Alunas do 3º ano do Colégio Jutahy Magalhães, em Itaparica,
usaram a música do trio formado por Penha (Taís Araújo), Rosário (Leandra Leal)
e Cida (Isabelle Drummond) para criticar a paralisação dos professores da
Bahia.
Alexandre Lyrio – do CORREIO
As estudantes estão fazendo sucesso na internet |
Elas não são as três marias da novela, mas também pegam às
sete e dão duro para garantir seu futuro. Além de também serem cheias de
charme, Isabele Alcântara, 20 anos, e as
primas Bruna e Jamile Moreira, ambas de 18,
conseguiram chamar tanta atenção com um protesto bem-humorado contra a
greve dos professores que acabaram virando sucesso na internet.
Capricharam tanto na produção de uma paródia a favor dos
professores que já são conhecidas como “As Estudetes”, em referência às
empreguetes da novela. Alunas do 3º ano do Colégio Jutahy Magalhães, em
Itaparica, usaram a música do trio formado por Penha (Taís Araújo), Rosário
(Leandra Leal) e Cida (Isabelle Drummond) para criticar os dias de paralisação,
66 completados hoje.
A “culpada” da iniciativa das estudantes é a professora de
História, que aliás não aderiu à greve, apesar de defender a causa. A pró pediu
que a turma fizesse um trabalho em vídeo com tema livre valendo dois pontos.
Isabele, Bruna e Jamile entraram num consenso. O assunto seria mesmo a greve.
“Daí até a letra e a coreografia foi um pulo”, diz Isabele. Em uma tarde, a
primeira parte do trabalho estava pronto.
Faltava alguém para filmar e editar. Chamaram o namorado de
uma delas, Felipe Brito, 19, que começou a gravar às 23h da última
quarta-feira, véspera do dia marcado para a entrega dos trabalhos. Utilizou no
modo “vídeo” uma câmera fotográfica digital comum. Às 3h, a edição estava
pronta. Para se divertir, decidiram colocar o vídeo no Youtube “O negócio
começou a bombar. Em menos de 24 horas, já tinha mais de 11 mil acessos”,
calcula Felipe. Até este sábado (16), o clipe já havia sido acessado mais de 60
mil vezes.
O vídeo, com direito a apresentação, legenda simultânea e
créditos, mostra que As Estudetes têm desenvoltura. E não é por acaso. As três
fazem parte de um grupo de dança e canto de uma igreja evangélica de Itaparica.
Bem bolada, a letra cheia de ironia é uma crítica direta ao governador Jaques
Wagner. “Queria o governador aqui no meu lugar. Eu ia rir de me acabar”, ataca
um dos trechos. No refrão, as agruras da vida de estudante, que levanta tão
cedo quanto a empregada doméstica. “Levava a vida de estudete, acordava às
sete”.
A relação com as personagens da novela vai além de uma
paródia. Penha, Rosário e Cida também produziram um clipe para criticar as
patroas porque não conseguiam engolir as humilhações caladas. O meio para que a
mensagem atingisse mais pessoas foi o mesmo. A internet fez das empreguetes um
fenômeno da ficção e da vida real.
No caso das três itaparicanas, um trabalho de escola as
tornaram reconhecidas. “O pessoal para a gente na rua. Só falta dar autógrafo”.
No final da manhã de ontem, Isabele, Bruna e Jamile deram entrevista a uma
rádio local. “Bombou a audiência”, disseram. Mas, o objetivo é que o protesto
chegue à alta cúpula do governo estadual. “Tomara que o governador já tenha
visto o clipe. Se viu, que ele tome alguma atitude”, disse Jamile.
A professora de História segue dando aulas. Por um período,
a escola ficou fechada. Para não prejudicar os alunos, montou uma classe em
frente ao Forte de São Lourenço “Ela não quer deixar a gente parado.
Ultimamente eu acordo e não tenho nada para fazer. Tem muita gente que vai
fazer besteira. Aliás, tem colegas que estão se lixando para a greve. Alguns
estão adorando ficar em casa”, entrega Bruna.
Conscientes, todas sabem que o sucesso é passageiro. Alunas
do 3º ano, As Estudetes estão mesmo preocupadas é com o Enem. Estão se virando
para tirar a diferença dos dias paralisados. “A gente se organiza em grupos de
estudo, pega muito material na internet, faz o que pode para a greve não
prejudicar tanto”, explica Isabele, que como as outras duas, pretende cursar
Direito.