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Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Ilha das Flores - Cidades do Velho Chico - Cap. 30

 Os melhores caminhos para se chegar ao município de Ilha das Flores passam pela rodovia SE 200, seja vindo de Propriá ou trafegando pela SE 100, vindo de Aracaju, pegando depois a SE 204 para novamente trafegar pela SE 200, que corta toda a cidade, margeando o rio São Francisco. A cidade de Ilha das Flores fica distante 135 quilômetros da capital, e sua população está em 8.321 pessoas – censo de 2022. A área total do município é de 52,693 km², com uma densidade demográfica de 157,91 hab/km². Faz limites com os municípios sergipanos de Brejo Grande, Neópolis e Pacatuba, e ainda com o município alagoano de Penedo.
  A história da localidade passa pela data de 15 de fevereiro de 1826. Com a chegada dos padres jesuítas em Cajuípe de Cima, Brejo Grande, várias missões foram realizadas em várias localidades. Como de costume, os padres recebiam de presentes bois. Com uma quantidade razoável, procuraram um lugar para criá-los, É aí que entra na história o caboclo Manuel Ricardo para ser o vaqueiro e também encarregado de encontrar um local onde plantariam capim para alimentar o gado. com os quais formaram um arraial seu nome inicial de Ilha dos Bois. Como havia uma quantidade enorme de flores nativas cobrindo as terras que formaram o município, e ainda por se tratar de uma ilha do rio São Francisco, logo o nome foi mudado para Ilha das Flores.  
  Quase dez anos depois, em 15 de março de 1835, os padres jesuítas foram expulsos pelas tropas portuguesas e entregaram as terras ao chefe político da região, o coronel Agripino do Aracaré, de Vila Nova, hoje Neópolis. Esse coronel prosseguiu comprando e vendendo gado até sua morte, quando a esposa assumiu os negócios. A esposa não levou o negócio adiante e acabou vendendo a boiada e doando as terras ao padroeiro do município, Santo Antônio. A terra doada foi dividida entre vários posseiros, que construíram dezenas de barracas no local e deram o nome de Arraial de Santo Antônio.
  Depois disso a Ilha prosperou bastante. Em 7 de abril de 1947, com a iniciativa do farmacêutico Luiz Ferreira Lisboa, passou à condição de povoado. Na época, ele era prefeito de Parapitinga, hoje Brejo Grande, e conseguiu em 15 de abril de 1950 a condição de distrito, oficializado somente pela através da Lei 823, de 24 de julho de 1957, mas ainda pertencente a Brejo Grande. Luiz Lisboa (antigo dono da Fazenda Cabacinha, ex-delegado, ex-vereador e ex-prefeito) foi também o responsável pela emancipação do distrito. Enquanto administrava Brejo Grande, providenciou a documentação necessária para desmembrar o lugar onde nasceu do município do qual era prefeito. A oficialização veio com a Lei estadual nº 916, de 30 de janeiro de 1959, desmembrando o atual distrito de Ilha das Flores de Brejo Grande, formando um município com um único distrito. A instalação ocorreu apenas em 1º de abril de 1960. 
  A presença do São Francisco deveria ser um bom motivo para Ilha das Flores ser um exemplo no trato com o meio ambiente. Entretanto, essa realidade está ainda muito longe. Apresenta 11,4% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 48,3% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 19,9% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada. Está entre os últimos em Sergipe nestes quesitos. Mas uma coisa ninguém pode negar: é uma das regiões mais belas do estado e precisa desenvolver sua capacidade de atrair mais turistas. O principal tempero para isto já tem, que é a generosa receptividade do seu povo aos visitantes.   

Riachão do Jacuípe - Um Lugar no Sertão 16

  Três grandes rodovias formam os tapetes para que você possa chegar a Riachão do Jacuípe: BR 324 e as BA’s 120 e 233. E, claro, seu nome vem do rio que nasce no município de Morro do Chapéu, na Cachoeira do Ferro Doido, numa altitude de 1 011 metros. É o Rio Jacuípe que desce sertão abaixo pelo semiárido ao norte do Piemonte da Chapada Diamantina, formando a bacia do Jacuípe, banhando vários municípios da vasta região do semiárido baiano. No município de Antônio Cardoso, desemboca no rio Paraguaçu, compondo o lago da barragem da Pedra do Cavalo. Depois segue por Conceição da Feira, Governador Mangabeira, Cachoeira, São Félix e Maragogipe, chegando à Baía de Todos os Santos, na região metropolitana de Salvador. O significado é riacho dos Jacus e, assim, Riachão do Jacuípe fica sendo o riacho grande dos jacus. 
   Quem trafega pela BR 324, para Feira de Santana, Salvador, Jacobina, Juazeiro, certamente já se deparou em algum momento com Riachão do Jacuípe. Os amantes do futebol baiano sabem que há uma agremiação chamada Jacuipense, inclusive disputando o campeonato baiano da 1ª divisão e a série D do campeonato brasileiro, fruto do trabalho dos futebolistas da cidade. Seu estádio tem capacidade para 5 mil pagantes.
   Mas a história do município não fica só por aí. Riachão do Jacuípe nasceu umbilicalmente associado à subdivisão das capitanias hereditárias, segundo o historiador Luís Dias Tavares. As sesmarias de terras concedidas a poderosos senhores ajudaram a povoar a região. Foi o caso do 2º maior latifundiário do Nordeste brasileiro, Antônio Guedes de Brito, da Casa da Ponte, Mestre-de-Campo e Regente do São Francisco. Suas terras margeavam o Velho Chico, o Jacuípe e o Itapicuru, chegando a quase mil quilômetros. Perdia somente para Garcia d’Ávila, da Casa da Torre, com terras da Praia do Forte até o Piauí.
    Mas as terras eram habitadas pelos índios Tocós e os posseiros pediram aos jesuítas que assistissem e doutrinassem os índios existentes nos territórios. Os padres aceitaram e conseguiram torná-los cristãos. Nas escavações para as construções das primeiras casas, no local onde veio a ser a praça da matriz, foram encontrados muitos fósseis e utensílios domésticos dos primitivos habitantes. Com o fim das sesmarias em 1822,  esses latifúndios foram-se reduzindo, e os currais e plantações existentes ao longo dos sertões deram origem a muitos municípios, inclusive, Riachão do Jacuípe, produto da fazenda Riachão, de propriedade do senhor João do Santos Cruz, que veio a criar a povoação. Vale dizer que os bandeirantes não tinham noção de se tratar do rio Jacuípe. O nome inicial era Riacho dos Tocós. Como havia bastante água para um riacho, veio daí o nome Riachão. Mas além dos índios, bandeirantes e padres, os fazendeiros trouxeram escravos africanos.
   No ano de 1800, o padre Diogo, responsável pela freguesia de Itapororocas, solicitou o desmembramento da Capella de Riachão e pediu para erguer a freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Riachão, alegando que aquela Capella ficava muito distante da freguesia de Itapororocas e das matrizes de Água Fria e Jacobina. A carta informou também que a região já estava bem habitada e que os rios Jacuípe, Peixe e Tocós ficavam muito cheios, negando passagem, principalmente em épocas de trovoadas.  É provável que já existisse nessa época a Capela do Cemitério. Em 1838, através de lei, foi criada a freguesia com o nome de Nossa Senhora da Conceição do Riachão.
   A construção da igreja matriz ocorreu durante o século XIX, formada por uma capela de um único vão, adobo cru e cobertura de palha. As reformas ocorreram em três etapas, com recursos provenientes de doações, tendo como responsável o senhor Manoel Gonçalves Mascarenhas e o vigário João Pedreira Lapa, conforme recibos do ano de 1863.    
   A iluminação pública da povoação foi feita inicialmente através de lampiões com querosene, pendurados nos postes de madeira, em frente às casas. As primeiras famílias que habitaram foram os Mascarenhas, Gonçalves e Carneiro. A primeira escola aberta surgiu em 1851, só para meninos, tendo como primeiro professor público o tabelião Ângelo Ambrósio de Figueiredo, pago pela Tesouraria Provincial. A dita escola funcionou em uma casa residencial.
   Finalmente, em 1º de agosto de 1878, conforme lei assinada pelo Barão Homem de Mello, Riachão do Jacuípe foi elevado à categoria de Vila, e pela mesma lei foi criado o município, com o nome de Villa de Nossa Senhora da Conceição do Riachão do Jacuípe, desmembrado de Jacobina, sendo-lhe anexadas as freguesias de Nossa Senhora da Conceição do Coité e Nossa Senhora da Conceição do Gavião. Em 25 de outubro do mesmo ano, ocorreu a instalação da referida Vila e a posse dos Vereadores, cuja eleição tinha sido realizada em 15 de setembro. Foram eleitos, por maioria dos votos, sete cidadãos. O Tenente Coronel Marcolino Gonçalves Mascarenhas assumiu a presidência da Câmara Municipal, por ter sido o vereador mais votado. A sessão foi dirigida pelo Presidente da Câmara Municipal de Feira de Santana, então comarca de Riachão do Jacuípe, conforme consta em ata.
   Até o final do século XVIII, no Governo Imperial, o título de Cidade era direcionado às sedes de províncias e àquelas povoações que despertassem interesses maiores para o governo. A divisão administrativa limitava-se às Províncias, compostas por municípios, cuja sede era chamada cidade, e os municípios com sedes denominadas como Vilas. Só bem mais tarde, o município, o distrito e a cidade ficaram com a nomenclatura reduzida para Riachão do Jacuípe e a paróquia permaneceu como Nossa Senhora da Conceição do Riachão do Jacuípe. O município teve momentos de importância econômica, a ponto de ser um centro regional. Inclusive, o município de Conceição do Coité perdeu sua autonomia e voltou a ser distrito pertencente ao município de Riachão do Jacuípe. Essa situação não perdurou muito tempo. Ao longo da história, vários municípios surgiram dentro do território de Riachão, a exemplo do próprio Conceição do Coité, Gavião, Candeal, Ichu, Pé de Serra, Nova Fátima e Capela do Alto Alegre. Hoje, Riachão do Jacuípe tem apenas um único distrito, que é a sede.
   O município está localizado na área de expansão da Região metropolitana de Feira de Santana, fazendo limites com Pé de Serra, Retirolândia, Serra Preta, Nova Fátima, São Domingos, Conceição do Coité, Ichu, Candeal e Feira de Santana. Sua distância para Salvador é de 186 kms. Sua população em 2022 foi de 33.386 habitantes, numa área de 1.190,196 km², com uma densidade demográfica de 28,1 habitante por km². A zona urbana de Riachão do Jacuípe é considerável e passa a ideia de estar sendo bem cuidada. Sua área mais central é bem ampla e tem praças organizadas para o deleite das famílias e visitantes. Seu povo é acolhedor e tranquilo. Ainda é possível ver em Riachão do Jacuípe pessoas sentadas em cadeiras nas calçadas de suas casas, olhando a paisagem e sentido a pulsação da cidade no vai e vem de sua era. 

