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Vala da corrupção em Sobradinho


Mais um retrato da corrupção

Uma vala de três metros de profundidade e dez metros de largura esconde, ao longo de 1,2 km do sertão baiano, mais do que pedras, arbustos espinhosos e um ou outro cabrito perdido. Hoje, serve de símbolo da corrupção, informa reportagem de Breno Costa, com fotos de Juca Varella, publicada na Folha deste domingo.  A obra está abandonada há mais de dez anos por um leque de 27 irregularidades detectadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Não fosse por elas, a vala seria um canal revestido de concreto, que levaria sertão adentro água da represa de Sobradinho, o maior lago artificial da América Latina.
A construção de Sobradinho foi suspensa em 2001, após a descoberta de indícios de superfaturamento e pagamentos por serviços não prestados, entre outros problemas. O projeto era construir um canal de concreto com 15 km de extensão. A água permitiria irrigar o equivalente a 4.081 campos de futebol, beneficiando 3.000 famílias.
Decivaldo Xavier, 49, espera uma solução distante.
O Ministério do Meio Ambiente firmou o convênio com a Prefeitura de Sobradinho em 1995. O município contratou a construtora Gautama, que ganharia fama em 2007 ao ser alvo da Operação Navalha da Polícia Federal. Há dois anos, a CGU (Controladoria-Geral da União) cobrou de dois ex-prefeitos a devolução de R$ 64 milhões. Foi a maior cobrança já feita pelo órgão federal --mas o dinheiro ainda não foi pago. Um dos responsáveis já morreu. O outro, Luiz Berti (PTB), responde a processo na Justiça pelos supostos desvios e não foi localizado pela reportagem.