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Relatório do Fórum Econômico
Mundial coloca sistema educacional brasileiro na 116ª posição entre 144 nações
avaliadas. Só um em cada dez alunos encerra ciclo sabendo o que deveria em
matemática — número inferior ao medido em 2009. Em português, a situação também
não é boa, revela relatório da ONG Todos Pela Educação
Brasil está na 132ª posição em ranking que mede qualidade dos ensinos de ciências e matemática
(Getty Images)
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Um relatório do Fórum Econômico
Mundial, publicado na quarta-feira, aponta o Brasil como um dos piores países
do mundo nos ensinos de matemática e ciências. Entre 144 nações avaliadas, o
país aparece na 132ª posição, atrás de Venezuela, Colômbia, Camboja e Etiópia.
Outro dado alarmante é a situação do sistema educacional, que alcança o 116º
lugar no ranking - atrás de Etiópia, Gana, Índia e Cazaquistão. Os dois
indicadores regrediram em relação à edição 2012 do relatório, em que estavam
nas 127ª e 115ª posições, respectivamente.
O estudo indica como uma das
consequências do ensino deficiente a dificuldade do país para se adaptar ao
mundo digital, apesar dos investimentos públicos em infraestrutura e de um
certo dinamismo do setor privado. "A qualidade do sistema educacional,
aparentemente, não garante às pessoas as habilidades necessárias para uma
economia em rápida mudança", diz o levantamento.
Em comparação com o ano passado,
o Brasil subiu apenas da 65ª para a 60ª posição no ranking que mede o preparo
das nações para aproveitar as novas tecnologias em favor de seu crescimento.
Apesar de ter galgado posições, os autores do relatório destacam que o lugar
ocupado pelo país não condiz com sua economia, entre as sete maiores do mundo.
Na América Latina, Chile, Panamá, Uruguai e Costa Rica, por exemplo, são
considerados mais bem preparados para os novos desafios da era digital.
O número de usuários de internet
no Brasil também não chegava ainda a 45%, o que deixa o Brasil na 62.ª posição
nesse critério, abaixo da Albânia. Apenas um terço dos brasileiros tem internet
em casa. A taxa despenca para apenas 8% se o critério for o número de casas com
banda larga. O Brasil não é o único a passar por essa situação. "Os Brics
(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) enfrentam desafios", diz o
informe.
"O rápido crescimento
econômico observado em alguns desses países nos últimos anos poderá ser
ameaçado, caso não forem feitos os investimentos certos em infraestruturas,
competências humanas e inovação na área das tecnologias da informação",
alerta o relatório.
Ensino médio brasileiro era ruim.
E está pior
Brasil está distante de atingir as metas da ONG Todos Pela Educação
(Washington Alves/Agência Estado )
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O ensino médio reúne atualmente
alguns dos piores indicadores da educação brasileira. É nessa etapa da educação
básica que se concentram as maiores taxas de abandono escolar e também as notas
mais baixas no Ideb, índice que mede a qualidade de nossas escolas. E o pior: a
situação não está melhorando, como comprova relatório divulgado nesta
quarta-feira pela ONG Todos Pela Educação. Os dados, compilados a partir de
resultados de 2011 do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e
da Prova Brasil, revelam que apenas 10,3% dos alunos brasileiros terminam o
ensino médio sabendo o que deveriam em matemática – ou seja, quase 90% dos
alunos não aprendem o esperado. É um retrocesso em relação à medição anterior,
realiza em 2009, quando 11% dos estudantes do 3º ano sabiam o esperado na
disciplina. Em 2003, esse índice era de 12,8%. Os resultados ficaram abaixo da
meta estabelecida pela ONG para o ano de 2011 e colocam em xeque o objetivo
traçado para 2022, ano do bicentenário da Independência: ao menos 70% dos
estudantes com conhecimentos adequados a seu estágio escolar.
Em língua portuguesa, não houve
retrocesso em relação 2009. Contudo, praticamente não houve avanços, e a cifra
ficou longe da meta. Em 2009, 28,9% dos estudantes demonstraram dominar os
conteúdos esperados. Em 2011, o número chegou a 29,2%.
Os maus resultados não são
exclusividade do ensino médio. No 9º ano do ciclo fundamental, apenas 16,9% dos
alunos demonstraram dominar os conhecimentos de matemática. Apesar de ainda
distantes do ideal, houve progresso em relação a 2009, quando esse índice era
de 14,8%. Já em língua portuguesa, 27% dos alunos alcançaram desempenho
adequado, representando um ligeiro aumento em relação à medição anterior,
26,3%.
É nos anos iniciais do ensino
fundamental que o desempenho do Brasil apresenta sinais menos preocupantes, com
evolução significativa. Em matemática, 36,3% dos alunos do 5º ano registraram
aprendizado adequado em 2011, ante 32,6% em 2009. Já em língua portuguesa, o
índice foi de 40%, frente a 32,2% do indicador anterior.
O relatório do Todos Pela
Educação evidencia a fragilidade da rede pública de ensino. Quando analisadas
separadamente, as escolas mantidas por governos das três esferas apresentam
índices em média 5 pontos porcentuais abaixo da média nacional, que considera
as redes pública e a privada. Nas escolas públicas do Alagoas, por exemplo,
apenas 1,4% dos estudantes do 3º ano do ensino médio sabem o que deveriam saber
em matemática. Isso significa que de cada 100 alunos, 98 não aprendem o
esperado.
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(Com Estadão Conteúdo)