Jandaíra - Um Lugar no Sertão 15

   É fácil localizar Jandaíra no mapa da Bahia. É o último território que separa a Bahia de Sergipe, margeando o oceano Atlântico e a foz do Rio Real. Para chegar à cidade temos a Linha Verde, a BR 101 e a BA 396. Em 2022, a população era de 9.285 habitantes e a densidade demográfica de 14,49 habitantes por quilômetro quadrado, numa área total de 640,772 km². Jandaíra está localizada no nordeste do estado da Bahia, distante 248 quilômetros de Salvador. Limita-se com os municípios de Acajutiba e Rio Real, na Bahia, e com o município de Cristinápolis, no estado de Sergipe. 
  Mas como se formou esta comunidade, famosa por ter a praia de Mangue Seco, cenário de novela da Rede Globo? Tudo começou com a sesmaria doada por Carta Régia, de 23 de janeiro de 1573, ao governador-geral, D. Luís de Brito e Almeida. No século XVII, foi construída no povoado de Abadia a capela de Nossa Senhora de Abadia, elevada à categoria de freguesia pelo alvará régio, datado de 11 de abril de 1718, e de vila, com o nome de Abadia, em 28 de abril de 1728. Por força da Lei provincial nº. 1.985, de 26 de junho de 1880, a sede foi transferida para o arraial de Cachoeira, que hoje é Jandaíra e, em 6 de setembro de 1898, para a povoação de Cepa Forte.
  Em maio de 1903, a sede voltou para Cachoeira, tomando o município o nome de Cachoeira da Abadia. Por força da lei nº. 2.045, de 17 de agosto de 1927, o Cachoeira da Abadia foi mudado para Jandaíra, que significa 'abelha de mel'. Mas houve senões na era Vargas. Pelos decretos estaduais 7455, de 23 de junho de 1931, e 7479, de 08 de julho do mesmo ano, Jandaíra (ex-Cachoeira da Abadia) foi extinta, sendo seu território anexado ao município de Rio Real.
  Pouco mais de dois anos depois, é elevado novamente à categoria de município, com a denominação de Jandaíra, pelo decreto nº 8703, de 16 de novembro de 1933, desmembrado de Rio Real. A sede do antigo distrito de Jandaíra é oficializado como distrito sede e reinstalado em 04 de dezembro de 1933. Em 1937, o município tinha 4 distritos: Jandaíra, Abadia, Cachoeira da Abadia e Mangue Seco. O decreto estadual nº 11089, de 30 de novembro de 1938, muda o nome do distrito de Cachoeira da Abadia para Itanhi.
  Jandaíra é um grande produtor de coco da Bahia e de maracujá. O destaque no turismo é o distrito de Mangue Seco. é a Suas dunas chegam 35 metros de altura e foi cenário da novela Tieta, baseada na obra de Jorge Amado. Além disso, as praias da Bela Vista, Costa Azul, Ribeirinha, do Coqueiro, do Vaporzinho e dos Três Coqueiros são verdadeiros paraísos. Uma boa notícia sobre Jandaíra é sua taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade, de quase 100%, embora seu Ideb seja ainda mediano.   

Muquém de São Francisco - Cidades do Velho Chico 26

Neste 26º episódio da série Cidades do Velho Chico, vamos conhecer um município encantador: Muquém do São Francisco. Seu território margeia o lado esquerdo do São Francisco e a cidade fica afastada das águas do rio por cerca de 27 kms. Sua ligação com o rio é representada pelo seu maior povoado: Boa Vista do Pixaim. Muquém do São Francisco é um município jovem. Sua emancipação ocorreu mediante aprovação da Lei Estadual n.º 5.009, de 13 de junho de 1989, portanto completará agora, no dia de Santo Antônio, 35 anos. Curioso é que suas terras pertenciam ao município de Barra, cuja sede fica a 160 kms.

 Mas vamos contar a história completa.  Foram os tropeiros e garimpeiros vindos da Chapada Diamantina, em busca de gado e pedras preciosas em Goiás e Mato Grosso, que passavam pela região e atravessavam o Velho Chico em balsas de madeira. Era um pequeno vale de árvores frondosas e aqui paravam para a caça e a pesca como alimentos. Usavam as árvores para moquear – ou defumar – os alimentos. Este percurso era constantemente feito por garimpeiros e tropeiros que, após a caça e a pesca, acampavam e moqueavam os alimentos para durarem o tempo restante da viagem. O lugar acabou herdando a pronúncia popular do nome e ficou Muquém do São Francisco.   

   Mas isso nem sempre foi exatamente assim. Com a queda do garimpo e a mudança da dinâmica econômica, a povoação passou por certo esquecimento, até que, foi elevado à condição de distrito, com a denominação de Piragiba, pelo Decreto-lei Estadual n.º 141, de 31 de dezembro de 1943, confirmado pelo Decreto Estadual n.º 12.978, de 1º de junho do ano seguinte, subordinado ao município de Barra. O nome Muquém do São Francisco só voltou de forma oficial quando passou a ser município, instalado em 1º de janeiro de 1990. Muquém de São Francisco tem apenas o distrito sede e sua população chegou aos 10.443 habitantes, numa área de 3.638,1 km², censo de 2022 do IBGE. A densidade demográfica é de 2,71 habitantes por km² e sua distância de Salvador é de 710 kms. Os municípios limítrofes são Barra, Brejolândia, Ibotirama, Paratinga, Wanderley e Sítio do Mato.

   O Contraprosa esteve em Muquém do São Francisco nos primeiros dias deste ano, antes das torrentes chuvas que alagaram a cidade e foram notícias nos vários meios de comunicação da Bahia. A chuvarada atingiu o município no final de janeiro e causou alagamentos em várias ruas da cidade, deixando mais de 500 pessoas desalojadas. O Riacho Alegre, afluente do São Francisco, passa ao lado da cidade e ainda corre ao longo da rodovia recentemente asfaltada, que liga a BA 161 à cidade de Muquém e ao povoado Boa Vista do Pixaim. Esta rodovia ainda nem mesmo aparece nos mapas e os cruzamentos com o Riacho Alegre estão ainda sem passagem de água. A BR 242 fica a pouco mais de 16 kms de Muquém do São Francisco e liga o município a Brasília ou a Ibotirama.

Paratinga - Cidades do Velho Chico 25

 A série Cidades do Velho Chico, neste episódio 25, chega à cidade de Paratinga, localizada à margem direita do São Francisco, no meio do caminho entre Bom Jesus da Lapa e Ibotirama. Seu acesso pode ser feito pela BA 160, em perfeito estado de conservação. Para contar sua história, além das fontes convencionais, teremos o auxílio luxuoso do livro Histórias de Paratinga, de Tiago Abreu, que pode ser encontrado no Amazon. O livro é um mergulho no cotidiano do município e foi escrito a partir de 2016, quando então a BA 160 era uma das piores rodovias do país. Nós estivemos em Paratinga nos dias iniciais deste ano e, para nossa sorte, a realidade da estrada é outra. Tiago abreu nasceu em São Paulo, mas, como ele mesmo afirma, não chega a ser de lugar nenhum, um curioso pela busca dos caminhos perdidos da história de Paratinga e por sua ancestralidade.

 O município de Paratinga tem sua existência inicial com os índios nativos do lugar, os tamoios, cataguás, xacriabás, aricobés, tabajaras, amoipira, tupiná, ocren, sacragrinha, tupinambás e os predominantes tuxás, até o final do século 17. Em 1680 os europeus chegam por aqui e constroem uma capela, destruída mais tarde por uma cheia do São Francisco. A colonização começou quando o pecuarista e latifundiário Antônio Guedes de Brito recebeu sesmarias que compreendiam muitas áreas do interior da Bahia, o que incluía a região de Paratinga, assim formando um mundo de vastas áreas. A Casa da Ponte foi o segundo maior latifúndio do Brasil Colonial. Guedes de Brito é considerado o responsável pela extinção de grande parte da população indígena da região do Médio São Francisco. Os que sobreviveram foram escravizados.

