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Ádria, o último adeus!

Centrão e aliados não querem candidatura de Sérgio Moro

Congresso quer Código Eleitoral que proíba candidatura do ex-juiz Sérgio Moro. Lula e Bolsonaro estão livres para a disputa. (Foto: Congresso em Foco)

Depois da recondução de Augusto Aras como Procurador Geral da República, a caçada implacável aos membros do Ministério Público que fizeram parte da maior operação anti-corrupção da história do país, a Operação Lava Jato. Parece que não estão contentes em livrar todos os condenados da prisão. Estão seriamente pensando em vingança e pretendem destruí-los, de forma a não deixar rastros do que eles fizeram ou remover qualquer possibilidade de um dia alguém ousar desengavetar tudo e começar a fazer justiça novamente. 

Os deputados federais do Centrão, associados a uma esquerda desbotada e a um bolsonarismo em derretimento, sob a liderança de duas figuras inequivocadamente detestáveis ao processo democrático, Arthur Lira e Ciro Nogueira, estão embutindo na proposta do novo Código Eleitoral uma preciosidade de uma sem-vergonhice sem tamanho. Apresentado pela deputada Margarete Coelho, claro, do PP do Piauí, há um dispositivo que simplesmente barra a candidatura de juízes e integrantes do Ministério Público que tenham se afastado definitivamente do cargo há menos de cinco anos.

O leitor já percebeu quem eles querem pegar. Isso mesmo: Sérgio Moro. E, se por acaso o documento demorar para aprovar, vão criar a regra retroatividade. Moro só poderá ser candidato a partir de 2023. Canalhice! Não querem dar ao povo o direito de julgar os procedimentos da Lava Jato e do quase já pós Lava Jato. Embora todos saibam que será improvável que algum corrupto hoje da república vá para a cadeia, há pessoas que esperam uma mudança de cenário para evitar mais evasão de recursos nos porões da malversação. Pelo menos ficaria acesa a chama da possibilidade de um dia a Lei ser, de fato, igual para todos. A provável eleição de procurados e juízes da Lava Jato elevaria a discussão para o centro do poder e deixaria a chama da esperança acesa. Nem isso querem permitir.

Enquanto Bolsonaro faz suas estripulias, depois de assistirmos ao morticínio de mais de 575 mil vítimas da Covid, os ministros do STF, adeptos do chamado Garantismo, vão anulando sentenças, destruindo provas, enterrando processos e livrando políticos da cadeia. Ontem foi a vez de Gilmar Mendes livrar a cara de Aécio Neves, amanhã poderá ser outro. Apenas pequenas notas na imprensa, como se não fosse algo escandaloso. Quase em silêncio, a ordem é deixar todos livres, leves e soltos. Uma única coisa que será permitida é que o povo escolha, entre ex-presos, ex-processados, ex-acusados, ex-condenados, o seu administrador da coisa pública preferido. Aqueles que os julgaram, que descobriram seus pecados, que expuseram ao povo suas mazelas não podem concorrer. Corruptos podem se candidatar, ex-juízes ou ex-procuradores não! 

Curioso é o Brasil. Ladrão de galinha tem ao seu dispor as leis que fatalmente o condenarão. A única saída é torcer para o perdão. O cidadão comum, cumpridor do seu dever, não precisa nem mesmo conhecer estas leis. Entretanto, caso ele resolva ser deputado ou senador, prefeito ou governador, e seja contaminado pela variante da corrupção, tem o poder de influenciar ou até mesmo mudar a legislação para se beneficiar e não ir para a cadeia. Se for perverso, ainda pode complicar a vida do juiz que mexeu com ele e seus amigos. Viva a República Federativa do Brasil!