Em mais um episódio da nossa série Um Lugar no Sertão, hoje vamos conhecer o município de Mairi. Localizado no nordeste da Bahia, a caminho da Chapada e da região central do Estado da Bahia, pode-se chegar por duas rodovias: a BR 407 e a BA 424. Sua distância de Salvador é de 226 kms, e faz limites com os municípios de Baixa Grande, Capela do Alto Alegre, Mundo Novo, Pintadas, Várzea do Poço, Várzea da Roça e Serrolândia. Sua área territorial total é de 906,680 km², abrigando uma população de 17.674 habitantes, com densidade demográfica de 19,5 hab./km².
Antes de sua formação, seu território foi habitado por diversas etnias indígenas, com destaque para o povo indígena Payayá, grupo pertencente aos povos genericamente denominados de tapuias. Os Payayás ocupavam tota a região conhecida como Sertão das Jacobinas. No início do século 18, os povos originários foram aldeados por missionários franciscanos em Bom Jesus da Glória de Jacobina, missão religiosa fundada em 1706. Os indígenas que se recusaram ao aldeamento forçado foram expulsos e isso contribui para o despovoamento da região, que também compreendia o atual território de Mairi, entre os séculos XVII e XIX.
As terras então passaram a fazer parte de sesmarias, propriedades latifundiárias de grandes proporções, como ocorreu com as doadas às famílias da Casa da Torre e Guedes de Brito. Até que chegou a descoberta do ouro em Jacobina, durante os séculos XVII e XVIII, que atraíram colonos, comerciantes e garimpeiros europeus e luso-brasileiros de várias partes da Colônia, além dos escravos brasileiros e africanos, que foram parar no trabalho de mineração. Esse fluxo de pessoas passou a ocupar de alguma forma o território de Mairi. Seu primeiro nome nasce naturalmente após a formação de uma povoação nesta área: Monte Alegre da Bahia. Na década de 1830 já havia muitas famílias no lugar e o governo da Província da Bahia criou o Distrito de Monte Alegre, conforme a lei provincial nº 67, de 1º de julho de 1838. Daí para vila foi um pulo. Em 31 de dezembro de 1857, o distrito de Monte Alegre foi elevado à categoria de vila com a denominação de Monte Alegre, de acordo com a lei provincial nº 669, adquirindo a condição de município, passando a contar com uma câmara municipal.
Desmembrado do Jacobina, Monte Alegre só foi instalado e constituído do distrito sede em 11 de janeiro de 1862. Sua condição de cidade só aconteceu pela lei estadual nº 196, de 05 de agosto de 1897. Monte Alegre cresceu em território quando, pelo decreto estadual 7.479, de 08 de julho de 1931, adquiriu o extinto município de Baixa Grande, como simples distrito. Entretanto, essa condição só acontece até 31 de maio de 1933, com a publicação do decreto nº 8.453, que recria o município de Baixa Grande. A mudança para o nome atual só aconteceu algum tempo depois. Em plena Era Vargas, por meio do decreto-lei estadual nº 141, de 31 de dezembro de 1943, retificado pelo decreto estadual nº 12.978, de 1º de junho de 1944, o município de Monte Alegre teve seu nome modificado para a denominação de Mairi. Uma lei estadual de nº 1.744, de 22 de julho 1962, chegou a recolocar o nome de Monte Alegre da Bahia, mas nunca foi à frente. Hoje, Mairi é constituído de dois distritos: a sede e o distrito de Angico, criado pela lei municipal nº 322, de 5 de abril de 1994.
Desde os colonizadores que buscavam ouro em Jacobina até os agricultores ou escravos, a cidade lembra em cada rua, em cada esquina em cada construção as famílias que por aqui fincaram suas lutas e influenciaram seu desenvolvimento. É comum lembrar os nomes dos portugueses Antônio João Belas e sua esposa Mariana, que chegaram no final do século XVIII. Também José Carlos da Mota, irmão de Mariana. Há vários descendentes dessa família: Manuel e Joaquim Alves Belas, que governaram o município muitos anos. Vale ainda lembrar de Jerônimo Ferreira Moreira, português que se casou em Jacobina com Marcolina. Um de seus filhos, Alexandre Ferreira Moreira, foi intendente municipal. Dois filhos de Alexandre foram prefeitos em Mairi: Hermes e Abelardo Cohim Moreira. E Carlos Raimundo de Almeida Moreira, neto de Alexandre e filho de Abelardo, também foi prefeito.
A palavra Mairi tem vários significados, mas o mais próximo para representar o lugar seria ajuntamento, agrupamento de pessoas, povoação. Isso tem relação com a história do lugar. Hoje, Mairi é uma cidade com comércio desenvolvido e pujante, agricultura e pecuária fortes e paisagens de arrebatar emoções. Seus filhos sabem de sua importância na formação do povo da Bahia. Por isso, o visitante é bem recebido e logo percebe o orgulho estampado no rosto de sua gente, revelando o prazer de ser, antes de qualquer outra coisa, um mairiense.