Ainda não será desta vez que o
país deitará eternamente no berço esplêndido da democracia. O espetáculo colorido
das ruas é um bom começo, mas ainda não é argumento para dizermos que vivemos a
democracia plena. Há quem diga que os dois processos de impeachment no
intervalo de menos de 25 anos são indicativos da solidez do processo
democrático. Não duvido disso. As instituições estão funcionando perfeitamente.
O problema é a nossa visão de pátria. O Brasil ainda é menor que as nossas
ideologias. Não dá para entender como uma pessoa consegue ainda defender alguém
que avalizou a compra de uma refinaria, contribuindo para um rombo de mais de 1
bilhão de dólares. Pior ainda é saber que, mesmo após tantos debates, é fato encontrar
pessoas capazes de dizer que Dilma Rousseff é vítima de um golpe. E nem aqui
coloco a questão da competência administrativa. Só há uma razão para isso:
Idolatria. Talvez percebamos porque prefeitos e governadores corruptos são
eleitos, traficantes são ovacionados, assassinos são queridos em toda a nossa
América Latina. Como nossa educação é uma falácia, nosso povo vive da
idolatria. Não acredita nos honestos, não dá ouvido a verdades. Vivemos a
ilusão da possibilidade do paraíso logo ali e achamos que o responsável por
ainda não estarmos lá é o nosso vizinho, porque não pensa como nós pensamos.