Hoje dedicaremos esse texto ao município de onde nasce a nossa rodovia BA 084. A história de Santo Amaro, antiga Santo Amaro da Purificação, começou com a fundação em 1557, conseguindo, 150 anos depois, a elevação à categoria de vila, tornando-se cidade no ano de 1837. Santo Amaro é um município do estado da Bahia, localizando-se na mesorregião Metropolitana de Salvador e na microrregião de Santo Antônio de Jesus. Está a 100 km da capital, Salvador, e sua população atual é de cerca de 70 mil habitantes.
Talvez, o principal motivo da projeção da cidade de Santo Amaro tenha sido devido a seus filhos famosos, os cantores Caetano Veloso e Maria Bethânia, também a matriarca dos Velosos, Dona Canô. Muitos podem até dizer que a família Veloso veio bem depois e que as raízes de Santo Amaro estão todas vinculadas ao rio Subaé. Afinal, o próprio Caetano cantou a purificação do rio, tentando jogar os malditos embora e convocando a todos para beber suas águas puras e doces. Na mesma música há a citação de um dos seus afluentes, o Serjimirim.
O rio, que é a maior artéria do corpo santamarense, sofreu com a fábrica da Plumbum Mineração e Metalurgia Ltda que, por 33 anos, contaminou impiedosamente a bacia hidrográfica. A origem do Subaé é Feira de Santana, mas é em Santo Amaro que ele vira foco das pesquisas sobre impacto ambiental. Estudos indicam que algo em torno de 490 mil toneladas de escória contaminada com metais, como chumbo e cádmio, entraram em contato de alguma forma com o rio, fazendo com que o município seja um dos mais contaminados por chumbo no planeta.
Um estudo para tese de mestrado de Paula Núbia Soares Dalto Mota, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, denominado BACIA DO RIO SUBAÉ, BAHIA: CARACTERÍSTICAS HIDROGRÁFICAS, GEOMORFOLÓGICAS E HIDROQUÍMICAS, conclui que os metais presentes na água do rio ainda não alcançaram níveis que precisem de intervenção, mas que é preciso adotar ações por parte da população para preservação do ecossistema. Caso contrário, os níveis de metais poderão crescer de forma que se tenha mais um recurso altamente poluído, afetando toda e qualquer vida ali existente. O estudo é do ano de 2015.
Mas, para que não se pense que aqui é um estudo sobre o Subaé, vamos finalizando dizendo que, após brotar em Feira de Santana, nas nascentes da Lagoa do Subaé, às margens da cidade, o rio passa por São Gonçalo dos Campos e, após Santo Amaro, deságua na Baía de Todos os Santos, em Saubara. Seu curso total é de exatos 55 quilômetros. Sua importância histórica com o Recôncavo Baiano é indiscutível, mas é em Santo Amaro que ele vive os seus dias de glória.
Pedindo licença ao Subaé, é preciso dizer que Santo Amaro vai além do rio. Boa parte da evolução da cidade foi testemunhada pela Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação, com origens no ano de 1606, ano da criação da freguesia. No século XVIII, ao se transformou na Vila de Santo Amaro, os moradores promoveram uma reconstrução da matriz sobre os fundamentos da edificação anterior, obra concluída quase cem anos depois. Em 1997, Dona Canô, ou Dona Claudionor Teles Veloso, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia, liderou os devotos da cidade na restauração da Igreja. Além da matriz, Santo Amaro ainda tem a Igreja do Nosso Senhor do Bomfim, da Nossa Senhora do Rosário, a do Nosso Senhor Santo Amaro e a Igreja do Amparo.
