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Carinhanha - Cidades do Velho Chico 22

Bestialidade humana !

   José Socorro*


Fico a me perguntar como podemos nos comportar tão erroneamente dentro de uma situação complexa, que abrange todo o mundo? Assistindo, vivendo isso na prática a cada plantão, vejo o descaso da nossa espécie e a falta de amor próprio, que tem como fator devastador a morte de milhões de pessoas.
O que vemos a todo momento são relatos reais dos mais variados scripts das cenas dos clássicos filmes de dramas. Como nos cinemas, lá estão os atores heróis e os vilões.
Nessa pandemia, presente de forma incisiva em nosso cotidiano, estamos presenciando cada fato surpreendente, e o mais que me chama atenção é ouvir a todo momento os apelos das pessoas que praticam o bem, para que cuidemos da nossa própria vida. Orientam de todas as formas, mostrando a realidade a todo instante.
Mas!!!! Uma grande parte procura fazer o oposto de tudo aquilo que é voltado para o nosso bem individual e coletivo. Alguns provocam aglomerações, como forma de desafiar o estado, com doses fatais de irresponsabilidade. Isto por vezes não os matam, porém está levando seus pais, os avós, os filhos e demais pessoas do seu convívio.
Visualizamos cenas como essas, por vezes para nossa tristeza se tornar mais absoluta. Daqui a uma semana vamos ouvir e até saber que pessoas do nosso convívio morreram em domicilio por falta de leitos, quiçá até eu ou você.
Toda essa demanda atual é reflexo das festas clandestinas do período carnavalesco. O colapso se dá porque um leito de UTI fica ocupado por dias ou meses. Como os atos suicidas não cessam, estamos pintando esse quadro negro.
O grande artista da maldade nunca vai sentir falta de matéria prima, que é nossa ignorância, para que cada dia seu quadro aumente, e seja o mais notado do nosso século. Será lembrado por gerações. A todo o momento fornecemos ao pintor as mais opções e faces.
Se o mesmo deseja pintar um rosto idoso, adulto, jovem ou até mesmo de criança, a nossa insensatez fortalece o artista do quadro negro, o quadro da morte.
Não é preciso esperar que alguém implore para nos salvar. Isso tem que partir de forma individual para salvar a coletividade. Não é falta informação, é ignorância ao extremo.
Os profissionais de saúde estão dando o melhor de si. Alguns agentes públicos estão tentando e implorando à população. A mídia vem a todo o momento mostrando a realidade. Mas a decisão final fica a critério de cada um. Procuremos fazer o correto. O imediatismo não é uma boa opção, em especial nesse momento.
* José Socorro é servidor público da área da saúde e colaborador do Contraprosa.