Heliópolis tem final de semana violento
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José Luciano morreu no local e deixa uma filha |
O ano de 2016 ficará marcado como
um dos mais violentos da história de Heliópolis e este final de semana, 10 e 11
de dezembro, foi certamente o mais violento da história do município. Até aqui
foram contabilizados dois assaltos a mão armada, três pessoas baleadas e um
morto a tiros. Dos feridos, um está à beira da morte. Não há necessidade dizer
que há urgência para uma tomada de atitude. A outrora pacata Heliópolis já
desponta como uma cidade violenta e parece que as autoridades que cuidam da
segurança pública ainda não estão sensibilizadas.
Tudo começou no início da noite
deste sábado (10). Dois homens armados fizeram um arrastão no povoado Tijuco.
Além de assaltar populares, raparam os caixas do posto de gasolina do povoado.
Ainda não há maiores detalhes porque nada foi registrado oficialmente, mas
populares informam que os mesmos bandidos estiveram no povoado Farmácia, por
volta das 20:30 horas e tentaram fazer outro arrastão. Alguém deve ter reagido
ou os bandidos ficaram afobados porque começaram a atirar. Os disparos atingiram
o dono do bar, Agnaldo Guerra, conhecido popularmente por Naná de Guerrinha, de
46 anos, e Vagner Nobre dos Santos, de 35 anos. Agnaldo foi atingido no braço e
Vagner levou um tiro nas costas, onde a bala ficou alojada. Os dois não correm
risco de vida e estão sendo atendidos no Hospital Santa Teresa em Ribeira do Pombal.
Os bandidos fugiram e ninguém mais teve notícia.
Mas parecia que a noite não seria
de paz. Em Heliópolis, no bar de Pedro Veloso, na Avenida 7 de Setembro, bem no
centro da cidade, uma banda se apresentava e o povo se divertia para espantar o
cansaço da semana de trabalho. Eram 1 hora e 15 minutos quando cinco tiros
foram disparados impiedosamente. A banda parou, o povo correu e dois corpos
tombavam. Dois homens, ainda não identificados, aproximaram-se de dois irmãos
que se divertiam e apenas disseram: “Já compraram os caixões? ”Na sequência
veio a carnificina.
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Cristiano (esq.) agoniza antes do socorro e José Luciano (dir) já morto. (foto: WhatsApp) |
Os tiros foram disparados nas
cabeças das vítimas, em clara evidência de execução. O primeiro a tombar foi
José Luciano Alves dos Santos, natural da cidade de Fátima e morador na Avenida
Helvécio Pereira de Santana, em Heliópolis, na saída para Poço Verde-Se. Tinha
23 anos e há poucos dias retornou de São Paulo. Deixou órfã uma filha. O outro,
Cristiano dos Santos Neves, tem apenas 16 anos e foi socorrido e levado para
Aracaju. Até o fechamento desta postagem, familiares dizem que o estado dele é
gravíssimo, mas que ainda resistia.
O corpo de José Luciano ainda
está exposto no passeio público do bar de Pedro Veloso, dez horas depois do fato
acontecido. Policiais militares apareceram agora pela manhã e colheram
documentos. O corpo aguarda o IML – Instituto Médio Legal – de Euclides da
Cunha, a 140 quilômetros, ou de Juazeiro, a 370 quilômetros. A Bahia grande e
querida, que cabe inteira no coração dos baianos, ainda não atende
satisfatoriamente seus filhos nas necessidades básicas. São anos de promessas
de melhoria na educação, na saúde e na segurança pública e nada melhora, nada
avança. Continuamos estagnados.
Logo, logo vão aparecer os
teóricos a dizer que a culpa é do mundo das drogas, mas a verdade está muito
além disso. Qualquer bandido pé-de-chinelo perdeu o medo do estado. O mesmo estado
que prende, é o mesmo que solta. O mesmo estado que educa também marginaliza.
Há muita coisa que precisa ser corrigida. Para isso, é preciso uma tomada de
consciência. Não acredito numa reviravolta na mentalidade dos nossos políticos
encastelados nos altos cargos da República. Eles querem o poder e pouco estão
se importando se há queima-de-arquivo, morte por vingança, latrocínios e
execuções. É povo matando povo. Virou coisa tão comum que uma vida vale menos
que um telefone celular.
Informações colhidas entre
populares dão conta de que o assassinato de Luciano tem a ver ainda com os
extermínios conhecidos do município de Poço Verde. Ou seja, mesmo após a morte
de José Augusto, nossos jovens continuam sendo executados. Duro é saber que há
pessoas de notório saber pregando nas redes sociais que “bandido bom é bandido
morto”. Além de colocar todos numa agenda só, sem ao menos direito ter a uma
investigação policial, estão condenando nossa juventude a viver a era da
oportunidade única, mesmo com uma educação de péssima qualidade, numa sociedade
administrada pelos mais variados corruptos. Será que vamos ter que aguardar
aparecer um Sérgio Moro na segurança pública?