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Ádria, o último adeus!

EBDA vive situação dramática

Sindicato aponta situação dramática na empresa responsável pelo desenvolvimento da agricultura baiana. A informação foi publicada no jornal Tribuna Feirense e revela aquilo que muitos já sabem: O governo do PT está quebrando a Bahia.
Reinaldo Freitas Sobrinho
Telefone e internet cortados, ameaças de despejo por dívidas com aluguel, escritórios fechados por falta de energia, carros com licenciamento vencido e funcionários que há dois meses pagam as próprias despesas de hospedagem e alimentação em viagens, sem receber o reembolso do governo. Esta é, segundo o sindicato de trabalhadores da empresa, a situação calamitosa da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola), estatal integrante da estrutura da secretaria de Agricultura do estado. O diretor jurídico do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Área Agrícola do Estado da Bahia (Sintagri), Reinaldo Freitas Sobrinho, esteve quarta-feira na Câmara de vereadores, onde pediu apoio dos vereadores para a negociação com a direção. O sindicalista sustenta que a situação que ele denunciou pode ser constatada pelos escritórios da EBDA estado afora. Alguns estariam sem poder funcionar, porque a luz foi cortada devido a atraso de pagamento. O escritório de Santo Estêvão estaria ameaçado de despejo por não pagar o aluguel. Os técnicos que viajam com os carros cujo licenciamento não foi pago, temem ser multados. No próprio escritório regional de Feira de Santana, o telefone estava cortado por falta de pagamento na semana passada, de acordo com Francisco. A Tribuna Feirense entrou em contato com a direção regional da EBDA, que prometeu dar retorno, mas não enviou resposta até o fechamento desta edição.
Perda Salarial
Os sindicalistas negociam com o governo desde 2008 a reposição de perdas salariais (referentes a 1999 e 2003) já julgadas pelo Tribunal Regional do Trabalho. Mas as negociações não progridem. Segundo o relato feito por Reinaldo na tribuna da Câmara, cada vez que é marcada uma audiência na justiça trabalhista, o governo apresenta um pedido para prorrogar por mais 60 ou 90 dias. Diante de uma nova ameaça de greve – ocorreu uma em 2012 – o governo marcou rapidamente uma audiência, ocorrida em 30 de setembro. Novamente, para decepção da categoria, não foi apresentada qualquer proposta para pagamento dos valores devidos. Com o impasse, a categoria vem adotando uma tática de paralisar atividades burocráticas internas alguns dias da semana. Foi mantida somente a assistência ao agricultor, mas esta vem sendo prejudicada pela crise da EBDA. Não é de hoje que o quadro se agrava no ramo da assistência técnica ao pequeno agricultor. Ao discursar na Câmara, Reinaldo registrou que quando a empresa se chamava Emater-BA, nos anos 80 do século passado, tinha 211 escritórios no estado e dava assistência a 91 mil produtores. Em 2011 o número de escritórios tinha baixado para 128 e o de agricultores assistidos era de pouco mais de 70 mil. Isso no estado que tem o maior número de agricultores familiares no Brasil. Segundo Reinaldo são 603 mil famílias. Considerando 4 componentes em cada uma delas, seriam mais de 2,4 milhões de pessoas. Agricultores e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana, Zé Grande, estiveram na Câmara, dando apoio ao protesto dos técnicos agrícolas.
Cabide de Empregos 
Pelo relato do diretor do Sintagri, a EBDA tem 1.112 funcionários, dos quais 348 são temporários, contratados por meio de Reda. 338 cargos não comissionados e não atuam na ponta, no atendimento ao agricultor. Além do mais, 60% destas funções são ocupadas por pessoas indicadas por políticos, que na avaliação do Sintagri não têm compromisso nem com a empresa nem com o agricultor que ela deveria assistir. Por esta razão o sindicato considera que a EBDA se transformou em cabide de empregos. Apesar da crise, Reinaldo revelou que há uma semana o estado publicou autorização para criar mais 20 cargos comissionados na estrutura, que resultarão em acréscimo de R$ 2,5 milhões em despesas em um ano. Os técnicos que vão ao campo são somente 640. Com isso, cada um teria que cumprir a missão impossível de atender pouco mais de mil famílias, para chegar ao número de 70 mil apontados oficialmente pela EBDA como assistidos pela empresa.