da Jovem Pan
Governador de Pernambuco rebateu
marqueteiro de Dilma, que o chamou de "anão"
Eduardo Campos responde ao marqueteiro de Dilma (foto: Folhapress) |
O governador de Pernambuco,
Eduardo Campos (PSB), disse em entrevista à Jovem Pan nesta quarta-feira (9)
que já viu muito gigante se apequenar nas eleições. Foi uma clara resposta a
João Santana, marqueteiro da campanha da atual presidente e possível candidata
à reeleição Dilma Rousseff. O jornalista que cuidará das principais campanhas
do PT em 2014 chamou Campos de “anão”. “Às vezes a gente vê tanto gigante se
apequenar. Vimos uma declaração feita nessa última semana pelo João Santana que
sinceramente não condiz com a inteligência dele. Passa uma arrogância muito
grande. Isso não ajuda exatamente nada, depõe contra ele que é um profissional
competente e reconhecido na sua ocupação. Nossa preocupação é outra. Deixa nós
que somos pequenos e frágeis apresentar nossas ideias à população”, ressaltou. Santana
disse em entrevista a revista Época que Dilma será reeleita em primeiro turno
nas eleições de 2014 “porque ocorrerá uma antropofagia de anões”. O marqueteiro
fez referência – além de Campos – ao senador Aécio Neves, provável candidato
pelo PSDB, e à ex-senadora Marina Silva, que se filou ao PSB no último sábado e
também pode concorrer à presidência. Segundo Campos, a força no processo
eleitoral está no povo, decidir o futuro do País. “Gigante pela própria
natureza como diz nosso hino. Esse gigante já deu sinais que vai acordar, quem
viu as ruas em julho sabe do que eu estou falando. Em 2014 nós vamos ter um
encontro onde a população vai falar o que está sentindo. Não tem como haver
truque para desviar o debate. As pessoas querem melhorias, velocidade na
mudança. Nós vamos viver esse debate e estamos animados para contribuir”,
declarou. No sábado, Marina anunciou sua filiação ao PSB e declarou apoio a
Campos depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou o registro da Rede
Sustentabilidade, partido fundado por ela. Apesar de Campos ser pré-candidato
pelo PSB, com a chegada de Marina ao partido abriu-se a possibilidade de haver mudanças
na indicação do candidato da chapa. O governador de Pernambuco disse que o
partido não tem pressa para tomar a decisão. “Eu acho que a gente vai decidir
no tempo certo. Nós aqui não estamos ansiosos, estamos inteiramente tranquilos.
Será próximo do prazo de desincompatibilização. Marina não tem esse problema,
mas eu preciso tomar essa decisão até março como determina a lei para disputar
as eleições de 2014. Esse é o prazo que temos claro”, explicou.
Tempo de TV
Na terça-feira, Marina disse que
não admite a celebração de alianças partidárias a qualquer preço. De acordo com
a senadora, o tempo de televisão “não pode aprisionar suas ideias a uma lógica
política que não nos dá a chance de mudar”. Questionado sobre a possibilidade
do PSB e a Rede terem novos filiados para 2014, Campos garantiu que não há no
momento discussão com outras legendas. "Eu estou inteiramente de acordo
com Marina de que nós não podemos ficar na lógica tradicional da busca pelo
tempo de televisão. Não adianta ter tempo de televisão e não ter o que dizer. É
melhor ter um tempo pequeno e ter boas ideias com legitimidade do que ter um
tempo muito grande cheio de contradições. Nós vivemos uma outra realidade.
Antes um conjunto de partidos que tinha
afinidade disputava em várias posições. Agora, com essa aliança, é um novo
quadro em que é possível apresentar um programa independente de ter quatro ou
cinco minutos de televisão", explicou. Campos lembrou ainda que quando
disputou as eleições em 2006 pelo governo de Pernambuco não teve muito tempo de
televisão. Ele destacou também que a própria Marina nas eleições de 2010 teve
um minuto de televisão e conseguiu 20 milhões de votos. “Eu acho que a
plataforma de comunicação hoje permite a gente fazer um debate aonde a
televisão vai perdendo força nesse processo de campanha política. Nós fizemos
uma aliança programática e não estamos discutindo com nenhum partido no
momento. Hoje o debate é entre o PSB e a Rede para que a gente possa discutir a
plataforma que nos vamos governar com a sociedade que tem identidade com o
nosso pensamento”.
Impacto das Pesquisas
A última pesquisa Datafolha
apontou a ex-senadora Marina Silva em segundo lugar com 26% das intenções de
voto, atrás de Dilma Rousseff (PT) com 35%. O governador de Pernambuco, Eduardo
Campos, tem 8%, e aparece em quarto lugar, depois de Aécio Neves, do PSDB, com
13%. Muitos cientistas políticos avaliam que pode haver uma pressão para que
Marina saia como presidente e Campos como vice. “Olha nós estamos tranquilos
quanto a isso. Não há entre mim e a Marina nenhum estresse quanto a essa
questão. É um estresse que tentam criar nesse momento. As pessoas ficaram
surpresas com essa aliança e estão tentando arrumar um defeito. Só que eles vão
ver que não vai ter essa divisão absoluta porque o nosso interesse é de servir
o País. Nós não estamos disputando cargos. Nós estamos construindo uma forma
inovadora de fazer política. Ainda há no Brasil quem faça política com
decência”, pontuou.
Conversa com Aécio Neves
Antes da aliança com a Rede Sustentabilidade,
o PSB procurou uma certa aproximação com o PSDB, que deve ter como candidato à
presidência em 2014 o senador Aécio Neves. Durante a entrevista à JP,
Campos declarou que sempre teve uma
relação fraterna com o tucano. “Eu fui parlamentar durante 12 anos ao lado de
Aécio. Eu falei com ele no domingo, pós-aliança feita no sábado. Ele estava
fora do País e me ligou para cumprimentar pelo passo e para saber como foi o
desenrolar dessa aliança, mas tudo tranquilo”, garantiu.
Ronaldo Caiado
Sobre a possibilidade de conflito
de ideias entre o deputado ruralista Ronaldo Caiado, que hoje já integra a
coligação do PSB, e a recém chegada Marina Silva, o governador de Pernambuco
minimizou e disse que ainda não é hora
de discutir palanques estaduais. “Ronaldo Caído é um deputado do DEM, tem um
partido político. Ele tem um debate na cena de Goiás depois de tudo que houve
na política do Estado, num fórum de oposição. Ele quer superar o PMDB que já
governou por anos e anos Goiás e enfrentou uma crise muito forte no ano
passado. Mas não há nenhuma aliança formal,
nenhum envolvimento da direção nacional da Rede ou do PSB no quadro de
Goiás”