Disputa pela criança pode ter
motivado crime, diz advogado
Da Redação do CORREIO
Elize foi garota de programa |
Um novo fato pode ter motivado o
crime brutal em que Elize Matsunaga, 38 anos, matou e esquartejou o marido, o
executivo da Yoki Marcos Matsunaga, 42 anos. Segundo reportagem do Folha
Online, Elize temia perder a guarda da filha de 1 ano no caso de uma possível
separação do empresário. Ex-garota de programa, Elize conheceu o marido em um
site de relacionamentos, diz o jornal. O advogado de Elize, Luciano Santoro,
diz que o casal passava por uma crise conjugal nos últimos seis meses e que sua
cliente chegou a pedir a separação três vezes, mas o marido ameaçava dizendo
que se ela fosse embora ficaria sem a filha. Segundo Santoro, a decisão de
confessar o crime foi da própria Elize - ao contrário do que diz a polícia. Na
última briga do casal, a viúva pressionou Matsunaga sobre uma traição que
descobriu com ajuda de um detetive e levou um tapa no rosto. Ela então pegou
uma pistola .380 e atirou na cabeça do marido. A arma foi um presente do
empresário para a mulher - um dos banheiros do apartamento foi transformado por
Matsunaga em um cofre para guardar 30 armas que colecionava. O detetive
contratado por Elize já foi ouvido pela polícia.
Crime
A viúva confessou o crime na
quarta-feira. Após oito horas de depoimento, o diretor do Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Jorge Carrasco, disse que não há dúvidas
em relação à autoria do crime e acredita que o assassinato não foi premeditado.
Segundo ele, Elize afirmou que realizou tudo sozinha e atirou contra o marido
na sala, após uma discussão conjugal por conta de uma traição que teria sido
descoberta por ela. A arma usada para matar o executivo - uma pistola 380 - foi
um presente dele para a mulher - Matsunaga era colecionador de armas. Elize
revelou que a pistola não estava entre as que foram entregues para a Guarda
Municipal de Cotia destruir. Ela a guardou em uma gaveta do apartamento onde
eles moravam, na Vila Leopoldina (Zona Oeste). O casal fazia curso de tiro e
ela era considerada uma boa atiradora. Após
o disparo, que atingiu o lado esquerdo da cabeça de Marcos, Elize disse ter
levado o corpo do marido para um quarto do imóvel e ter aguardado cerca de 10
horas antes de esquartejá-lo no banheiro da empregada. Os vestígios de sangue
foram limpos depois. Conhecedora de
anatomia - Elize é técnica de enfermagem e trabalhou em um centro cirúrgico -,
ela disse ter usado uma faca com lâmina de 30 centímetros para cortar os
braços, pernas, tronco e a cabeça do executivo. Após o trabalho, que durou
cerca de quatro horas, ela embalou os pedaços em sacos plásticos. Em seguida, Elize usou três malas para
transportar o corpo e dirigiu até uma estrada de terra em Cotia, na Grande São
Paulo, onde atirou todos os pedaços em um matagal. Ela disse que o casal
frequentava um sítio em Ibiúna e costumava passar pela estrada. As malas e a faca foram jogadas em outro
local, que Elize já indicou para a polícia. O delegado Jorge Carrasco disse que
a polícia vai apreender os objetos. Uma testemunha de Cotia disse à polícia ter
visto quando um motociclista, vestido de preto e em uma moto escura, jogou os
sacos no matagal. O marido de uma das três empregadas do casal também chegou a
ser investigado, mas agora a polícia descarta ajuda no crime. “Não houve mentira, o depoimento foi seguro.
Os indícios eram muito fortes e foram apresentados para ela. Não acredito que
ela esteja acobertando ninguém”, disse Carrasco. Segundo a polícia, enquanto
Elize saiu para desovar o corpo do marido, a filha deles, de 1 ano, ficou no
apartamento com uma babá. O delegado disse que dificilmente a menina viu alguma
coisa, pois os cômodos do imóvel são distantes. O barulho do tiro também não
deve ter sido ouvido, pois as janelas têm proteção antirruído. Elize também revelou em seu depoimento que,
após cometer o crime, doou o colchão onde o casal dormia para uma babá, que
será ouvida pela polícia ainda hoje. O casal tinha três empregadas: uma
doméstica e duas babás. Elas não tinham acesso a todos os cômodos do
apartamento, segundo a polícia. Segundo
o delegado Carrasco, Elize não disse em seu depoimento se estava arrependida
pelo crime. Presa desde segunda-feira, segundo a polícia, ela teve a prisão
prorrogada pela Justiça por mais 15 dias. Ela deve ser indiciada por homicídio
qualificado, com ocultação de cadáver. O
advogado da família da vítima, Luiz Flávio Borges D'Urso, disse ontem que “a
família se sente reconfortada com a confissão e com o trabalho da polícia”.