O ridículo e improvável golpe militar no Brasil parece que está mais próximo do que se pensa. (Foto: BBC) |
Quem se prontificar a ler hoje o Estado de São Paulo, O Antagonista, Veja, Istoé, O Globo, Metrópoles, Folha de São Paulo, Crusoé, Correio Braziliense, Correio 24 horas e quaisquer outros meios de comunicação verá pistas de que estão armando um golpe para o 7 de Setembro. O coronel Azim deixou bem claro o objetivo dos manifestantes bolsonaristas no dia da comemoração da nossa independência. "Eu não vou a lugar nenhum se não for para tomar atitude. Ficar no blá-blá-blá, no mimimi, dizendo vou fazer isso, vou fechar aquilo… isso aí não. Eu quero essa compreensão de todos os caminhoneiros", pediu em um vídeo o militar da reserva.
Nos restam ainda de pé a determinação da maioria dos governadores, da maioria do STF e de instituições pouco visíveis. O restante do país está inerte, parado, acreditando não ser possível um aloprado dar um golpe. Mesmo de forma atabalhoada, Bolsonaro pode contar com o comodismo das instituições. Há de se entender que não é um processo a mais ou a menos que intimidará o capitão. Além da demora de uma solução dentro dos ditames do Estado Democrático de Direito, contamos com o vacilo das autoridades. Não há remédio para Bolsonaro a não ser o afastamento definitivo do cargo.
Já passou da hora do Congresso Nacional reagir e mostrar que não está rendido às emendas bilionárias. O Ministério Público precisa acionar a Justiça, de forma a impedir a ação criminosa contra a democracia. Seis estados tem grupos de policiais militares que se mobilizam para dar apoio às manifestações: São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo, Ceará e Paraíba. São policiais de diferentes patentes, da ativa e da reserva, incentivando protestos via Internet. Foram os próprios governadores que identificaram as manobras de apoio a uma ruptura institucional, com ameaças de invasão do Supremo Tribunal Federal e do Congresso.
Para entendermos a gravidade de tudo que está acontecendo, o agronegócio, nas últimas semanas, publicou matérias pagas na imprensa para pressionar o STF no julgamento sobre o marco temporal das reservas indígenas. Querem tomar as terras dos índios a qualquer custo, mesmo que seja a custo da implantação aqui de uma ditadura. Há ainda outras pautas no Supremo que podem afetar diretamente os ruralistas, sobretudo na área ambiental. Como bem disse Diogo Mainardi, Jair Bolsonaro escancarou a porteira e os fazendeiros usam o gado bolsonarista para continuar passando sua boiada. O golpe está armado debaixo do nosso nariz. Ainda há tempo de estancar a farsa, ou esperar o dia em que sejamos levados aos porões e de lá chorarmos a liberdade perdida.