Santa Maria da Vitória - Do Sertão ao Centro-Oeste 21
Nesta retomada da série Do Sertão ao Centro-Oeste, vamos hoje conhecer a cidade de Santa Maria da Vitória, uma das principais cidades do Oeste da Bahia, e a principal cidade da Bacia do Rio Corrente. Este rio é o limite natural que separa Santa Maria da Vitória de São Félix do Coribe, ligadas por uma ponte e uma passarela. Além destas cidades, o rio Corrente, um dos principais afluentes da margem esquerda do Rio São Francisco, alimenta mais outros 9 municípios: Brejolândia, Canápolis, Cocos, Coribe, Correntina, Jaborandi, Santana, Serra Dourada e Tabocas do Brejo Velho. O município de Santa Maria da Vitória tem um nome popular: Samavi. Seu território faz limites com São Félix do Coribe, Correntina, Jaborandi, Canápolis, Santana, Baianópolis e São Desidério. A população de Santana Maria da Vitória em 2024, segundo o IBGE, foi de 40.467 habitantes, espalhados numa área de 1.966,777 km², perfazendo uma densidade demográfica de 20,6 hab./km². A distância para Salvador é de 866 km.
A história de Santana Maria da Vitória começa com a chegada dos colonizadores europeus ao Brasil, no século XVI. Os índios que habitavam o local eram os Acroás, um subgrupo dos índios Xacriabás, que habitavam a margem esquerda do rio São Francisco. No ano de 1792, com a vinda do fidalgo português André Afonso de Oliveira, natural da cidade do Porto, em contato com seus conterrâneos que residiam na província da Bahia, adquiriu alguns alqueires de terra às margens de um rio de águas claras que logo recebeu o nome de Corrente. Nessa época, o Oeste da Bahia pertencia à província de Pernambuco e tinha o nome de Comarca do Rio de São Francisco. Esta vasta região pertenceu a Pernambuco até meados de 1824. D. Pedro I a desligou do território pernambucano como punição pelo movimento separatista conhecido como Confederação do Equador. Após três anos sob administração mineira, a região foi anexada à Bahia em 1827. Nesta época, a região que hoje compreende o município de Santa Maria da Vitória pertencia ao município de Carinhanha.
Em meados do século XIX, um arraial é formado na margem esquerda do rio Corrente, em território então pertencente ao município do Rio das Éguas, por pessoas que para ali ocorreram com o fito da exploração do ouro nas proximidades, dedicando-se depois à agricultura. Em 1840, viam-se apenas poucas casas, circundadas de frondosas gameleiras, em cuja sombra se abrigavam os que vinham fazer transações comerciais. Naquela época, o porto era frequentado constantemente por enjolos, ou canoas ligadas por travessas de madeiras. As pessoas que chegavam ali se entregavam ao comércio, especialmente de rapaduras produzidas no Brejo do Espírito Santo, distrito de paz e do qual muito dependia o arraial em formação. Em 1850, um artífice, vindo da cidade da Barra do Rio Grande, construiu a primeira embarcação para transporte de mercadorias e animais. Foram construídas logo após outras embarcações e o arraial começou a crescer com a chegada de grande número de pessoas para as atividades agrícolas. A capela construída por seus fundadores foi dedicada à Nossa Senhora das Vitórias, ficando filiada à freguesia de Nossa Senhora da Glória do Rio das Éguas. O arraial cresceu de importância e transformou em porto de grande movimento comercial.
Em 1880, havia um grande aglomerado humano para a época, chamado de arraial do Porto de Santa Maria da Vitória, elevado à categoria de Vila e criado o município de Santa Maria da Vitória, pela Lei provincial número 1960, de 08 de junho. A capela existente foi transformada em freguesia, transferindo para aí a sede da Vila e da freguesia do Rio das Éguas. Com isto surgiu uma rivalidade entre as populações dos dois núcleos - Santa Maria da Vitória e Rio das Éguas. Isso travou por muito tempo o progresso de ambos, em vista das mudanças de sedes de uma para outra localidade, conforme situação política dominante. Só com o advento da República cessou a rivalidade com a elevação de ambas localidades a sede de Vilas.
Vale lembrar que o município de Santa Maria da Vitória extinto pela resolução provincial número 2.558, de 14 de maio de 1886, que restaurou o município de Rio das Éguas. Pela resolução provincial número 2.579 de 04 de maio de 1888, foi restaurado, sendo extinto o do Rio das Éguas. Somente pela Lei Estadual número 737 de 26 de junho de 1909, que alterou o nome do município para Santa Maria, foi a Vila elevada à categoria de cidade definiotivamente. Pelo Decreto Estadual número 8.060, de maio de 1932, a subprefeitura do Rio Alegre, então pertencente ao município de Carinhanha, foi extinto, passando o seu território a pertencer ao município de Santa Maria. O Decreto Estadual número 8.292 de 03 de fevereiro de 1933, criou os Distritos de Inhaúmas e São Pedro do Açude. Este último foi extinto pelo Decreto Estadual número 8.483 de 13 de junho de 1933. Na divisão territorial de 1.933, o município aparece formado pelos Distritos de Santa Maria (sede), Rio Alegre, Inhaúmas e São Pedro do Açude.
Essa composição distrital é mantida nas divisões territoriais de 1936, 1937 e 1938, com alterações apenas nas designações dos Distritos de Rio Alegre e São Pedro do Açude, cujos nomes foram simplificados para Alegre e São Pedro. Pelo Decreto Estadual número 141 de 31 de dezembro de 1943, parte do Distrito de Inhaúmas foi anexado ao município de Correntina (ex Rio das Éguas) e o município teve o seu nome mudado para Santa Maria da Vitória. Por esse mesmo Decreto Lei, os Distritos de São Pedro e Alegre, tiveram os nomes mudados para, respectivamente, Açudina e Coribe. A composição distrital do município, de acordo com a Lei Estadual número 628 de 30 de dezembro de 1953, é a seguinte: Santa Maria da Vitória, Açudina, Coribe e Inhaúmas. Com Coribe passando a município, hoje a formação do município de Santa Maria da Vitória é com a sede e os distritos de Açudina e Inhaúmas.
Hoje, a importância regional de Santa Maria da Vitória é inquestionável. Seu crescimento é constante, formando um considerável aglomerado urbano com São Félix do Coribe. Duas rodovias ajudam a pujança comercial e agrícola de Santa Maria da Vitória: a BR 349 e a BA 172. Claro que os Santamarienses querem mais porque ainda há muito o que ser feito, mas o acanhado povoado do final do século 19, hoje é uma cidade de porte médio, que tem um pouco de tudo. Se depender da disposição do seu povo para o trabalho, há muito mais a se conquistar nos anos do horizonte futuro.