  Após a morte de Guedes de Brito, sua neta Joana da Silva Caldeira Pimentel Guedes de Brito tornou-se proprietária de várias fazendas herdadas pela família. Numa delas, fazenda Santo Antônio do Urubu de Cima, surgiu o arraial conhecido como Urubu. No início do século XVIII, em 1710 aproximadamente, já existia uma povoação, ponto de passagem e pousada de boiadeiros e viajantes que transitavam rumo as Minas Gerais ou em sentido contrário. Em 11 de abril de 1718, o Arraial de Santo Antônio do Urubu de Cima tornou-se uma freguesia, com esse mesmo nome. Em 1714, contava com 362 casas e 3.425 habitantes. Em 1745, o arraial foi elevado a Vila e em 27 de setembro de 1749 desmembrou-se de Jacobina com a denominação de Urubu. Em 25 de junho de 1897, a Vila Urubu foi elevada à categoria de Cidade através da Lei Estadual nº 177, de 25 de Junho. A denominação Urubu perdurou até 1912. Foi o Deputado Muniz Sodré quem propôs a mudança para Rio Branco. Somente em 1943, um Decreto Estadual mudou o nome do município para Paratinga, vocábulo tupi que significa para = rio e tinga = branco. Cabe aqui uma lenda sobre o surgimento do nome Santo Antônio do Urubu de Cima. Falam que o nome veio por conta da descoberta de uma imagem de Santo Antônio debaixo de uma árvore, enquanto um urubu estava por cima, protegendo-a do sol.

 Quando ainda tinha o nome de Urubu, no período do Império, Paratinga gozava de imenso prestígio. Além de concentrar poderes da Corte, tinha vasta extensão territorial. Era, na época, o maior município do estado da Bahia. No ano de 1827, a vila limitava-se com Pilão Arcado, o estado de Minas Gerais, Barra do Rio Grande, Campo Largo, Vila de Santo Antônio da Jacobina, Rio de Contas, Vila Nova do Príncipe e Santana de Caetité. Em 1830, Urubu recebe sua primeira escola pública e sua Comarca é instalada cinco anos depois. O crescimento regional também gerou conflitos, inclusive com fatos violentos. Entre eles destacamos um dos casos mais notáveis ocorrido no dia 24 de janeiro de 1849. Antônio José Guimarães, um conhecido cangaceiro da região e parente de pessoas que ocupavam cargos públicos na vila, deixou todo o local em ruínas durante uma ação de três meses com um grupo armado de cem homens e se autodeclarou governador da região. A violência, que parecia sem controle, chegou a gerar propostas de emancipação do lugar. O Barão de Cotegipe, João Maurício Wanderley, em 1850, propôs a criação do Estado do São Francisco, cuja capital seria Paratinga, antiga Urubu. Essa ideia perdurou até bem pouco tempo, mas a proposta foi arquivada no Congresso Nacional.

 O município de Paratinga está distante 710 km de Salvador. Ocupa uma área de 2.624,118 km², e se limita com os municípios de Muquém de São Francisco, Ibotirama, Oliveira dos Brejinhos, Bom Jesus da Lapa, Sítio do Mato, Boquira e Macaúbas. Sua população chegou a 29.252 pessoas no Censo de 2022, o que representa uma queda de -2,49% em comparação com o Censo de 2010. A alta desigualdade social e pobreza historicamente constatada em Paratinga permanecem. Isso se deve, com destaque, à concentração de terra, à dependência do funcionalismo público e às poucas oportunidades e áreas de trabalho, o que provoca emigrações para os grandes centros urbanos. Sua densidade demográfica é de 11,14 hab/km². Vale ainda lembrar que, diante da cidade, localizada à margem oeste da zona urbana, existe a Ilha de Paratinga, a maior ilha fluvial de todo o Rio São Francisco. São 12.000 metros de comprimento e 300 metros de largura. Também existem outras ilhas: a Ilha Mangal, a Ilha dos Cavalos,  e a Ilha Barroso. Além do distrito sede, Paratinga ganhou o distrito de Águas do Paulista, datado de 1953, que inclusive possui fontes de águas termais.

 Cabe aqui uma observação final. O retrato de como está Paratinga hoje pode ser observado na leitura de Histórias de Paratinga, de Tiago Abreu. Lá tudo parece vivo e pulsante, como aliás percebemos nas horas que passamos fazendo estas imagens. Notório é que o povo do lugar luta para ser mais do que de fato é. No vai e vem da cidade, nas vereadas do interior, há uma gente que batalha para ser protagonista de sua própria história.   

Poucas & Boas nº 113: Carlo Acutis, o Padroeiro da Internet!

Santo Carlo Acutis, o Padroeiro da Internet
O Santo da Internet 

   Sim, é vero! Temos santo! A Igreja Católica está de olho nos tempos modernos e caminha para mudar o foco sem mudar a lupa. De olho na juventude cada vez mais distante da fé, Roma procura formas de atraí-la para o seu rebanho. Agora mesmo já encontrou o segundo milagre para que Carlo Acutis, italiano morto aos 15 anos, possa ser alçado à condição de Santo da Internet. O primeiro milagre foi a cura de um menino no Brasil com problemas no pâncreas e o segundo foi a recuperação de uma mulher na Costa Rica com grave traumatismo craniano. Em 2013, Carlo Acutis, um jovem religioso envolvido com jogos de videogame e que pretendia aprender programação, recebeu o título de Servo de Deus, primeiro passo para ser reconhecido como Santo. Na informalidade já é o Santo Padroeiro da Internet.

Só milagre

   Nem mesmo Santo Carlo Acutis nos salvará da decadência da polarização. Tomara que ele possa ter força para promover o milagre da tomada de consciência dos grupos ideólogos de esquerda e direita. Está difícil, Meu Santo! E que Vecinho nos tolere do outro lado! O governo Lula 3 está longe de ser parecido com os dois primeiros, do ponto de vista administrativo em geral. Politicamente é o mesmo quando busca os culpados pelas mazelas do país. Antes era o PSDB e hoje tem Bolsonaro. Mas todos tendem a comparar o governo atual com o do capitão. Aí é covardia. Ninguém pode ser pior que aquilo. Os bolsonaristas são tão ruins que procuram erros exatamente onde o governo acerta. Isso deve ser proposital. O caso do Leilão do Arroz é exemplo. Eles fingem não conhecer sequer o significado da palavra Leilão. O governo só pagará quando o arroz estiver estocado na Conab. A empresa que se candidatar e não estiver apta será desclassificada e ainda pagará multa. Nesta o governo acertou, mas há pessoas que apostam na ignorância do nosso povo e faz a gente perder muito tempo.

São Pedro

   Se o frio tomar conta da Praça de Eventos e o forró não esquentar, os ambulantes e barraqueiros entrarão numa fria. É que os preços para aqueles que desejarem ocupar um espaço para vender cerveja, churrasquinho, bebidas quentes e afins já foram publicados no Diário Oficial do Município. O vendedor de cerveja com isopor pagará 100 reais. Uma barraca em bom local pode pagar a partir de 1 mil reais. É muito dinheiro para um lucro tão curto. A festa está marcada para 5, 6 e 7 de julho. A programação oficial ainda não foi divulgada, mas se sabe que Os Barões da Pisadinha não virão, para decepção dos que acreditam em promessas. Entretanto, há um zunzunzum de que Fulô de Mandacaru está confirmado, com garantia de aumento da temperatura na Praça de Eventos.

Ele voltou!

   Com voz embargada, como se a revelar uma grande novidade, Zelito Ribeiro, ex-prefeito de Cícero Dantas, anunciou que desistiu de não ser mais candidato a prefeito. Ficou afastado uns trinta dias para dar a oportunidade de escolher um outro nome que fosse o dele mesmo. Tentou buscar o melhor para Cícero Dantas! Como não tem tu, vai eu mesmo! Incrível é como o município não consegue se livrar destas figuras carimbadas. A política, na terra do Bom Conselho, quando muda um nome é para não mudar a prática. Está aí dr. Ricardo que não deixa o Contraprosa mentir. Será que Kael tem tanta coragem assim para fazer diferente? Duvidamos, mas torcemos para que queime o nosso algoritmo.

FPM Zero!

   Ninguém imagina como o prefeito José Mendonça Dantas está administrando Heliópolis. O Fundo de Participação do mês de junho é tradicionalmente recheado. Isso, claro, tem a ver com os constantes gastos de contratação de bandas e forrozeiros. Os convênios ajudam, mas não pagam todas as contas. O problema é que Heliópolis não recebeu um centavo sequer neste 1º FPM de junho. E não é a primeira vez! O que está acontecendo com as contas da Prefeitura de Heliópolis? Será que sofre do mesmo carma da farmácia e da lotérica? Quebrar uma prefeitura duvidamos, mas a coisa está caminhando para o abismo. O problema é que o prefeito é centralista, teimoso e se faz de surdo. Será que tudo ficará fácil para Thiago Andrade?

Bahia imbatível!