E a cidade pararia só num rio e em cinco igrejas? Claro que não. Segundo o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, o município de Santo Amaro possui 75 prédios de valor histórico e arquitetônico, distribuídos por 27 ruas no centro histórico, situado entre as praças da Purificação e do Rosário. O patrimônio cultural protegido pelo Iphan, em sua maioria, foi erguido durante o século XVIII e reúne bens que compõem a arquitetura religiosa desse período. Para quem precisa saber, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação foi tombada pelo Iphan em 1941. A Matriz de Nossa Senhora de Oliveira dos Campinho e o Museu do Recolhimento dos Humildes são imóveis representativos do século XVIII e abrigam importantes acervos.
Se não estamos enganados, esta é uma reportagem sobre uma estrada, sobre a BA 084, mas o encantos de Santo Amaro são tantos que é preciso ficar alerta para não perder o foco. O berço da BA 084 é, pois, Santo Amaro. Ela corta toda a cidade, quase que acompanhando o mesmo trajeto do rio Subaé. Até o distrito de Oliveira dos Campinhos, rio e estrada se encontram, entrelaçam-se, dialogam numa linguagem sustentável. A paisagem é encantadora e o clima convidativo do mês de setembro, como proposta atendadora de ficar e de fazer uma caminhada até a Cachoeira do Urubu. Só que o assunto é a BA 084. A cachoeira não se zangará quando para uma visita futura.
Mas cabe aqui uma informação sobre Oliveira dos Campinhos, localizada 20 Km após Santo Amaro. Criada a Freguesia de Nossa Senhora da Oliveira dos Campinhos, com data documentada de 1718, o padre Antônio Moreira Telles solicitou recursos para erguer uma igreja. Era o ano de 1722. Em 10 de dezembro de 1724 a planta foi autorizada pelo rei de Portugal. O engenheiro foi Nicolau de Abreu Carvalho, mas as obras só foram iniciadas em janeiro de 1768. Outra entidade histórica de Oliveira dos Campinhos é a Santa Casa de Misericórdia, fundada pelo padre Antonio Pinheiro de Queiroz, que há 152 anos presta serviços filantrópicos à região.
Santo Amaro também é palco de alguns eventos. O principal deles ocorre no mês de fevereiro: Festa de Nossa Senhora da Purificação, onde ocorre a tradicional lavagem da escadaria, organizada por dona Canô, que conta com a participação de mais de 400 baianas. O ano inteiro o município conta também com outras belas atrações naturais e culturais. Entre estas podemos destacar cachoeiras, grutas e praia fluvial, além das construções históricas. Outro destaque vem para o Eco Resort Enseada do Caeiro. Esse resort, localizado na Praia de Itapema, conta com excelentes instalações, gastronomia, além de locais para a prática do ecoturismo.
Santo Amaro é hoje administrada por uma mulher. Trata-se de Alessandra Gomes (PSD). Ela obteve 13.748 votos em 2020 e venceu Flaviano (PP), o prefeito anterior, com 13.648 votos, exatos 100 votos de diferença. Ainda concorreu o Cesar do Pão (Republicanos), com 7.422 votos. A atual Câmara de Vereadores possui 15 cadeiras, ocupadas pelos edis Benivaldo da Silva (Avante - 976 votos), Pety do Marisco (Republicanos - 937 votos), Paulo Biólogo (PDT - 903 votos), Nelson da Ouro do Mar (PSDB - 884 votos), Piriquito da Água (PP - 841 votos), Luciano Caldas (PP - 805 votos), Kleber Feião (PDT - 774 votos), Xuxu (PC do B - 734 votos), Juliana da Pesca (PSB - 727 votos), Gleiber Vitória (Avante - 559 votos),Antônio Marques (PSB - 523 votos), Agnaldo do Coisa de Pele (DEM - 502 votos), Professor Marcos (PSD - 436 votos, Fabinho Malhado (PC do B - 431 votos) e Guerreiro de Nova Conquista (PSD - 428 votos).
Seis quilômetros após o distrito de Oliveira dos Campinhos, chegamos à BR 234 e vamos seguir viagem para outra cidade da BA 084: Conceição do Jacuípe, popularmente conhecida pelo charmoso nome de Berimbau. Até o próximo capítulo 3.