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Professores da Bahia resistem e Wagner confisca dinheiro da APLB


     por Patrícia Conceição / Evilásio Júnior do Bahia Notícias e portal da APLB
Continuação do movimento foi decisão unânime
     A paralisação dos professores da rede estadual de ensino foi mantida por unanimidade, na manhã desta terça-feira (19), em assembleia-geral da categoria, realizada no estacionamento da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Aos gritos de “a greve continua”, os docentes presentes à reunião comemoraram efusivamente a manutenção do movimento, que deve ser mantido até, pelo menos, os festejos pela Independência da Bahia, o tradicional 2 de Julho. O procedimento de votação foi o mesmo: quem fosse favorável à continuidade da paralisação deveria levantar a mão, atitude unânime entre os docentes. O pleito ocorreu logo após a solicitação de um minuto de silêncio seguido de uma oração do Pai Nosso em homenagem aos docentes que teriam morrido desde o princípio da mobilização, há 69 dias. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, entre cinco e oito profissionais teriam falecido no período.
     Vaiado e apoiando
     O coordenador setorial de educação do PT na Bahia, Antonio Edgard, bem que tentou, mas não conseguiu manifestar o seu apoio ao movimento grevista dos professores da rede estadual de ensino. Em meio às manifestações em prol da paralisação, que completou 69 dias nesta terça-feira (19), cada vez que o petista tentava pegar o microfone era recebido com sonoras vaias, sobretudo quando enunciava as letras que compõem a sigla do seu partido. “Eu queria fazer um apelo para que os professores assinassem um abaixo-assinado em favor da Lei do Piso Nacional, que é uma causa nossa; uma vitória do PT. Foi um metalúrgico [Lula] que criou as condições para isso ocorrer”, opinou Edgard, em entrevista ao Bahia Notícias. Antes de tentar estabelecer comunicação com os docentes, ele tirava fotos para o site do seu núcleo que, inclusive, conta com uma carta que pede ao governador Jaques Wagner que volte atrás nas negociações. "O PT apoia o movimento. Tem que separar o que é partido e o que é governo. O governo é de coalizão e por isso existe essa disputa. Nesse ponto o PT é contrário ao governador”, ponderou o coordenador, que já aguardava a retaliação da categoria. “A vaia era esperada, mas no 2 de Julho marcharemos com o movimento e o governador já sabe o que esperar: vaias”, alertou. Segundo Antonio Edgard, a coordenação setorial de educação do PT já teve três reuniões com os 14 deputados estaduais da legenda, em que foi solicitado que o governador sentasse pessoalmente com o comando de greve para tentar solucionar o impasse.
     Confisco e Recurso
Rui Oliveira - Presidente da APLB
     O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, acusou o governo de confiscar R$ 380 mil que seriam dirigidos à entidade. O valor seria referente a uma contribuição voluntária de 1% do salário-base dos professores, que seria repassado pelo Estado. Em junho, pela primeira vez, a soma não entrou no caixa da APLB. “Vamos entrar com uma ação na Justiça para reaver o dinheiro que foi confiscado. O governo tomou R$ 380 mil da APLB. O dinheiro não é do governo, é do sindicato. O repasse não poderia ser cortado”, reclamou o dirigente sindical, em entrevista ao Bahia Notícias. De acordo com Oliveira, o departamento jurídico da APLB será acionado para, até o fim desta semana, travar mais uma batalha na Justiça contra o governo.
     O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) entrou nesta segunda-feira (18) com um agravo regimental no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que suspendeu o pagamento dos salários dos professores da rede estadual, em greve há 68 dias. Segundo a diretora do departamento jurídico da APLB, Marilene Betros, a entidade sindical formalizou o recurso amparada na liminar expedida pela desembargadora Lícia Laranjeira, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). A batalha judicial entre o governo do Estado e os professores teve início depois da determinação do juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública de Salvador, Ricardo D’ Ávila, que declarou a ilegalidade do movimento e o corte de salários. A categoria decidiu hoje pela continuação do movimento paredista.