Infográfico de VEJA.com aponta os beneficiários da propina,
as datas dos pagamentos, os valores e sua correspondência com votações no
Congresso
O empresário Marcos Valério, operador do mensalão, em frente ao Congresso Nacional (foto: Alan Marques/Folha Imagem) |
"Trata-se da mais grave agressão aos valores
democráticos que se possa conceber." É assim que a Procuradoria-Geral da
República (PGR) qualifica o mensalão, nas alegações finais do processo. E a
explicação da PGR é cristalina: "No momento em que a consciência do
representante eleito pelo povo é corrompida (...), a base do regime democrático
é irremediavelmente ameaçada". Para chegar a esta síntese do maior
escândalo de corrupção da história do país, agora prestes a ser julgado pelo
Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público reuniu as mais variadas
evidências de recebimento de propina — testemunhos, recibos, livros contábeis,
laudos, TEDs, DOCs, entre outros — e, a exemplo das CPIs que se debruçaram
sobre o assunto, mostrou sua correspondência com a votação de matérias caras ao
governo. Infográfico de VEJA.com aponta os beneficiários do esquema, as datas,
os valores, os intermediários e as votações citadas na denúncia.
Sete anos de escândalo
Para entender o mensalão
Série de ferramentas e infográficos de VEJA.com recapitula
questões centrais do mensalão, o maior escândalo político da história do país.
'A hora da sentença', que abriu a série, revisa o desenrolar do caso no
Supremo. Outros destrincham os crimes apontados, o papel de cada mensaleiro na
quadrilha, os saques do valerioduto, as provas apontadas pela
Procuradoria-Geral da República, a defesa dos réus e o esquema do julgamento.
O conjunto de provas é suficiente para afastar as principais
teses da defesa dos mensaleiros. A recorrência dos saques em dinheiro e do uso
de laranjas — motoristas, assessores, a mulher, o irmão, o contínuo — evidencia que os beneficiários do valerioduto
não ignoravam a origem ilícita do dinheiro. E a correspondência entre votações
e os saques desautoriza a versão de que se tratava de pagamentos
desinteressados ou casuais. Quanto a isso, a PGR cita na acusação trecho do
relatório final da CPI dos Correios que apontou, como exemplo, que nos dez dias
anteriores ou posteriores à votação da Reforma Tributária ocorreram 18 visitas
à agência do Banco Rural em Brasília e foram retirados R$ 2.020.000 do
valerioduto.
O julgamento do mensalão está previsto para o mês que vem
— só falta o ministro Ricardo
Lewandowski concluir a revisão do processo. Em suas alegações finais, a PGR
"espera sinceramente que a atuação do Supremo Tribunal Federal (...)
servirá de exemplo, verdadeiro paradigma, para o Poder Judiciário brasileiro e,
principalmente, para toda a sociedade a fim de que os atos de corrupção, mazela
endêmica no Brasil, sejam tratados com o rigor necessário".
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