabar, cairá sobre nossos olhos toda
monstruosidade da nossa realidade. Saberemos, pois, que, seja qual for o
tamanho do evento, quem nunca perderá será o político. No fim da festa, ele
terá seu nome um pouco melhor ou pior, mas – seguindo a ordem natural da nossa
política regional – estará com mais alguns reais acrescidos ao seu patrimônio.
E sei também que uns poucos, muito poucos, não fazem disso um procedimento
comum.
A Alvorada contou com a participação de um bom público (foto: Jorge Souza) |
Programação do São Pedro de
Heliópolis: Hoje aconteceu a Alvorada Festiva com Danielzinho e Forrozão Quarta
de Milha. Agora pela noite teremos Forró Maior, Olivan Monteiro e Canindé. Amanhã,
Sábado (6), Paixão Ardente, Alaelson do Acordeon, Boka de Sergipe, Gatinha
Manhosa, Página Virada e Forró É o Chefe. Domingo (7), matinê as 15 horas com a
Banda Fabilu. Pela noite: Forró no Alvo, Toca do Vale, Nino Coutinho e Banda
Imortal, e Puro Desejo.
Boa festa!!!!!