Nem mesmo na hora da tragédia, o
senso de humanismo penetra no coração de um político corrupto. No Brasil, um
prefeito foi capaz de roubar uma população inteira, diante de uma catástrofe
que matou 500 pessoas.
Dermeval Moreira: corrupto e insensível! |
A Justiça Federal condenou o
ex-prefeito de Nova Friburgo (RJ), Dermeval Barboza Moreira Neto, por
improbidade administrativa pelo desvio de verbas públicas da União destinadas
às famílias que perderam tudo durante a catástrofe de janeiro de 2011 na região
serrana do Rio. A tragédia deixou mais de 500 mortos em Nova Friburgo e em
Petrópolis. Na sentença, o juiz Eduardo Francisco de Souza determina que o
político devolva aos cofres públicos cerca de R$ 940 mil, que equivale à multa
de duas vezes o valor do dano. A decisão inclui ainda a suspensão dos direitos
políticos por oito anos e a proibição de firmar contratos com o poder público,
receber benefícios ou incentivos fiscais por cinco anos. É lamentável saber que
a sentença não é final. Os condenados podem recorrer. Mesmo estando claro que a
punição não foi devida. Um político desses deveria ser banido da vida pública e
passar o resto da vida na cadeia.
Para assegurar o cumprimento da
sentença, o juiz determinou o sequestro dos bens e o bloqueio das contas do
ex-prefeito. Segundo o Ministério Público Federal, responsável pela ação civil
pública que denunciou o caso à Justiça, o ex-secretário da Educação, Marcelo
Verly Lemos, o ex-secretário de governo, José Ricardo Lima, e dois empresários,
Adão de Paula e Alan Cardeck Miranda de Paula, estavam envolvidos nas fraudes e
também foram condenados por improbidade. O município de Nova Friburgo recebeu
da União R$ 10 milhões para custear ações emergenciais decorrentes da
catástrofe. A prefeitura contratou então a empresa Adão de Paula Me por cerca
de R$ 600 mil, sendo que R$ 171 mil foi desviado para o patrimônio da empresa,
mediante desconto de um cheque na boca do caixa em junho de 2011. Além disso,
serviços contratados de desinsetização, desratização e limpeza de reservatórios
de água foram superfaturados e, muitas vezes, não foram sequer prestados. A
investigação diz que a empresa recebeu até por serviços em escolas que não
foram atingidas pela tragédia ou que não existiam mais. De acordo com o
processo, os próprios empresários revelaram que dez dias antes da confecção dos
orçamentos já haviam acertado as contratações com Dermeval Neto e José Lima.
O ex-secretário Marcelo Verly foi
condenado ao ressarcimento do dano no valor de R$ 71 mil e teve seus direitos
políticos suspensos por três anos, além de ter sido proibido de fazer contratos
com o poder público ou receber benefícios fiscais por três anos. Já os
empresários Adão de Paula e Alan Cardeck de Paula foram condenados à perda dos
bens ou valores acrescidos ilicitamente ao seu patrimônio, além das mesmas
punições sentenciadas ao ex-prefeito como a devolução aos cofres públicos de
cerca de R$ 940 mil, que equivale a multa de duas vezes o valor do dano. O
grupo é alvo também de processo criminal movido pela Procuradoria Regional da
República da 2ª Região, no Tribunal Regional Federal do Rio, acusado de fraude
em licitações, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e falsidade
ideológica. A denúncia foi feita pelo Ministério Público Federal de Friburgo,
pela Controladoria Geral da União e por duas CPIs: uma na Assembleia
Legislativa do Rio e outra na Câmara de Vereadores de Friburgo.
Informações da Folha de São
Paulo.