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Ádria, o último adeus!

A bestialidade e a flor

A flor representa o renascer depois do caos. (foto: Arkpad)

A bestialidade humana não tem sexo, não tem raça, não tem nível social ou educacional. O bestial quer ser e estar sempre ativo. Ele está no alto preço dos combustíveis, na formação de milícias, no meio do trânsito, nos palácios, nas mais belas regiões do nosso planeta, no centro financeiro de um país, no parlamento, no governo, no seio das famílias, no centro de um estômago vazio ou provocando a ira dos mal amados.

A bestialidade humana está sempre de prontidão para nos levar ao caos. Ela é bela, sedutora e perfeita quando se mostra. Vem como solução para tudo. Os literatos vão chamá-la de antagonista; os religiosos dirão ser o diabo. Outros a terão como uma doença ou resumo do mal. Fato é que ela estará sempre aí, próxima, vibrante, viva e pronta para nos levar à região onde não há paz, liberdade ou mesmo vida digna.

Sempre nos enganaremos, mesmo ao vê-la matar, esfolar, vilipendiar, tirar nossas liberdades. Ela fará artistas famosos apelarem ações ridículas aos seus fãs, determinará que juízes quebrem normas, políticos traiam suas ideias, descumpram promessas. Uma vez tomado por ela, o homem ou mulher enxergará no óbvio a oportunidade de negar o próprio óbvio, transformando verdades em lixo dos insensatos.

A bestialidade nos fará descrer em todo o processo cultural da humanidade. Tudo virará uma mentira ou, no mínimo, uma dúvida. Forjará nosso desrespeito ao sagrado e à sensatez. Finalmente, quando assim virar predominância, mergulharemos na lama, numa podridão caótica e aparentemente sem fim. Sim, aparentemente. A esperança é saber que na podridão sempre germinará uma flor. Sempre haverá uma nova chance de reconstrução da vida.   (Landisvalth Lima)