Dilma e o antecessor almoçaram
juntos nesta quinta no Palácio da Alvorada para avaliar o cenário da sucessão.
PSB deve entregar cargos.
Tania Monteiro - O Estado de S.
Paulo
Eduardo Campos - Governador de Pernambuco - é o grande problema do PT |
A presidente Dilma
Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva almoçaram nesta
quinta-feira, 9, juntos, no Palácio da Alvorada, para discutir o cenário de
2014 já considerando a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos
(PSB). A ordem é tentar pacificar o quanto antes disputas locais com o PT e
aliados que possam ter implicações nacionais e melhorar a articulação política
com parlamentares que serão potenciais candidatos. Foi feito um diagnóstico de
que a articulação política da presidente com o Congresso segue frágil e o
relacionamento com os parlamentares, considerados correia de transmissão de
popularidade da presidente nos grotões, precisa melhorar. O almoço contou com a
presença do presidente nacional do PT, Rui Falcão, e do ministro Aloizio
Mercadante (Educação), cotado para coordenar a próxima disputa presidencial. Dilma,
que desde o início do ano passou a se relacionar diretamente com prefeitos, na
tentativa de se livrar de chantagens e pressões dos parlamentares a cada
votação, foi advertida de que a estratégia não deu certo. Por isso, a partir de
agora a presidente passará a agradar aos parlamentares com convites para
viagens às suas bases eleitorais, informações sobre liberação de recursos para
prefeituras, permitindo que eles possam também capitalizar politicamente
benefícios para os municípios. Será feito ainda um levantamento sobre as
emendas que poderão ser liberadas.
Campos - A candidatura de Eduardo
Campos foi um dos principais temas do almoço. Há uma divisão na cúpula petista
sobre o que fazer em relação aos cargos que o PSB detém no governo. Lula
defende que o ônus de permanecer como aliado do governo federal é de Campos e,
por isso, prega a "conciliação", lembrando que cabe ao governador
demonstrar coerência política. O governo federal não teria nada a perder. No
Planalto, no entanto, há quem defenda que os cargos de Campos sejam retirados
desde já, levando o partido para a oposição, a fim de atender a demandas de
aliados sedentos por cargos para continuar apoiando o governo e a reeleição. Integrantes da Executiva Nacional do PSB foram convocados pelo presidente da legenda, governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para reunião extraordinária a fim de decidir sobre a permanência da legenda no governo Dilma. Segundo membros da cúpula do partido ouvidos pelo Broadcast Político, a "tendência" é que o PSB entregue os cargos. A reunião ocorrerá nesta quarta-feira, 18, em Brasília. A decisão foi tomada em almoço realizado na tarde desta terça-feira, 17, na capital federal, que também contou com a participação dos governadores Renato Casagrande (Espírito Santo) e Ricardo Coutinho (Paraíba), dos líderes do PSB no Congresso e de alguns dirigentes da legenda.
Discórdia - O PT está preocupado
com palanques da eleição do ano que vem em vários Estados e, apesar dos
problemas no Congresso, quer tentar usar os parlamentares e os prefeitos para
darem capilaridade ao projeto da reeleição. Um dos dados avaliados pelos
petistas, com base em uma pesquisa qualitativa realizada pelo partido
recentemente, mostrou que apesar de a oposição ter aproveitado o 1.º de Maio
para abordar o aumento da inflação e criticar o governo, os adversários políticos
ainda estão sem discurso. Os petistas estão convencidos de que, apesar da subida
da inflação, a percepção da população é de que há uma sensação de bem estar nas
famílias e que o lento ritmo do crescimento econômico ainda não os afetou. No
programa do PT veiculado nesta quinta em rádio e TV, o ministro Guido Mantega
(Fazenda) foi encarregado de enfatizar que o governo "continua a baixar a
inflação de forma implacável".
Prefeitos - Estratégias já
adotadas por Dilma foram reavaliadas pelo núcleo político do PT ontem. Uma
delas é a articulação pessoal com prefeitos. Em eventos recentes, Dilma passou
a entregar ônibus escolares e retroescavadeiras aos prefeitos. Isso irritou
congressistas que vão se candidatar em 2014. Dilma também distribuiu
"mimos" no Nordeste para golpear prováveis rivais. O gesto foi
considerado contraproducente.