   Não! Não é o Esporte Clube Bahia! Este até que vai bem no campeonato brasileiro, coisa que não posso dizer do meu Vitória. É a Bahia, nosso estado. Campeão de mortes violentas no Brasil. Foram quase 1.500 homicídios de janeiro a abril. São mais de 350 por mês ou mais de 12 mortes violentas por dia. Foram 12.372 homicídios em todos o país, com 12% dos casos na Bahia. Pernambuco também contribuiu com 1250 mortes e o Ceará vem sem seguida com 1.106 casos. Os três estados lideram o campeonato vergonhoso da matança em série. É uma guerra que parece não despertar a atenção de ninguém no andar de cima. Na nossa região, Cícero Dantas está com a medalha de ouro vermelho. Foram 10 mortes de janeiro a abril.

Polícia Federal em Jeremoabo!

A Polícia Federal deflagrou a Operação Jerimum, na sexta-feira,24.05, com o objetivo de desarticular esquema criminoso especializado em fraudar licitações da Prefeitura Municipal de Jeremoabo/BA, através da celebração de contratos irregulares com o município, na área de transporte escolar, com superfaturamento de preços e, consequentemente, desvio de recursos públicos. 

O esquema consiste na interposição de “laranjas” como proprietários das empresas contratadas, com a finalidade de ocultar o real beneficiário da fraude, além de alteração da razão social das empresas, disfarçando a continuidade delitiva, ou ainda através da inclusão de novas empresas pertencentes ao mesmo grupo criminoso para participar das licitações fraudulentas.

Não obstante as licitações serem procedidas por meio de pregões eletrônicos, não eram disponibilizados todos os documentos e/ou links necessários para a participação de outras empresas no certame na plataforma utilizada para fazer a publicidade dos atos, ou dificultava-se o acesso para incluir/encaminhar documentos, o que findava por gerar a desclassificação das empresas participantes e a restrição da concorrência.

Desde as primeiras horas da manhã, cerca de 30 Policiais Federais cumprem 06 mandados de busca e apreensão nas cidades de Jeremoabo/BA e Paulo Afonso/BA, inclusive na sede da Secretaria Municipal de Educação de Jeremoabo/BA, visando colher elementos para robustecer as evidências de fraudes e dos desvios de recursos públicos praticados em desfavor do município e da União, além de revelar outros envolvidos porventura ainda não identificados.

O prefeito do município é o Deri do Paloma e não é primeira vez que ele se envolve em problemas com investigações. Mesmo assim foi reeleito no pleito de 2020. No momento das buscas, os policiais apreenderam uma arma de fogo e R$ 133 mil. Não houve prisões. Operação Jerimum é uma alusão à origem do nome do município de Jeremoabo, que provém do Tupi, e significa “plantação de abóboras” ou “plantação de jerimum”. A Polícia Federal continuará investigando para identificar outros integrantes da organização criminosa e chegar ao valor de mais um rombo causado aos cofres públicos.

Propriá - Cidades do Velho Chico 23

Quem passa pela BR 101 sobre a ponte do rio São Francisco, na divisa entre Sergipe e Alagoas, é impossível ignorar uma cidade próspera e encantadora. Seu nome é Propriá, que fica na margem do Velho Chico do lado de Sergipe. A cidade, além da 101, é servida pelas rodovias estaduais SE 200 e SE 204. Sua população, em 2022, chegou a 26.618 habitantes, numa área territorial 96,320 km², apresentando uma densidade demográfica bem alta de 276,35 hab/km². Faz limites com os municípios de Porto Real do Colégio, em Alagoas; Neópolis, Japoatã, Malhada dos Bois, São Francisco, Cedro de São João e Telha, todos em Sergipe. Propriá fica distante de Aracaju por 98 kms.

O surgimento do município ocorreu por volta do princípio do século XVII, quando foi instalada uma missão jesuíta para catequese dos índios. Seu nome inicial era Urubu de Baixo e a região pertencia ao conquistador de Sergipe Cristóvão de Barros, mais tarde doadas ao seu filho Antônio Cardoso de Barros, por volta de 1600. Mais de quatro décadas depois, dona Guiomar de Melo doou as terras ao genro Pedro Abreu de Lima. Por estar numa ótima localização, Urubu de Baixo passou por rápido progresso. Em 18 de outubro de 1718, a sede da Freguesia passou a se chamar de Santo Antônio de Urubu de Baixo, desmembrada da Vila Nova do São Francisco. Em 5 de setembro de 1801, foi elevada à Vila, só devidamente instalada em 7 de fevereiro de 1802. Nesse dia foi construído um pelourinho em frente à Igreja de Santo Antônio como sinal de autonomia.

No fim do ano de 1859, o imperador Dom Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina chegam a Propriá, através do Rio São Francisco. Foi ele quem idealizou a ponte, mas a queria em outra localização, passando por dentro da cidade. Segundo o próprio Imperador, Propriá era na época uma vila de 3 mil habitantes, com algumas casas boas e de sobrado, e uma fábrica de descascar arroz, com máquina de vapor e outras modernidades. Além do arroz, produzia peixe, algodão, cana-de-açúcar e tinha uma enorme feira regional. A cidade se transformou num centro econômico tão forte que virou o segundo centro comercial mais poderoso de Sergipe, perdendo apenas para Aracaju. 

Vale um registro importante na área da educação. Um padre chamado Antônio Cabral, vigário da cidade, após receber três freiras de Portugal, resolveu construir um colégio para meninas. Boa parte dos recursos para a construção da escola foi doada por João Fernandes de Britto. Nasceu, então, o Colégio Nossa Senhora das Graças, que começou a receber meninas das famílias tradicionais de Sergipe, passando a ser também centro de desenvolvimento da educação no estado. Diante disso, Resolução Provincial nº 755, de 21 de fevereiro de 1866, eleva Propriá à categoria de cidade. A partir da década de 1970, o município passa por forte decadência. Além da própria dinâmica da atividade comercial, a eleição de péssimos prefeitos, deputados e governadores, a decadência da importância comercial do São Francisco e da pouca importância dada ao turismo fizeram com que Propriá caísse 20 posições no ranking do estado.

Mas sua importância na criação de pensadores, juristas, professores e demais continua. Filhos ilustres de Propriá contribuíram para a formação do país. Alguns exemplos: José Rodrigues da Costa Dória - Doutor em Medicina, professor, deputado federal por Sergipe de 1908 a 1911, membro da Academia Nacional de Medicina, foi presidente de Sergipe. Dom Antônio dos Santos Cabral - bispo de Natal/RN e de Belo Horizonte/MG. Luiz José da Costa Filho - jurista, jornalista, poeta e foi também deputado estadual. Monsenhor Marcolino Pacheco do Amaral - jornalista, poeta e autor do ‘Compêndio de Teologia Moral’. Seixas Dória - que chegou ao Governo do Estado na década de 60, cassado pelo regime militar. Mais recentemente, Propriá foi prestigiosamente representada pelo poeta, jurista, pensador e professor Carlos Ayres de Brito, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, chegando inclusive a presidir a corte.

A importância de Propriá para Sergipe não está apenas na sua história. Quem por lá passa, não resiste. É um lugar encantador. Na orla do Velho Chico tem bares e restaurantes para todos os gostos e oferecem do espetinho de carne às comidas típicas do estado. Mas não se deve sair de lá sem antes provar seus doces. Propriá tem tradição na fabricação de doces típicos. Destaque para o doce de batata, considerado o melhor do Estado de Sergipe.

Carinhanha - Cidades do Velho Chico 22

Foram os índios caiapós os primeiros seres humanos a habitar as terras onde hoje está a cidade de Carinhanha. Viviam em completa harmonia até a chegada do homem branco. No início do século XVIII, lá pelos idos de 1709, chegou um tal de Manuel Nunes Viana, bandeirante que participou da Guerra dos Emboabas. Buscava o rio das Velhas e atingiu a margem esquerda do rio São Francisco. Fez a travessia na confluência com o rio Carinhanha ou Carunhenha, onde encontrou um aldeamento de índios caiapós. A luta foi sangrenta. Os índios levaram a pior. Massacrados os caiapós, o bandeirante fez sua base para outras conquistas, formando um intercâmbio no local. Virou o centro entre Bahia e Minas Gerais.   

 Toda a região ao longo do São Francisco, no lado oeste da Bahia, virou um morgado dos Guedes de Brito, segundo latifúndio mais poderoso, depois da Casa da Torre. As duas Casas decidiram repartir entre si a ocupação das terras do Sertão do São Francisco, ficando os D’Ávilas com a parte norte. Decretaram guerra aos índios, que eles consideravam uma guerra contra pagãos, ou selvagens. Antes da chegada de Manuel Nunes Viana, essas terras já tinham sido doadas a Antônio Guedes de Brito, por volta do mês do agosto de 1693.

Investido na patente de Mestre de Campo, coube a Guedes de Brito desbravar o sertão do Vale do São Francisco, partindo com duzentos homens rumo ao vale. Morreu durante a missão e não conseguiu a tal pacificação, combatendo índios e negros aquilombados. Para o seu posto foi nomeado o General Mathias Cardoso de Almeida, que promoveu um verdadeiro massacre de índios e negros. Também, ainda antes de morrer, Antônio Guedes de Brito teria constituído Manoel Nunes Viana como procurador de suas duas filhas: Isabel e Joana Guedes de Brito. Coube a Manoel Nunes Viana estender os domínios dos Guedes de Brito, do Morro do Chapéu à Sabarabuçu, hoje Sabará, em Minas Gerais.

