Macururé - Um Lugar no Sertão - 26
Seguindo para o Norte da Bahia, Contraprosa vai hoje registrar um município de nome singular, localizado numa região plenamente semiárida e, por mais que parece contraditório, cortada por riachos e rios que alimentam o São Francisco. Estamos falando de Macururé, que se liga à BR 116 pela rodovia BA 311. Mas é preciso prestar atenção quando trafegamos pela BR 116 em direção a Macururé. Cerca de 40 km antes do entroncamento com a BA 311, temos o povoado de Formosa, que pertence a Macururé. Imediatamente após sair do povoado, pisamos em solo do município de Chorrochó. Inclusive, o povoado Caraíbas, também à margem da BR 116, pertence a Chorrochó. Depois do acesso à BA 311, após a ponte sobre o rio Macururé, exatos 2km depois, chegamos mais uma vez em território de Macururé. A cidade fica a apenas 6 km depois da ponte.
Macururé nasceu de uma fazenda, após a expulsão dos índios que habitavam a região, os rodeleiros ou índios rodelas. Seu povoamento teve início nas terras de Roberto Pereira Maia, às margens do Riacho Tim Tim, afluente do Macururé, e que eram chamadas Roça do Tim Tim. Mais tarde, o nome foi trocado para Fazenda Três Irmãos, por ter sido doada aos três filhos de Roberto: Firmino Pereira Maia, Honório Pereira Maia e Ricardo Pereira Maia. Naquele tempo, toda a região pertencia ao município de Glória. Após receberem a fazenda, os três irmãos partiram para a construção de suas casas, conservando, entretanto, a Casa Grande da fazenda. Nasce o embrião urbano de Macururé.
Em 1906, construíram uma capelinha, sob a responsabilidade de Firmino Pereira Maia. Daí, os irmãos enviaram a Salvador o Sr. Amâncio para que trocasse algumas moedas por uma imagem. Foi escolhida a imagem do Senhor do Bonfim, e em sua homenagem deram à fazenda o nome de Arraial do Senhor do Bonfim. Nasce então um distrito, criado com a denominação de Bonfim, pela Lei Municipal nº 18, de 29 de abril de 1922, aprovada pela Lei Estadual nº 1582, de 17 de agosto de 1922, subordinado ao município de Santo Antônio do Glória. O crescimento veio aos poucos, até que surgiu a construção da antiga Estrada BR-4, que é a atual BR-116, em 1942. Assim chegou ao distrito grande quantidade de pessoas. Foram construídas, então, várias casas e logo tomou o formato de vila. É dessa época que o nome Macururé passa a denominar o local.
Não custa lembrar que a distância para Glória era considerável, cerca de 20 léguas ou 120 km. Macururé carecia de ter estrutura de cidade. Foi aí que entrou em cena Diógenes Lemos de Moraes que lutou boa parte de sua vida para emancipar Macururé. Além dele, também ajudaram os deputados João Carlos Tourinho Dantas e Raimundo Reis. Finalmente, a Lei Estadual nº 1.754 de 27 de julho de 1962, publicada no Diário Oficial do Estado da Bahia em 30 de julho de 1962, desmembra definitivamente Macururé do município de Glória. A instalação se deu em 7 de abril de 1963.
Hoje, Macururé tem uma área de 2.545,856 km², fazendo limites com os municípios de Chorrochó, Rodelas, Jeremoabo e Canudos. Pelo censo IBGE de 2022, sua população chegou a 7.256 pessoas, perfazendo uma densidade demográfica de 2,9 hab./km². A previsão é que, ao final de 2024, sua população atinja os 7.455 habitantes. O PIB per capita de Macururé é inferior a 9 mil reais e mais da metade da população ganha menos de 1/2 salário mínimo. Portanto, ainda há muito o que fazer para melhorar a vida dos macururenses, mas a cidade tem boa estrutura e é razoavelmente organizada e limpa. Está precisando de investimentos, como o asfaltamento da BA 311, ligando a cidade a Chorrochó, à BA 210 e ao distrito de Barra do Tarrachil, às margens do São Francisco. Uma boa dica para quem desejar visitar a cidade é o período das Festas Juninas, por sinal muito concorridas. Também vale destacar a Festa do Vaqueiro.