Jornais forjados para receber propina do governo |
Em reportagem de João Carlos
Magalhães e Ranier Bragon, a Folha de São Paulo revelou que um relatório feito
pela Presidência em 2013 confirma indícios de que o governo federal pagou
anúncios em jornais inexistentes no ABC paulista. Apesar da sanha do Partido
dos Trabalhadores de controlar a mídia, parece não haver nenhum problema se a mídia
em questão não existir e aceitar propina.
O relatório de auditoria da
Secretaria de Controle Interno da Presidência, feito a partir do trabalho da
Controladoria-Geral da União, foi instado por texto da Folha, de 2012, e chegou
a conclusões parecidas às da reportagem. Segundo a auditoria, entre 2008 e
2012, final do governo Lula e início do governo Dilma, a Secretaria de
Comunicação Social da Presidência pagou R$ 364,6 mil a cinco jornais do Grupo
Laujar de Comunicação S/A, de São Bernardo do Campo.
Os auditores concluíram que os jornais
"resumem-se a quatro páginas cada um", com notícias repetidas, cujas
"informações e imagens" são "cópias de reportagens de sites de
notícias sem atribuição de créditos", aspectos que seriam "indícios
de fraude". Os jornais traziam três anúncios: um da Unimed com números de
telefone genéricos; outro sem identificação; e o terceiro, do governo. No
endereço da sede do grupo, os fiscais encontraram um "sobrado
residencial". Os vizinhos do suposto parque gráfico desconheciam a
existência de atividades no local.
Os auditores também visitaram 35
bancas de jornal e contataram outras 21. A única que conhecia um dos títulos
investigados, o "Jornal do ABC Paulista", do qual havia recebido dois
exemplares para venda naquele dia, fora indicada pelo dono da Laujar. O
relatório conclui que "os periódicos entregues como prova à Secom foram
forjados". A declaração em cartório sobre a tiragem dos jornais, diz o
texto, "é falsa".
Em 2012, a Folha mostrou que a
Secom gastara, desde 2011, R$ 135,6 mil para anunciar nesses jornais. Em 2014,
revelou que, entre 2004 e 2012, estatais federais pagaram R$ 1,3 milhão à
empresa. A reportagem, que descrevia os jornais com as mesmas características
apontadas no relatório, mostrava que eles não eram vendidos nem tinham
registros conhecidos. O relatório recomenda que a Secom apure o que aconteceu e
tome medidas administrativas. A secretaria afirma que o processo está aberto e
espera resultado de uma investigação também em curso feita pela Polícia
Federal.
Até mesmo jornais falsos foram
forjados para alimentar o “projeto criminoso de poder” engendrado pelo Partido
dos Trabalhadores, como disse bem o ministro Celso Melo, do STF. Tudo isso
recheado por um falso discurso moralista e a criação de uma suposta elite perversa
que, sem dó e nem pudor, sugava todas as oportunidades da classe trabalhadora
deste país. Contra tal elite vale tudo, inclusive corromper pessoas e roubar o
estado.