Em 1709, foi fundada a vila de San Joze de Carunhenha, onde foi montado o seu quartel general. Em 17 de novembro, Manoel Nunes Viana seguiu para a Capitania de São Vicente, onde lutou na Guerra dos Emboabas, retornando em 1712, seguindo a rota do ouro pelo Rio das Velhas, afluente do São Francisco. Finalmente, a Sesmaria de São José de Carinhanha foi doada ao sesmeiro Athanásio de Siqueira Brandão. Segundo o livro Tombo do Arcebispado de Pernambuco, a Freguesia de São José de Carinhanha foi instalada por Portaria de 06 de agosto de 1806, quando pertencia à Diocese de Pernambuco, pelo Bispo Azeredo Coutinho. Em 25 de maio de 1854, por decreto da Sagrada Congregação Consistorial, a Freguesia é desmembrada da Diocese de Pernambuco e incorporada à da Bahia. Em 1913, Carinhanha passou à categoria de Freguesia de São José de Carinhanha, pertencente à Comarca do Rio São Francisco, e foi elevada à categoria de vila em 20 de abril de 1832, sendo inaugurada em 1834. A emancipação do município só ocorreu em 17 de agosto de 1909, duzentos anos após a chegada de Manuel Nunes Viana, por força do Decreto Lei nº 762, sendo desmembrada do município de Barra do Rio Grande.

Curiosidade é sobre o nome do local. O significado mais plausível para Carunhanha, o primeiro nome, é “lugar dos sapos”. Outros preferem atribuir à grande quantidade de aves com o nome de “Carunhenha” existentes no lugar, hoje raramente encontradas nas margens das lagoas. Há uma terceira versão menos improvável que trata da existência de uma índia de nome Nhanha que, com a junção de um peixe, carí, formaria “Cainhanha”. Seja qual for a versão, hoje, Carinhanha é um município pujante, pertencente à Região Econômica do Médio São Francisco, com a cidade localizada à margem esquerda do rio São Francisco, na divisa com o Estado de Minas Gerais. Faz divisa com município mineiro de Juvenília e com os baianos Serra do Ramalho, Malhada, Feira da Mata, Coribe e São Félix do Coribe. A distância de Salvador é de 784 kms. Sua área total é 2.529,445 km², com uma população em 2022 de 28.869 pessoas, com 11,4 habitantes por km². 

Dados governamentais indicam que Carinhanha possui a metade da população na zona rural, com concentração nas comunidades de Marrequeiro, Agrovila 15, Agrovila 16, Agrovila 23, Feirinha Vila São João, Barra do Parateca, Feirinha de Santa Luzia, Vila são Jose, Barrinha, Angico, Queimada e Estreito Capinão. A agricultura é a base de sua economia, mas tem potencial para o turismo, ainda parcialmente explorado. É servido pela BR 030 e pela BA 161, ligando-se ao município de Malhada, que fica na outra margem do São Francisco, por uma vistosa ponte. É possível encontrar quase tudo em Carinhanha. Seu comércio é bem distribuído e os preços não são de expulsar turistas. Além disso, seu povo é acolhedor e divertido.

Ádria, o último adeus!

Neste domingo (28) foi sepultada Ádria Carolina Reis Barbosa, que morreu vítima de um acidente na rodovia BA 393, próximo à divisa da Bahia com o estado de Sergipe. O trecho onde aconteceu o fato fica no município de Fátima-Ba. Ádria vinha numa motocicleta Pop 100 quando um caminhão invadiu a pista contrária e chocou-se de frente com a vítima. Ádria vinha de Poço Verde-Se e o caminhão de Heliópolis-Ba. O acidente ocorreu por volta das 7:00 horas da manhã, do dia 18 de abril. Ela foi socorrida e recebeu os primeiros socorros em Poço Verde. Como apresentava múltiplas fraturas e hemorragia, foi levada para Lagarto e lá, com o quadro estabilizado, seguiu para Aracaju. Sua morte foi anunciada no sábado (27). Após passar pelo IML, seu corpo foi liberado para ser sepultado em Heliópolis, neste domingo. Uma multidão acompanhou o cortejo fúnebre até o cemitério central da cidade. 

Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Para se chegar ao município de Nossa Senhora de Lourdes, no Estado de Sergipe, a estrada mais indicada é a SE 200, vindo de Gararu, ou a SE 170, que vem de Gracho Cardoso e Itabi. A ligação do município com o rio São Francisco é a rodovia SE 170, que segue asfaltada até o povoado Escurial. Da sede até o Velho Chico são cerca de 15 kms. Nossa Senhora de Lourdes é destes municípios pequenos do interior aconchegante e convidativo. Sua população é de 6.268 pessoas, censo de 2022, abrangendo uma área total de 83,767 km², abrigando uma alta densidade demográfica de 74,83 habitantes por km². Faz limites com os municípios de Itabi, Gararu, Canhoba, todos em Sergipe, e Traipu, em Alagoas. Fica distante de Aracaju por 135 kms.

A história da localidade tem início no ano de 1810. Um casal de pernambucanos, Joaquim José e Ana Josefa da Rocha, chegou ao local fugindo da seca. Depois de passarem por Piranhas, em Alagoas e Gararu, em Sergipe, aportaram em Escurial, povoado ancorado nas margens do Velho Chico. Tempos depois, penetraram na mata fechada até chegar a uma grande lagoa, onde existia uma considerável quantidade de antas. Ali resolveram construir sua morada. Deram então o nome de Fazenda Lagoa das Antas. Sua povoação começa aos poucos. Por volta de 1870, novas famílias chegam e o lugar passa a ser Arraial das Antas.     

A povoação pertenceu ao município de Gararu até o ano de 1938, quando o seu território passou a ser parte do município de Canhoba. O nome Nossa Senhora de Lourdes foi determinado pelo padre Lauro de Souza Fraga, em 1938, mas só é efetivado pela Lei Estadual nº 554, de 6 de fevereiro de 1954, quando cria o distrito, ainda subordinado ao município de Canhoba. O município é criado, com a denominação de Nossa Senhora de Lourdes, pela Lei Estadual n.º 103-A, de 13 de maio de 1963, desmembrado de Canhoba, e instalado em 15 de dezembro daquele mesmo ano.

Embora tenha tido sua pedra fundamental datada de 2 de dezembro de 1917, a capela dedicada a Nossa Senhora de Lourdes foi concluída em 7 de outubro de 1990, e só foi oficializada como matriz em 10 de janeiro de 1999, ato do bispo Dom José Palmeira Lessa. Até então, a paróquia, criada em 10 de abril de 1977, por Dom José Brandão de Castro, tinha como matriz a antiga capela. A festa da Padroeira Nossa Senhora de Lourdes, antes realizada no dia 2 de dezembro, mudou para 11 de fevereiro, dia em que a santa é homenageada universalmente pela Igreja Católica.

Nossa Senhora de Lourdes possui 18 povoados, mas seu cordão umbilical com o São Francisco é o povoado de Escurial. É o ponto de encontro das pessoas com o rio nos fins de semana, faltando-lhe uma melhor estrutura para a recepção de turistas. A SE 170, que chega asfaltada até o povoado, já apresentava necessidade de recuperação. A região é rica em paisagens de arrebatar suspiros e tem um povo acolhedor e de boa conversa.  

Gararu - Cidades do Velho Chico 20

Dois caminhos nos levam ao município de Gararu, em Sergipe, a SE 200, vindo de Porto da Folha, e a mesma SE 200 irmanada com a SE 170, chegando de Nossa Senhora de Lourdes ou Itabi. Além de margear o rio São Francisco, a cidade está localizada num lugar mágico, nas terras que, no século XVII, pertenciam a Tomé da Rocha Malheiros, obtidas através de sesmaria de dez léguas, a partir da Serra da Tabanga em direção ao sertão. Há indícios de que, um pouco antes, os colonos portugueses se refugiaram pela Serra da Tabanga, fugidos do ataque dos holandeses, iniciando o povoamento em março de 1637.

O nome não começou como hoje se chama. A primeira denominação que se tem notícia foi Curral de Pedras, por motivos óbvios. Havia uma grande quantidade de currais construídos com paredes feitas com pedras, aproveitando o que havia em abundância no local. Os rebanhos de caprinos, ovinos e bovinos eram criados nestes cercados à beira do São Francisco. Isso facilitou o povoamento, embora tudo fosse lento. Somente na década de 40 do século XIX ocorreu a construção da Capela de Bom Jesus dos Aflitos, que chegou a ser a matriz da freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Porto da Folha, pela resolução nº 473, de 28 de março de 1857, situação que perdurou por sete anos. Tempos depois, a Resolução Nº 1.003, de 10 de abril de 1875, a povoação de Curral de Pedras passava a ser sede da freguesia de Nosso Senhor Bom Jesus dos Aflitos, virando assim distrito, desmembrado da de Nossa Senhora da Conceição da Ilha do Ouro, ampliada pela Portaria Nº. 1.038, datada de 28 de março de 1876.

O distrito de Curral de Pedras só se emancipou através da Resolução Provincial Nº. 1.047, de 15 de março de 1877, que elevou a freguesia à categoria de vila independente. Um mês depois, em 13 de abril, o dr. José Martins Fontes, 1º-Vice-Presidente da Província de Sergipe, sancionou a Resolução Nº 1.049, criando a comarca de Curral de Pedras, tendo o território da Ilha do Ouro como termo, desmembrada da comarca de Propriá. Daí em diante, tudo começa a ser organizado e o espaço entre o rio Gararu e o São Francisco passa a ser urbanizado para garantir a comercialização de produtos vindos de várias outras localidades. O nome Gararu foi instituído pela Resolução Nº 1.327, de 18 de abril de 1888.

