Escolas técnicas federais iniciam greve em todo o país. 32
das 38 instituições de ensino superior já aderiram ao movimento. Greve dos
professores federais completa um mês sem previsão de término. Sucessivas greves
na Bahia desgastam governo do PT.
Agência Brasil, Folha de São Paulo e ISTOÉ
Desculpem-nos pela foto. Sabemos que uma sala assim não representa a realidade da educação pública na maioria dos lugares desta Bahia e deste Brasil. |
A sucessão de greves de servidores públicos da Bahia se
transformou no principal foco de desgaste do governador petista Jaques Wagner e
alimenta a artilharia dos adversários do PT na eleição para a Prefeitura de
Salvador. Pesquisas por telefone encomendadas pela pré-campanha de Nelson
Pellegrino (PT) já detectaram potenciais estragos eleitorais da greve dos
professores do Estado, que já se estende por mais de dois meses. Segundo o
sindicato, é a paralisação mais longa da categoria no Estado. O PT teme que o
passivo político do governo contamine a campanha municipal ao enfraquecer o
potencial de Wagner como cabo eleitoral e, por tabela, elevar a rejeição ao
candidato do governador. Professores querem reajuste de 22,22% neste ano e o
Estado ofereceu 14%, escalonados até 2013.
Em fevereiro, policiais militares pararam por 12 dias,
abrindo espaço para uma onda de violência em que ocorreram 176 assassinatos em
Salvador e na região metropolitana (o triplo do normal). Enquanto o impasse
permanece, opositores do DEM e do PMDB indicam que os problemas do governo com
os servidores serão explorados na campanha. "É inevitável que o PT pague o
preço porque o eleitor vai comparar o que o partido pregou nas campanhas e o
que está fazendo no governo", disse o deputado federal ACM Neto (DEM),
pré-candidato à prefeitura. Nos últimos dias, o governo veicula publicidade em
rádio e TV com apelo aos professores pela volta às aulas. Wagner subiu o tom e
acusou os docentes de prejudicarem os estudantes por intransigência. "É
uma situação incômoda, mas o governo está buscando uma solução. Eles [DEM e
PMDB] não têm legitimidade para criticar porque sempre trataram trabalhadores
como caso de polícia", disse o presidente do PT-BA, Jonas Paulo. Procurado,
Pellegrino não respondeu aos pedidos de entrevista.
"ANGÚSTIA"
Estudante do terceiro ano do ensino médio, Maria Moura, 17,
se diz "angustiada" com a greve que mantém sua escola fechada há dois
meses em Salvador. Além do temor de não concluir o ano letivo, ela diz sofrer
com a defasagem no aprendizado. Moura espera obter nota alta no Enem e cursar
medicina em 2013. "Estou fazendo cursinho e está muito complicado entender
conteúdos que não aprendi porque não teve aula." O Sindicato dos
Estabelecimentos de Ensino da Bahia registrou aumento da procura de pais de
estudantes de escolas públicas por matriculas em colégios particulares, mas
eles estão ouvindo sucessivas recusas. "Nos últimos 15 dias, mais de 50
pais vieram tentar matricular os filhos, mas não pudemos absorver esses alunos
porque não temos como retroagir no conteúdo", diz Fátima Franco, diretora
pedagógica do Colégio Análise. O governo informou que irá anunciar na próxima
semana um plano para retomada das aulas e reforço escolar a estudantes do
último ano, mesmo que a greve continue.
Greve nas Universidades Federais
A greve dos professores das universidades federais completa
um mês neste domingo (17) sem nenhuma perspectiva para o fim do movimento. O
Ministério do Planejamento prometeu apresentar na próxima terça-feira (12) uma
proposta para o plano de carreira dos docentes. Contudo, o Sindicato Nacional
dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) avalia que a greve não
será encerrada, mesmo se a proposta for considerada boa. Para completar, os funcionários
administrativos também pararam. “Esperamos que o governo pare de enrolar e
apresente uma proposta concreta. Esperamos que haja algo objetivo para que, a
partir daí, possamos iniciar um processo de negociação. O fim da greve sequer
está na nossa pauta”, disse à Agência Brasil o primeiro-vice-presidente da
Andes, Luiz Henrique Schuch.
Segundo ele, apesar dos transtornos causados pela greve, o
movimento tem recebido apoio da sociedade. “Temos recebido uma resposta de
acolhimento por parte da sociedade. Esse é um movimento vitorioso porque a
sociedade não se engana mais com discursos vazios. A sociedade está percebendo
que a pior crise do país é a da falta de políticas públicas para a educação”,
argumentou Schuch. Na última terça-feira (12), o governo federal chegou a
pediu, sem sucesso, uma “trégua” de 20 dias aos professores federais para
continuar as negociações. O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do
Planejamento, Sérgio Mendonça, disse que o governo se comprometeria a
apresentar ao fim desse prazo uma proposta para solucionar o impasse em torno
da reestruturação da carreira, principal reivindicação dos professores. Além de
não concordar com a “trégua”, os grevistas criticaram a postura do governo.
“Estamos, desde o segundo semestre de 2010, esperando propostas concretas do
governo para podermos conversar com a categoria e isso não aconteceu. Não deu
para acreditar que o governo chegou falando em “trégua”. Foi uma coisa fora da
realidade.” A greve já atinge 55 instituições federais de ensino em todo o
país. Também em busca da reestruturação de carreira, os servidores vinculados
ao Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional
e Tecnológica (Sinasefe) anunciaram greve geral a partir de amanhã (13), entre
docentes e técnicos. A paralisação deve atingir 40 mil servidores.
Greve nos Institutos Federais de Educação
Mais de 30 mil docentes e técnicos federais iniciaram nesta
segunda-feira uma paralisação pela reestruturação da carreira no País. No
Brasil existem 38 instituições federais do ensino superior e 32 já aderiram à
greve, informa o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica,
Profissional e Tecnológica (Sinasefe). Desde julho de 2011 a categoria
reivindica aumento salarial com o Governo Federal, de acordo com informações do
sindicato. O coordenador geral do Sinasefe, Carlos Davi Lobão, afirma que,
neste ano, os trabalhadores pedem reajuste salarial de 22,08%, valor referente
aos dois anos sem reajustes e também calculado de acordo com o aumento do Produto
Interno Bruto (PIB) do País.
"A data para o fim das negociações era 30 de março.
Quando chegamos em maio sem nenhuma proposta do Governo, começamos a organizar
a greve", afirma Lobão. "Era para acontecer uma reunião de negociação
nesta terça, 19, mas hoje, pela manhã, ela foi suspensa. O Governo alegou que
não conseguiu chegar a uma proposta", explica o coordenador. Lobão afirma
ainda que o salário da categoria é o mais baixo entre os servidores públicos
federais. "A greve pede a reestruturação da carreira no magistério, hoje
nós queremos alinhar com o Governo Federal uma reforma na carreira do docente,
embutida nessa questão estão os valores de reajustes e demais
reivindicações", explica o Lobão. A categoria conta com 42 mil docentes e
técnicos administrativos e, hoje, há mais de 30 mil adesões às paralisações.