Para o juiz, relacionar-se com "putas" dava prestígio. (Foto: Agência Uva)
Estamos em tempos inacreditáveis. Até nossos magistrados perderam o caminho da sensatez! Segundo o portal O Antagonista, citando inclusive outras fontes, em sentença publicada pelo TJ de Goiás na última sexta-feira, 24, o juiz Thiago Brandão Boghi, bolsonarista de carteirinha, afirmou que, em seu “tempo de juventude, um homem se relacionar com ‘putas’ era considerado fato de boa reputação” e o fazia ser “enaltecido" por isso, tornando-se o ‘cara da galera’”. A decisão, informa o Estadão, foi dada numa ação em que um homem registrou queixa-crime contra uma mulher por calúnia e difamação, por tê-lo acusado de usar drogas e “estar com putas”.
Na sentença em que rejeitou a queixa-crime, Boghi afirmou que “imputar a uma pessoa o fato dela ‘estar com putas’ não é ofensivo à reputação” e complementou lamentando que os tempos tenham mudado — a atitude, escreveu o magistrado, “agora virou ofensa”. O juiz ainda citou em sua decisão um projeto para regulamentar a profissão de prostituta que foi “apresentado pelo ex-deputado federal Jean Wyllys —o queridinho da Globo— e pelo todo-poderoso PSOL, o queridinho do STF”. E disse que a acusação de uso de drogas não era “imputação de fato criminoso”.
Ouvido pelo jornal paulistano, o advogado da mulher, Rogério Lourenço, disse considerar a sentença “acertada ao rejeitar a denúncia e, ao meu sentir, em momento algum foi desrespeitosa em relação às mulheres. Pelo contrário, clama por respeito às mulheres que desenvolvem a atividade mencionada”. Luiz Alberto Castro, advogado do homem autor da ação, disse ver parcialidade na decisão e prometeu recorrer.
Ninguém aqui pode contestar uma decisão judicial quando é ela baseada na Lei. Qual foi mesmo o artigo ou parágrafo usado pelo magistrado para dar sua sentença? Acho que chegamos ao fundo do poço. Quando a Justiça, último degrau de uma sociedade dita civilizada, cai na vala dos desejos pessoais dos seus magistrados, é hora de resetar tudo e começar do zero, ou continuar chafurdando no caos.