O município de Gararu tinha apenas o seu distrito sede. Como várias povoações foram criadas no seu território, uma se destacou logo: Providência, que logo virou distrito. Providência virou Itabi e ganhou emancipação em 1953. Novamente, Gararu passa a ter apenas o distrito sede. Em 1957, dois povoados viram distritos: Lagoa Funda e São Mateus da Palestina, anexados ao município de Gararu. Sobre Lagoa Funda, sua localização é privilegiada. Além de margear o São Francisco, fica a 1 km do povoado Escurial, que pertence ao município de Nossa Senhora de Lourdes.  

A palavra Gararu é uma corruptela de “guararu”, palavra indígena que significa “rio dos pássaros vermelhos” ou “rio dos guarás”. Gararu faz limites com Porto da Folha, Nossa Senhora da Glória, Itabi, Nossa Senhora de Lourdes, Graccho Cardoso, todos de Sergipe; e Belo Monte e Traipu, em Alagoas. A cidade fica distante de Aracaju por 150 kms. Sua área total é de 644,722 km², abrigando uma população de 11.096 habitantes, censo de 2022, com uma densidade demográfica de 17,2 almas por km². Por sua localização e pelas paisagens de tirar o fôlego, Gararu está na rota do turismo daqueles que querem conhecer o Velho Chico. Além disso, é uma cidade organizada, bem cuidada e agradável, um verdadeiro convite para morar e ser feliz.

Lena morreu!

Professora Lena (1952-2024)

Depois de um final de semana festivo aqui na cidade de Heliópolis, nesta segunda-feira (15.04), pela manhã, em Salvador, faleceu a empresária do ramo educacional, professora Josefa Helenita Araújo Cardoso, muito conhecida pelo nome de Lena. Helenita era pedagoga e fundou em 2002 a Escolinha Passo a Passo, hoje referência em educação de qualidade na cidade. A professora passava por tratamento de um problema no intestino em Salvador, inclusive chegou a fazer procedimento cirúrgico. A notícia do seu falecimento foi uma surpresa e a Escola Passo a Passo teve suas aulas suspensas até novo aviso. Josefa Helenita era casada com Anailton Cardoso e deixou dois filhos. O corpo foi velado na Escola Passo a Passo e o sepultamento ocorreu às 9 horas da manhã, dia 16 de abril de 2024. 

Malhada - Cidades do Velho Chico 19

Malhada é um município do Estado da Bahia que nasceu em frente à foz do rio Carinhanha, quando este alimenta as águas do rio São Francisco. O nome teve essa origem pelo fato de que era um lugar de descanso dos rebanhos. Seu território pertencia ao município de Carinhanha e os primeiros habitantes foram os índios Caiapós. O território foi povoado por atividades em torno do Velho Chico, inclusive a criação de gado. Numa divisão administrativa feita em 1911, Malhada figurava como povoado de Carinhanha, virando distrito somente em 31 de dezembro de 1937.

Como inúmeras povoações surgiam ao longo do São Francisco, principalmente após a libertação dos escravos, além de Malhada surgem os distritos de Iuiú e Parateca. Daí, nasce a Lei Estadual nº 1563, de 29 de novembro de 1961, que desmembra de Carinhanha os três distritos para formar o município de Malhada. A instalação só ocorreu em 7 de abril de 1963. Como município de Iuiú foi criado em 1989, Malhada fica reduzido a dois distritos: a sede e Parateca. Em 22 de setembro de 1993, é criado o distrito de Canabrava e anexado ao município de Malhada. Também há povoados importantes que contribuem para o seu crescimento econômico, dentre eles a povoação de Julião, às margens da BR 030.

Dos três distritos, um está comprovado ser uma comunidade quilombola: Parateca, uma localidade que ganhou corpo nos fins do século XIX e ainda hoje é possível ver as ruínas da antiga Igreja do Arraial da Parateca, registro vivo do processo de ocupação do sertão do São Francisco. A área de Malhada é enorme e ocupa 1.979,193 km², abrigando uma população de 15.398 habitantes, com uma densidade demográfica de 7,8 pessoas por km².  Malhada faz limites com Bom Jesus da Lapa, Palmas de Monte Alto, Serra do Ramalho, Carinhanha e com o norte do Estado de Minas Gerais.

O potencial econômico de Malhada é muito grande. Sua localização geográfica à margem do Rio São Francisco e também do Rio Verde Grande, que marca a divisa entre Bahia e Minas Gerais, permite preservar os pilares da sua existência sustentados pela pesca, agricultura e pecuária. Apesar de sua localização na região semiárida do sudoeste baiano, a presença dos rios permite a formação de lagoas nas cheias, o que ameniza a convivência com o clima seco. Para se chegar à Malhada, os caminhos passam pelas BAs 160 e 161 e pela BR 030, todas em condições boas de trafegabilidade.

Poucas & Boas 112: Como está o jogo até aqui?

Indefinido

Isto, claro, em relação à escolha de Simone de Celso como candidata à vice-prefeita na chapa do prefeito Mendonça. Se ela realmente permanecer, é um indicativo de que as coisas não vão bem para o lado pardalesco. É só pensar que um vice se escolhe por dois motivos: para evitar racha no grupo ou para angariar mais votos. Qual a possibilidade de Simone sair do grupo de Mendonça? Quantos votos ela traria para o grupo? O único ponto positivo é o fato de ter uma representante feminina na chapa. Só. Mas nem isso poderia se levar em conta porque há outras mulheres no grupo. Enfim, como tudo será definitivo apenas nas convenções partidárias, há dúvidas sobre a permanência de Simone na vice.

Depende de grana

Para vencer a partida, os adeptos do pardalismo apostam que, uma vez Simone na chapa, Celso colocará a mão no bolso sem pena. Se a teoria é válida, então fica a afirmação de que o povo de Heliópolis está à venda, e que basta alguém oferecer dinheiro para se vencer uma eleição. Mas é preciso entender que só se pode comprar algo quando a mercadoria está exposta. Na verdade, estão querendo esconder a incompetência de um grupo que, desde o advento da reeleição, não conseguiu reeleger um prefeito, exceto quando Aroaldo Barbosa rompeu com os bem-te-vis e foi se eleger pelo grupo então opositor. Teimosia e centralismo são marcas dos que recebem mandatos e desprezam métodos adequados.

Thiago 1 X 0 Mendonça

Se a partida política fosse desenvolvida somente no processo das adesões, até ontem, Thiago Andrade venceria o jogo. E o gol de placa seria a estreia de Igor Leonardo no palanque. Muito bem recebido e ovacionado, o vereador filiou-se ao PSD e já discursou no seu estilo bem cadenciado e professoral. Sem desmerecer o valor de ninguém, é inegável que Thiago Andrade ganha esta partida de sobra com Igor como centroavante. O golaço foi marcado quando o vereador deixou claro que o povo sempre deve ser o protagonista de toda a administração pública. Nem precisou de var. No meio de campo e na zaga, a velha guarda e outros novos adeptos garantiam o placar final.

Thiago 2 X 0 Mendonça

Se a partida caminhasse para o campo do evento da filiação partidária, a coisa só não foi goleada porque o dia terminou meia-noite. A animação do povo era visivelmente maior na multidão que lotou a chácara de Thiago, no Bairro Santos Dumont. Seguramente havia muito mais de mil pessoas, três vezes mais que o evento do prefeito Mendonça na fazenda União. A organização do evento, o horário, o animador de palanque, os discursos, as autoridades presentes... Em todas essas alegorias o júri popular deu nota dez. Isso é o que chamamos de percepção do público e foi aqui que Thiago Andrade quase goleou.

Depende de Deus!

Os discursos no evento do 55 foram diversos e para todos os gostos. O presidente da Alba, Adolfo Menezes, recomendou capão para quem quiser permanecer jovem como ele; o deputado estadual Marcelinho Veiga disse que lutaria ao lado de Thiago até a vitória; o deputado federal Gabriel Nunes fez uma lista enorme de agradecimentos; o pré-candidato a vereador Dé Correia discursou, mas antes caiu do palanque, no exato momento em que a vereadora Ana Dalva previa Thiago Andrade como o maior prefeito de Heliópolis, depois de Ildinho. Falaram ainda Romilda, Marcelo Cigano, o capitão 10 Valdelício, Ronaldo, Ivan de Ildinho, André da Jiboia, Claudiano, Zé Milton do Tanque Novo, Charles de Clóvis, Manoel do Tijuco, Gildo Locutor e Beto Fonseca. Ildinho, como sempre, foi curto e certeiro. Disse que falaria pouco para não dizer besteira, mas deu seu recado. Por fim, falou Thiago Andrade. Este disse que a derrota sofrida na eleição passada foi algo guiado por Deus para que ele aprendesse mais sobre seu povo e sua gente. Agora estava na hora de colher os frutos desta aprendizagem. Foi ovacionado.

Depende do var

É preciso que os candidatos, a partir de agora, tomem cuidado com certos políticos profissionais e eleitores antirrepublicanos que, sabendo do processo, vão tentar se valorizar como moeda de troca. A tática é simples: aderem a determinado grupo e são fotografados ao lado do candidato. Logo vão receber a visita de um empresário, que deve oferecer alguma vantagem. O processo é comum e do conhecimento de todos. Além da folha de pagamento da prefeitura, que cresce nessa época escandalosamente, há um supermercado na cidade que tem mais funcionários do que o normal. A data marcada para a demissão de todos será em outubro. É necessário que isso tenha um fim. A democracia agradece.

Vencendo de goleada!

Fora da política, ainda bem, alguns dos nossos conterrâneos conseguem vitórias importantes e inéditas na educação, apesar de ainda sofrermos nessa área. Nossas homenagens hoje vão para Rudá Emídio, filho de Lula Emídio e da ex-vice-prefeita de Poço Verde, Rita da Lula. Rudá foi graduado na Faculdade de Economia e Administração da USP. Para quem não acredita no potencial do nosso povo, Rudá concluiu um curso na maior universidade da América Latina e no melhor curso de administração do Brasil. De que foi goleada, ninguém duvida. O placar é por sua conta.

Poço Redondo - Cidades do Velho Chico 18

Venha de onde vier, chegue de onde chegar, duas rodovias dão acesso à cidade de Poço Redondo: A SE 230 e a SE 309. Estas duas rodovias estaduais se entrecruzam na zona urbana da cidade, com condições razoáveis de trafegabilidade. Poço Redondo faz limites com os municípios de Canindé de São Francisco e Porto da Folha (Sergipe); Piranhas e Pão de Açúcar (Alagoas); e Pedro Alexandre (Bahia). Sua distância para Aracaju, capital sergipana, é de 185 kms. A população do município chegou a 33.439 pessoas no Censo de 2022 e sua área total é de 1.212,461 km², com densidade demográfica de 27,6 habitantes por km². 

A sua formação vem desde fins do século XVII, época em que se intensificava a colonização na região, ordenada pelo fidalgo Antônio Gomes Ferrão Castelo Branco. O território sob seu domínio era vasto, denominado de morgado de Porto da Folha, cuja penetração teve início no fim do século XVII e começo do século XVIII, abrangendo ainda Gararu e Canindé. Neste período, alguns aventureiros e caçadores da região começaram a se estabelecer às margens do rio Jacaré, construindo pequenas moradias, currais e fazendas. Logo o criatório de gado no sertão se intensificou.   Mais tarde, um morador chamado Luís Sucupira aconselhou a construir moradas juntas umas das outras. Começaram a se agrupar em um único lugar, num descampado situado a um quilômetro da sua grande fazenda. Em pouco tempo, vinte casas já estavam prontas e o lugar passou a se chamar Nossa Senhora da Conceição do Poço Redondo. Mais ou menos nesse período surge o povoado Curralinho, às margens do São Francisco, facilitando o deslocamento de pessoas e mercadorias.

A partir de 1902, um empreendedor chamado Manoel Pereira, estabelecido com fábrica de descaroçar algodão no arraial de Poço de Cima, resolveu transferir seu estabelecimento para Poço Redondo. O desenvolvimento só não foi melhor pela presença das constantes estiagens. Mesmo assim, a Lei Estadual nº 525-A, de 25 de novembro de 1953, cria o município com o nome inicial de Poço Verde, denominação que nasceu em referência a uma lagoa formada no leito do rio Jacaré. Até então, as terras estavam no município de Porto da Folha. A instalação do município ocorreu em 06 de fevereiro de 1956, quando o nome definitivo de Poço Redondo foi elevado à sede do município.

Nunca é demais lembrar que no município de Poço Redondo está a nascente do rio que dá nome ao estado. O rio Sergipe nasce na Serra Negra, limite com o município de Pedro Alexandre, na Bahia. Próximo dali está localizado o seu maior centro urbano do interior: Santa Rosa do Ermírio, distrito líder na produção de leite, com uma população que já ultrapassa os 10 mil habitantes e pede emancipação. No lado leste do território, desponta o Velho Chico. Vários povoados ribeirinhos apresentam atrações para o turismo: Curralinho, Jacaré, Cajueiro e Bonsucesso. A estrada que dá acesso ao povoado Curralinho é hoje conhecida como Antônio Conselheiro. O líder religioso passou pelo local vinte anos antes da Guerra de Canudos. A estrada também foi rota do cangaço e está repleta de placas lembrando os fatos históricos. Mais ao sudeste, no povoado Bonsucesso, está o fim da SE 309, a estrada que liga a povoação à cidade de Poço Redondo, infelizmente ainda sem asfalto. 

Poço Redondo é um município com muitas histórias e atrações. Não é exagero dizer que merece uma visita de contemplação. Ao chegar lá, é possível que o visitante se sinta atraído pelo lugar e nunca mais de lá queira sair, apesar de ainda apresentar uma periferia que merece maiores cuidados do governo municipal. Poço Redondo é um mundo de surpresas agradáveis, sobretudo pela natureza do próprio sertão em si e pela receptividade do seu povo aguerrido e trabalhador.  

Poucas & Boas nº 111: Qual o significado da palavra futuro?

O significado da palavra FUTURO. (Foto: Deviante)

Incerteza

Isto porque estamos chegando ao fim do fechamento da janela aberta para filiação partidária. Os pulos estão sendo dados aqui e ali e o vice ou a vice do atual prefeito ainda é uma incógnita. Na verdade, Mendonça joga para trazer os votos que perdeu ao longo de sua trajetória como prefeito. Na sua conta, Ildinho ou Ana Dalva somariam melhor. Como esta possibilidade é nula, seu grupo vive a mandar recados aos dois na esperança de um milagre acontecer. Além disso, torcem por um racha na oposição, uma incerteza ainda maior.

Competitividade

É o que esperam os grupos para formação de suas chapas que disputarão as cadeiras da Câmara Municipal de Heliópolis. Como somente cada coligação ou partido só poderá lançar 10 nomes, sendo inclusive 3 do sexo oposto, as contas estão sendo feitas. O grupo da situação tem nomes competitivos, todos homens. Precisam urgentemente encontrar 3 nomes de mulheres que possam agregar votos. Com o prefeito tentando se salvar de uma derrota, isso ficará para o quinto tempo. Na oposição, o problema é candidato demais. Ou faz duas coligações ou negocia desistência, mas competitividade é o que não falta para homens e mulheres.

Descrédito

A imprensa de nossa região tem sempre o cuidado de tratar dessa atividade comum da nossa política regional, a tal compra de votos. Usam todos os nomes para isso: adesão, pulo ou passagem. A negociata é crime, mas está aí debaixo das barbas do Ministério Público e da Justiça Eleitoral. Sejamos honestos, ocorre no país inteiro! O Centrão não me deixa mentir. Só que aqui quem surpreende são os mais privilegiados. Quando um miserável aceita votar por uma grana ou por um emprego, sua condição é o argumento. E o que dizer de pessoas que passaram oito anos trabalhando com o prefeito anterior, em cargos comissionados bem gordos, e agora aceitam pular a cerca para receber um carguinho de salário mínimo?

Oposição

Se juntarmos as pesquisas encomendadas pelas diversas lideranças, nossa região estará no colo dos opositores dos prefeitos. Sem citar nomes, apenas 4 municípios do Semiárido Nordeste II podem ter prefeitos eleitos em 2024 ligados aos grupos situacionistas. Todo o resto terá vitória da oposição, claro, continuando o atual cenário. Em Poço Verde, no Estado de Sergipe, a chapa Roberto Barracão/Edna Dória vai ter que cometer muitos erros para não chegar lá. O que não dá para entender é como alguém passa 4 ou 8 anos numa prefeitura e não consegue fazer o lastro para sua reeleição ou colocar um sucessor aliado. O povo, sempre sábio, não arrisca um novo nome caso o alcaide tenha feito um bom trabalho. Dizem que todo o problema é causado pela canseira. Os bichinhos trabalham demais!

Proibição

Heliópolis deixou de ser a terra do silêncio. Quem vive por aqui precisa gostar de zoeira. Além dos carros de som, que tem suas horas específicas, existem os fogos de artifícios. Se pulou um, lá vem o papoco! Fez promessa, lá vem outro! Se os carros de som circulam em horas mais ou menos programadas, isso não ocorre com os fogos. Tem gente papocando tudo em plena madrugada. Além disso, há as insuportáveis motocicletas com os escapamentos preparados para arrebentar os seus ouvidos. Um inferno! É hora de proibir. Velhos, crianças e doentes não merecem isso.

Contas rejeitadas

Se o que os vereadores dizem sobre os pagamentos feitos pelo prefeito José Mendonça em janeiro deste ano for apenas factível, o prefeito de Heliópolis deve ter suas contas deste ano rejeitadas. Isso, claro, se o TCM, de fato, considerar as irregularidades, o que é muito difícil. Recuperar calçamento a paralelepípedo logo depois de sua construção é ato de muita coragem. O prefeito tem enfrentado alguns percalços, inclusive ficou sem grana no último dia 20. FPM Zero. O motivo ainda está em estudo. No último FPM deste mês, Heliópolis chegou a 556 mil. Desta vez, o zerado foi o prefeito de Tucano.

Concurso

Está no portal Jeremoabo.com, e foi replicado pelo blog do Joilson Costa, que a Prefeitura Municipal de Jeremoabo, na Bahia, está com inscrições abertas para 134 vagas em concurso público em diversas áreas. As vagas são para cargo efetivo e cadastro reserva. As inscrições já estão abertas desde o dia 26.03.2024 e vai até o dia 10 de abril de 2024, sendo realizadas exclusivamente pela internet e os candidatos devem acessar o site do INSTITUTO BRB (https://institutobrb.selecao.net.br/) para efetuar a inscrição. As taxas variam de R$ 70,00 a R$ 120,00, dependendo do cargo escolhido. As provas estão marcadas para o dia 05 de maio de 2024.

Bom Jesus da Lapa - Cidades do Velho Chico 17

Bom Jesus da Lapa faz parte da mesorregião do Vale São-Franciscano da Bahia e da microrregião que leva o seu nome. Para se chegar ao município, trafega-se pelas BA 161 e 160, e pelas BRs 349 e 430. A cidade fica distante de Salvador por 796 kms e a 672 kms de Brasília. Ocupa uma área de 4.115,524 km², abrigando uma população de 65.550 pessoas, censo de 2022, com uma ocupação de quase 16 pessoas por km². Bom Jesus da Lapa faz limites com os municípios de Paratinga, Riacho de Santana, Malhada, Macaúbas, Serra do Ramalho e Sítio do Mato. É considerada a Capital Baiana da Fé e o terceiro centro de turismo católico mais visitado do Brasil. Mas como surgiu tudo isso? Neste episódio de Cidades do Velho Chico conheceremos a história de Bom Jesus da Lapa.

A região de Bom Jesus da Lapa era habitada pelos índios tapuias. O desbravamento do território iniciou-se no final do século XVII pelas bandeiras organizadas pelo mestre de Campo Antônio Guedes de Brito, proprietário da sesmaria da Casa da Ponte. Com a penetração bandeirante nasce a fazenda Morro, origem do povoado Bom Jesus, que logo depois passou a ser Bom Jesus da Lapa. Doze anos depois de chegar à Bahia, o português Francisco Mendonça Mar, que trabalhava como ourives e pintor, depois de cumprir penitência, despojou-se de todos os bens e veio caminhando pelo sertão, conduzindo uma imagem do Senhor Bom Jesus, até encontrar uma aldeia de índios tapuias, situada entre o morro e o rio. Instalou-se na gruta mais oculta no ano de 1791 e foi encontrado por garimpeiros, que espalharam a notícia da existência de um homem santo que habitava uma gruta. Daí em diante, o morro passou a ser ponto de afluência de peregrinos e aventureiros que ali se estabeleceram, formando o povoado. 

O Monge construiu, ao lado do Santuário, um hospital e um asilo para os pobres e doentes. Com um número cada vez maior de peregrinos a busca de curas, Bom Jesus da Lapa começou a crescer e a se desenvolver. Em 1890 passou à condição de município com a denominação de Bom Jesus da Lapa, por Lei publicada em 18 de setembro daquele ano, desmembrado do município de Urubu, atual Paratinga, com instalação ocorrida em 7 de janeiro de 1891. A condição de cidade só ocorreu em 31 de agosto de 1923. A área do município era bem maior e abrigava os distritos de Sítio do Mato e Gameleira da Lapa, hoje já emancipados. Atualmente, o município conta com dois distritos: a sede e Favelândia.

Mas a grande atração de Bom Jesus da Lapa é a beleza natural da formação rochosa, que abriga todo o santuário. O morro fica à margem direita do São Francisco, formado por um bloco de granito e calcário com quinze grutas em seu interior e fendas estreitas. Já o território do município contrasta com o morro porque é quase todo plano, surgindo, de vez em quando, no meio das planícies ou tabuleiros, alguns poucos morros. Numa votação feita em todo o país, foi denominada de Primeira Maravilha do Brasil. Isso talvez justifique os mais de 300 anos de romaria que fazem ao local. Claro que a base econômica é o turismo religioso. Mas isso não é tudo. Bom Jesus da Lapa tem forte agricultura, bom comércio e atividade pesqueira ao longo do rio São Francisco. Vale lembrar que há intensa agricultura irrigada, abrigando a 2ª maior atividade de irrigação da Bahia, o Projeto Formoso.

Bom Jesus da Lapa não é um lugar abençoado somente pela beleza do morro, mas também pela presença do Velho Chico. Durante muito tempo, os peregrinos chegavam nos diversos tipos de barcos. Ao rio o município deve sua povoação e também o peixe que alimentou gerações. Poucos lugares do Brasil reúnem tanta riqueza num só lugar. Por isso que Bom Jesus da Lapa não tinha como dar errado. A beleza do Velho Chico é somada à beleza natural das grutas do morro. Para completar, habita um povo trabalhador e cheio de fé, recebendo outros povos, de tantos outros lugares, com a mesma fé guiadora sempre para um mundo de harmonia no convívio entre todas as raças. 

Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Prefeito de Heliópolis e aliados na reinauguração da UBSF do povoado Tijuco, dia 16.03.24, no município de Heliópolis - Bahia.

No partido

Agora é oficial. José Mendonça Dantas não é mais do PL. Trocou o 22 pelo 15, do MDB de Ricardo Maia. Se o velho Ulisses Guimarães estivesse vivo, não acreditaria em que seu partido se transformou. Mas a culpa não é tanto da legenda, mas do sistema que se adapta às vontades dos seus dirigentes. Aqui não se cumpre Leis. Elas são transformadas para atender a manutenção dos poderosos no poder. Seria um incômodo para Mendonça continuar num partido que apoiou uma tentativa de golpe e está frontalmente esmurrando a nossa inteligência todos os dias. Ir para o MDB foi uma jogada inteligente porque o partido é aliado de Jerônimo e de Lula. Embora seja hoje um dos partidos do Centrão, servirá aqui para amarrar a vice-prefeita e o marido, que estavam bandeando para o lado da oposição.

Nas roupas

Na inauguração da UBS do povoado Tijuco, reformada com recursos do antigo Orçamento Secreto, não se viu nenhuma transformação ou mudança em relação aos últimos movimentos políticos. É fato que todos estavam com roupas diferentes, mas foi só isso. Não conseguem nem mesmo mudar os discursos. Quem duvida, veja lá no canal Impacto Jovem, do jornalista Jorge Souza, no YouTube. A seleção de falas é fantasia para fazer criança dormir e sonhar. A realidade passa longe. O que também não mudou foi o puxa-saquismo. Até o presidente da Câmara Municipal, que não estava tão contente com a administração, rasgou elogios ao prefeito, não sem antes pedir a reforma também da UBS do povoado Riacho.

Na proposta I

Quem conhece a política de Heliópolis sabe que o prefeito José Mendonça está desesperado à procura de um vice que lhe traga os votos necessários para garantir sua reeleição. Não é segredo a insistência para ter a vereadora Ana Dalva como companheira de chapa. Mas, desta feita, a proposta foi direcionada ao marido, com oferta para que ele transformasse a escola do povoado Cajazeiras em escola de tempo integral, ficando ainda com o controle total sobre a educação do município. A missão era só convencer a mulher a mudar de ideia. Como o casal não vive de ilusão, a resposta foi um “Agora?”. Como é possível fazer uma transformação radical desta com o ano letivo em andamento? Claro, nada prosperou.

Na proposta II

Ao mesmo tempo que assediavam Ana Dalva para vice, um conhecido empresário seguia para Aracaju a busca de Beto Fonseca. A proposta era turbinar a candidatura de Ildinho a prefeito com todos os recursos disponíveis, inclusive o apoio direto do comerciante. Sim, isso mesmo! Teríamos 3 candidatos fortes, com a oposição rasgada ao meio. Quem venceria? Mendonça, certamente. A charada foi logo decifrada. Alguns fazem política com o fígado e não têm a inteligência de perceber que as pessoas podem também pensar.  O que ficou patente foi a certeza de que a coisa não está lá boa para o lado dos governantes. Claro que tudo é possível mudar, mas para isso é preciso ter a capacidade de agir de forma transformadora.

Na BA 393

O mês de março está indo para as cucuias e lá se vão chegando os 3 meses de paralização da obra da rodovia BA 393. Até aí nada de novo. Não é a primeira vez que isso acontece, mas a transformação está acontecendo na estrada. O trecho de Heliópolis - BA até o município de Poço Verde – SE já apresenta os primeiros buracos no tratamento superficial simples. Como tudo está em silêncio, porque nenhum pai da desobra aparece, não dá para saber se a culpa é do Governo do Estado ou da GL Empreendimentos. Certamente vão culpar as chuvas que, aqui e ali, poderiam sim causar transtornos temporários.

Na data

A oposição em Heliópolis tem números que verdadeiramente indicam a possibilidade concreta de uma vitória de larga margem nas eleições deste ano. O problema maior é a própria oposição. Ela briga consigo mesma ao não se organizar. Acreditem: ainda não foi feita nenhuma reunião para estabelecer quem é quem e onde as coisas devem ficar, mesmo depois de inúmeros encontros entre Thiago Andrade, Beto Fonseca e Ildinho. Ou será que o grupo se resume a estes três? Ana Dalva disse uma vez a um eleitor que teria vários motivos para sair do grupo, mas nenhum contra Thiago. Também há o dobro de motivos para não aderir ao grupo da situação. Entretanto, verdade seja dita, o grupo da oposição não dialoga. Parece que não gostam de ouvir os nomes dos remédios que são bons para curar as feridas. A boa notícia é que finalmente uma reunião foi marcada para o último final de semana. Só que não! A data foi remarcada para até o dia 22 de março. Uma mudança visível!